O cineasta Linduarte Noronha,nascido pernambucano mas paraibano de coração, de 81 anos sofreu uma parada respiratória e morreu nesta madrugada de segunda-feira(30) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Memorial São Francisco, em João Pessoa. Noronha foi repórter, critico de cinema, procurador do Estado e professor do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Paraiba. Além de ser um dos pioneiros do cinema paraibano Linduarte Noronha entrou para a história no Brasil com o documentário em curta-metragem ‘Aruanda’, de 1960 .Os quilombos marcaram época na história econômica do Nordeste canavieiro. A luta entre escravos e colonizadores terminava, às vezes, em episódios épicos, como Palmares. Olho d’Água da Serra do Talhado, em Santana do Sabugi (PB), surgiu em meados do século passado, quando o ex-escravo e madeireiro Zé Bento partiu com a família à procura de terra. O filme, que é sua principal obra, promoveu grandes modificações estéticas na cinematografia brasileira. Aruanda é tido como precursor do movimento Cinema Novo. O filme aborda a fundação de um quilombo de escravos fugidos na Serra do Talhado e revisita a mesma região flagrando os descendentes de escravos que viviam de forma primitiva, vendendo potes de barro feitos de forma artesanal. Quando lhe perguntavam sobre influências, respondia: “Apenas a dos cinejornais.” Aruanda é um filme de jornalista. A técnica cinematográfica, ele aprendeu, como autodidata, do Tratado de Realização Cinematográfica, do russo Lev Kulechov. De maneira inspirada, Linduarte encontrou a maneira mais direta de mostrar as coisas como elas são. Simples assim. Quem se acha cineasta e documentarista e ainda não assistiu a Aruanda, deve rever seus conceitos. Alô Marcus Vilar, alô ParaÍ Wa, nossos sentimentos amazônicos pela perda.
Assista aqui o curta ARUANDA !