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Grupo O Imaginário refaz a trilha do Marechal Rondon e leva teatro às cidades da BR 364

Fazendo o caminho inverso que  o Marechal Cândido Rondon fez no início do século XX  ao desbravar o oeste do país,  instalando milhares de quilômetros de linhas telegráficas, mapeando os terrenos e estabelecendo relações cordiais com os índios, o  grupo teatral O Imaginário parte de Porto Velho numa jornada de 18 dias rumo à Chapada dos Guimarães com apresentações de espetáculos, vivências, oficinas, trocas e convivências com o público, artistas e grupos de teatro de Rondônia e Mato Grosso.

Essa não é a primeira vez que o grupo parte numa caravana teatral: em 2010, no projeto Banzeirando, as estradas foram as águas dos rios Madeira e Amazonas, numa jornada de 30 dias de Porto Velho a Manaus, com espetáculos, oficinas e vivências, partilhados com a população ribeirinha de cada localidade onde atracavam. Em 2007, o tema “trilhas de Rondon” surgiu para o grupo pela primeira vez através da realização de uma caravana que levou o espetáculo O Mistério do Fundo do Pote Ou de Como Nasceu a Fome a cidades do Acre, Rondônia e Mato Grosso.

A caravana teatral “Nas trilhas de Rondon – 100 Anos de História” será realizada em uma única etapa, que terá início dia 13 de fevereiro na cidade de Porto Velho, com duas apresentações da peça A Ferrovia dos Invisíveis – Narrativas do Outro Lado. Logo depois, a viagem se inicia rumo ao interior de Rondônia, passando por Candeias do Jamari, Itapuã do Oeste, Ariquemes, Jaru, Ouro Preto do Oeste, Ji-Paraná, Presidente Médici, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena. Seguindo pela BR 364, as próximas paradas são Comodoro, Pontes e Lacerda, Porto Esperidião, Cáceres e Cuiabá, finalizando na Chapada dos Guimarães.

Serão 17 cidades, mais de 3 mil quilômetros percorridos e 2 Capitais, para um público estimado de 7 mil espectadores, levando o teatro a praças, quadras de escolas e centros culturais. Este projeto foi aprovado pelo Edital Funarte Myriam Muniz de Fomento ao Teatro de 2012.

Os espetáculos apresentados fazem parte do repertório do grupo: A Ferrovia dos Invisíveis – Narrativas do Outro Lado, criada em 2012, Memórias de Guerra, uma intervenção urbana apresentada no VII FESTCAL em São Paulo, e Psiu – O Quarteto Tá Chegando!, sua mais recente criação e estreia do grupo nas artes circences e de palhaçaria.

Veja aqui a Programação Completa do Grupo O Imaginário

Sabe aquela expressão do “Oiapoque ao Chuí” ? esqueça .

Por  Beto Bertagna

Pode apostar com seus colegas de cerveja na mesa, você vai ganhar. Aquela história de que o Brasil ía do Oiapoque ao Chuí, quando tentavam dizer do extremo norte ao sul dançou. Até porque pela geografia oficial, durante muito tempo o Cabo Orange, que fica no Oiapoque, estado do Amapá foi considerado o ponto extremo do norte do país. E rendeu até música, nas vozes de Teodoro e Sampaio:

“Arrumei as minha malas
E de viagem sai
Pra conhecer o Brasil
Do Oiapoque ao Chuí
E pra falar a verdade
Eu tenho muita saudade
De tudo que conheci”

Em 1930, o Marechal Cândido Rondon organizou uma expedição ao Monte Caburaí e chegou a afirmar que se tratava do extremo norte do Brasil. Mesmo assim, aquelas terras permaneceram por muito tempo esquecidas e o Oiapoque, no Estado do Amapá, ficou sendo considerado o ponto onde começaria o Brasil.

Jáá em 1931 a Serra do Caburaí aparecia como ponto extremo do norte brasileiro nas anotações do Capitão-de-Mar-e-Guerra Braz Dias de Aguiar, chefe da Comissão Brasileira Demarcadora de Limites.  Aguiar, então, concluiu que o ponto extremo Norte do Brasil era a Serra do Caburaí em detrimento do Monte Roraima.  O Estado recebeu o nome de Roraima em homenagem ao lendário e místico monte homônimo.

De fato, uma simples visualização cartográfica da região evidencia a localização mais setentrional do Monte Caburaí em relação ao Oiapoque, sem muito mistério. Basta olhar o mapa com um pouco de atenção.

Com base nestes dados é correto dizer que O Brasil vai do Caburaí ao Chuí. Para os poetas ainda fica mais bonito, porque há rima na frase, e fica até mais agradável de expressar. A expressão Do Oiapoque ao Chuí foi sempre mal interpretada como referindo-se aos pontos extremos do Brasil,  na verdade ela foi cunhada visando expressar a extensão do litoral brasileiro, facilmente visualizada nos mapas.

Portanto, para não cair no erro novamente, saiba diferenciar o extremo norte do país do início do litoral brasileiro,  na sua face norte.

O Ministério da Educação, já reconhece oficialmente o fato desde 1998,  depois que uma expedição conjunta das Forças Armadas, Ibama, Funai, Embrapa, UFRR, entre outros órgãos federais e estaduais, descobriu que o Caburaí fica ao norte exatamente 84 km a mais do que o Oiapoque. A partir deste ano  as editoras foram obrigadas  a ratificarem a informação nos livros didáticos, o que parece não ter adiantado muito, sendo a expressão popular errada “do Oiapoque ao Chuí” vista até hoje como correta pela maioria do povo brasileiro, inclusive (e infelizmente) pela mídia de uma forma geral (há exceções).

O Monte Caburaí , onde nasce o rio Ailãfica no município de Uiramutã, dentro do Parque Nacional do Monte Roraima. Sua altitude é de 1.465 m e faz fronteira com a República Cooperativista da Guiana. Fica a 80 km do Monte Roraima. A localização exata do Monte Caburai é Latitude: 05º 16’ 19,6” N e Longitude: 60º 12’ 43,3” W.

Portanto, em suas próximas rodas de papo de boteco, pode apostar: O Brasil vai do Caburaí ao Chuí.

Oiapoque e Caburaí eu não conheço, mas Chuí eu conheço bem. Fica a 20 km de Santa Vitória do Palmar, tem praias lindíssimas como a Barra do Chuí e o Hermenegildo ( mais conhecido pelos íntimos como “Hermena“). Atravessou uma Avenida e pronto . Você está em Chuy, Uruguai, com suas parrilladas, cerveja Norteña, Patrícia e uma lendária fortaleza portuguesa tomada pelos espanhóis, a Fortaleza de Santa Tereza. Em Barra do Chui, corre o Arroio Chuí que separa Brasil e Uruguai, marcando o ponto mais meridional do Brasil.

E tem outra também que é legal, mas que vai ficar para a próxima. Afinal, o Brasil é mais largo ou mais comprido? Façam suas apostas…

E prá relaxar, Ié Ié Ié do Oiapoque ao Chui, com Marcelo Birck

E do Caburaí ao Chuí, do Platão Arantes Teixeira

Oiapoque, durante muito tempo considerado o ponto setentrional do Brasil

Chuí , fronteira com o Uruguai, tem uma avenida que separa os dois países. O Arroio Chui separa também Uruguai e Brasil na Barra do Chui, no ponto mais meridional do Brasil.

Em algum ponto do Arroio Chui o ponto mais meridional do Brasil. foto: Wikipédia/Dantadd

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