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7º FLI acontece em Iguape dias 7 e 8 de junho com o tema Futuro , Lugar e Memória

 

Poeta, slammer e uma das organizadoras do Slam das Minas, Mel Duarte comanda o FLISARAU, um encontro poético com microfone aberto para todos que quiserem ler ou recitar textos, poemas ou poesias, autorais ou não autorais. Simplesmente, não dá para perder!

Área de povoamento bastante antigo, o Vale do Ribeira está localizado no sul do estado de São Paulo e leste do Paraná e é composto por municípios por onde passam o Rio Ribeira de Iguape e seus afluentes, que até o século passado eram a única via de acesso a outras regiões do estado.

A preservação das matas e a diversidade ecológica são algumas de suas marcas, mas a preservação não é apenas ambiental, importantes comunidades quilombolas, indígenas e caiçaras ocupam e dão identidade ao lugar.

Devido sua posição de isolamento, a região tem a característica de ser “um estado dentro do estado”, com vivências, memórias e identidade própria que tornam-se visíveis em diversos aspectos do local, desde a arquitetura, a economia, até a cultura.

Uma das maneiras de acessarmos toda essa memória, identidade e história é por meio de uma técnica de registro milenar, a escrita. E é assim que nasce o FLI!

O Festival, que acontece em Iguape,  na região do Vale do Ribeira desde 2013, traz para este ano o tema “Futuro, Lugar e Memória”. Com as presenças de escritores, artistas e pensadores como Conceição Evaristo, Ana Maria Gonçalves, Geovani Martins, Mel Duarte e Bianca Santana, serão discutidas questões sobre território, ancestralidade e povos tradicionais.

Durante o 7° FLI vão rolar algumas sessões de autógrafos e lançamentos de livros, uma ótima oportunidade para quem quer ter algum tipo de troca com os autores das obras 🙂

Na sexta (7), às 20h, a autora Eda Nagayama estará no Ponto do Livro, na Praça da Basílica, Centro Histórico de Iguape, para o lançamento de “Yaser”. Na obra, Nagayama narra a realidade do povo palestino diante das contínuas políticas coloniais de Israel pela lente de Yaser, um camponês da vila de Yanoun.

Geovani Martins, autor do aclamado “O Sol na Cabeça”, Russo Passapusso, músico e compositor, integrante da banda BaianaSystem, e a atriz, cantora e ativista Zezé Motta se reúnem para “O Futuro Não Demora”. Com mediação de Bianca Santana, a conversa-reflexão aborda palavra, sociedade e insurgência a partir da vida e obra de três olhares e gerações.

A primeira atração musical do 7° FLI é Luedji Luna . Transitando entre o universo da música brasileira e africana, a cantora e compositora baiana apresenta o show de seu álbum “Um Corpo no Mundo”, que lhe consagrou uma das mais promissoras revelações musicais da atualidade, sendo premiada e indicada aos Prêmios Bravo, SIM, WME, Caymmi e Multishow 2018.

A partir do livro “Futuro e Memória – Escrevivências do Vale do Ribeira”, que reúne textos de escritores de Cajati, Cananeia, Eldorado, Iguape, Itaoca, Registro e Ribeira, a intervenção une música e poesia num ato de celebração da riqueza cultural do Vale. É a vez do Grupo Cultural Batucajé do Vale.

No segundo dia do FLI (8), às 10h, vai rolar o Samba de Roda Nega Duda, na Praça da Basílica, Centro Histórico de Iguape

Nega Duda e seu Samba de Roda evocam as memórias de sambadeiras e sambadores do Recôncavo Baiano, com referências do culto aos orixás e caboclos, à capoeira e à comida de azeite, exaltando uma das mais importantes e significativas manifestações populares da cultura brasileira.

Sábado (8), às 14h, Conceição Evaristo participa da conversa “Escrevivência Insubmissa”. Neste encontro, a autora de “Olhos D’água” e “Ponciá Vicêncio” fala sobre os temas presentes em sua obra, como educação, gênero, memória e relações étnicas na sociedade. Com mediação de Bianca Santana.

No  dia (8) também acontece o FLI Paralelo, no Museu Histórico, entre 11h30 e 19h. Uma das grandes atrações do espaço será o bate-papo Futuro, Lugar e Memória, que reunirá os escritores Júlio Cesar da Costa (Na Ribeira da Poesia), Angélica Freitas (Um Útero é do Tamanho de um Punho), Cidinha da Silva (Os Nove Pentes D África) e Eda Nagayama (Desgarrados). A proposta é discutir sobre escritas que, a partir do território e da identidade, propagam memórias, sentimentos e insubmissões. O bate-papo será das 17h30 às 19h. Neste espaço haverá também conversas com Nega Duda, Timóteo Verá Tupã Popyguá, Islene Motta, Maria Mazarello e Luciana Bento. No FLI Paralelo cada atividade tem 30 vagas, sendo que a distribuição de ingressos será feita 1h antes do início de cada conversa.

Destacamos também mais uma conversa imperdível que vai rolar no 7° FLI: Ana Maria Gonçalves, autora de “Um Defeito de Cor”, Deborah Dornellas, responsável por “Por Cima do Mar”, Marcelino Freire, que escreveu “Contos Negreiros” e “Nossos Ossos”, e Deivid Domênico, um dos compositores do samba-enredo de 2019 da Mangueira, refletem sobre outras perspectivas de nossa história, outras versões de nosso passado e de quem somos em “Histórias que a história não conta ou o avesso do mesmo lugar”, com a mediação de Bianca Santana.

No sábado (8), às 15h, acontecerá o lançamento e sessão de autógrafos do livro “Onde está o Bóris?” (Editora Piraporiando), com a autora Janine Rodrigues.

Onde está o Boris? Muita preguiça, um dia de chuva, um gato curioso, e uma menina zureta das ideias. Samantha não imaginava a confusão que se meteria quando decidiu não fechar a janela de seu quarto. E Belinda se recusou a esperar. E você? Sabe onde está o Boris?

Durante os dois dias de Festival, o público encontrará no Ponto do Livro um espaço de troca de obras infantis e adultas, além de gibis. É uma oportunidade de renovar as bibliotecas pessoais sem custo algum. No sábado (8), das 10h às 23h30, basta levar um livro em bom estado e trocar por outro. A atividade acontecerá na Praça da Basílica.

No show que encerra a sétima edição do FLI, Nação Zumbi, um dos grupos mais influentes e respeitados na música brasileira, precursor do Mangue Beat, apresenta seus clássicos, como “Manguetown” e “Quando a Maré Encher”, além de versões de grandes sucessos que influenciaram e marcaram a banda, como “Maracatu Atômico”.

Saiu pra comprar cigarros…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Saiu pra comprar cigarros. Se a ideia era não voltar, eu não sei. Só sei que voltou. Mas voltou sem cigarros e com o olhar abismado que nunca havia visto antes. Ela entrou na casa com aquele olhar, sem cigarros, e caminhou até o escritório.

No instante seguinte, pegou alguns papéis e uma caneta e começou a escrever. Parada diante dela, pensando se perguntava sobre o que fazer para o almoço, ela me pediu que saísse e fechasse a porta por fora. Foi o que fiz. Decidi que teríamos frango ensopado com polenta.”

Assim começa o livro “Saiu pra comprar cigarros”, coletânea com 13 contos, que poderiam ser chamados de experimentações pelas brincadeiras com os elementos narrativos de ficção. Como, por exemplo, no conto “– Você sabe por que está aqui?” que é escrito (desde o título) todo em diálogo, sem descrições de quem são os dois personagens, nem de onde eles estão. Através do diálogo, vamos entendendo o conflito e descobrindo por que eles estão ali.

Já o conto “À porta” poderia ser chamado de “monólogo à porta”, pois se trata de uma conversa íntima da personagem com ela mesma enquanto espera a hora de tocar a campainha para um encontro marcado. O conto “O interruptor” é uma experiência de histórias paralelas e cruzadas entre os personagens, com a diagramação também paralela: duas histórias na mesma página.

Outra das narrativas é em forma de um roteiro para rádio: um podcast, também com os ouvintes falando à locutora e com uma trama comum entre todos eles. “O buquê”, “Quatro noites e muitas outras” e “O Mito dos Zauês” contam histórias cujas protagonistas são mulheres que ultrapassam limites de padrões convencionais e surpreendem em suas ações. Estas histórias são narradas com jogos temporais de escrita. O jogo entre tempo e espaço também está presente no conto breve “Vida em branco”. Duas das narrativas são voltadas para finais de relacionamentos: “Incompatibilidade” e “Débito e crédito” e, assim como a trama, as histórias são sínteses: curtas e que resumem uma história maior que não precisou ser contada.

“O autor” é uma história de humor que brinca justamente com a condição de autor como autoridade sobre o que escreve.

E, por fim, “André liberto” e “Aquilo que só criança vê” dão um tom mais suave à coletânea, pois são histórias de crianças descobrindo coisas que ainda não conhecem.

Mesmo que as histórias tenham personagens e conflitos totalmente diferentes, todas elas têm em comum a delicadeza do olhar e a visão sobre coisas jamais “vistas” (ou pensadas) por aqueles personagens; o momento da percepção de algo e a reação a esta percepção. Reação que talvez fuja do pre-visível – tanto do personagem quanto do leitor.

A aurora sintetiza o livro como a reunião de 13 contos em que os personagens, muito diferentes uns dos outros, acabam pegando desvios inusitados e embarcando em mundos e tempos bem diferentes daqueles previstos em seus cotidianos. Diante de seus erros e acertos, nós, leitores, vamos pensando a vida de outros modos, sob outros pontos de vista. Junto com esses personagens, tomamos nossos próprios desvios e seguimos caminhos outros, abertos por detalhes novos, sentimentos simples, transitoriedades da vida.

“Saiu pra comprar cigarros” está disponível em: https://www.clubedeautores.com.br/ptbr/book/269627–

Você pode seguir a autora seguir no Facebook em https://www.facebook.com/ficcionarius/

ou pelo email: naramarqs@hotmail.com

Tem curso de direção de arte cinematográfica com Vera Hamburger na b_arco

 O curso extensivo tem o objetivo de introduzir o aluno no universo da direção de arte cinematográfica, aprofundando aspectos essenciais para a compreensão desta função e sua abrangência na concepção de um filme, assim como, ao desenvolvimento de projetos em cada uma das áreas envolvidas em sua realização.

O curso é composto por aulas ministradas por renomados profissionais em atividade na produção cinematográfica contemporânea, que abordarão o processo de trabalho nas diferentes áreas envolvidas na concepção e realização do universo visual dos filmes: direção, direção de arte, direção de fotografia, cenografia, figurino, maquiagem e efeitos especiais. Saiba mais 

De 20 de agosto a 14 de novembro | Terças e quintas, das 19h30 às 22h30.

Me interessei, mas quero saber mais antes de me inscrever.

Escuela Internacional de Cine e TV de Cuba : última semana de inscrições

As inscrições para o processo seletivo do curso regular 2012 / 2015 da EICTV se encerram no dia 10 de março. As provas serão aplicadas nos dias 16 e 17 de março, em cinco cidades: Belo Horizonte / MG, Recife / PE, Florianópolis / SC, Goiânia / GO Belém / PA.   O curso tem duração de 3 anos. O início está previsto para setembro de 2012 e término em julho de 2015.

Os candidatos devem ter entre 22 e 29 anos (nascidos entre 1982 e 1990) e preencher e enviar por e-mail a ficha de inscrição indicando o local onde fará os exames.

No dia da prova, deverá apresentar seu currículo impresso, carta de motivação, autorretrato em qualquer suporte, técnica ou formato e um arquivo pessoal (portfólio) com materiais em cine, vídeo, foto fixa, música, artes gráficas, literatura, teatro, imprensa, e outros, em cuja elaboração haja participado ou desempenhado um papel significativo e criativo, além de pagar uma taxa de 50 reais.

Cada candidato responderá a 2 provas escritas, no dia 16 de março: uma de conhecimentos gerais e uma correspondente à especialização que escolheu. Serão oferecidas oito especializações – DireçãoProduçãoRoteiro,FotografiaSomDocumentárioEdição e (especialidade nova) TV e Novas Mídias. Os candidatos aprovados nas provas escritas passarão por entrevista oral no dia seguinte (17 de março).

As informações completas e fichas de inscrição estão disponiveis na internet através dos sites da Associação Curta Minas / ABD-MG (www.curtaminas.com.br), da Fundação Joaquim Nabuco / PE (www.fundaj.gov.br), da AGEPEL / GO (www.agepel.go.gov.br), do SINTRACINE / SC (www. sintracine.org), do Instituto de Artes do Pará (www.iap.alcantara.net.br) e pelo blog www.eictvpara.blogspot.com

Após o preenchimento, a ficha de inscrição deve ser enviada por e-mail para eictvbrasil@gmail.com.

Coordenação Seleção EICTV 2011 – Brasil . contatar o Guigo Pádua (eictvbrasil@gmail.com) ou pelo fone (31) 9635-1026 .

Jornalirismo muito bom

Olá, bom-dia! Ele sonha em enxugar o vômito dela derramado sobre sua roupa. O amor é mesmo uma loucura, que bom. Eis que eu sinto essa vertigem de novo. Rodando apartamento feito um cão sem dono. Aí fico aqui, meio de banda, requentando um café de máquina, gelando o vento quente lá fora, batendo um samba de caixinha. Quando muito, fotografo o perispírito de quem passa pelo Arpoador. Desço e subo ruas que não conheço. Peço para esses fantasmas calarem a boca. E essa leve dor de amor me deixando em letargia sutil. Com meu chão a afundar um centímetro a cada vez que penso nela. Continue lendo em Jornalirismo

Quase R$ 57 milhões para premiar mais de 1.000 artistas

R$ 56,8 milhões é o valor exato que a Funarte e o Ministério da Cultura vão investir em  34 editais de fomento às áreas de teatro, dança, circo, artes visuais, fotografia, música, literatura, cultura popular e arte digital. Serão concedidos mil prêmios e bolsas de até R$ 260 mil, para projetos de produção, formação de público, pesquisa, residências artísticas, apoio a festivais e produção crítica sobre arte.

Foram lançadas as novas edições dos prêmios Myriam Muniz (teatro), Klauss Vianna (dança) e Carequinha (circo) e da Rede Nacional Artes Visuais – que estão entre as principais políticas públicas para as artes no Brasil. O apoio à literatura, à criação em música erudita e à circulação de música popular também está mantido.

Pela primeira vez, a Funarte lança editais para seleção de festivais. Há também prêmios para artes cênicas na rua e o apoio a residências artísticas no Brasil e no exterior. A instituição investe na composição de música erudita, em concertos didáticos na rede pública de ensino e na gravação de CDs de música popular. Nas artes visuais, a Funarte volta a apoiar festivais e salões regionais, além de viabilizar projetos de pesquisa e reflexão crítica sobre artes contemporânea. A fotografia será tratada como categoria à parte, com o Prêmio Marc Ferrez.

Sempre fui, sem qualquer falsa modéstia, um batalhador das causas culturais do Norte do Brasil, me manifestando em Festivais, Foruns, Júris, o escambau. Publico com alegria este anúncio, porque constato que nunca na história deste país se fomentou a cultura de forma tão abrangente e democrática. Tenho dito !

Twitter, literatura e leitura

 Por Sérgio Ramos 

 Ao contrário do que pensei, por muito tempo, o homem não nasceu falando e se comunicando. Isso foi resultado de um processo que ainda não foi concluído, e creio que sempre acharemos uma nova forma de exercer a mais fantástica característica humana que se comunicar. Sendo animais com a diferença de ser dotado de inteligência, o homem conseguiu dominar todos os demais, continua tentando dominar os de sua espécie, mas se recusa a dominar a si próprio. E descobriu a comunicação como mais eficiente do que a força bruta, como ferramenta de dominação. Começou, portanto, imitando seus pares, até tomar consciência de sua inteligência e saiu dos gritos e grunhidos para linguagens sofisticadas como a oral e a escrita. A linguagem escrita é muito mais importante que a oral, pois ela registra e se propaga em quantidades limitada apenas pela capacidade do homem de reproduzi-la e distribuí-la e ainda guardá-la. Tentou de todas as formas: sons com as mãos em concha, sinais sonoros por meio de batidas em tronco de árvores, sinais de fumaça. Depois registros em cavernas, pedras, pergaminhos, couros, madeira, até chegar no papel. Um divisor de águas na comunicação, que permitiu a aceleração a transformação da humanidade. Ao Invés de longos séculos, as mudanças passaram a ser implementada em anos, pouco anos. Estava criada a literatura. Palavra que vem do latim “litterae” que significa letra, e é definida como a arte de criar textos. O homem então entendeu que retenção de informação aumentava seu poder sem “uso da força”. Entendeu isso e reduziu a força e aumentou do uso da mente. A Igreja é o primeiro exemplo desse exercício de poder. Para controlar criou a inquisição que não permitia a disseminação do conhecimento. A sociedade sabia somente o que a Igreja decidia. Muito parecido com as empresas de comunicação, os governos, as empresas, as pessoas, da nossa época. Não mudou quase nada. Bom, a igreja tornou-se a guardiã do conhecimento e muita gente morreu por ousar ler ou portar livros. Entretanto, é a responsável pela preservação de livros importantes para o entendimento da evolução humana e das ciências. Em 1382 John Wycliffe professor de Oxford foi queimado na fogueira por traduzir a bíblia para o inglês. Você sabe o que aconteceu depois da Bíblia traduzida, impressa e distribuída? Apareceram outras religiões. Lembra de Lutero? Outro exemplo: Joana Darc foi queimada viva em 30 de maio de 1431, pelo clero católico, supostamente “…em nome de um deus…” que nem mesmo seus sacerdotes tem competência de explicar (e justificar), tanto que em a Igreja Católica francesa propôs ao Papa Pio X sua beatificação, realizada em 1909. Consciência pesada? Confira as acusões que levaram Joana à morte na fogueira: “Que a mulher comumente chamada de Jeanne la Pucelle… será denunciada e declarada feiticeira, adivinha, pseudoprofeta, invocadora de maus espíritos, conspiradora, supersticiosa, implicada na prática de magia e afeita a ela, teimosa quanto à fé católica, cismática quanto ao artigo Unam Sanctam, etc, e, em diversos outros artigos de nossa fé, cética e extraviada, sacrílega, idólatra, apóstata, execrável e maligna, blasfema em relação a Deus e Seus santos, escandalosa, sediciosa, perturbadora da paz, incitadora da guerra, cruelmente ávida de sangue humano, incitando o derramamento do sangue dos homens, tendo completa e vergonhosamente abandonado as decências próprias de seu sexo, e tendo imodestamente adotado o traje e o status de um soldado; por isso e por outras coisas abomináveis a Deus e aos homens, traidora das leis divinas e naturais e da disciplina da Igreja, sedutora de príncipes e do povo, tendo, em desprezo e desdém a Deus, consentido em ser venerada e adorada, dando as mãos e a roupa para serem beijadas, hereje ou, ou de qualquer modo, veementemente suspeita de heresia, por isso ela será punida e corrigida de acordo com as leis divinas e canônicas…” Em 1499 Gutemberg inventou a imprensa e traduziu a Bíblia para o alemão e não morreu. Aí começou a revolução do conhecimento, apesar dos protestos da igreja. Depois disso, deu início ao processo – inacabado – da descentralização da informação, ou pelo menos maior acesso ao conhecimento. Porém, ainda morrem pessoas atualmente com o pretexto de “queima de arquivo”. Conhecimento puro sendo enterrado em detrimento à liberdade e poder de alguém. O papel proporcionou o desenvolvimento de outras técnicas de registros como a tipografia, fotografia, as indústrias gráficas, artes plásticas, etc, e o livro. O livro proporcionou aquisição de poder. Quem tinha e lia mais livros tinha mais poder. Além disso, possibilitou estudos para descobertas e invenções, em todos os segmentos, como a energia elétrica. Talvez a invenção base para o desenvolvimento de todas as outras. Tanto que nos habituamos ao “estilo elétrico” de viver. Agora estamos entramos no “estilo Web de viver”, dada a grande mudança nos hábitos da sociedade atual, proporcionada pela Web. O interessante é que todas as invenções, sem medo de errar, sempre tiveram um viés na disseminação de informação seja ela oral ou escrita. O caso da energia elétrica proporcionou ao homem reduzir o tão sonhado tempo de resposta para as suas mensagens, com o devido registro, e assim veio o telégrafo, com o código Morse. Impulsos sonoros que lembram os sinais dos troncos de árvores, no início. E a partir daí, a rapidez na criação de novos inventos mudou o mundo de uma forma que ainda não se sabe os seus verdadeiros impactos. Mas alguns já estão bem visíveis, com a reação da natureza e a liberalidade e as facetas dos humanos. Invenções como o telefone, rádio a TV e, finalmente, o computador tiveram fundamentais contribuições para a nova sociedade. Por que? Simples: permitem geração a disseminação de informações em grande escala. Os últimos 200 anos proporcionaram mais mudanças profundas e irreversíveis que todos os milhões de anos anteriores. Um fenômeno incomensurável. Haja filósofo para entender isso tudo. Agora, estamos na ERA DA INFORMAÇÃO, que significa a descentralização do poder. Ou seja, qualquer pessoa pode criar informação e disseminá-la, dependendo somente, da sua capacidade de produção e de transporte. E a internet. Essa, tecnologia já começou na forma de comunicação escrita, chamada de literatura. Portanto, a internet é literatura pura. Por que? Porque a sua principal forma de utilização é a escrita. Tudo que o homem sempre sonhou: comunicação em longo alcance e registro simultâneo. E assim, milhões de pessoas estão mudando seus hábitos no que diz respeito à aquisição de informação: Isso aconteceu muitas vezes antes, com o surgimento da imprensa, do telégrafo, do telefone, do rádio, da televisão e da internet. E mudarão novamente quando aparecer outra ferramenta que supere as demais. É fato que com a rapidez das novas invenções que proporcionam acesso, produção e transporte de informações o homem ainda continua desinformado, pois em função da quantidade, o aprofundamento em assuntos importantes são desprezados. Isso pode estar criando uma sociedade com maior concentração de poder, pois quem já tinha o hábito de se intelectualizar só aumentou a vantagem. Um paradoxo. Já os que lêem obrigados, pensam que encontraram o fim do arco-íris. Santa ilusão. Conhecimento é igual a “ralação”. Sendo a Internet a própria literatura, os benefícios para os livros e para a literatura em si são incalculáveis. Com as ferramentas para as redes sociais, o acesso aos livros ganhou novas possibilidades, assim como a maneira de leitura. O conceito de rede social tampouco é algo novo (mas sim ganha novas características na sua versão virtual ou on-line), já que, a interligação entre indivíduos é inerente ao gênero humano. Durante mais de 99% do tempo transcorrido desde a aparição dos primeiros indivíduos do gênero Homo – há aproximadamente dois milhões de anos AC -, nossos antepassados já se organizavam socialmente em pequenas comunidades do tipo caçadoras- recolectoras, nômades, com pouca divisão do trabalho e primando a interação cara-a-cara e a tomada de decisão coletiva e guiada pelo consenso. Ou seja, mais de 99% da nossa existência na Terra vivemos em pequenas redes sociais de topografia (forma) horizontais e clusterizadas em pequenos grupos pouco conectados entre si. Mesmo assim, o detentor da informação sempre foi o líder. As ferramentas de redes sociais chegaram como uma forte candidata a descentralizar de vez o conhecimento. Pois todas elas permitem a liberdade de expressão – ainda dependemos dos líderes para exercer essa liberdade. Avançamos mas ainda estamos ameaçados. Podemos criar o nosso próprio reino repletos de seguidores. Que podemos utilizar todas as formas, tanto para o bem quanto para o mal. O Twitter é o resumo – até onde eu conheço, claro – de tudo que foi criado com fins de tornar uma pessoa comum em detentor de poder pela a informação. Ele é uma espécie de elo que junta todas as formas de comunicação existentes na internet: literatura, áudio, imagem e vídeo. Com muita criatividade o twitteiro, em 140 caracteres, disponibiliza informações suficientes para aprofundamento em algum assunto, pela possibilidade, da grande sacada da internet, do hipertexto. O twitteiro é como um programa de televisão, um programa de rádio, um jornal, tem sua própria audiência. E assim como as emissoras, tem gosto para todos os assuntos. Enquanto a televisão é Galáxia de Comunicação (teoria de McLuhan) o Twitter é um oásis da Comunicação. Com direito a feedback instantâneo, muito melhor que o Ibope. Você pode ter um programa de Twitter. No caso específico das redes sociais – Web 2.0 – e ainda mais especificamente no caso do Twitter, que cria um novo mecanismo de produção de literatura, a disseminação de livros tradicionais e a criação de outros formatos para essa ferramenta, são infinitas. Mais uma vez dependendo somente da capacidade de criação do homem. O livro comum, o de papel, que todo mundo diz que vai acabar, ganhou força com essa nova ferramenta. Força essa ainda tímida em função da própria cultural do brasileiro de não ler muito. A literatura é considerada uma das áreas mais intelectualizadas dentro da cultura. Tanto é assim que no Brasil se lê em média 1,8 livro por pessoa/ano, segundo dados do Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Muito diferente da Alemanha, que tem exorbitantes 25 livros por pessoa/ano. Mas nem é preciso ir tão longe, nossos hermanos colombianos leem uma média de 2,4 livros durante o ano. Você conhece a diferença. Povo intelectualizado, país desenvolvido. Simples: se a população não lê, os freqüentadores de redes sociais não discutem sobre livros. Ainda mais simples: não debatemos o que não conhecemos. Ou então ficamos só na discussão com intuitos de fazer amizades. Tanto que, segundo o dono da Livraria Cultura, não é a internet, nem o áudio livro, nem o kindle, que ameaça a produção do livro, e sim a não formação de novos leitores. Confira este raro debate sobre literatura no Twitter/RO, realizado dia 10/02/2010: “Pq mta gente n gosta de ler? Pq quando começariam a gostar foram obrigadas a ler as coisas mais chatas possíveis…” “Sou nerd e gosto de ler pacas, mas nunca consegui terminar um clássico brasileiro. Eu sou burro ou Machado é chato pra krlho?” “Li por obrigação Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, entre outros e na época não gostei. Se eu ler hoje talvez eu goste!” Então o livro pode ser compartilhado pelo Twitter através de indicações, publicação de trechos dentro do limite, mas que possam despertar em alguém o interesse e acão de ler. Entretanto, o novo formato veio permitir a disseminação e a criação da mini-literatura, se é que existe essa modalidade. Na verdade são os pequenos textos, também chamados de microcontos, agora também chamados de “Twitterature”. Vale ressaltar que a criação desse tipo de literatura já existia há muito tempo e que o Twitter é apenas um meio de popularizá-la. E claro, os escritores acharam então o ferramenta ideal para suas disseminar suas criações. Mesmo assim, ainda é quase imperceptível a veiculação desse tipo de literatura. Pelo menos aqui em Rondônia. É importante ressaltar que cada tweett pode ser considerado um conto. Pois trata-se de um registro.É uma informação, um sentimento, um estado de espírito. Portanto, é um registro de uma situação. Até porque a pergunta fundamental para a utilização do Twitter é “o que está acontecendo agora?”. Mas já foi “o que estou fazendo agora?”. O Twiiter, portanto, é mais uma ferramenta de registro do cotidiano, com algumas vantagens das demais ferramentas. Uma delas e a fundamental é velocidade, pela instantaneidade da proliferação. A morte de Michael Jack foi conhecida no mundo todo em 5 minutos. Isso é história pura, é literatura. Se alguém quiser poder escrever um livro sobre esse fenômeno. Quer conhecer os costumes, as angústias, as aspirações, as realizações de uma parte da sociedade? Siga pessoas disponíveis nas redes nas redes sociais. Aliás, a internet é o maior livro da humanidade. O Twiter é apenas um pequenino capítulo. Quanto maior seu portfólio de comunicação – domínio de idiomas -, maior a sua capacidade de entender as infinitas culturas do mundo. E o tamanho da rede aumenta, fica diversificada, multicultural, enfim, só vantagens. Tratar de livros e do próprio Twitter já estamos falando de literatura. Literatura, portanto, é um assunto transversal na linguagem escrita, em qualquer mídia. A relação do Twitter com livros, para definir uma mídia literária, pode ser desenvolvida por muitas maneiras. Veja alguns exemplos: Você pode divulgar um livro pelo Twitter, criando um “avatar” para sugerir a leitura de um livro inteiro. Sites como www.dominiopúblico.com.br, entre outros, estão repletos deles. Você ainda pode divulgar seu próprio livro inteiro. Outra possibilidade é a divulgação de livros por capítulos, como é o caso do @sd8, que divulga o livro “O livro das superstições”, do Santos Dumont. Que inclusive, contribuiu para aumentar as vendas. Isso prova que o fato de um livro estar inteirinho na internet, não impede que alguém compre na versão papel. O sociedade levou muitos anos lendo dessa forma. Esse é um hábito que vai demorar muito para se substituído por mídias eletrônicas. Uma justificativa simples é que boa parte da população não tem e nem vai ter condições de comprar livros em papel, imagine comprar a mídia e o livro. Muitas ainda não nem energia elétrica. Os livros podem ser divulgados através da criação de vários “avatares”, sendo cada um, um personagem, “twittando” a fala ou a narração completa e resumindo a participação, de cada personagem. Você pode também utilizar o Twitter para escrever e divulgar livros a “quatro mãos”, como é o caso de uma adolescente que está fazendo um trabalho denominado “escrita criativa” que consiste em escrever um livro simultaneamente com os colegas. O exemplo ampliado disso é a www.wikipédia.org. O poder de síntese que a internet e as mídias em geral tiveram que desenvolver para aumentar o seu portfólio de informação, tem dois aspectos: o primeiro trata do leitor que acredita que só lendo manchetes, lides, não está se desenvolvendo. Tanto que pode prejudicar a própria comunicação, em função de um vocabulário reduzido, que dependendo do tipo de profissão que deseja exercer, não passa da entrevista, como já acontece na Inglaterra. Por último as mídias aumentam audiência dos proprietários sem compromissos de aprofundamento de assuntos, visando, como toda empresa bem sucedida, somente sua sobrevivência, o lucro. Leitura para autodesenvolvimento requer um método próprio: para ler um livro, em qualquer mídia,e entender é necessário no mínimo seguir estes passos: 1.Pesquise a vida do autor. 2.Pesquise a época em que o livro foi escrito. 3.Saiba onde o autor vive e como. 4.Leia uma sinopse. 5.O livro anterior e o livro posterior. 6.Com que outras obras o livro se relaciona. 7.Enquanto lê, escreva sobre o livro. 8.Anote no livro. Os ingleses Alexander Aciman e Emmett Rensin leram até os 19 anos, coisa que todo adolescente deveria ter o direito da fazer, as principais obras da literatura clássica mundial, como Sheaskpeare, e agora estão ousando resumir a 20 “tweets”, no máximo, cada obra. Ou seja, para resumir ou sintetizar, você precisa ter conhecimento profundo. Pois como eles mesmo dizem, só vai entender a brincadeira se tiver lido a obra antes, que foi criada com intenção humorística. Os “tweets” clássicos estão no livro “Twitterature: The World´s Greatest Books Retold Through Twitter” (algo como Twitteratura: Os Maiores Livros do Mundo Recontados Através do Twitter). Tem o caso do humorista Paulo Tadeu que lançou o livro na versão Twitter, intitulado “Mil Piadas para o Twitter – Humor em até140 caracteres. Muitas das piadas foram adaptações de textos maiores. O caso do poeta Ivan Lacerda lançou o livro “Poesias In Twittivas”, com 90 poesias, observando o limite de 140 caracteres, e disponibilizou para dowload gratuito: http://colheradacultural.com.br/content/20091124225314.000.4-N.php. O Twitter ainda permite a publicação de literatura em Microcontos, como é o caso da Zézé Pina, http://microcontoszeze.blogspot.com, cujo blog está repleto de outros endereços para sites de microcontos. Exemplo de micro conto:”Saboreava tranquilamente a sua marmita, quando, num estalo, percebeu seus grilhões”. Autor Kauã, que prefere não comentar seus microcontos e deixar que seus leitores tirem suas próprias conclusões. O americano Nick Belardes, 40, chama para si o mérito de ter criado o primeiro “romance literário original” do Twitter dentre uma série que existe na rede. Iniciou “Small Places”, misto de história de amor e paródia corporativa, em abril de 2008. “A construção linha a linha da trama é um desafio”, diz. Você pode também tornar livro as suas twittadas. James Bridle, editor do blog BookTwo lançou um livro com seus tweets. O livro abrange as 4.100 tuitadas de James Bridle, de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2009. E você vai encarar? E por fim, você ainda pode fazer campanha para incentivo a leitura. O que começou com apenas 140 caracteres foi parar em uma das maiores livrarias do país, que colocou em seus livros para venda em São Paulo, Campinas (SP) e Porto Alegre (RS) um cartão-postal, pedindo que os compradores participem da campanha. E tenho certeza que há muitas outras possibilidades. O Twitter como disseminador da leitura – microcontos -, sua limitação está diretamente proporcional à sua capacidade de criação e poder de persuasão. Seus seguidores vão agradecer e você terá se tornado imortal por deixar registros relevantes para, nem que seja, um único seguidor. Somente com um projeto vital, um objetivo, faz sentido ler e escrever para contribuir com a sociedade.

(NR: Acabo de comprar e estou lendo Fabrício Carpinejar, festejado autor gaúcho do livro “Canalha” que lançou WWW.TWITTER.COM/CARPINEJAR , um livro com seus pensamentos em 140 toques. Prá comunidade dos pios, imperdível.)