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Homenagem a Salvador Allende em um Chile diferente #AllendeVive

A grande marcha  em homenagem ao ex-presidente Salvador Allende e às vítimas do pinochetismo que ocorre todos os anos não acontecerá em 2020 devido à pandemia.

Que estranho paradoxo sobre Allende, apontou o escritor chileno Antonio Skármeta: “Um homem que teve três funerais e se mantém muito vivo no coração de seu povo”.

Relembrando…

Dois atentados. Dois fatos históricos diferentes. O do Chile foi cometido há 32 anos e anda meio esquecido. Vale relembrá-lo.
Em 11 de setembro de 73, a mais sólida democracia da América do sul sofreu um atentado que deixou uns 30 mil mortos no seu rasto. O Chile foi vítima de um golpe militar, perpetrado pelas três Forças Armadas, com o objetivo de quebrar a esperança de se construir um país socialista pela via eleitoral.
Salvador Allende, após três derrotas, venceu as eleições presidenciais em 1970. O imperialismo americano não podia permitir que a “via chilena para o socialismo” vingasse e fosse um exemplo para a América Latina. Por isso, junto com a burguesia chilena conspirou e chamou os militares para acabar com aquela experiência. Allende foi derrubado. O Palácio de la Moneda, assim como várias fábricas onde estavam trabalhadores dispostos a resistir, foram bombardeados.
Com o golpe, dezenas de milhares de pessoas foram presas, torturadas e exiladas. Se calcula que de 10 a 30 mil foram assassinados ou se tornaram os famosos desaparecidos, vitimas da ditadura do general Pinochet. A esquerda foi quebrada. Com isso os Estados Unidos puderam dirigir tranqüilamente a economia chilena, sem freios. O Chile foi o primeiro país do mundo onde se implantou o projeto neoliberal. Os famosos Chicago Boys, os defensores da doutrina neoliberal, liderados pelo economista Milton Friedman ali testaram os resultados dos planos neoliberais.

Tudo isso exigiu um atentado terrorista contra a esquerda e o povo chileno que custou 30 mil mortos. Dez vezes mais do que o número de mortos no atentado em Nova Iorque em 2001, quando caíram as duas Torres Gêmeas e que, com razão, comoveu o mundo.

Victor Jara, o cantor de Venceremos

Há vários filmes dobre o Golpe do Chile de 1973. O mais recente é Machuca, mas há outros quase clássicos: ‘Chove sobre Santiago’, ‘Missing – O desaparecido’ e ‘A Casa dos Espírito’. Em ‘Chove sobre Santiago’, uma das cenas mais chocantes é a de milhares de presos, no dia 11 de setembro, amontoados no Estádio Nacional de Santiago. Muitos foram mortos sob tortura ou com um tiro na nuca ali mesmo. Outros seguiram para várias prisões ou acabaram sendo jogados vivos ao mar de aviões militares.

No estádio um dos presos era o cantor e poeta Victor Jara. Os torturadores lhe deram um violão e o forçaram a cantar o Hino da Unidade Popular que tantas vezes ele tinha cantado junto com o povo. Victor Jara teve suas mãos cortadas para nunca mais, com seu violão, cantar Venceremos.

Santa Maria de Iquique: um massacre em 1907

A matança da Escola Santa Maria, na cidade de Iquique, no norte do Chile é um dos fatos mais trágicos vividos pelos trabalhadores chilenos. Foi no dia 21 de dezembro de 1907. Foram assassinados mais de 3.000 trabalhadores do salitre, que estavam em greve por melhores salários e para que se mudasse o sistema de pagamento de vales para dinheiro.

Trecho da Cantata Santa María de Iquique, de Luis Advis

“Vamos mujer / Partamos a la ciudad.
Todo será distinto, no hay que dudar.
No hay que dudar, confía, ya vas a ver,
porque en Iquique todos van a entender.
Toma mujer mi manta, te abrigará.
Ponte al niñito en brazos, no llorará.
va a sonreir, disle cantarás un canto,
se va a dormir.
Qué es lo que pasa?, dime, no calles más.
Largo camino tienes que recorrer,
atravesando cerros, vamos mujer.
Vamos mujer, confía, que hay que llegar,
en la ciudad, podremos
ver todo el mar.
Dicen que Iquique es grande como un salar,
que hay muchas casas lindas te gustarán.
Te gustarán, confia como que hay Dios,
allá en el puerto todo va a ser mejor.
Qué es lo que pasa?, dime, no calles más.
Vamos mujer, partamos a la ciudad.
Todo será distinto, no hay que dudar.
No hay que dudar, confía, ya vas a ver,
porque en Iquique todos van a entender.”

via Prensa Latina & Núcleo Piratininga, com os meus sinceros agradecimentos a Heloisa Helena Rousselet de Alencar(Nininha), por ter me apresentado o Quilapayún, nos idos anos 70…

NR: Em estava participando do  Festival Chileno de Curtas-Metragens de Santiago, junto com meu amigo também cineasta Robinson Roberto e assistimos à estréia de um documentário chamado “Fernando está de volta.”, de Silvio Caiozzi. Muitos anos depois, Ricardo Aronovich , (diretor de fotografia de “Missing – O Desaparecido”, de Costa-Gavras ) foi meu professor num Estágio Avançado da FEMIS na UnB e nas rodas de café contou muitas outras histórias sobre o filme e a ditadura chilena.

O documentário “Fernando ha vuelto” mostra como médicas legistas trabalhando no necrotério de Santiago (Oficina de Identificación del Instituto Médico Legal) conseguem identificar os corpos de  desaparecidos prisioneiros da ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990).

Os médicos demonstram as técnicas utilizadas em um caso recentemente resolvido: os restos de um homem encontrado enterrado, junto com muitos outros, no Pátio 29 do Cemitério Geral de Santiago, em 1991.Os restos mortais são de Fernando Olivares Mori, um chileno de 27 anos de idade que trabalhava para as Nações Unidas . Ele desapareceu em  5 de outubro de 1973. Após quatro anos de trabalho, os médicos com sucesso conseguem estabelecer a identidade de Fernando e, uma vez que já voltaram seus restos mortais para sua viúva, comunicar oficialmente a causa da morte (quase sempre tortura e execução sumária). Imagens do documentário testemunham o impacto que o retorno de Fernando tem em sua família: seu filho, seus irmãos e sua mãe. Seu testemunho ilustra como quão irrelevantes as convicções políticas podem ser quando se trata de sofrimento humano.

Um momento muito tenso, porque no Cine Pedro de Valdivia estava a família de Allende e o filme trata justamente de uma ossada que é identificada e tem , finalmente, um enterro cristão. No Chile, as feridas ainda estão abertas. Quase 40 anos depois…

#AllendeVive 

A turma do Ricardo Aronovich na UnB

GALERA-CURSO-UNB

Com a ajuda providencial do Nélio Ferreira Lima, vamos identificando as “figuras” da foto : Em pé, da esquerda para a direita : Alfredo Viana, Geraldo Vieira da Silva, eu, Denise Fontoura, André Macedo (atrás), Ricardo Aronovich, David Pennington (o mais alto, atrás), o professor francês de vídeo e som Jean Paul Beyer,   Jaques Cheuiche e Walter Carvalho (com o fotômetro  na mão), no meio deles e atrás, o assistente francês Olivier Le Gurun, ao lado o falecido Jaiminho Shwartz (de óculos escuros), Nélio Ferreira, João Vargas Pena (carinhosamente apelidado de “com o olhar de Bette Davis”), o querido Sabonete – Marco Bottino (já falecido), um amigo que não lembro o nome e ao lado o Rojer Madruga.

Sentados da esquerda para direita: Alexandre Riulena, Elza Ramalho, Simone, Jane Malaquias, Tucker Marçal, André Luiz da Cunha, Marcus Vilar, 3 colegas e o Fernando Duarte.
aronovitchAcima, a galera que participou do Curso de Direção de Fotografia de Cinema da FEMIS: Institut de Formation et de Enseignement pour les Metiers de L’Image et du Son / Polo de Cinema de Brasilia/UnB, na década de 90. Quem puder, ajude a identificar as pessoas.  Lembro do Nélio, do Sabonete, Alexandre Riulena, Tucker Marçal, Jane Malaquias, Jacques Cheuiche, David Pennington, Walter Carvalho, o André Luiz da Cunha, Rojer Madruga, a Elza , André Macedo, Fernando Duarte….são tantas pessoas… Abaixo, eu e o cineasta paraibano Marcus Vilar entrevistando o mestre Ricardo Aronovich, do FEMIS.

Túnel do Tempo – bastidores do filme ” Feliz Aniversário, Urbana !”

FOTO-BETO-001

O curta é uma produção do FEMIS: Institut de Formation et de Enseignement pour les Metiers de L’Image et du Son, CPCE/UnB e Polo de cinema e Vídeo-DF.

Esta cachoeira fica nos arredores de Brasília. O ano deve ser 1992.  De costas, de vermelho, reconheço Betse de Paula, diretora do filme. Eu, Beto Bertagna, estou de camisa branca, com o braço direito apoiado no chassi da Arri BL 35. Atrás de mim, de blusa azul, Jane Malaquias. Sem camisa, mexendo na lente, o francês que casou com ela, acho que o nome dele é Olivier. Segurando o fotômetro, de boné,  com certeza é David Pennington. Olhando para o céu, de camisa verde, parece ser o Nééééééélio. Sem camisa, de calça jeans é o Rojer Madruga. Na sua frente, o mestre dos mestres, Ricardo Aronovich.

Ô tempo bão !