Arquivo da tag: Política

Pensamento de um capitalista único (via NoDeB@Te)

Fonte site Terra. A cara do Brasil? Usando nariz de palhaço e com cartazes criticando a presidente Dilma, médicos e estudantes de medicina fecharam a avenida Paulista, em São Paulo, para protestar contra a ‘importação’ de médicos.

“Além do mais, é uma coisa que não é fácil de entender. Nós somos formados desde pequenos com outra ideia de medicina, gostamos de servir”

Intrigante ler as matérias nos principais jornais brasileiros sobre a vida profissional dos médicos cubanos. Em síntese, como se fossem extraterrenos vivendo numa ilha isolada do mundo civilizado, com um sistema rigoroso para suportar a selva, comandada por um líder absoluto sob o rigor da chibata.

Talvez a história do país da América Central demonstre claramente que a política capitalista por lá tenha sido eficiente em tempo de dominação norte-americana. As guerras levaram o país para a mudança do regime que perdura na contemporaneidade, apesar do poder de pressão central externo do regime moderno capitalista.

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A hora é agora : Dilma propõe Constituinte exclusiva para reforma política

Na abertura da reunião com governadores e prefeitos, a presidenta Dilma Rousseff disse que vai propor a convocação de um plebiscito que autorize uma Constituinte para fazer a reforma política.

“O Brasil está maduro para avançar e já deixou claro que não quer ficar parado onde está”, disse a presidenta.

Dilma Rousseff propôs ainda uma nova legislação que considere a “corrupção dolosa [quando há intenção] como crime hediondo”, com penas mais severas. A presidenta pediu ainda agilização na implantação da Lei de Acesso à Informação.

A presidenta defendeu ainda pacto de responsabilidade fiscal, com o objetivo de manter a estabilidade da economia e o controle da inflação.

“É muito bom que o povo esteja dizendo tudo isso em alto e bom som. Cabe a cada um de nós – presidenta, ministros, governadores, governadoras, prefeitas e prefeitos – cumprir essa nova e decisiva dimensão da vontade popular. Nós todos sabemos onde estão os problemas. Nós todos sabemos que podemos construir soluções, mas também sabemos das incontáveis dificuldades para resolvê-las”, disse.

“Junto com a população, podemos resolver grandes problemas. Não há por que ficarmos inertes, acomodados ou divididos”, acrescentou. Ela disse ainda que “país deixou de ser governado para um terço da população”.

via Agência Brasil

A cultura na lata de lixo (via blog da revista espaço acadêmico)

Por Marcelo Gruman

Na última terça-feira, dia 05 de março, a cidade do Rio de Janeiro foi atingida por um temporal que, em poucos minutos, a mergulhou, literalmente, num caos. Quase instantaneamente, ruas e avenidas transformaram-se em rios imundos, compostos de uma mistura fétida de lama, esgoto, galhos de árvores arrancados com a força do vento, lixo de todo tipo (garrafas pet, latas de todos os tamanhos, ferro-velho de modo geral), animais mortos. Dois dos principais túneis da cidade foram fechados, o prefeito recomendou que a população permanecesse onde estivesse até que a situação se “normalizasse” (como se o carioca, mesmo que quisesse, pudesse sair do lugar). As consequências do dilúvio foram conhecidas na manhã seguinte, carros largados no meio da rua, montanhas de lixo acumulado nas esquinas, toneladas de vegetação espalhadas por todo lado, porteiros tirando da frente dos prédios a sujeira que impedia a livre circulação da população pelas calçadas. Cinco pessoas morreram, em diferentes pontos da cidade. Aparentemente, fenômenos climáticos não têm relação com “fenômenos” culturais, mas, neste caso, há.

Quando tragédias deste tipo acontecem, logo tentamos apontar culpados. Geralmente, o algoz preferido é o Estado ou, mais comumente, seus representantes, governador, prefeito, vereadores, invariavelmente “pegos para Cristo”, incorporando o Mal absoluto. É verdade que o poder público é poder exatamente por ter sido investido da prerrogativa de legislar e executar tudo aquilo que beneficie os responsáveis pela investidura, a cada quatro anos, a população. O Estado tem a obrigação de elaborar e bem executar políticas públicas, dentre elas, o planejamento urbano, fundamental em momentos de crise como o vivido na noite do dia 05 de março. Gestão de riscos, diriam os especialistas. Os representantes do Estado não admitem falhas no planejamento, preferem culpar São Pedro, e insistem que a estrutura dos órgãos públicos responsáveis pela contenção ou redução dos danos materiais e morais funcionou dentro do esperado. Concorde-se ou não com estas afirmações, é fato que o poder público é apenas parte do problema, devendo compartilhar responsabilidades com a própria população.

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Chavez partiu, anuncia o vice Nicolas Maduro

Em discurso emocionado transmitido em cadeia nacional, o vice-presidente da Venezuela Nicolás Maduro anunciou a morte do presidente Hugo Chávez  às 16h45 (horário local). “A sua mãe, a seu pai, a seus irmãos, a suas filhas e netos e a todo nosso povo transmitimos nossa dor”, disse. Maduro anunciou que a equipe de governo e o comando militar do país assumem a herança deixada pelo presidente. “Nós assumimos sua herança junto ao acompanhamento do povo”.

“A família dessa pátria que  nos deixa como herança livre e suprema. Teremos que crescer por cima dessa dor e dessa dificuldade. Vamos crescer, vamos nos fazer dignos, herdeiros e filhos de um homem gigante, como foi Hugo Chávez”, disse.  Maduro ressaltou que o plano de proteção aos cidadãos venezuelanos será implementado pelas forças armadas do país.

“Vamos crescer, vamos nos fazer dignos, herdeiros e filhos de um homem gigante, como foi o presidente Hugo Chávez. Amor, paz, unidade, batalha e vitória. A vitória de hoje é a união do povo e da paz. Povo e Forças Armadas”.

Maduro afirmou que o governo continuará nas próximas horas informarmando sobre os planos para fazer a homenagem póstuma a  Hugo Chávez e onde será velado seus restos mortais. “Todos esses detalhes que o povo venezuelano quer saber. Chamar a calma e a paz, vamos assumir juntos a herança”, disse.

Suposta carta de despedida de Hugo Chavez

“Um soldado morre com dignidade. Um soldado do país não pode chorar ou suplicar perdão em sua hora final. Um soldado da Pátria Grande, um homem de verdade, toma decisões que são do caso. Que ninguém seja responsável pela minha morte. Até a vitória sempre! ”

NR: O editorial lido pelo ex-jornalista e agora, em tese, apenas leitor de teleprompter William Wack, no Jornal da Globo desta noite (5/3/2013), é de provocar ânsia de vômito em qualquer defensor da boa informação. Com a sua performance, Wack rasgou aquela figura icônica que figurava nos posters do jornal Estado de S. Paulo como refém do Iraque nos idos anos 80.  Deve estar cotado pela direção da Vênus Platinada para apresentar o próximo BBB. Bom, pelo menos ninguém esperava mais do que isso mesmo… A direita braba do país deve estar enriquecendo os fabricantes de fogos de artifício.

Com  ABr , El País , Granma Internacional e Agência Venezolana de Notícias

 

E agora PT ?

Por Ernande Segismundo

Estou há exatos 30 anos no PT. Entrei no partido em abril ou maio de 1982 e lembro que nas festas juninas daquele ano exibia com orgulho a estrela vermelha no peito nos arraiais da cidade na plenitude dos meus 20 anos.

Nós petistas sempre acreditamos que nosso partido era diferente dos outros e mais: sempre acreditamos que o PT era melhor que os outros partidos.

Hoje amargo uma profunda desilusão a ponto de me calar quando um amigo jornalista que me ligou no dia da operação policial que acabou com o governo de Sobrinho e disse que agora o PT de Porto Velho terá que lutar muito para se igualar aos piores partidos políticos da República.

Os partidos no Brasil, como se sabe, são instituições nacionais, embora a vida partidária se concretize nas instâncias locais.

No caso de Porto Velho, a eclosão da operação policial do dia 06 de dezembro passado pôs fim ao Governo do partido á frente da Prefeitura de Porto Velho 24 dias antes do previsto de forma vexatória, deprimente e vergonhosa.

O personagem Roberto Sobrinho nasceu do nada e ganhou as eleições de 2004, ao contrário do que muita gente acredita, com muito cálculo e engenharia política formulada pela coordenação daquela campanha, dentre os quais figura a minha pessoa, especialmente quando trabalhei a renúncia da pré-candidatura de Valverde e a unificação do partido em torno da candidatura de Sobrinho, junto com alguns outros dirigentes.

Sucede que o poder que o PT proporcionou a Sobrinho se estabeleceu na contramão dos interesses e ideais do partido. A conduta de Sobrinho em relação ao PT, como já é público e notório, sempre foi revestida de personalismo, exclusivismo, traição, covardia e mediocridade.

Sobrinho traiu o PT na campanha de 2006, quando ignorou a candidatura de Fátima Cleide ao Governo do Estado que ficou em 2º lugar. Traiu o PT em 2010 quando sabotou de todas as formas a campanha do digníssimo companheiro Valverde ao Governo do Estado e de Fátima ao Senado e, finalmente a campanha de 2013, quando Roberto mais uma vez ignorou e sabotou o quanto pôde a candidatura da Fátima à exaustão.

E o pior é que quando a casa caiu para Roberto e sua camarilha com a operação policial de dezembro passado, o PT não teve a dignidade, após oito anos de governo no município, de dialogar com a população de Porto Velho, e é precisamente isto que me impôs escrever este artigo que alguns podem encarar como ‘fogo amigo’ ou ‘cuspir no prato que comeu’, mas para mim é um grito travado na garganta da imensa maioria da militância que precisava ser verbalizado publicamente.

A única manifestação do partido sobre o trágico fim do governo petista na Capital foi uma nota pública divulgada naquele mesmo dia que foi por mim apresentada à Executiva Municipal e que depois de aprovada, sob pressão que empreendi pessoalmente, alguns membros daquela instância se arrependeram de tê-la aprovado.

O presidente municipal do partido, Tácito Pereira que estava viajando na ocasião manifestou a vários dirigentes sua resoluta oposição à divulgação daquela nota pública, preferindo o silencio, conduta inaceitável naquela ocasião. Um partido tem obrigação de dar satisfações á sociedade, sob pena de ser condenado ao descrédito e ao ostracismo.

Depois daquela nota o PT de Porto Velho emudeceu sobre este assunto com exceção de algumas entrevistas inconvenientes que só evidenciaram o injustificável silencio diante de uma crise dessa magnitude. Uma resposta coerente era tudo o que a militância e a sociedade precisavam após ver seu governo despejado do poder municipal pela polícia e seguir quase em carreata para o Presídio Urso Panda.

As entrevistas encomendadas concedidas por Sobrinho soaram como uma afronta, tamanha a desfaçatez.

Na verdade, depois da operação policial, o PT de Porto Velho está acéfalo e sem qualquer rumo ou direção e a militância está atônita, indignada, revoltada e deprimida com tal estado de coisas.

No dia 10 de janeiro passado a militância forçou a realização de uma plenária que reuniu mais de 150 pessoas, onde mais de 40 filiados fizeram uso da palavra. Em defesa de Roberto, mais uma vez Tácito foi condescendente. Os demais presentes, com maior ou menor insistência pediram a renúncia de Tácito e alguns pediram a renúncia da Executiva inteira.

Eu mesmo propus na plenária que Tácito Pereira renunciasse à presidência do Diretório Municipal para que o partido pudesse se recompor, pela molecular ligação com os envolvidos no maior escândalo do Palácio Tancredo Neves e absoluta falta de isenção e habilidade para conduzir os destinos do PT da capital.

Em função destes episódios o PT perdeu filiados de imensurável valor ético e moral que não suportaram a omissão do partido diante de gravíssimas acusações de improbidade administrativa e crimes contra o patrimônio público.

Apesar deste gravíssimo quadro partidário, Tácito Pereira segue sua sina atrevida, prepotente, arrogante e insolente na defesa de um cadáver político, de um zumbi em que se transformou Roberto Sobrinho, riscado para sempre do mapa político de Rondônia e eliminado sumariamente da vida partidária ante a quase absoluta reprovação de suas condutas pela militância, expressada na plenária do dia 10 passado.

Soma-se a este vergonhoso e deprimente quadro o desprezo que Tácito e seus companheiros de infortúnio desenvolveram pelos filiados, pela militância, pela verdade, pelo bom senso e pela sociedade rondoniense como um todo.

Depois daquela plenária houve uma inacreditável manifestação de militantes no dia 16 deste janeiro na sede do partido contra a Direção Municipal, com direito a faixas e cartazes contra a contumácia de Tácito Pereira e seus raros apoiadores.

Segundo notícias da imprensa Roberto Sobrinho reassumirá seu cargo público na Assembleia Legislativa e será lotado no Gabinete da Deputada petista Epifânia Barbosa que é outro cadáver político que circula por aí feito um zumbi em razão de suas relações suspeitíssimas com atos criminosos do defenestrado Valter Araújo.

Epifânia é ré confessa no âmbito ético, pois admitiu publicamente o recebimento de valores do esquema criminoso de Valter Araújo em uma caixa de papelão e mesmo assim se livrou de punição no âmbito partidário justamente pela proteção que lhe deu Roberto Sobrinho que controlava então a maioria da Executava Estadual e a quase totalidade da Executiva Municipal de Porto Velho.

Mas como todo poder um dia perece hoje quem detém de fato o poder na esfera partidária é a militância que está se articulando e se mobilizando cada vez mais para depor o presidente municipal, numa sucessão de episódios de protestos que redundará certamente numa insurreição contra a insólita liderança do decadente Tácito Pereira.

Resta induvidoso, portanto, que o PT não é um conciliábulo, muito pelo contrário, é um partido de massa, cuja militância pauta sua vida civil pela defesa intransigente da ética na política, pelo combate à corrupção e pela defesa do patrimônio público.

Por isto o PT é um partido muito difícil de se vergar e sua força reside precisamente na granítica solidez de seus documentos essenciais, no heroísmo e bravura de sua militância que luta desesperadamente para preservar o programa partidário, para reconduzir o partido ao seio do magnífico Manifesto de sua fundação e reavivar as bandeiras e o programa partidário.

Mas assim como um país se faz com homens e livros como bem disse Monteiro Lobato, política se faz com plataformas e líderes. Não adianta bons programas e projetos políticos sem firmes e sólidas lideranças para tocá-los.

Refundar-se como espaço político-partidário de envergadura é precisamente o desafio do PT da capital para os próximos anos, para reconquistar o respeito e admiração que um dia já teve da população portovelhense, mas isto esta condicionado inevitavelmente a extirpação do seio partidário dos que promoveram seu escabroso flagelo.

Ernande Segismundo é advogado portovelhense.

O Chávez de Schrödinger (via Esparrela)

Por Artur Lascala

No momento em que este texto está sendo escrito, Hugo Chávez está vivo. No momento em que este texto está sendo escrito, Hugo Chávez está morto. O presidente perpetuamente eleito — recém eleito, inclusive — está, ao mesmo tempo, vivo e morto.

A condição do líder venezuelano, contrária ao senso comum e à experiência cotidiana, encontra guarida no campo da tanto inóspita quanto sedutora física quântica. Uma bem conhecida experiência mental é a do “gato de Schrödinger”. Trata-se da colocação, em um sistema absolutamente isolado, de um gato, um recipiente com um gás venenoso e uma fonte emissora de radiação capaz de quebrar o vidro com o gás. As emissões de radiação são aleatórias, de modo que elas podem ou não quebrar o vidro.

A surpreendente conclusão a que chegam os físicos é que, dada a impossibilidade de observar-se o atual estado do sistema e a particularidade da mecânica quântica, a afirmação correta a fazer-se a respeito do gato é que eleestá vivo e morto. Se a minha explicação de completo leigo não for suficiente (tenho certeza que não é), leiam aqui e vejam este vídeo aqui.

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Crise originária, “mensalão” e o Supremo Tribunal Federal (via leonardoBOFF.com)

Deve-se respeitar o veredito da Suprema Corta de Justiça da nação, pois representa um dos poderes supremos de um estado democrático de direito. Entretanto, tal fato, não isenta o cidadão de expressar interrogações e fazer suas críticas. Isso também pertence ao estado democrático de direito. O que vou externar neste artigo seguramente colherá a contradição de não poucos. Respeito a opinião divergente. Mas nem por isso deixarei, por razões de cidadania e de ética, de fazer algumas ponderações suscitadas não apenas por mim mas por notáveis analistas e juristas deste país, em vários meios de comunicação, especialmente, no Boletim Carta Maior entre outros. Mas vamos ao escrito.

Coloquemo-nos, por um momento, na pele dos Ministros e Ministras do Supremo Tribunal Federal.  Tiveram que se confrontar com um processo de 60 mil páginas: a Ação Penal 470, chamado também de “mensalão”. Enfrentaram uma tarefa hercúlea. Após leitura e meditação do volumoso acervo, impõe-se à Suprema Corte a primeira e desafiadora tarefa: formar convicção sobre a condenação ou não  dos incriminados e o tipo de pena a ser cominada. Mas quando se trata de tirar o dom mais precioso de um cidadão depois da vida – a liberdade – especialmente de políticos que ocupavam altos cargos de governo e que em suas biografias ostentam marcas de prisões, torturas e exílios por conta da reconquista da democracia, sequestrada pela ditadura militar, devem prevalecer rigorosamente a isenção e a independência; devem falar mais alto as provas nos autos que os meros indícios, ilações, a pressão da mídia e o jogo político. Para conferir ordem à argumentação fez-se mister criar uma narrativa coerente que, fundada nos autos, sustentasse uma decisão convincente e justa.

Aqui tem seu lugar a subjetividade que é o natural e inevitável momento ideológico, ligado à cosmovisão dos Ministros, à suas biografias, às relações sociais que nutrem e à sua leitura da política nacional. Isso é livre de crítica.

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A espetacularização e a ideologização do Judiciário (via Leonardo Boff)

É com  muita tristeza que escrevo este artigo no final da tarde desta quarta-feira, após acompanhar as falas dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Para não me aborrecer com e-mails rancorosos vou logo dizendo que não estou defendendo a corrupção de políticos do PT e da base aliada, objeto da Ação Penal  470 sob julgamento no STF.  Se malfeitos foram comprovados, eles merecem as penas cominadas pelo Código Penal. O rigor da lei se aplica a todos.

Outra coisa, entretanto, é a espetacularização do julgamento transmitido pela TV. Ai é ineludível a feira das vaidades e o vezo ideológico que perpassa a maioria dos discursos.

Desde A ideologia Alemã, de Marx/Engels (1846), até o Conhecimento e interesse, de J. Habermas (1968 e 1973), sabemos que por detrás de todo conhecimento e de toda prática humana age uma ideologia latente. Resumidamente, podemos dizer que a ideologia é o discurso do interesse. E todo conhecimento, mesmo o que pretende ser o mais objetivo possível, vem impregnado de interesses.

Pois, assim é a condição humana. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. E todo o ponto de vista é a vista de um ponto. Isso é inescapável. Cabe analisar política e eticamente o tipo de interesse, a quem beneficia e a que grupos serve e que projeto de Brasil tem em mente. Como entra o povo nisso tudo? Ele continua invisível e até desprezível?

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Educar para a celebração da vida e da Terra (via Leonardo Boff)

Dada a crise generalizada que vivemos atualmente, toda e qualquer educação deve incluir o cuidado para com tudo o que existe e vive. Sem o cuidado, não garantiremos uma sustentabilidade que permita o planeta manter sua vitalidade, os ecossistemas, seu equilíbrio e a nossa civilização, seu futuro. Somos educados para o pensamento crítico e criativo, visando uma profissão e um bom nivel de vida, mas nos olvidamos de educar para a responsabilidade e o cuidado para com o futuro comum da Terra e da Humanidade. Uma educação que não incluir o cuidado se mostra alienada e até irresponsável. Os analistas mais sérios da pegada ecológica da Terra nos advertem que se não cuidarmos, podemos conhecer catástrofes piores do que aquelas vividas em 2011 no Brasil e no Japão. Para se garantir, a Terra poderá, talvez, ter que reduzir sua biosfera, eliminando espécies e milhões de seres humanos.… Read More via Leonardo Boff

A falta que o respeito nos faz (via Leonardo Boff)

A cultura moderna, desde os seus albores no século XVI, está assentada sobre uma brutal falta de respeito. Primeiro, para com a natureza, tratada como um torturador trata a sua vítima com o propósito de arrancar-lhe todos os segredos(Bacon). Depois, para com as populações originárias da América Latina. Em sua “Brevíssima Relação da Destruição das Indias”(1562) conta Bartolomé de las Casas, como testemunho ocular, que os espanhóis “em apenas 48 anos ocuparam uma extensão maior que o comprimento e a largura de toda a Europa, e uma parte da Ásia, roubando e usurpando tudo com crueldade, injustiça e tirania, havendo sido mortas e destruídas vinte milhões de almas de um país que tínhamos visto cheio de gente e de gente tão humana”(Décima Réplica). Em seguida, escravizou milhões de africanos trazidos para as Américas e negociados como “peças” no mercado e consumidos como carvão na produção. … Read More via Leonardo Boff

Governados por cegos e irresponsáveis (via Leonardo Boff)

Afunilando as muitas análises feitas acerca do complexo de crises que nos assolam, chegamos a algo que nos parece central e que cabe refletir seriamente. As sociedades, a globalização, o processo produtivo, o sistema econômico-financeiro, os sonhos predominantes e o objeto explícito do desejo das grandes maiorias é: consumir e consumir sem limites.

Criou-se uma cultura do consumismo propalada por toda a midia. Há que consumir o último tipo de celular, de tênis, de computador. 66% do PIB norteamericano não vem da produção mas do consumo generalizado. As autoridades inglesas se surpreenderam ao constatar que entre os milhares que faziam turbulências nas várias cidades não estavam apenas os habituais estrangeiros em conflito entre si e pessoas dos guetos, mas universitários, ingleses desempregados, professores e até recrutas. Era gente enfurecida porque não tinha acesso ao tão propalado consumo. Não questionavam o paradigma do consumo mas as formas de exclusão dele. … Read More via Leonardo Boff

Ainda o fundamentalismo (via Leonardo Boff)

O ato terrorista perpetrado na Noruega de forma calculada por um extremista norueguês de 32 anos, trouxe novamente à baila a questão do fundamentalismo. Os governos ocidentais e a mídia induziram a opinião pública mundial a associar o fundamentalismo e o terrorismo quase que exclusivamente a setores radicais do Islamismo. Barack Obama dos USA e David Cameron do Reino Unido se apressaram em solidarizar-se com governo da Noruega e reforçaram a idéia de dar batalha mortal ao terrorismo, no pressuposto de que seria um ato da Al Qaeda. Preconceito. Desta vez era um nativo, branco, de olhos azuis, com nivel superior e cristão, embora o The New York Times o apresente “sem qualidades e fácil de se esquecer”. … Read More via Leonardo Boff

Face à crise: quatro princípios e quatro virtudes (via Leonardo Boff)

A frase de Einstein goza de plena atualidade: “o pensamento que criou a crise não pode ser o mesmo que vai superá-la”. É tarde demais para fazer só reformas. Estas não mudam o pensamento. Precisamos partir de outro, fundado em princípios e valores que possam sustentar um novo ensaio civilizatório. Ou então temos que aceitar um caminho que nos leva a um precipício. Os dinossauros já o percorreram.

Meu sentimento do mundo me diz que quatro princípios e quatro virtudes serão capazes de garantir um futuro bom para a Terra e à vida. Aqui apenas os enuncio sem poder aprofundá-los, coisa que fiz em várias publicações nos últimos anos. … Read More via Leonardo Boff

O “complexo Deus” da modernidade (via Leonardo Boff)

A crise atual não é apenas de escassez crescente de recursos e de serviços naturais. É fundamentalmente a crise de um tipo de civilização que colocou o ser humano como “senhor e dono” da natureza (Descartes). Esta, para ele, é sem espírito e sem propósito e por isso pode fazer com ela o que quiser.

Segundo o fundador do paradigma moderno da tecnociência, Francis Bacon, cabe ao ser humano torturá-la, como o fazem os esbirros da Inquisição, até que ela entregue todos os seus segredos. Desta atitude se derivou uma relação de agressão e de verdadeira guerra contra a natureza selvagem que devia ser dominada e “civilizada”. Surgiu também a projeção arrogante do ser humano como o “Deus” que tudo domina e organiza.

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