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Fora russos ! O fim do Esquadrão Poti. Soberania aérea sobre a Amazônia vai para o espaço

O AH2 Sabre , batismo da FAB para o russo MI 35

A Força Aérea Brasileira (FAB) vai desativar seus 12 helicópteros de ataque AH-2 Sabre, nome dado ao modelo Mi-35, fornecidos pela empresa russa Mil a partir de 2010 e operados pelo 2º Esquadrão do 8º Grupo de Aviação, o Esquadrão Poti, cuja unidade tem como sede a Base Aérea de Porto Velho (Ala 6).

O modelo entrou numa negociação do governo no auge dos BRICS, que envolveu também o fim do banimento de compra de carne brasileira pela Rússia.

Um documento interno da Aeronáutica publicado no começo de fevereiro ( quinta-feira /10) estabelece que as aeronaves serão retiradas de operação a partir do dia 1º de março num processo gradativo previsto para ser encerrado no dia 31 de dezembro.

As primeiras aeronaves a serem descarregadas do inventário da FAB pertencem ao 1º lote, com matrículas FAB 8950, 51 e 52. Estas foram entregues em dezembro de 2009, sendo oficialmente incorporadas em 17 de abril de 2010. O segundo lote foi entregue em outubro de 2010 e o terceiro em agosto de 2012. Contudo, houve um atraso na entrega do último lote, que só chegou em 26/11/2014. Todos foram trazidos a bordo de aeronaves Antonov An-124 ( o segundo maior avião do mundo) da Volga-Dnepr.

É o único helicóptero puramente de ataque do país ( e talvez o último ! ), sendo usado em missões de suporte aéreo, busca e resgate, interceptação de aeronaves ilícitas, patrulha de fronteiras, dentre outras.

Com atuação aprovada em conflitos como no Afeganistão e Síria, o MI 35 é reconhecido por sua robustez (sua blindagem pode resistir disparos de calibre 20mm) e desenho agressivo, o AH-2 Sabre é equipado com um canhão GSh-23L de cano duplo, calibre 23mm, montado em uma torre móvel na seção frontal, e pode usar 40 foguetes S-8 de 80mm ou 16 mísseis antitanque 9M120 Ataka.

Outra característica incomum é que a aeronave pode transportar ainda 8 soldados, além do comandante e do artilheiro.

O custo do lote de 12 helicópteros em 2008 foi de US$ 386 milhões. Os helicópteros tem baixo número de horas de vôo e teoricamente teriam uma vida útil superior a 20 anos. A FAB não se pronuncia sobre o destino das aeronaves. Um oficial, sob anonimato, aventou a possibilidade de eles serem vendidos para a Líbia.

Tampouco se sabe sobre o destino do mi Esquadrão Poti, que poderia ser finalmente extinto, depois de ser transferido de Recife/ PE.

A razão para o descomissionamento dos AH 2 Sabre seria o alto custo de manutenção e a dificuldade em obter peças de reposição.

O que intriga é o fato do Esquadrão representar uma verdadeira força de supremacia aérea sobre a Amazônia e como proteção de duas infra estruturas importantes , as hidrelétricas da região, Santo Antônio e Jirau, além da proximidade com Bolívia e Peru. Ou seja, ficamos vulneráveis. Ao lado, também tem a Venezuela com os SU 35 Flanker, que teoricamente obteriam superioridade aérea na região enquanto os Gripen 39 comprados na Suécia pelo governo Dilma não chegam.

Vale lembrar que o Esquadrão Pacau, sediado em Manaus, com alguns F5-EM modernizados, foi desativado em dezembro de 2021.

Outra fonte, do Exército, mencionou que eles poderiam muito bem ser incorporados aquela arma, pois faz anos que o Exercito sonha em ter um helicóptero de ataque em suas fileiras.

Veja também : O Esquadrão Poti é aqui

Moto-aventura : Do Atlântico ao Oceano Pacífico, as lições do Atacama e Machu Picchu

Ninguém vai roubar minha cabeça agora que eu estou na estrada novamente
Oh, eu estou no céu de novo, eu tenho de tudo
(Deep Purple, em Highway Star)
Galleta Pabellón de Pica/Ruta 1/Chile

Galleta Pabellón de Pica/Ruta 1/Chile

Aqui...

Aqui…

Talvez os momentos mais difíceis de uma grande viagem de moto são os dias e as horas que antecedem a largada. Não tem jeito ! Bate aquela ansiedade, um pouco de aflição, os pensamentos vão e vem atordoando a nossa mente. Dará tudo certo desta vez ? Depois dos primeiros quilômetros, o vento batendo no corpo tudo parece ficar mais fácil. Como diria Chico Science : Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar… Esta moto-aventura começa novamente em Porto Alegre/RS mas tem o destino final em outro Porto, o Velho, em Rondônia. Começa exatamente na Toca da Coruja, na Cidade Baixa , em Porto Alegre, onde nos empolgamos tanto com a cerveja extra-viva que acabamos perdendo a máquina Sony que iria documentar a viagem no outro dia. Paciência, mas viagem assim não dá prá tirar foto toda hora mesmo e o jeito é ir de celular. Lá vamos nós !

Dia 1 – Porto Alegre / São Miguel das Missões via BR 386/BR 285 – 500 km

POA-MISSOES

Clique nos mapas para ampliar ou clique com o botão direito do mouse e use a opção “Abrir link em nova janela”

A idéia é entrar na Argentina por Porto Xavier, passando assim por São Miguel das Missões,  Patrimônio Cultural da Humanidade,  no RS.  São 500 quilômetros da capital, e cruzamos com vários grupos de motos fazendo o mesmo trajeto, indo ou voltando. Tivemos pouquissimo tempo em POA  para preparação da moto, na verdade poucas horas para ajeitar as coisas nos alforges e no bauleto. Foi ligar e pegar a estrada, numa manhã ensolarada de primavera. Neste primeiro trecho a fonte de alimentação do GPS Nuwi 255w, que tava ligada numa Gambitech improvisada de 12 volts, já apresentou problema. Na verdade é a primeira vez que viajo de moto com GPS (nunca mais sem a partir de agora, o ganho de tempo no cruzamento das cidades já compensa tudo !). Carreguei à noite e no outro dia só ligava quando tinha necessidade para poupar a bateria. Mas o primeiro dia foi bom, uma tocada boa, depois ainda pegamos a inauguração de um restaurante em São Miguel das Missões, com bom atendimento e música gaúcha de primera, tchê ! Caiu um temporal tão forte que acabou com nossa pretensão de assistir ao famoso espetáculo de Luz e Som das Missões. Mas o lugar é fascinante, visita obrigatória para conhecer a nossa história.

Rota das missões

Dia 2 – São Miguel das Missões/Porto Xavier/RS BR 285 e RS 168 125 km /balsa sobre rio Uruguai/San Javier / Ituzaingó (Corrientes/Argentina) RP 2/RP 10/RN 14/RN 120  210 km Total : 335 kmsan-javier---corrientes Em Porto Xavier, por um erro de planejamento meu, perdemos a balsa que faz a travessia do rio Uruguai. Era um sábado. E tivemos que esperar até às 16:30 parados. Aproveitamos para trocar o mapa do GPS pelo ProyectoMapear com mapas da Argentina e Chile. Como o banco Erê que eu havia comprado não encaixou direito , por questão de segurança o deixei de lado. Assim, compramos um pelego para amenizar a dureza do banco da XT 660, um acessório que pode parecer estranho mas que é show de bola , em praticidade e conforto. Feito os câmbios, trâmites normais de entrada na Argentina, agora é pegar estrada ! Conseguimos neste dia chegar em Ituzaingó.

Primeira dica : O veículo tem que estar no seu nome, ou se estiver alienado, com uma carta da financeira liberando a saída do Brasil com firma reconhecida em cartório. 

Em nenhum dos países do Mercosul é necessário a PID (Permissão Internacional para Dirigir) mas vale a pena fazer e levar, é baratinho, cerca de 50 reais no Detran mais próximo de você.

Um detalhe que muita gente desconhece, é que a PID tem que ser emitida no DETRAN de origem da CNH. Ou seja , se sua CNH é do Rio Grande do Sul, por exemplo, a PID tem que ser emitida no RS.

Um pelego prá amenizar os mais de 7.000 km

Um pelego prá amenizar os mais de 7.000 km

Dia 3 – Ituzaingó a Salta RN 16 1.060 km

Este é um trecho brabeira. Cruza o Chaco, você possívelmente será explorado pela Polícia em Corrientes e em Resistência (lembra aquela cidade do jogo que não teve Brasil X Argentina ?). Pois é lá.

Ituizangó-a-Salta

Nas duas tem uma avenida marginal, e prá evitar o tal achaque, se vc está de moto trafegue por elas. Há uma placa minúscula no acesso à ponte avisando que motos tem que ir pela avenida paralela (colectora) e somente entrar na ponte no final da avenida, bem onde tem um posto da polícia que vai tentar te explorar. É incrível ! Como você não conhece bem o lugar , vai tentando achar a entrada da tal via Colectora e …pimba, cai na mão do guarda.  Ele tentou aplicar o tal “Pago Voluntário” que daria um desconto de 50 % na multa, e coisa e tal… mas fiquei com cara de paisagem e pedi que ele multasse. Ele olhou os documentos, olhou a placa, disse que então teria que pagar no Banco de La Nacion, eu insisti que multasse, conversou com o outro guarda e disse que então eu pagaria a multa na saída da Argentina , na Aduana. Pura conversa ! É um teatrinho prá lá de ridículo. Acho até que meu manjado adesivo “Prensa Latina” ajudou em alguma coisa, afinal nestas horas você combate com o que tem na mão. Pedi um recibo da tal multa e ele só confirmou que eu pagaria na saída, na aduana entre Argentina e Chile. Quá ! Agora, não vá fazer isto à noite ou em local isolado porque o bicho pode pegar.  Era meio-dia, sol a pino, e só cai nesta porque segui outras motos menores que estavam circulando.Imaginei, se eles podem, eu também posso. Seletivamente, o guarda só encrencou comigo.

Na saída de Resistência, pelo mapa do Projecto Mapear você vai parar num beco cheio de cães modorrentos, cansados de ver grandes motos passarem perdidas. Não se acanhe ! É por ali mesmo, acaba dando certo . Só não tente fazer isto à noite. Não sei se foi um erro de quem colaborou com o Projecto ou foi sacanagem mesmo.

Passando Corrientes e Resistência, siga até Pampa del Infierno, que justifica muito bem o seu nome. Faz um calor danado e é muito úmido, mas nada que assuste quem mora na Amazônia como nós. Nas imensas retas , bandos de aves no asfalto que revoavam a cada buzinada.

Salta é uma cidade deslumbrante, não é a toa que seu apelido é “La Linda”. Cheia de monumentos, igrejas, pontos históricos. Meio clichê, mas imperdível o passeio no Complejo Teleférico Salta, que sobe o cerro San Bernardo.  Dá prá tomar uma Quilmes bem gelada lá em cima, observando a beleza da cidade encravada no vale.

Dia 4 – Salta

Segunda Dica : Compre adaptadores de tomada para carregar celular, Gps, iPad. Na Argentina é de um jeito ( tipo Australiano) , no Chile de outro (tipo Europeu) e no Peru, diferentemente se encontra o tipo Europeu e o tipo Americano. Prá completar, agora no Brasil também temos esta encrenca !

foto : mochileiros.com

foto : mochileiros.com

Dia 5- Salta a Purmamarca via San Salvador de Jujuy (El Carmen)  RN 9 160 km Estrada estreita linda

salta---purmamarca

Reparem na proporção como a estrada é estreita !

A estrada só aceita um carro por vez, tem que diminuir a velocidade cada vez que há um cruzamento. Caminhão aqui nem pensar !

A chegada em Purmamarca é fantástica. Vale uma foto com o Cerro de Las 7 Colores ao fundo.

Cardápio do dia !

patagonia

 Terceira Dica : Leve um iPad ou um Netbook . O Netbook (ou um tablet Samsung) tem a vantagem da entrada USB e de ler páginas em Flash(coisa irritante no iPad..) Isto lhe dá uma boa independência na hora de precisar de Internet.

Dia 6- Purmamarca/AR a San Pedro de Atacama/Ch

O único posto de gasolina até o posto YPF em Paso de Jama(4.320 m.s.n.m), na fronteira Argentina/Chile é em Susques. Você precisa abastecer antes em Pastos Chicos (Susques) . O posto fronteiriço argentino Paso de Jama é novo (2012) e confortável. Lá há um  YPF com internet , café quente e até uma pousada se precisar pernoitar lá , devido à uma ventania com areia forte demais por exemplo. (Encha o tanque, você fará a entrada no Chile cerca de 170 km depois, em SPA)

O frio do deserto

No final de uma grande reta você começa a ter a incrível visão do Salar Grande. A princípio não dá prá entender bem o que é, aquela mancha branca no final do asfalto, parecendo neve. Quando você se aproxima é que tem a exata noção da imensidão que é o salar.

O sal do deserto

Logo após o Paso de Jama tem a fronteira com o Chile. Daí a SPA são mais 160 km. A Aduana chilena fica na entrada de San Pedro. Você rodará estes 160 km de deserto após dar saída da Argentina e antes de dar entrada no Chile, ou seja , no vazio , se é que me entendem ! Mas tudo é muito bonito, a subida ao altiplano, as multicoloridas paisagens de Purmamarca, o Licancabur soberano sobre a paisagem nevada, a fronteira com a Bolívia.

A reta final de descida até San Pedro de Atacama é incrível, são muitos quilômetros numa pista íngreme, que vai dos 4.750 metros aos 2.300 de Atacama em menos de meia hora. Ao lado da pista se vê várias saídas de emergência para caminhões que perdem os freios.

E se tem um conselho que é útil no Chile é o seguinte : respeite a velocidade máxima porque os Carabineros do Chile não perdoam, estão em toda parte, até no deserto tinha uma viatura com radar !

San Pedro de Atacama era um local de parada dos colonizadores espanhóis em sua saga de conquista. O pequeno povoado se formou a partir da Igreja de San Pedro, construída em meados do século 18. O pequeno povoado tem cerca de 2.500 habitantes e muitos, mas muitos “perros” que vão “adorar” ver você montado numa moto em baixa velocidade ! Além de simplesmente bater perna pela Calle Caracoles, a rua principal do povoado, vale fazer todos os passeios anunciados por diversas agências : Laguna Cejar , onde a salinidade é tão grande que você entra na água e não afunda, Valle de la Muerte, Cordillera de la Sal, Laguna Chaxa, Lagunas Miscanti e Miñiques, Geisers del Tatio, Camino del Inca, Toconao ,Tulor e Pucará de Quitor .

Quarta Dica : Se pensa em armazenar gasolina para levar compre um galão adequado. Na Argentina e no Chile eles não vão te vender em garrafa pet.

Dia 7- SPA Era muito cedo e fazia muito frio quando levantamos para que a van nos pegasse na pousada para o passeio até os Gëiseres El Tátio, a  4320 m de altitude, 90 quilômetros ao norte de San Pedro de Atacama, As grandes colunas de vapor saem para a superfície através de fissuras na crosta terrestre, alcançando a temperatura de 85°C e 10 metros de altura. Os gêiseres de Tatio são formados quando rios gelados subterrâneos entram em contato com rochas quentes.

“O pensamento parece uma coisa à toa, mas cumé que a gente voa, quando começa a pensar…”

Pausa para um pastel de queijo de cabra em ....

Pausa para uma empanada de queijo de cabra em Machuca, caminho entre os Geisers e SPA.  Se preferir, tem espetinho de lhama…

Um passeio de moto ao final da tarde pelo Vale de La Luna é tudo de bom !

Um passeio de moto ao final da tarde pelo Vale de La Luna é tudo de bom !

O melhor e mais barato buteco de SPA : não me pergunte o nome !

O melhor e mais barato buteco de SPA : não me pergunte o nome !

Pousada em SPA : preparando para mais uma jornada

Pousada em SPA : preparando para mais uma jornada

Dia 8 – San Pedro de Atacama / Tocopilla (Ruta 23 e 24 – 270 km) / Iquique (Ruta 1 – 230 km) Total : 500

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O verdadeiro oásis no meio do deserto. Ao fundo, o Licancabur

O verdadeiro oásis no meio do deserto. Ao fundo, o Licancabur

Na saída de SPA para Calama, em direção a Tocopilla (Oceano Pacífico) mais deserto, pequenas serras, retões intermináveis e pouco movimento. Calama é uma cidade média, tem aeroporto que opera jatos e postos de gasolina à vontade.

Quinta Dica : Leve mais de um cartão de crédito, porque se um der pau…Não esqueça de avisar o gerente que você vai viajar e diga os países para ele liberar o uso.  Uma boa também é levar um cartão pré-carregado tipo Visa Travel Money em dólares. Só que agora vc paga os mesmos 6,38 % dos demais cartões internacionais . Isto acaba “furando” esta minha 5ª dica. Daí no caso é melhor dinheiro em espécie mesmo. Só cuidado com notas muito estragadas, principalmente no Peru.

E agora, para onde ir?

E agora, para onde ir?

No Chile a parte mais cara da viagem

No Chile a parte mais cara da viagem

Pacíficooo !!!
Iquique, vista de um morro onde é praticado vôo livre.

Iquique, vista de um morro onde é praticado vôo livre.

Companheiro Pasin e Rubia Luz ! Desculpe, acabei não te avisando e furei o encontro. Lembrei de vocês quando “iniciei os trabalhos”. Tenham toda a sorte do mundo nos novos projetos !

O navio-museu Esmeralda, parte importante da história de Iquique e do Chile

O navio-museu Esmeralda,  parte importante da história de Iquique e do Chile

Iquique tem uma vida noturna agitada e a Zofri Mall, um grande shopping center zona franca, com preços atrativos e uma infinidade de bons produtos e bugigangas.

Praça de Iquique : “furei” com o amigo Pasin aquela cerveja gelada..

Dia 9- Iquique a Arica (Ruta 5 -311 km)

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Na saída para a ruta 5, no sentido contrário à Arica (ou seja, Antofagasta) há postos de gasolina em Pozo Almonte, que fica a aproximadamente a 5 km da entrada para Alto Hosício/Iquique. Para quem roda de XT 660 é a única alternativa saindo de Iquique, porque depois só Arica (300 km).Você roda  52 km desde Iquique, abastece e então , tirando os 5 km até o trevo de entrada, dá prá rodar até Arica.

Selfie à 120 km por hora no deserto

Dia 10 – Arica(Ch) a Tacna(PE) cerca de 50 km.

Tacna é uma cidade muito simpática e limpa. Tem cerca de 260 mil habitantes e é bastante arborizada. O clima é muito seco.

Depois de muito chão começam a surgir os vales verdejantes

Depois de muito chão começam a surgir os vales verdejantes

Sexta Dica : Se for o caso, consiga a Carteira Mundial de Estudante no site http://www.carteiradoestudante.com.br . Ela custa R$ 40,00 , vale até o final do mês de  março do ano seguinte e em muitos locais legais de visitar você terá 50 % de desconto, o que por si só já paga a carteira.

A ferrovia Tacna-Arica é uma ferrovia histórica e foi construída em 1856 pela empresa The Arica & Tacna Railway Co. Na estação de Tacna, acima, existe o Museu da Ferrovia, onde se encontram fotografias e relatos de época.

Como é sempre legal misturar literatura, vale a pena ler A Senhorita de Tacna, de Mario Vargas Llosa

Dia 11 – Tacna a Puno ( Ruta 36) 320 km

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Lá vamos nós cruzar a Cordilheira dos Andes novamente, coisa difícil de explicar, de descrever, é uma sensação que se tem que viver pessoalmente. Dia de susto, porque acabou a bateria do GPS e , num movimento brusco, arranquei o plugue do carregador USB. Pronto ! Perdido no meio dos Andes. E prá piorar, tinha uma estrada antiga para Puno, e uma saída para Desaguadero. Mas o que eu queria era a estrada nova para Puno ! Sem placas, sem GPS, vi uma indicação para Puno e entrei. Dei de cara com rípio e parei na primeira casa que vi, cercada de cachorros. Lá um bondoso camponês me explicou que era a antiga estrada para Puno, que era só seguir o asfalto que eu veria alguns quilômetros na frente a ubicación para Puno e Desaguadero. Deu certo, cheguei em Puno já a noitinha. Puno tem um trânsito caótico e foi complicado achar a pousada que eu tinha reservado pela Internet. Mas tudo acaba sempre dando certo !

Frio também dá sede !

Dia 12 – Puno

Passeio obrigatório a Ilha de Urcos. Sem mais delongas.

Puno vista da Ilhas de Urcos

Mercado Popular

Igreja Matriz

Tuk-tuk protegido do sol e da chuva

O melhor e mais honesto “classificados” do mundo

Rua central de Puno (Calçadão)

A foto não diz quase nada, mas pior que Puno só Juliaca

A foto não diz quase nada, mas trânsito pior que Puno só em Juliaca

Dia 13 – Puno a Ollantaytambo – Ruta 3S (via Juliaca/Pucará/Sicuani/Calca) 475 km

puno-a-urubamba

Manutenção básica

Em busca de novos caminhos

Em busca de novos caminhos …

Integração com a natureza

 

Motocando em Ollantaytambo

Motocando em Ollantaytambo

Dia 14 – Águas Calientes

Sétima Dica : Se você vai subir  o Huayna Picchu tem que reservar o ingresso com bastante antecedência. Os grupos são limitados em dois, um que sai às 7 hs da manhã com 200 pessoas e outro sobe às 10, com mais 200. O ticket para Machu Picchu e Huyana Picchu é específico.Faça a reserva no site oficial aqui http://www.machupicchu.gob.pe/  . Não esqueça de liberar as janelas pop-up do seu navegador. O site foi melhorado no dia 31 de janeiro de 2012, segundo um comunicado do Ministério da Cultura do Peru. Outra coisa: cara, subir o Huayna Picchu requer um mínimo de condição física e sistema cardio-respiratório em dia. Se você tem algum problema ou está muito fora de forma, não encare. É melhor consultar um médico antes. O preço do ingresso para Huayna Picchu/Machu Picchu é de 152 soles para cada adulto.Quem for estudante (com a carteira da ISIC) só pode comprar ingresso no  Escritório da Dirección Regional de Cultura – Cusco , Av. de la Cultura 238 (em frente ao estadio Universitario), Librería del Ministerio de Cultura (Casa Garcilaso) Condominio Huáscar Cusco – Perú, de segunda a sexta-feira das  8:00 as 16:00 horas ( é a avenida que dá prosseguimento à estrada logo que se chega a Cusco vindo de Puerto Maldonado) e no  Escritório do Centro Cultural de Machupicchu , em Aguas Calientes, já no povoado aos pés de Machu Picchu, de segunda a domingo, das 5:20 às 21 horas. (é pertinho da estação de trem ) Somente para Machu Picchu, o ingresso custa 128 soles e só podem entrar 2.500 pessoas por dia.  Depois de fazer a reserva, você tem duas horas para confirmar o pagamento senão a reserva cai. ( Se estiver já dentro do Peru e não conseguir via On Line, vale a pena enfrentar uma “cola” (fila) enorme no Banco de La Nación del Peru para pagar a confirmação da reserva. O horário de funcionamento dos bancos é das 8:00 às 17:30 hs. Em Iñapari, há uma agência na Plaza de Armas. Em Puerto Maldonado, o banco fica na Calle Daniel Alcides Carrión N° 241-243 – Distrito: Tambopata, telefone 082 571 210. Aos sábados , o banco abre das 9 da manhã às 13 hs. O cartão de crédito aceito no pagamento on-line tem que ter a facilidade “Certified by Visa”. Confira se o seu cartão tem essa facilidade, senão ele NÃO será aceito e vc terá que pagar numa agência do Banco de la Nación . Se estiver na época de alta temporada nem sonhe em deixar para fazer a reserva na última hora, Você não vai conseguir !

Não é preciso dizer nada…

Ai meu Machu Picchu, ninguém segura este meu delírio...

O duo : Ai meu Machu Picchu, ninguém segura este meu delírio…

Valeu, Mestre Ismael !

O uno: Valeu, Mestre Ismael !

Oitava Dica : Faça vacina uns 20 dias antes contra Febre Amarela e leve à Anvisa para receber o Certificado Internacional de Vacinação ( um amarelinho, com data e lote da vacina). Vai que no meio da viagem você resolve entrar na Bolívia, por exemplo.Veja este post com diversas dicas interessantes sobre Machu Picchu.

Dia 15 – Ollantaytambo / Mazuko ( Distrito de Inambari) Ruta Interoceânica Sur 450 km

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O trecho entre Cusco e Iñapari da Carretera Interoceânica Sur : repare as distâncias da placa. Estrada !

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Pausa para colocar uma luva cirúrgica por baixo da outra que o frio pegou !

Pausa para colocar uma luva cirúrgica por baixo da outra que o frio pegou !

Dia 16 – Mazuko / Puerto Maldonado (170 km) / Iñapari (230) Assis Brasil / Brasiléia (Acre) 115 km Total: 515 km

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Deu dó sair da aduana brasileira e depois de 50 metros cair numa cratera… Nosso país precisa investir muito ainda em infra-estrutura. Tem que estancar o gargalo da corrupção de alguma forma. O dinheiro que já foi destinado para as BR´s daria para deixá-las numa condição muito melhor do que a gente vê. Quando entrei no Brasil fiquei sem coragem de fazer sequer um trechinho à noite, coisa que fiz nos Andes no meio de chuva ainda, mas com sinalização e segurança.

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Garantizada, la mejor !

Uma pequena visita em Cobija (Bolívia) só prá tomar umas Paceñas. Depois de um monte a confusão na conversão entre pesos argentinos, reales, soles, pesos chilenos. Mas eu tava com a camisa do Grêmio e o garçon era camarada e compreensivo. Deu tudo certo…

Serra de Santa Rosa, no Peru amazônico : lá vem curva !

Serra de Santa Rosa, no Peru amazônico : lá vem curva !

Nona Dica : Nas cidades peruanas não se arrisque a transitar com seu carro ou moto. Pegue um táxi que é baratinho, e é preço fixo, coisa de 2,3 soles por passageiro em qualquer percurso. Cidades como Puno, Juliaca, Cusco tem um trânsito bem maluco.

O Brasil a menos de 150 km

O Brasil a menos de 150 km

Dia 17 – Brasiléia / Rio Branco / Vista Alegre do Abunã (RO) BR 317/BR 364 – 440 km

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Saimos de Brasiléia cedinho para pegar um churrasco no almoço com a Vivica e a Dona Mariá. Dona Mariá não comeu mas conversou prá caramba ! Constatação : uma das melhores churrascarias gaúchas do Brasil fica no Acre !

Décima Dica : Pé na estrada, irmão !

Depois de milhares de quilômetros em boas estradas, o choque do retorno à realidade brasileira, a poucos metros da fronteira com o Peru

Depois de milhares de quilômetros em boas estradas, o choque do retorno à realidade brasileira, a poucos metros da fronteira com o Peru

Abunã, Rondônia, Brasil

Dia 18 – Vista Alegre do Abunã/ Porto Velho (RO) BR 364 – 215 km

Atravessamos a balsa mais segura ( em termos de policiamento) do mundo ! Dois carros da PRF, dois da PM, um da PF … era uma escolta, pelo jeito. O que dói é o bolso : R$    4,00 para atravessar uma moto ! Carro pequeno : R$ 14,00

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Tabela de preços da Balsa do Abunã/Rio Madeira/Rondônia

O pelego se integra à paisagem rondoniense

 

E quem quiser que conte outra…

Não me pediram em nenhum momento a Carta Verde, nem o SOAT no Peru (este eu confesso que não tinha, fui deixando prá frente, fui deixando e…ôpa, já sai do Peru ! Mas não deixe de ler sobre o SOAT no post Viagem pela Interoceânica).

Viagem nunca mais sem um bom GPS. Ele encurta DEMAIS o tempo de passagem entre as cidades, facilitando encontrar as entradas e saídas. Outra grande vantagem desta viagem foi o fato de só ter uma perna de ida, porque o retorno sempre é mais complicado e entediante.

Outro mito que precisa ser derrubado , é que dá prá ir com QUALQUER moto ou carro para o Atacama ou Machu Picchu. Neste trecho não tem rípio, na verdade eu detesto rípio. Até de bicicleta dá prá ir, respeitando sempre os limites da estrada , da lei e da natureza, além do próprio corpo é claro. A vantagem de ir numa big trail é poder se aventurar um pouco para fora da estrada, aliás, para isto é que ela foi feita !

Outra coisa : nesta perna, subindo a América, não paguei nenhum pedágio, pois cruzava sempre com o movimento contrário e em alguns países como o Peru e Argentina, moto não paga. As estradas são boas (o susto é quando vc volta para o Brasil !). E fazendo um bom planejamento não tem mais pane seca no deserto ( não é mesmo, Z ?). Tudo o que precisa é você estar bem consigo mesmo, de preferência com quem você ama, ter responsabilidade e respeitar os seus limites físicos e psicológicos, gostar do novo e ser aventureiro, porque sem isto vc não vai mesmo !

Todo o começo e final de viagem é parecido. A ansiedade, a vontade de ir para a estrada no início…. Depois os perrengues, o frio, a chuva…. A hora em que você pensa, ” o que eu tô fazendo aqui ?” . O que nos leva a ficar horas sob uma chuva forte, passando frio, carregando e descarregando alforges com roupa fedorenta, procurando o muquifo mais próximo e barato prá passar a noite ? Mas vai chegando perto de casa, o asfalto zunindo sob seus pés, e não tem jeito. O pensamento voa …. Qual será a próxima ?

Veja também :

Moto-aventura : Quase 10.000 km pela Patagônia

Viagem pela Interoceânica, até Machu Picchu. De moto, até de carro eu vou ! Incrível !

Sabe aquela expressão do “Oiapoque ao Chuí” ? esqueça

BR 319 : Balsa grátis no rio Madeira em 1973

A placa do DNER indicava : Essa travessia é gratuita ! Velhos tempos…Vemos um baita Opalão, um fusca, uma Rural e uma F-75 ao fundo.

Cineamazônia 2020 divulga lista de filmes selecionados

A produção do Cineamazônia – Festival de CInema Ambiental, divulga a lista dos filmes selecionados para a 17ª Edição, que acontece de 1 a 5 de dezembro de 2020, de forma online e gratuita. Todas as produções concorrem ao Troféu Mapinguari, nas categorias documentário, animação, ficção e experimental. São ao todo 41 produções de todas as regiões do país, além de filmes do Peru e Estados Unidos.

Os selecionados estão divididos assim: animação, com 7 filmes, documentário com 13, ficção com 16 e experimental com 5 produções.

Seis filmes disputam o Prêmio Silvino Santos de melhor longa metragem na categoria Documentário.

A  lista dos filmes selecionados está disponível AQUI

#cineamazonia #festivalambiental #cinema

Kombeiros do Norte se reúnem no fim de semana em Porto Velho

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Aconteceu neste fim de semana, mais precisamente no último sábado (7), com encerramento neste domingo, o 1º Encontro dos Kombeiros do Norte, porém da Regional Rondônia, aqui em Porto Velho.

O local do evento foi lá na Chácara do Benê, na BR 364, sentido Ariquemes. Muito bom o encontro, mostra que o pessoal do Motor Casa está unido e vem crescendo em nosso Estado.

Vários Kombeiros/Vans de outras cidades participaram do encontro. Valeu, parabéns aos organizadores e, com certeza virão outros encontros.

Veja as fotos registradas por este quem vos escreve, que também fez uma visita ao Evento e de outros amigos Kombeiros que lá estavam.

O Orlando Souza também fez o seu registro fotográfico.

Uma cortesia do Blog do Chaddad

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Em tempos nebulosos, Esquadrões Poti e Pacau protegem os céus da Amazônia

O primeiro Grippen NG da FAB faz pose em Brasília, mas ainda não está operacional.

O AH2 Sabre , batismo da FAB para o russo MI 35

Por Beto Bertagna

Depois da transferência do Esquadrão Poti de Recife para Porto Velho/RO há 10 anos atrás,  constituindo o 1º Esquadrão de Helicópteros de Ataque , com a compra da Rússia de 12 AH-2 Sabre (MI 35) e  do  1°/4° Gav. Esquadrão Pacau, de Natal/RN para Manaus a geopolítica da região esquentou, com as claras tentativas dos EUA de pressionar a queda de Nicolas Maduro do poder, na Venezuela. . A operação do esquadrão é com os jatos mais modernos e letais da FAB, o Tigre F-5M, caça  supersônico com recursos aviônicos, armamentos e performance adequada ao desempenho da missão de controle do espaço aéreo. Conta também com o apoio da aeronave E-99 (radar)  e do COPM4 (4º Centro de Operações Aéreas Militares) . Com a  conseqüente extensão da cobertura radar na aérea na Região Norte. A FAB concluiu em 2013 a modernização de suas 46 aeronaves F-5E/F, que passaram para o padrão F-5E/FM. O motor e célula dos aviões permaneceram os mesmos, mas a sua aviônica (HUD, radar e painel de controle) foram extremamente modificados. Ainda em 2013, outros F-5E/F, adquiridos da Real Força Aérea da Jordânia, sendo 8 F-5E e 3 F-5F bipostos foram modernizados pela Embraer Defesa e Segurança.  São 49 caças F-5E/F que foram atualizados entre 2002 e 2013. O último foi entregue agora, em 14 de outubro de 2020. Os caças estão espalhados pelas Bases de Anápolis/GO, Santa Cruz/RJ, Canoas/RS e Manaus/AM;

F5-M modernizado, da FAB

No entanto, especialistas ouvidos pela redação deste blog  www.betobertagna.com apontam que o F5-M, um projeto inicial da década de 50,  apesar do seu poder não é páreo para os  aviões Sukhoy SU-30, que integram a Força Aérea da Venezuela, que ainda assim manteriam superioridade estratégica sobre a nova base em Manaus. Como os 36 Grippen vão demorar a ser construídos e se tornarem operacionais, hoje a Aviación Militar Bolivariana (AMB) que possui uma frota de 23 caças Sukhoi Su-30 e 20 caças F-16 é uma real ameaça. Estes mesmos especialistas garantem que o poderio de um Grippen equivale a 4 unidades de F5-M.

Su 30 Flanker, da Força Aérea Venezuelana

Outros problemas também terão que ser solucionados, pois a operação deste jato em Ponta Pelada ainda é complicada pelo comprimento da pista. Os jatos de Manaus são os mesmos comprados da Jordânia em 2006 no Governo Lula e modernizados na Embraer e em Israel.

Com a chegada do primeiro Grippen NG, equipado com um novo grupo motopropulsor, o General Electric F414G, um radar ativo de varredura eletrônica, além de um aumento significativo da capacidade interna de combustível a situação de supremacia aérea na Amazõnia muda radicalmente. O Grippen pode decolar até de uma estrada !

Os Grippen NG na fábrica da Suécia. Espera-se que pelo menos 20 unidades sejam construídas na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo que possui uma pista de quase 5.000 metros para testes.

São oito vetores modelo Grippen JAS 39F, versão de dois lugares semelhante ao modelo E mais  28 aviões monopostos do modelo JAS 39E, somando 36 unidades que foram compradas em contrato assinado no Governo Dilma, em 2014 depois de muitos anos de idas e vindas numa novela que começou em 1990 no Governo Collor, com lobbies e pressão do governo dos EUA e França que desejavam emplacar os modelos F/A-18 Super Hornet, da Boeing e o caça Rafale, da francesa Dassault respectivamente. O problema dos dois é que não seria feita transferência de tecnologia, o que levou a Grippen para a escolha, já que ela se dispunha a fazer uma parceria com a Embraer e até montar os caças em Gavião Peixoto/SP, planta da empresa, que tem a maior pista do mundo . Para se ter uma idéia da importância do martelo batido por Dilma e o Ministério da Defesa, o Comando da Aeronáutica elaborou um relatório com nada menos que 33 mil páginas de análises.

A questão da transferência de tecnologia é crucial para a soberania do Brasil e já está dando alguns frutos.  A subsidiária gaúcha AEL Sistemas, de Porto Alegre, está produzindo o (WAD) Wide Area Display , uma tela de 19×8 polegadas que reúne todos os dados cruciais de voo – que, nas versões anteriores do Gripen, ficavam espalhados por três monitores e passará a equipar todos os Gripen (não só os brasileiros).

Veja também : O Esquadrão Poti agora é aqui

Padre Lambretinha quem chamou é a mãe (trecho da música “Esquina do Tempo”, do Binho : Encontro de Romi-Isettas em Santa Bárbara d´Oeste (SP).

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Comendo jaraqui em Manaus

Já dá prá fazer rolê de novo em Manaus nos fins de semana ! Isso acontecia muito nós final dos anos 70, as pessoas iam comer um jaraqui, tomar umas Cerpa , encher o porta mala de bagulhos importados que eram abundantes na Zona França e voltavam. Vc já fez isso ? Conte sua experiência !
https://www.youtube.com/c/VídeosdeRondônia

Geopolítica – O Esquadrão Poti agora é aqui

Do mar para a selva. O Brasil agora tem um esquadrão de helicópteros de ataque de verdade. E ele fica aqui, em Porto Velho

Por Beto Bertagna
Quando o primeiro helicóptero de ataque AH2-Sabre saiu do solo da Base Aérea de Porto Velho neste sábado (17) marcou definitivamente a transição do pequeno povoado provinciano sem muita importância para o Brasil , surgido com a implantação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré no início do século XX, para um centro geopolítico estratégico no contexto nacional. Antes porém, o povoado que ganharia o nome de Porto Velho passou por diversos ciclos econômicos e de desenvolvimento, como os da borracha, do ouro, da mineração. De Território Federal do Guaporé em 1943 passou a Estado. Ganhou grandes empreendimentos , viu a agricultura florescer, a pecuária dar um salto gigantesco e as cidades crescerem e se multiplicarem.

A transferência do Esquadrão Poti, antes sediado em Recife, para Porto Velho, com cerca de 200 homens no entanto é a prova mais irrefutável da importância estratégica que Porto Velho assumiu, pela sua localização , ao lado da Bolívia, perto de outras repúblicas que podem tomar rumos chavistas e , principalmente, a Venezuela. O que está em jogo nos próximos 50 anos é a chave deste intrincado jogo de xadrex.

Em agosto de 2009, cinco oficiais aviadores do Esquadrão Poti (2º/8º GAV) já haviam concluído o curso teórico da aeronave MI-35M (AH-02 Sabre), na Rússia, e iniciavam os preparativos para a instrução aérea.
Em dois meses e meio de aulas teóricas diárias, a equipe conheceu a aerodinâmica, a construção do helicóptero, o motor, o armamento, o emprego em combate e os instrumentos. O MI-35 é uma versão atualizada para exportação do MI-24 utilizado pelas Forças Aéreas, dentre outras, do Afeganistão, Argélia, Angola, Armênia, Azerbaijão, Belarus, Brasil (Mi-35) , Bulgária, Cazaquistão, Coréia do Norte, Croácia, Cuba, Eslováquia, Estados Unidos, Georgia, Hungria, Índia, Indonésia, Líbia, Peru, Polônia, , República Tcheca, Rússia, Sérvia, , Síria, Ucrânia, Uzbequistão e Vietnã.

Combate ao narcotráfico ? Soberania nacional ? Água ?(Já se sabia do aquifero Guarani e,agora,  pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apresentaram um estudo, na sexta-feira (16), apontando o Aquífero Alter do Chão como o de maior volume de água potável do mundo) Petróleo ? Reservas naturais ? Ou tudo isto junto , somado a um esforço gigantesco das Forças Armadas para proteger a Amazônia Brasileira dos olhos cobiçosos de super-potências.

Porto Velho transformou-se numa das mais poderosas Bases Aéreas do Brasil. Já possuía o mais moderno simulador de vôo dos T-29 Super Tucano(EMB-314), com tecnologia brasileira e israelense que a transformara em centro de excelência de treinamento de pilotos para aquele equipamento. Além disso , seu poderio bélico tem os Super Tucano T-29, uma aeronave considerada robusta, barata, de operação simples, fácil manutenção e muito funcional. Como armamento utiliza duas metralhadoras .50”, uma em cada asa, e possui 5 pontos duros (dois em cada asa e um sob a fuselagem) para instalação de pylons para armamento, tanques de combustível ou módulos adicionais; a capacidade de carga externa é de 1.500kg. Utiliza mísseis AA (Piranha), mísseis antitanque, bombas de queda livre e foguetes.

Super Tucano T29, da Embraer. Um sucesso operacional e comercial

Ao montar e operacionalizar os primeiros helicópteros de ataque de sua frota, três helicópteros russos MI-35 recebidos no dia 16 de dezembro de 2009, transportados pelo Antonov 124, um dos maiores cargueiros do mundo o seu status subiu mais alguns degraus em importância.

O poder de fogo do AH2 inclue um canhão de dois canos GSh-23L em calibre 23 mm ou uma metralhadora Yakushev Borzov YAK-B 12,7 mm com 4 canos rotativo, 16 mísseis AT-6 Spiral ou AT-9 Spiral 2 (Ataka) antitanque, 2 casulos com 20 foguetes de 80 mm ou casulos UB-32 de 32 foguetes de 50 mm, casulos lançadores de granadas. Ele tem capacidade para transportar 8 homens na sua cabine.
Coincidentemente os MI-35 são os mesmos usados pela Força Aérea Venezuelana e rebatizados no Brasil de AH-2 Sabre, de um total de 12 previstos para chegar até 2012. A FAB , no entanto, exigiu a troca de alguns equipamentos aviônicos por outros produzidos em Israel, possivelmente da Elbit System Ltd, semelhantes aos que equipam os Tucanos T-29 da Embraer.
O custo total da operação chega a aproximadamente 400 milhões de dólares, e inclui os armamentos e peças de reposição por pelo menos 5 anos.

Mas, como compensação comercial (off-set), os russos investirão metade do valor da compra na instalação de ferramentas, bancadas e treinamentos para manutenção, que será feita majoritariamente no Brasil, e treinamento de pilotos e mecânicos, além de um simulador de voo.

O valor dessa compensação, no entanto, quando multiplicado por pesos aplicados de acordo com a relevância de cada tecnologia transferida, sobe para mais de 100% do valor da compra, segundo parâmetros da FAB, devendo chegar a 160%.

O comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-Ar Juniti Saito, comemorou a incorporação do novo equipamento ao seu arsenal. “É uma plataforma guerreira, com capacidade furtiva, armamento de alta precisão e letalidade.”

Segundo Saito, as aeronaves estão preparadas para missões de superioridade aérea (domínio aéreo da área de conflito) e de interdição, tanto diurnas quanto noturnas.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse que a aquisição seguiu os preceitos da Estratégia Nacional de Defesa, ao prever a capacitação nacional na manutenção dos equipamentos, embora a quantidade comprada tenha sido pequena para a negociação de fabricação local.

“Os nossos pilotos, engenheiros e mecânicos já estão e continuarão treinamento de últimas técnicas de empregos. É uma quebra de paradigma. Somos internalizadores de tecnologia, conhecimento e treinamento para o desenvolvimento nacional”, afirmou Jobim, ao lado do embaixador da Rússia no Brasil Vladimir L. Tyurdenev.

Com o parque de manutenção instalado, o governo poderá repassar o conhecimento a empresas privadas que possam ampliar a clientela, cuidando inclusive da manutenção de aeronaves de outros países da América do Sul – como Peru, Colômbia, e Venezuela – e da África.

Na cerimônia de batismo, em vez de champanhe, foi utilizado um cálice de cachaça Faysca, lançada pelo ministro Jobim na fuselagem da aeronave.
“-Agora és brasileiro e estás na Amazônia” disse Jobim. “Não venha ninguém dizer como o Brasil deve tratar a Amazônia. Nós protegeremos a Amazônia para nós e para o mundo, e que o mundo saiba disso.”

Foi uma homenagem à própria FAB, pois a bebida é produzida na fazenda da FAB em Pirassununga (SP), onde são produzidos alimentos consumidos pelos alunos da academia da Força Aérea, inclusive industrializados (queijos, iogurtes, embutidos, etc.). A Faysca é muito usada como brinde, em encontros oficiais com forças de outros países.

O ESQUADRÃO POTI

Sediado na Base Aérea de Recife, Pernambuco, o Segundo Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (2º/8º Gav), conhecido como Esquadrão Poti, tem suas origens no Centro de Formação de Pilotos Militares (CFPM) no Primeiro Esquadrão do Quinto Grupo de Aviação (1º/5º GAv), na então Base Aérea de Natal.

Inicialmente equipado com aeronaves North American T-6D/G Texan, Neiva L-42 Regente e helicópteros Bell OH-4 Jet Ranger, estes depois substituídos ao final de 1974 pelos Bell UH-1H Iroquois, teve também em sua dotação aeronaves Neiva T-25 Universal e Embraer U-7 Seneca.

A denominação Segundo Esquadrão do Oitavo Grupo de Aviação (2º/8º GAv) foi implantada através da Portaria nº R-239/GM3, de 09 de setembro de 1980.

Subordinado à Segunda Força Aérea (II FAe), o Esquadrão Poti opera atualmente as aeronaves Helibras H-50 Esquilo, montados no Brasil sob licença da Eurocopter, podendo ser armados com pods para lançadores de foguetes SBAT 70/7 de 70 mm e metralhadoras MAG calibre 7,62 mm ou FN Herstal calibre 12,7 mm.
A sua principal missão é formar e treinar pilotos e tripulantes de helicópteros em diversas missões, mantendo o preparo técnico-profissional de suas equipagens, permitindo o cumprimento de missões na Tarefa Operacional de Superioridade Aérea: Interceptação, Ataque, Escolta, PAC (Patrulha Aérea de Combate) e demais missões da Tarefa Operacional de Apoio ao Combate.

Em um plano secundário, executar as chamadas Operações Especiais: infiltração e exfiltração de tropas (utilizando as técnicas de Rapel, Pouso de Assalto e McGuire), Busca e Salvamento (SAR) e Busca e Salvamento em Combate (C-SAR) tanto na selva como no mar, evacuação aeromédica, entre outras.

No caso da aquisição dos AH-02 nem tudo são flores. A Rússia é muito criticada pelo seu atendimento “pós-venda” o que forçará a necessidade de uma rápida absorção da indústria nacional e na transferência de sua tecnologia para manter as super-máquinas no ar por bastante tempo.

A transferência do Esquadrão Poti para Porto Velho expôs também o desinteresse de parte da mídia local por um assunto de importância estratégica extrema. A maioria dos sites se limitou aos releases enviados pela assessoria da BAPV , reproduzindo as notícias em meio às tradicionais fofocas e fuxicos paroquiais.

Quem pousar hoje no aeroporto dos Guararapes , Base Aérea do Recife, no entanto, poderá observar o hangar do Esquadrão Poti às moscas. A sua nobre missão agora está nestas paragens do poente.

Leia Também : Com atraso, Rússia entrega em Porto Velho o simulador do helicóptero de ataque MI-35m

Tribo Arco-íris

Por Rúbia Luz, texto e fotos

“Em algum lugar, pra relaxar
Eu vou pedir pros anjos cantarem por mim
Pra quem tem fé
A vida nunca tem fim
Não tem fim
É”

Meu amado vive agora uma vida eterna e, pensando em retomar nossos caminhos, eu decidi dar continuidade aos nossos sonhos. Não sei ao certo como o farei nem quando. Vou precisar fazer ajustes e tudo é ainda indefinido. O fato é que retomarei o blog e as caminhadas, como uma maneira de homenageá-lo e de manter sua alegria comigo e em mim! Enquanto espero com temperança, resolvi passear nos lugares onde gostávamos de ir e de concluir a mostra de lugares que, por alguma razão nós não conseguimos.

Falar sobre a Tribo Arco-íris aconteceu por meio de uma daquelas coincidências da vida que me fez despertar. Ocorre que meu primogênito, Calil, resolveu dar-se um  tempo sabático  e aportou pelas paragens do lago Cujubim, naquela comunidade alternativa. Nós já havíamos falado dela e mostrado um pouco em  “Furo do Candeias e Lago Cujubim”, mas com quase nada de informações. Com a ida de meu filho para lá, eu pude passar mais tempo com eles e pedir permissão para revelar um pouco mais do lugar e desse modo de vida.

O Lugar

Paisagem da janela lateral, do quarto de dormir…

Geograficamente,  a Tribo Arco-íris  fica na direção leste do Município de Porto Velho- RO, área rural, pela Estrada da Penal, próxima a localidade do baixo-madeira conhecida como Cujubim-grande, mais precisamente em frente ao lago Cujubim. O lago é  protegido pelos moradores  do entorno contra a pesca predatória e a favor da preservação da floresta.  Há poucas informações disponíveis sobre a Tribo Arco-íris nos veículos de pesquisa.  Apesar disso, trata-se de uma comunidade muito conhecida entre os viajantes e mochileiros de vários países.

Sua existência e informações são passadas no “boca-a-boca” e, via de regra, os viajantes descobrem a localização por meio de um outro que já esteve ou se encontra por lá. A distância é significativa  e não há placa indicativa. Ainda assim, pessoas do mundo inteiro passam por lá e por lá ficam o tempo que desejam, numa comunhão e conexão que transpõem as barreiras da língua, das culturas distintas e  da diversidade humana. É um lugar com poucos recursos materiais e abundante em recursos humanos e afetividade.

Quem são?

Os fundadores do lugar são uma família voltada para a espiritualidade,  que acredita e vivencia um modo de vida alternativo. Em relação a questão religiosa, são adeptos da doutrina do Santo Daime, com base cristã e crentes no reencarnacionismo, tendo como ritual o uso do chá de  mesmo nome. No que se refere ao modo de vida, defendem uma vida simples, com muita liberdade, respeito e partilha, sem preocupações com o consumo.

Pai Jackson

Valéria

Capitão América e… a liga da justiça?

Cláudia

Deste modo, aceitam a presença de pessoas  que ali desejam estar pelo tempo que pretendam ficar, bastando para isso que contribuam com a limpeza e organização do lugar, bem como com a compra de alimentos que são todos repartidos. Em geral, as pessoas se cotizam, compram os alimentos e lá preparam e partilham. Aliás, como ainda não são autossustentáveis (ainda – eles frisam), este é um quesito de suma importância  para o bem estar de todos; É de todo desejável a participação na compra de alimentos.

Calil com mantimentos. Colaboração e partilha!

Gael, a maior beleza do sitio, segundo sua mãe!

A cozinha é um  espaço comum, de uso livre, bem como os outros espaços como lavanderia e banheiros também. Tudo é muito simples e rústico… Sendo privativas as barracas e as casas que eles mesmos constroem. Há energia elétrica, porém, não há internet nem televisores. Há um telefone, que poucas vezes é usado e há um lago em que todos se banham. Por vezes, ocorre de estarem coabitando cerca de cinquenta pessoas no local. Por vezes, bem menos… No entanto, a “superpopulação” é um problema devido a capacidade de suporte do local.

Onde todo mundo come, todo mundo lava os pratos.

Hora do almoço; Convidados ilustres!

Reencontro especial: Pai e filha não se viam a mais de ano….

Sereia

Totens

Outra  preocupação com a população tem a ver com os equívocos que alguns cometem ao se dirigirem para lá. Há equívocos de toda natureza; Gente que pensa ser uma comunidade LGBT, por conta do nome Arco-íris. Gente que pensa ser uma comunidade onde o uso de drogas é liberado ou, ainda, que, por haver liberdade haja também permissividade. Por isso,  é importante ressaltar: É permanentemente proibido o consumo de álcool no local, o uso de drogas sintéticas e o consumo de carne vermelha. Em ocasiões que antecedem os rituais do chá, há também uma dieta sexual a ser seguida para os participantes da fé ali professada.

Barracão de preparação do Chá.

Estar ali, voltado para a espiritualidade não é obrigatório. Obrigatório, lá, é o respeito ao outro, a natureza e a vida! Ninguém precisa concordar com tudo mas o amor e a harmonia são cuidadosamente mantidos, como uma frequência em que todos  devem estar  sintonizados. Aqueles que, por alguma razão, não estão na mesma frequência, procuram por si outros caminhos. Assim me foi esclarecido.

“Se você não aceita o conselho, te respeito

Resolveu seguir, ir atrás, cara e coragem

Só que você sai em desvantagem se você não tem fé

Se você não tem fé”

O nome

Quando disseram a mim  sobre o equívoco causado pelo nome do lugar eu os questionei sobre a razão de se chamar “Arco-íris”. Me foi dito que resultou de um conjunto de fatores: O primeiro e  mais importante é religioso. Tem a ver com o “Arco da eterna aliança” de Deus para com os homens. O segundo e não menos importante motivo é que a representação das  cores revela uma aceitação e união de pessoas de todas as nações.

Por fim,  o nome se dá, também, devido a um fenômeno que ocorre com frequência no Lago que é o surgimento de arco-íris, por vezes a presença de três arcos até,  por conta da pluviosidade do lago e da refração da luz. Creio que este fenômeno deva  ocorrer  com mais frequência nos períodos chuvosos, onde a umidade relativa do ar chega a ultrapassar 88%. Enfim, lamentei não ter visto e fotografado essa lindeza!

O funcionamento

O modo como tudo acontece e vai se desenvolvendo, ali, tem relação direta e congruente com a forma de pensar a vida e a existência dos  fundadores do lugar. A primeira vista me pareceu confuso e um tanto inusitado, pois as pessoas vão chegando sem convite prévio, se apresentando e lá permanecessem o tempo que desejarem, com crianças, bichos de estimação como cachorros, gatos e até peixinhos. Alguns levam suas barracas, outros constroem suas casas  e  convivem de uma maneira curiosa.

Acolhida: Sejam bem-vindos!

Ela está erguendo seu lar; Amazona!

Panter, se sentindo selvagem!

Guaraná foi achado na rua, muito doente, e foi adotado.

Clara Luz estava só de visita

As normas, que citei à cima, são repassadas pelo idealizador do lugar Jackson, a quem as pessoas se referem carinhosamente como “pai”. Leva-se em consideração o nível de consciência e de evolução espiritual de cada um. Assim, ao mesmo passo que algumas pessoas chegam  e desenvolvem projetos de melhoria do lugar, constroem hortas e colaboram com ideias de permacultura, outras pessoas não possuem a mesma consciência e são menos colaborativas.

Espinafre, para dar força!

Apesar das dificuldades que existem, eles resistem! Adotaram esse modo de vida há mais de vinte anos e não se arrependem. O meu olhar, mais estranho que o olhar dos estrangeiros que ali se encontram, poderia encontrar pontos frágeis desse modo de viver. Mas, daí eu me questiono: “Para quê?”.  Olho ao meu redor e vejo pessoas sorridentes, crianças brincando livremente, vejo amizade, respeito e penso em como posso colaborar. Pensei  que fazer uma postagem esclarecedora poderia ser bom para os que ali se encontram e para os que desejam lá estar. Espero ser útil!“Te mostro um trecho, uma passagem de um livro antigo

Pra  te mostrar que a vida é linda

Dura, sofrida, carente em qualquer continente

Mas, boa de se viver em qualquer lugar, é”

Consumo x liberdade

Há tempos eu venho desacelerando a vida, adotando um modelo de vida menos consumista e, de certo modo, até minimalista. Há uns quinze anos eu adotei  a ideia de ter pra mim o necessário e o suficiente. Isto porque eu tenho a nítida impressão de que o consumo se mantém sobre o prisma de falsas premissas; Ver como necessário o que não é.  Achar tudo insuficiente, ou seja, é preciso sempre mais. Trabalhar incessantemente para consumir e se ver consumido…

Essa dona Aranha não sobre paredes… Nem a chuva derruba.

No entanto, aquelas pessoas que ali vivem e que por ali tem passado, me revelam um desapego ainda maior e uma liberdade admirável; Os idealizadores da Tribo abriram mão, com alegria, de uma vida considerada confortável na cidade, de empregos invejáveis e decidiram estar conectados à natureza e ao sagrado, longe do consumo e de padrões de comportamento pré-estabelecidos. Demonstram enorme prazer na harmonia e contentamento na partilha. Suas riquezas vem da experiência com outro e do sagrado em cada um.

As pessoas que por ali tem passado tem algo muito semelhante; Converso com vários deles e descubro que se tratam de ex-funcionários públicos concursados ou profissionais liberais; professores, contadores, psicólogos, sociólogos, jornalistas… Eles escolheram viver assim. Não se trata de falta de alternativa, mas de pura volição! Optaram por seus modos de vida não por preguiça de trabalhar, mas por pensarem o trabalho e o consumo de modo diferente do senso comum.

Acreditem: Eles trabalham muito! Aqueles que vivem de artesanato passam horas do seu dia a confeccionar seus produtos. Fazem-no com satisfação por longas horas e com a maior destreza possível, procurando realizar um produto com excelência. Mãos habilidosas na confecção de bonitezas. Os que decidiram oferecer entretenimento como mão de obra, treinam incansavelmente para executar sua arte para uma plateia, muitas vezes, angustiada e apressada, contida em carros, parada em seus semáforos. Malabaristas na vida,  treinam com afinco a arte de manter tudo em movimento e em suspensão, tornando o tempo de espera mais leve.

De um lado, vejo a coragem daqueles que enfrentam o julgamento e olhares curiosos por terem decidido viver em uma localidade distante, com poucos recursos, na contra-mão do que é pregado e exaltado em nosso modo de vida secular, e vivendo uma espiritualidade acolhedora. De outro lado, vejo aqueles que tem a coragem de se lançar ao mundo com suas mochilas nas costas, de  abrirem mão de seus confortos,  de suas pátrias maternas e se  tornaram consumidores de vivências, trocadores de experiências.

O aprendizado

Somos todos aprendizes na vida… Creio eu que estamos aqui, neste plano, para aprendermos a amar, posto que amar é o grande mandamento da minha fé. Por isso mesmo é que procuro olhar e ouvir sem julgamentos. Isto nem sempre é fácil. Não é tão simples despir-nos de conceitos pré concebidos quando as nossas crenças são confrontadas por  realidades diferentes.

Não raro, é comum o desejo de afastar aquilo que causa desconforto e evitar o que causa angústia por ser desconhecido. No entanto, agir de forma defensiva ou reativa nos atrofia a alma. Está  escrito: “Examinai tudo. Retende o que é bom.” ( 1 Talonissenses 5;21). Eu examino aquele modo de vida e fico com o que acho bom;  Jovens estrangeiros, em sua maioria, lançaram-se ao mundo e encontram acolhimento e espiritualidade. Pessoas, em busca de si, encontram aceitação e respeito. Ali, o foco da vida é lançado sobre as soluções e não sobre os problemas…

Talvez, este seja o mais interessante aprendizado que tiro do meu pouco convívio com aquelas pessoas e do seu modo de vida: Concentrar meu pensamento em busca de resoluções e não ficar gastando energia a remoer problemas. Essa bela maneira de ver as coisas me foi descrita por Calil, quando em uma conversa solta e tranquila, ele me relatou o que vem aprendendo com aquele jeito de viver. Gostei! Eu tenho pensado assim, mas ver isto em movimento é animador!

Outra coisa boa e curiosa que observei nas horas em que passamos juntos foi que essas horas são lentas… Engraçado como o dia lá parece longo e denso… Talvez porque não hajam distrações como televisões, computadores e celulares, a vida é tranquila como aquele grande lago.  Uma música instrumental fica tocando suavemente, as crianças brincando  pelo imenso quintal, gente namorando, gente conversando, gente rindo, gente por inteiro no aqui e agora, gente sendo gente