Ninguém vai roubar minha cabeça agora que eu estou na estrada novamente
Oh, eu estou no céu de novo, eu tenho de tudo
(Deep Purple, em Highway Star)
Galleta Pabellón de Pica/Ruta 1/Chile
Aqui…
Talvez os momentos mais difíceis de uma grande viagem de moto são os dias e as horas que antecedem a largada. Não tem jeito ! Bate aquela ansiedade, um pouco de aflição, os pensamentos vão e vem atordoando a nossa mente. Dará tudo certo desta vez ? Depois dos primeiros quilômetros, o vento batendo no corpo tudo parece ficar mais fácil. Como diria Chico Science : Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar… Esta moto-aventura começa novamente em Porto Alegre/RS mas tem o destino final em outro Porto, o Velho, em Rondônia. Começa exatamente na Toca da Coruja, na Cidade Baixa , em Porto Alegre, onde nos empolgamos tanto com a cerveja extra-viva que acabamos perdendo a máquina Sony que iria documentar a viagem no outro dia. Paciência, mas viagem assim não dá prá tirar foto toda hora mesmo e o jeito é ir de celular. Lá vamos nós !
Dia 1 – Porto Alegre / São Miguel das Missões via BR 386/BR 285 – 500 km
Clique nos mapas para ampliar ou clique com o botão direito do mouse e use a opção “Abrir link em nova janela”
A idéia é entrar na Argentina por Porto Xavier, passando assim por São Miguel das Missões, Patrimônio Cultural da Humanidade, no RS. São 500 quilômetros da capital, e cruzamos com vários grupos de motos fazendo o mesmo trajeto, indo ou voltando. Tivemos pouquissimo tempo em POA para preparação da moto, na verdade poucas horas para ajeitar as coisas nos alforges e no bauleto. Foi ligar e pegar a estrada, numa manhã ensolarada de primavera. Neste primeiro trecho a fonte de alimentação do GPS Nuwi 255w, que tava ligada numa Gambitech improvisada de 12 volts, já apresentou problema. Na verdade é a primeira vez que viajo de moto com GPS (nunca mais sem a partir de agora, o ganho de tempo no cruzamento das cidades já compensa tudo !). Carreguei à noite e no outro dia só ligava quando tinha necessidade para poupar a bateria. Mas o primeiro dia foi bom, uma tocada boa, depois ainda pegamos a inauguração de um restaurante em São Miguel das Missões, com bom atendimento e música gaúcha de primera, tchê ! Caiu um temporal tão forte que acabou com nossa pretensão de assistir ao famoso espetáculo de Luz e Som das Missões. Mas o lugar é fascinante, visita obrigatória para conhecer a nossa história.
Rota das missões
Dia 2 – São Miguel das Missões/Porto Xavier/RS BR 285 e RS 168 125 km /balsa sobre rio Uruguai/San Javier / Ituzaingó (Corrientes/Argentina) RP 2/RP 10/RN 14/RN 120 210 km Total : 335 km Em Porto Xavier, por um erro de planejamento meu, perdemos a balsa que faz a travessia do rio Uruguai. Era um sábado. E tivemos que esperar até às 16:30 parados. Aproveitamos para trocar o mapa do GPS pelo ProyectoMapear com mapas da Argentina e Chile. Como o banco Erê que eu havia comprado não encaixou direito , por questão de segurança o deixei de lado. Assim, compramos um pelego para amenizar a dureza do banco da XT 660, um acessório que pode parecer estranho mas que é show de bola , em praticidade e conforto. Feito os câmbios, trâmites normais de entrada na Argentina, agora é pegar estrada ! Conseguimos neste dia chegar em Ituzaingó.
Primeira dica : O veículo tem que estar no seu nome, ou se estiver alienado, com uma carta da financeira liberando a saída do Brasil com firma reconhecida em cartório.
Em nenhum dos países do Mercosul é necessário a PID (Permissão Internacional para Dirigir) mas vale a pena fazer e levar, é baratinho, cerca de 50 reais no Detran mais próximo de você.
Um detalhe que muita gente desconhece, é que a PID tem que ser emitida no DETRAN de origem da CNH. Ou seja , se sua CNH é do Rio Grande do Sul, por exemplo, a PID tem que ser emitida no RS.
Um pelego prá amenizar os mais de 7.000 km
Dia 3 – Ituzaingó a Salta RN 16 1.060 km
Este é um trecho brabeira. Cruza o Chaco, você possívelmente será explorado pela Polícia em Corrientes e em Resistência (lembra aquela cidade do jogo que não teve Brasil X Argentina ?). Pois é lá.
Nas duas tem uma avenida marginal, e prá evitar o tal achaque, se vc está de moto trafegue por elas. Há uma placa minúscula no acesso à ponte avisando que motos tem que ir pela avenida paralela (colectora) e somente entrar na ponte no final da avenida, bem onde tem um posto da polícia que vai tentar te explorar. É incrível ! Como você não conhece bem o lugar , vai tentando achar a entrada da tal via Colectora e …pimba, cai na mão do guarda. Ele tentou aplicar o tal “Pago Voluntário” que daria um desconto de 50 % na multa, e coisa e tal… mas fiquei com cara de paisagem e pedi que ele multasse. Ele olhou os documentos, olhou a placa, disse que então teria que pagar no Banco de La Nacion, eu insisti que multasse, conversou com o outro guarda e disse que então eu pagaria a multa na saída da Argentina , na Aduana. Pura conversa ! É um teatrinho prá lá de ridículo. Acho até que meu manjado adesivo “Prensa Latina” ajudou em alguma coisa, afinal nestas horas você combate com o que tem na mão. Pedi um recibo da tal multa e ele só confirmou que eu pagaria na saída, na aduana entre Argentina e Chile. Quá ! Agora, não vá fazer isto à noite ou em local isolado porque o bicho pode pegar. Era meio-dia, sol a pino, e só cai nesta porque segui outras motos menores que estavam circulando.Imaginei, se eles podem, eu também posso. Seletivamente, o guarda só encrencou comigo.
Na saída de Resistência, pelo mapa do Projecto Mapear você vai parar num beco cheio de cães modorrentos, cansados de ver grandes motos passarem perdidas. Não se acanhe ! É por ali mesmo, acaba dando certo . Só não tente fazer isto à noite. Não sei se foi um erro de quem colaborou com o Projecto ou foi sacanagem mesmo.
Passando Corrientes e Resistência, siga até Pampa del Infierno, que justifica muito bem o seu nome. Faz um calor danado e é muito úmido, mas nada que assuste quem mora na Amazônia como nós. Nas imensas retas , bandos de aves no asfalto que revoavam a cada buzinada.
Salta é uma cidade deslumbrante, não é a toa que seu apelido é “La Linda”. Cheia de monumentos, igrejas, pontos históricos. Meio clichê, mas imperdível o passeio no Complejo Teleférico Salta, que sobe o cerro San Bernardo. Dá prá tomar uma Quilmes bem gelada lá em cima, observando a beleza da cidade encravada no vale.
Dia 4 – Salta
Segunda Dica :Compre adaptadores de tomada para carregar celular, Gps, iPad. Na Argentina é de um jeito ( tipo Australiano) , no Chile de outro (tipo Europeu) e no Peru, diferentemente se encontra o tipo Europeu e o tipo Americano. Prá completar, agora no Brasil também temos esta encrenca !
foto : mochileiros.com
Dia 5- Salta a Purmamarca via San Salvador de Jujuy (El Carmen) RN 9 160 km Estrada estreita linda
Reparem na proporção como a estrada é estreita !
A estrada só aceita um carro por vez, tem que diminuir a velocidade cada vez que há um cruzamento. Caminhão aqui nem pensar !
A chegada em Purmamarca é fantástica. Vale uma foto com o Cerro de Las 7 Colores ao fundo.
Cardápio do dia !
Terceira Dica :Leve um iPad ou um Netbook . O Netbook (ou um tablet Samsung) tem a vantagem da entrada USB e de ler páginas em Flash(coisa irritante no iPad..) Isto lhe dá uma boa independência na hora de precisar de Internet.
Dia 6- Purmamarca/AR a San Pedro de Atacama/Ch
O único posto de gasolina até o posto YPF em Paso de Jama(4.320 m.s.n.m), na fronteira Argentina/Chile é em Susques. Você precisa abastecer antes em Pastos Chicos (Susques) . O posto fronteiriço argentino Paso de Jama é novo (2012) e confortável. Lá há um YPF com internet , café quente e até uma pousada se precisar pernoitar lá , devido à uma ventania com areia forte demais por exemplo. (Encha o tanque, você fará a entrada no Chile cerca de 170 km depois, em SPA)
O frio do deserto
No final de uma grande reta você começa a ter a incrível visão do Salar Grande. A princípio não dá prá entender bem o que é, aquela mancha branca no final do asfalto, parecendo neve. Quando você se aproxima é que tem a exata noção da imensidão que é o salar.
O sal do deserto
Logo após o Paso de Jama tem a fronteira com o Chile. Daí a SPA são mais 160 km. A Aduana chilena fica na entrada de San Pedro. Você rodará estes 160 km de deserto após dar saída da Argentina e antes de dar entrada no Chile, ou seja , no vazio , se é que me entendem ! Mas tudo é muito bonito, a subida ao altiplano, as multicoloridas paisagens de Purmamarca, o Licancabur soberano sobre a paisagem nevada, a fronteira com a Bolívia.
A reta final de descida até San Pedro de Atacama é incrível, são muitos quilômetros numa pista íngreme, que vai dos 4.750 metros aos 2.300 de Atacama em menos de meia hora. Ao lado da pista se vê várias saídas de emergência para caminhões que perdem os freios.
E se tem um conselho que é útil no Chile é o seguinte : respeite a velocidade máxima porque os Carabineros do Chile não perdoam, estão em toda parte, até no deserto tinha uma viatura com radar !
San Pedro de Atacama era um local de parada dos colonizadores espanhóis em sua saga de conquista. O pequeno povoado se formou a partir da Igreja de San Pedro, construída em meados do século 18. O pequeno povoado tem cerca de 2.500 habitantes e muitos, mas muitos “perros” que vão “adorar” ver você montado numa moto em baixa velocidade ! Além de simplesmente bater perna pela Calle Caracoles, a rua principal do povoado, vale fazer todos os passeios anunciados por diversas agências : Laguna Cejar , onde a salinidade é tão grande que você entra na água e não afunda, Valle de la Muerte, Cordillera de la Sal, Laguna Chaxa, Lagunas Miscanti e Miñiques, Geisers del Tatio, Camino del Inca, Toconao ,Tulor e Pucará de Quitor .
Quarta Dica : Se pensa em armazenar gasolina para levar compre um galão adequado. Na Argentina e no Chile eles não vão te vender em garrafa pet.
Dia 7- SPA Era muito cedo e fazia muito frio quando levantamos para que a van nos pegasse na pousada para o passeio até os Gëiseres El Tátio, a 4320 m de altitude, 90 quilômetros ao norte de San Pedro de Atacama, As grandes colunas de vapor saem para a superfície através de fissuras na crosta terrestre, alcançando a temperatura de 85°C e 10 metros de altura. Os gêiseres de Tatio são formados quando rios gelados subterrâneos entram em contato com rochas quentes.
“O pensamento parece uma coisa à toa, mas cumé que a gente voa, quando começa a pensar…”
Pausa para uma empanada de queijo de cabra em Machuca, caminho entre os Geisers e SPA. Se preferir, tem espetinho de lhama…
Um passeio de moto ao final da tarde pelo Vale de La Luna é tudo de bom !
O melhor e mais barato buteco de SPA : não me pergunte o nome !
Pousada em SPA : preparando para mais uma jornada
Dia 8 – San Pedro de Atacama / Tocopilla (Ruta 23 e 24 – 270 km) / Iquique (Ruta 1 – 230 km) Total : 500
O verdadeiro oásis no meio do deserto. Ao fundo, o Licancabur
Na saída de SPA para Calama, em direção a Tocopilla (Oceano Pacífico) mais deserto, pequenas serras, retões intermináveis e pouco movimento. Calama é uma cidade média, tem aeroporto que opera jatos e postos de gasolina à vontade.
Quinta Dica : Leve mais de um cartão de crédito, porque se um der pau…Não esqueça de avisar o gerente que você vai viajar e diga os países para ele liberar o uso. Uma boa também é levar umcartão pré-carregado tipo Visa Travel Money em dólares. Só que agora vc paga os mesmos 6,38 % dos demais cartões internacionais . Isto acaba “furando” esta minha 5ª dica. Daí no caso é melhor dinheiro em espécie mesmo. Só cuidado com notas muito estragadas, principalmente no Peru.
E agora, para onde ir?
No Chile a parte mais cara da viagem
Pacíficooo !!!
Iquique, vista de um morro onde é praticado vôo livre.
Companheiro Pasin e Rubia Luz ! Desculpe, acabei não te avisando e furei o encontro. Lembrei de vocês quando “iniciei os trabalhos”. Tenham toda a sorte do mundo nos novos projetos !
Iquique tem uma vida noturna agitada e a Zofri Mall, um grande shopping center zona franca, com preços atrativos e uma infinidade de bons produtos e bugigangas.
Praça de Iquique : “furei” com o amigo Pasin aquela cerveja gelada..
Dia 9- Iquique a Arica (Ruta 5 -311 km)
Na saída para a ruta 5, no sentido contrário à Arica (ou seja, Antofagasta) há postos de gasolina em Pozo Almonte, que fica a aproximadamente a 5 km da entrada para Alto Hosício/Iquique. Para quem roda de XT 660 é a única alternativa saindo de Iquique, porque depois só Arica (300 km).Você roda 52 km desde Iquique, abastece e então , tirando os 5 km até o trevo de entrada, dá prá rodar até Arica.
Selfie à 120 km por hora no deserto
Dia 10 – Arica(Ch) a Tacna(PE) cerca de 50 km.
Tacna é uma cidade muito simpática e limpa. Tem cerca de 260 mil habitantes e é bastante arborizada. O clima é muito seco.
Depois de muito chão começam a surgir os vales verdejantes
Sexta Dica : Se for o caso, consiga a Carteira Mundial de Estudante no site http://www.carteiradoestudante.com.br . Ela custa R$ 40,00 , vale até o final do mês de março do ano seguinte e em muitos locais legais de visitar você terá 50 % de desconto, o que por si só já paga a carteira.
A ferrovia Tacna-Arica é uma ferrovia histórica e foi construída em 1856 pela empresa The Arica & Tacna Railway Co. Na estação de Tacna, acima, existe o Museu da Ferrovia, onde se encontram fotografias e relatos de época.
Como é sempre legal misturar literatura, vale a pena ler A Senhorita de Tacna, de Mario Vargas Llosa
Dia 11 – Tacna a Puno ( Ruta 36) 320 km
Lá vamos nós cruzar a Cordilheira dos Andes novamente, coisa difícil de explicar, de descrever, é uma sensação que se tem que viver pessoalmente. Dia de susto, porque acabou a bateria do GPS e , num movimento brusco, arranquei o plugue do carregador USB. Pronto ! Perdido no meio dos Andes. E prá piorar, tinha uma estrada antiga para Puno, e uma saída para Desaguadero. Mas o que eu queria era a estrada nova para Puno ! Sem placas, sem GPS, vi uma indicação para Puno e entrei. Dei de cara com rípio e parei na primeira casa que vi, cercada de cachorros. Lá um bondoso camponês me explicou que era a antiga estrada para Puno, que era só seguir o asfalto que eu veria alguns quilômetros na frente a ubicación para Puno e Desaguadero. Deu certo, cheguei em Puno já a noitinha. Puno tem um trânsito caótico e foi complicado achar a pousada que eu tinha reservado pela Internet. Mas tudo acaba sempre dando certo !
Frio também dá sede !
Dia 12 – Puno
Passeio obrigatório a Ilha de Urcos. Sem mais delongas.
Puno vista da Ilhas de Urcos
Mercado Popular
Igreja Matriz
Tuk-tuk protegido do sol e da chuva
O melhor e mais honesto “classificados” do mundo
Rua central de Puno (Calçadão)
A foto não diz quase nada, mas trânsito pior que Puno só em Juliaca
Dia 13 – Puno a Ollantaytambo – Ruta 3S (via Juliaca/Pucará/Sicuani/Calca) 475 km
Sétima Dica : Se você vai subir o Huayna Picchu tem que reservar o ingresso com bastante antecedência. Os grupos são limitados em dois, um que sai às 7 hs da manhã com 200 pessoas e outro sobe às 10, com mais 200. O ticket para Machu Picchu e Huyana Picchu é específico.Faça a reserva no site oficial aqui http://www.machupicchu.gob.pe/ . Não esqueça de liberar as janelas pop-up do seu navegador. O site foi melhorado no dia 31 de janeiro de 2012, segundo um comunicado do Ministério da Cultura do Peru. Outra coisa: cara, subir o Huayna Picchu requer um mínimo de condição física e sistema cardio-respiratório em dia. Se você tem algum problema ou está muito fora de forma, não encare. É melhor consultar um médico antes. O preço do ingresso para Huayna Picchu/Machu Picchu é de 152 soles para cada adulto.Quem for estudante (com a carteira da ISIC) só pode comprar ingresso no Escritório da Dirección Regional de Cultura – Cusco , Av. de la Cultura 238 (em frente ao estadio Universitario), Librería del Ministerio de Cultura (Casa Garcilaso) Condominio Huáscar Cusco – Perú, de segunda a sexta-feira das 8:00 as 16:00 horas ( é a avenida que dá prosseguimento à estrada logo que se chega a Cusco vindo de Puerto Maldonado) e no Escritório do Centro Cultural de Machupicchu , em Aguas Calientes, já no povoado aos pés de Machu Picchu, de segunda a domingo, das 5:20 às 21 horas. (é pertinho da estação de trem ) Somente para Machu Picchu, o ingresso custa 128 soles e só podem entrar 2.500 pessoas por dia. Depois de fazer a reserva, você tem duas horas para confirmar o pagamento senão a reserva cai. ( Se estiver já dentro do Peru e não conseguir via On Line, vale a pena enfrentar uma “cola” (fila) enorme no Banco de La Nación del Peru para pagar a confirmação da reserva. O horário de funcionamento dos bancos é das 8:00 às 17:30 hs. Em Iñapari, há uma agência na Plaza de Armas. Em Puerto Maldonado, o banco fica na Calle Daniel Alcides Carrión N° 241-243 – Distrito: Tambopata, telefone 082 571 210. Aos sábados , o banco abre das 9 da manhã às 13 hs. O cartão de crédito aceito no pagamento on-line tem que ter a facilidade “Certified by Visa”. Confira se o seu cartão tem essa facilidade, senão ele NÃO será aceito e vc terá que pagar numa agência do Banco de la Nación . Se estiver na época de alta temporada nem sonhe em deixar para fazer a reserva na última hora, Você não vai conseguir !
Não é preciso dizer nada…
O duo : Ai meu Machu Picchu, ninguém segura este meu delírio…
O uno: Valeu, Mestre Ismael !
Oitava Dica :Faça vacina uns 20 dias antes contra Febre Amarela e leve à Anvisa para receber o Certificado Internacional de Vacinação ( um amarelinho, com data e lote da vacina). Vai que no meio da viagem você resolve entrar na Bolívia, por exemplo.Veja este post com diversas dicas interessantes sobre Machu Picchu.
O trecho entre Cusco e Iñapari da Carretera Interoceânica Sur : repare as distâncias da placa. Estrada !
]
Pausa para colocar uma luva cirúrgica por baixo da outra que o frio pegou !
Dia 16 – Mazuko / Puerto Maldonado (170 km) / Iñapari (230) Assis Brasil / Brasiléia (Acre) 115 km Total: 515 km
Deu dó sair da aduana brasileira e depois de 50 metros cair numa cratera… Nosso país precisa investir muito ainda em infra-estrutura. Tem que estancar o gargalo da corrupção de alguma forma. O dinheiro que já foi destinado para as BR´s daria para deixá-las numa condição muito melhor do que a gente vê. Quando entrei no Brasil fiquei sem coragem de fazer sequer um trechinho à noite, coisa que fiz nos Andes no meio de chuva ainda, mas com sinalização e segurança.
Garantizada, la mejor !
Uma pequena visita em Cobija (Bolívia) só prá tomar umas Paceñas. Depois de um monte a confusão na conversão entre pesos argentinos, reales, soles, pesos chilenos. Mas eu tava com a camisa do Grêmio e o garçon era camarada e compreensivo. Deu tudo certo…
Serra de Santa Rosa, no Peru amazônico : lá vem curva !
Nona Dica : Nas cidades peruanas não se arrisque a transitar com seu carro ou moto. Pegue um táxi que é baratinho, e é preço fixo, coisa de 2,3 soles por passageiro em qualquer percurso. Cidades como Puno, Juliaca, Cusco tem um trânsito bem maluco.
O Brasil a menos de 150 km
Dia 17 – Brasiléia / Rio Branco / Vista Alegre do Abunã (RO) BR 317/BR 364 – 440 km
Saimos de Brasiléia cedinho para pegar um churrasco no almoço com a Vivica e a Dona Mariá. Dona Mariá não comeu mas conversou prá caramba ! Constatação : uma das melhores churrascarias gaúchas do Brasil fica no Acre !
Décima Dica : Pé na estrada, irmão !
Depois de milhares de quilômetros em boas estradas, o choque do retorno à realidade brasileira, a poucos metros da fronteira com o Peru
Abunã, Rondônia, Brasil
Dia 18 – Vista Alegre do Abunã/ Porto Velho (RO) BR 364 – 215 km
Atravessamos a balsa mais segura ( em termos de policiamento) do mundo ! Dois carros da PRF, dois da PM, um da PF … era uma escolta, pelo jeito. O que dói é o bolso : R$ 4,00 para atravessar uma moto ! Carro pequeno : R$ 14,00
Tabela de preços da Balsa do Abunã/Rio Madeira/Rondônia
O pelego se integra à paisagem rondoniense
E quem quiser que conte outra…
Não me pediram em nenhum momento a Carta Verde, nem o SOAT no Peru (este eu confesso que não tinha, fui deixando prá frente, fui deixando e…ôpa, já sai do Peru ! Mas não deixe de ler sobre o SOAT no post Viagem pela Interoceânica).
Viagem nunca mais sem um bom GPS. Ele encurta DEMAIS o tempo de passagem entre as cidades, facilitando encontrar as entradas e saídas. Outra grande vantagem desta viagem foi o fato de só ter uma perna de ida, porque o retorno sempre é mais complicado e entediante.
Outro mito que precisa ser derrubado , é que dá prá ir com QUALQUER moto ou carro para o Atacama ou Machu Picchu. Neste trecho não tem rípio, na verdade eu detesto rípio. Até de bicicleta dá prá ir, respeitando sempre os limites da estrada , da lei e da natureza, além do próprio corpo é claro. A vantagem de ir numa big trail é poder se aventurar um pouco para fora da estrada, aliás, para isto é que ela foi feita !
Outra coisa : nesta perna, subindo a América, não paguei nenhum pedágio, pois cruzava sempre com o movimento contrário e em alguns países como o Peru e Argentina, moto não paga. As estradas são boas (o susto é quando vc volta para o Brasil !). E fazendo um bom planejamento não tem mais pane seca no deserto ( não é mesmo, Z ?). Tudo o que precisa é você estar bem consigo mesmo, de preferência com quem você ama, ter responsabilidade e respeitar os seus limites físicos e psicológicos, gostar do novo e ser aventureiro, porque sem isto vc não vai mesmo !
Todo o começo e final de viagem é parecido. A ansiedade, a vontade de ir para a estrada no início…. Depois os perrengues, o frio, a chuva…. A hora em que você pensa, ” o que eu tô fazendo aqui ?” . O que nos leva a ficar horas sob uma chuva forte, passando frio, carregando e descarregando alforges com roupa fedorenta, procurando o muquifo mais próximo e barato prá passar a noite ? Mas vai chegando perto de casa, o asfalto zunindo sob seus pés, e não tem jeito. O pensamento voa …. Qual será a próxima ?
Ninguém vai roubar minha cabeça agora que eu estou na estrada novamente
Oh, eu estou no céu de novo, eu tenho de tudo
(Deep Purple, em Highway Star)
Galleta Pabellón de Pica/Ruta 1/Chile
Aqui…
Talvez os momentos mais difíceis de uma grande viagem de moto são os dias e as horas que antecedem a largada. Não tem jeito ! Bate aquela ansiedade, um pouco de aflição, os pensamentos vão e vem atordoando a nossa mente. Dará tudo certo desta vez ? Depois dos primeiros quilômetros, o vento batendo no corpo tudo parece ficar mais fácil. Como diria Chico Science : Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar… Esta moto-aventura começa novamente em Porto Alegre/RS mas tem o destino final em outro Porto, o Velho, em Rondônia. Começa exatamente na Toca da Coruja, na Cidade Baixa , em Porto Alegre, onde nos empolgamos tanto com a cerveja extra-viva que acabamos perdendo a máquina Sony que iria documentar a viagem no outro dia. Paciência, mas viagem assim não dá prá tirar foto toda hora mesmo e o jeito é ir de celular. Lá vamos nós !
Dia 1 – Porto Alegre / São Miguel das Missões via BR 386/BR 285 – 500 km
Clique nos mapas para ampliar ou clique com o botão direito do mouse e use a opção “Abrir link em nova janela”
A idéia é entrar na Argentina por Porto Xavier, passando assim por São Miguel das Missões, Patrimônio Cultural da Humanidade, no RS. São 500 quilômetros da capital, e cruzamos com vários grupos de motos fazendo o mesmo trajeto, indo ou voltando. Tivemos pouquissimo tempo em POA para preparação da moto, na verdade poucas horas para ajeitar as coisas nos alforges e no bauleto. Foi ligar e pegar a estrada, numa manhã ensolarada de primavera. Neste primeiro trecho a fonte de alimentação do GPS Nuwi 255w, que tava ligada numa Gambitech improvisada de 12 volts, já apresentou problema. Na verdade é a primeira vez que viajo de moto com GPS (nunca mais sem a partir de agora, o ganho de tempo no cruzamento das cidades já compensa tudo !). Carreguei à noite e no outro dia só ligava quando tinha necessidade para poupar a bateria. Mas o primeiro dia foi bom, uma tocada boa, depois ainda pegamos a inauguração de um restaurante em São Miguel das Missões, com bom atendimento e música gaúcha de primera, tchê ! Caiu um temporal tão forte que acabou com nossa pretensão de assistir ao famoso espetáculo de Luz e Som das Missões. Mas o lugar é fascinante, visita obrigatória para conhecer a nossa história.
Rota das missões
Dia 2 – São Miguel das Missões/Porto Xavier/RS BR 285 e RS 168 125 km /balsa sobre rio Uruguai/San Javier / Ituzaingó (Corrientes/Argentina) RP 2/RP 10/RN 14/RN 120 210 km Total : 335 km Em Porto Xavier, por um erro de planejamento meu, perdemos a balsa que faz a travessia do rio Uruguai. Era um sábado. E tivemos que esperar até às 16:30 parados. Aproveitamos para trocar o mapa do GPS pelo ProyectoMapear com mapas da Argentina e Chile. Como o banco Erê que eu havia comprado não encaixou direito , por questão de segurança o deixei de lado. Assim, compramos um pelego para amenizar a dureza do banco da XT 660, um acessório que pode parecer estranho mas que é show de bola , em praticidade e conforto. Feito os câmbios, trâmites normais de entrada na Argentina, agora é pegar estrada ! Conseguimos neste dia chegar em Ituzaingó.
Primeira dica : O veículo tem que estar no seu nome, ou se estiver alienado, com uma carta da financeira liberando a saída do Brasil com firma reconhecida em cartório.
Em nenhum dos países do Mercosul é necessário a PID (Permissão Internacional para Dirigir) mas vale a pena fazer e levar, é baratinho, cerca de 50 reais no Detran mais próximo de você.
Um detalhe que muita gente desconhece, é que a PID tem que ser emitida no DETRAN de origem da CNH. Ou seja , se sua CNH é do Rio Grande do Sul, por exemplo, a PID tem que ser emitida no RS.
Um pelego prá amenizar os mais de 7.000 km
Dia 3 – Ituzaingó a Salta RN 16 1.060 km
Este é um trecho brabeira. Cruza o Chaco, você possívelmente será explorado pela Polícia em Corrientes e em Resistência (lembra aquela cidade do jogo que não teve Brasil X Argentina ?). Pois é lá.
Nas duas tem uma avenida marginal, e prá evitar o tal achaque, se vc está de moto trafegue por elas. Há uma placa minúscula no acesso à ponte avisando que motos tem que ir pela avenida paralela (colectora) e somente entrar na ponte no final da avenida, bem onde tem um posto da polícia que vai tentar te explorar. É incrível ! Como você não conhece bem o lugar , vai tentando achar a entrada da tal via Colectora e …pimba, cai na mão do guarda. Ele tentou aplicar o tal “Pago Voluntário” que daria um desconto de 50 % na multa, e coisa e tal… mas fiquei com cara de paisagem e pedi que ele multasse. Ele olhou os documentos, olhou a placa, disse que então teria que pagar no Banco de La Nacion, eu insisti que multasse, conversou com o outro guarda e disse que então eu pagaria a multa na saída da Argentina , na Aduana. Pura conversa ! É um teatrinho prá lá de ridículo. Acho até que meu manjado adesivo “Prensa Latina” ajudou em alguma coisa, afinal nestas horas você combate com o que tem na mão. Pedi um recibo da tal multa e ele só confirmou que eu pagaria na saída, na aduana entre Argentina e Chile. Quá ! Agora, não vá fazer isto à noite ou em local isolado porque o bicho pode pegar. Era meio-dia, sol a pino, e só cai nesta porque segui outras motos menores que estavam circulando.Imaginei, se eles podem, eu também posso. Seletivamente, o guarda só encrencou comigo.
Na saída de Resistência, pelo mapa do Projecto Mapear você vai parar num beco cheio de cães modorrentos, cansados de ver grandes motos passarem perdidas. Não se acanhe ! É por ali mesmo, acaba dando certo . Só não tente fazer isto à noite. Não sei se foi um erro de quem colaborou com o Projecto ou foi sacanagem mesmo.
Passando Corrientes e Resistência, siga até Pampa del Infierno, que justifica muito bem o seu nome. Faz um calor danado e é muito úmido, mas nada que assuste quem mora na Amazônia como nós. Nas imensas retas , bandos de aves no asfalto que revoavam a cada buzinada.
Salta é uma cidade deslumbrante, não é a toa que seu apelido é “La Linda”. Cheia de monumentos, igrejas, pontos históricos. Meio clichê, mas imperdível o passeio no Complejo Teleférico Salta, que sobe o cerro San Bernardo. Dá prá tomar uma Quilmes bem gelada lá em cima, observando a beleza da cidade encravada no vale.
Dia 4 – Salta
Segunda Dica :Compre adaptadores de tomada para carregar celular, Gps, iPad. Na Argentina é de um jeito ( tipo Australiano) , no Chile de outro (tipo Europeu) e no Peru, diferentemente se encontra o tipo Europeu e o tipo Americano. Prá completar, agora no Brasil também temos esta encrenca !
foto : mochileiros.com
Dia 5- Salta a Purmamarca via San Salvador de Jujuy (El Carmen) RN 9 160 km Estrada estreita linda
Reparem na proporção como a estrada é estreita !
A estrada só aceita um carro por vez, tem que diminuir a velocidade cada vez que há um cruzamento. Caminhão aqui nem pensar !
A chegada em Purmamarca é fantástica. Vale uma foto com o Cerro de Las 7 Colores ao fundo.
Cardápio do dia !
Terceira Dica :Leve um iPad ou um Netbook . O Netbook (ou um tablet Samsung) tem a vantagem da entrada USB e de ler páginas em Flash(coisa irritante no iPad..) Isto lhe dá uma boa independência na hora de precisar de Internet.
Dia 6- Purmamarca/AR a San Pedro de Atacama/Ch
O único posto de gasolina até o posto YPF em Paso de Jama(4.320 m.s.n.m), na fronteira Argentina/Chile é em Susques. Você precisa abastecer antes em Pastos Chicos (Susques) . O posto fronteiriço argentino Paso de Jama é novo (2012) e confortável. Lá há um YPF com internet , café quente e até uma pousada se precisar pernoitar lá , devido à uma ventania com areia forte demais por exemplo. (Encha o tanque, você fará a entrada no Chile cerca de 170 km depois, em SPA)
O frio do deserto
No final de uma grande reta você começa a ter a incrível visão do Salar Grande. A princípio não dá prá entender bem o que é, aquela mancha branca no final do asfalto, parecendo neve. Quando você se aproxima é que tem a exata noção da imensidão que é o salar.
O sal do deserto
Logo após o Paso de Jama tem a fronteira com o Chile. Daí a SPA são mais 160 km. A Aduana chilena fica na entrada de San Pedro. Você rodará estes 160 km de deserto após dar saída da Argentina e antes de dar entrada no Chile, ou seja , no vazio , se é que me entendem ! Mas tudo é muito bonito, a subida ao altiplano, as multicoloridas paisagens de Purmamarca, o Licancabur soberano sobre a paisagem nevada, a fronteira com a Bolívia.
A reta final de descida até San Pedro de Atacama é incrível, são muitos quilômetros numa pista íngreme, que vai dos 4.750 metros aos 2.300 de Atacama em menos de meia hora. Ao lado da pista se vê várias saídas de emergência para caminhões que perdem os freios.
E se tem um conselho que é útil no Chile é o seguinte : respeite a velocidade máxima porque os Carabineros do Chile não perdoam, estão em toda parte, até no deserto tinha uma viatura com radar !
San Pedro de Atacama era um local de parada dos colonizadores espanhóis em sua saga de conquista. O pequeno povoado se formou a partir da Igreja de San Pedro, construída em meados do século 18. O pequeno povoado tem cerca de 2.500 habitantes e muitos, mas muitos “perros” que vão “adorar” ver você montado numa moto em baixa velocidade ! Além de simplesmente bater perna pela Calle Caracoles, a rua principal do povoado, vale fazer todos os passeios anunciados por diversas agências : Laguna Cejar , onde a salinidade é tão grande que você entra na água e não afunda, Valle de la Muerte, Cordillera de la Sal, Laguna Chaxa, Lagunas Miscanti e Miñiques, Geisers del Tatio, Camino del Inca, Toconao ,Tulor e Pucará de Quitor .
Quarta Dica : Se pensa em armazenar gasolina para levar compre um galão adequado. Na Argentina e no Chile eles não vão te vender em garrafa pet.
Dia 7- SPA Era muito cedo e fazia muito frio quando levantamos para que a van nos pegasse na pousada para o passeio até os Gëiseres El Tátio, a 4320 m de altitude, 90 quilômetros ao norte de San Pedro de Atacama, As grandes colunas de vapor saem para a superfície através de fissuras na crosta terrestre, alcançando a temperatura de 85°C e 10 metros de altura. Os gêiseres de Tatio são formados quando rios gelados subterrâneos entram em contato com rochas quentes.
“O pensamento parece uma coisa à toa, mas cumé que a gente voa, quando começa a pensar…”
Pausa para uma empanada de queijo de cabra em Machuca, caminho entre os Geisers e SPA. Se preferir, tem espetinho de lhama…
Um passeio de moto ao final da tarde pelo Vale de La Luna é tudo de bom !
O melhor e mais barato buteco de SPA : não me pergunte o nome !
Pousada em SPA : preparando para mais uma jornada
Dia 8 – San Pedro de Atacama / Tocopilla (Ruta 23 e 24 – 270 km) / Iquique (Ruta 1 – 230 km) Total : 500
O verdadeiro oásis no meio do deserto. Ao fundo, o Licancabur
Na saída de SPA para Calama, em direção a Tocopilla (Oceano Pacífico) mais deserto, pequenas serras, retões intermináveis e pouco movimento. Calama é uma cidade média, tem aeroporto que opera jatos e postos de gasolina à vontade.
Quinta Dica : Leve mais de um cartão de crédito, porque se um der pau…Não esqueça de avisar o gerente que você vai viajar e diga os países para ele liberar o uso. Uma boa também é levar umcartão pré-carregado tipo Visa Travel Money em dólares. Só que agora vc paga os mesmos 6,38 % dos demais cartões internacionais . Isto acaba “furando” esta minha 5ª dica. Daí no caso é melhor dinheiro em espécie mesmo. Só cuidado com notas muito estragadas, principalmente no Peru.
E agora, para onde ir?
No Chile a parte mais cara da viagem
Pacíficooo !!!
Iquique, vista de um morro onde é praticado vôo livre.
Companheiro Pasin e Rubia Luz ! Desculpe, acabei não te avisando e furei o encontro. Lembrei de vocês quando “iniciei os trabalhos”. Tenham toda a sorte do mundo nos novos projetos !
Iquique tem uma vida noturna agitada e a Zofri Mall, um grande shopping center zona franca, com preços atrativos e uma infinidade de bons produtos e bugigangas.
Praça de Iquique : “furei” com o amigo Pasin aquela cerveja gelada..
Dia 9- Iquique a Arica (Ruta 5 -311 km)
Na saída para a ruta 5, no sentido contrário à Arica (ou seja, Antofagasta) há postos de gasolina em Pozo Almonte, que fica a aproximadamente a 5 km da entrada para Alto Hosício/Iquique. Para quem roda de XT 660 é a única alternativa saindo de Iquique, porque depois só Arica (300 km).Você roda 52 km desde Iquique, abastece e então , tirando os 5 km até o trevo de entrada, dá prá rodar até Arica.
Selfie à 120 km por hora no deserto
Dia 10 – Arica(Ch) a Tacna(PE) cerca de 50 km.
Tacna é uma cidade muito simpática e limpa. Tem cerca de 260 mil habitantes e é bastante arborizada. O clima é muito seco.
Depois de muito chão começam a surgir os vales verdejantes
Sexta Dica : Se for o caso, consiga a Carteira Mundial de Estudante no site http://www.carteiradoestudante.com.br . Ela custa R$ 40,00 , vale até o final do mês de março do ano seguinte e em muitos locais legais de visitar você terá 50 % de desconto, o que por si só já paga a carteira.
A ferrovia Tacna-Arica é uma ferrovia histórica e foi construída em 1856 pela empresa The Arica & Tacna Railway Co. Na estação de Tacna, acima, existe o Museu da Ferrovia, onde se encontram fotografias e relatos de época.
Como é sempre legal misturar literatura, vale a pena ler A Senhorita de Tacna, de Mario Vargas Llosa
Dia 11 – Tacna a Puno ( Ruta 36) 320 km
Lá vamos nós cruzar a Cordilheira dos Andes novamente, coisa difícil de explicar, de descrever, é uma sensação que se tem que viver pessoalmente. Dia de susto, porque acabou a bateria do GPS e , num movimento brusco, arranquei o plugue do carregador USB. Pronto ! Perdido no meio dos Andes. E prá piorar, tinha uma estrada antiga para Puno, e uma saída para Desaguadero. Mas o que eu queria era a estrada nova para Puno ! Sem placas, sem GPS, vi uma indicação para Puno e entrei. Dei de cara com rípio e parei na primeira casa que vi, cercada de cachorros. Lá um bondoso camponês me explicou que era a antiga estrada para Puno, que era só seguir o asfalto que eu veria alguns quilômetros na frente a ubicación para Puno e Desaguadero. Deu certo, cheguei em Puno já a noitinha. Puno tem um trânsito caótico e foi complicado achar a pousada que eu tinha reservado pela Internet. Mas tudo acaba sempre dando certo !
Frio também dá sede !
Dia 12 – Puno
Passeio obrigatório a Ilha de Urcos. Sem mais delongas.
Puno vista da Ilhas de Urcos
Mercado Popular
Igreja Matriz
Tuk-tuk protegido do sol e da chuva
O melhor e mais honesto “classificados” do mundo
Rua central de Puno (Calçadão)
A foto não diz quase nada, mas trânsito pior que Puno só em Juliaca
Dia 13 – Puno a Ollantaytambo – Ruta 3S (via Juliaca/Pucará/Sicuani/Calca) 475 km
Sétima Dica : Se você vai subir o Huayna Picchu tem que reservar o ingresso com bastante antecedência. Os grupos são limitados em dois, um que sai às 7 hs da manhã com 200 pessoas e outro sobe às 10, com mais 200. O ticket para Machu Picchu e Huyana Picchu é específico.Faça a reserva no site oficial aqui http://www.machupicchu.gob.pe/ . Não esqueça de liberar as janelas pop-up do seu navegador. O site foi melhorado no dia 31 de janeiro de 2012, segundo um comunicado do Ministério da Cultura do Peru. Outra coisa: cara, subir o Huayna Picchu requer um mínimo de condição física e sistema cardio-respiratório em dia. Se você tem algum problema ou está muito fora de forma, não encare. É melhor consultar um médico antes. O preço do ingresso para Huayna Picchu/Machu Picchu é de 152 soles para cada adulto.Quem for estudante (com a carteira da ISIC) só pode comprar ingresso no Escritório da Dirección Regional de Cultura – Cusco , Av. de la Cultura 238 (em frente ao estadio Universitario), Librería del Ministerio de Cultura (Casa Garcilaso) Condominio Huáscar Cusco – Perú, de segunda a sexta-feira das 8:00 as 16:00 horas ( é a avenida que dá prosseguimento à estrada logo que se chega a Cusco vindo de Puerto Maldonado) e no Escritório do Centro Cultural de Machupicchu , em Aguas Calientes, já no povoado aos pés de Machu Picchu, de segunda a domingo, das 5:20 às 21 horas. (é pertinho da estação de trem ) Somente para Machu Picchu, o ingresso custa 128 soles e só podem entrar 2.500 pessoas por dia. Depois de fazer a reserva, você tem duas horas para confirmar o pagamento senão a reserva cai. ( Se estiver já dentro do Peru e não conseguir via On Line, vale a pena enfrentar uma “cola” (fila) enorme no Banco de La Nación del Peru para pagar a confirmação da reserva. O horário de funcionamento dos bancos é das 8:00 às 17:30 hs. Em Iñapari, há uma agência na Plaza de Armas. Em Puerto Maldonado, o banco fica na Calle Daniel Alcides Carrión N° 241-243 – Distrito: Tambopata, telefone 082 571 210. Aos sábados , o banco abre das 9 da manhã às 13 hs. O cartão de crédito aceito no pagamento on-line tem que ter a facilidade “Certified by Visa”. Confira se o seu cartão tem essa facilidade, senão ele NÃO será aceito e vc terá que pagar numa agência do Banco de la Nación . Se estiver na época de alta temporada nem sonhe em deixar para fazer a reserva na última hora, Você não vai conseguir !
Não é preciso dizer nada…
O duo : Ai meu Machu Picchu, ninguém segura este meu delírio…
O uno: Valeu, Mestre Ismael !
Oitava Dica :Faça vacina uns 20 dias antes contra Febre Amarela e leve à Anvisa para receber o Certificado Internacional de Vacinação ( um amarelinho, com data e lote da vacina). Vai que no meio da viagem você resolve entrar na Bolívia, por exemplo.Veja este post com diversas dicas interessantes sobre Machu Picchu.
O trecho entre Cusco e Iñapari da Carretera Interoceânica Sur : repare as distâncias da placa. Estrada !
]
Pausa para colocar uma luva cirúrgica por baixo da outra que o frio pegou !
Dia 16 – Mazuko / Puerto Maldonado (170 km) / Iñapari (230) Assis Brasil / Brasiléia (Acre) 115 km Total: 515 km
Deu dó sair da aduana brasileira e depois de 50 metros cair numa cratera… Nosso país precisa investir muito ainda em infra-estrutura. Tem que estancar o gargalo da corrupção de alguma forma. O dinheiro que já foi destinado para as BR´s daria para deixá-las numa condição muito melhor do que a gente vê. Quando entrei no Brasil fiquei sem coragem de fazer sequer um trechinho à noite, coisa que fiz nos Andes no meio de chuva ainda, mas com sinalização e segurança.
Garantizada, la mejor !
Uma pequena visita em Cobija (Bolívia) só prá tomar umas Paceñas. Depois de um monte a confusão na conversão entre pesos argentinos, reales, soles, pesos chilenos. Mas eu tava com a camisa do Grêmio e o garçon era camarada e compreensivo. Deu tudo certo…
Serra de Santa Rosa, no Peru amazônico : lá vem curva !
Nona Dica : Nas cidades peruanas não se arrisque a transitar com seu carro ou moto. Pegue um táxi que é baratinho, e é preço fixo, coisa de 2,3 soles por passageiro em qualquer percurso. Cidades como Puno, Juliaca, Cusco tem um trânsito bem maluco.
O Brasil a menos de 150 km
Dia 17 – Brasiléia / Rio Branco / Vista Alegre do Abunã (RO) BR 317/BR 364 – 440 km
Saimos de Brasiléia cedinho para pegar um churrasco no almoço com a Vivica e a Dona Mariá. Dona Mariá não comeu mas conversou prá caramba ! Constatação : uma das melhores churrascarias gaúchas do Brasil fica no Acre !
Décima Dica : Pé na estrada, irmão !
Depois de milhares de quilômetros em boas estradas, o choque do retorno à realidade brasileira, a poucos metros da fronteira com o Peru
Abunã, Rondônia, Brasil
Dia 18 – Vista Alegre do Abunã/ Porto Velho (RO) BR 364 – 215 km
Atravessamos a balsa mais segura ( em termos de policiamento) do mundo ! Dois carros da PRF, dois da PM, um da PF … era uma escolta, pelo jeito. O que dói é o bolso : R$ 4,00 para atravessar uma moto ! Carro pequeno : R$ 14,00
Tabela de preços da Balsa do Abunã/Rio Madeira/Rondônia
O pelego se integra à paisagem rondoniense
E quem quiser que conte outra…
Não me pediram em nenhum momento a Carta Verde, nem o SOAT no Peru (este eu confesso que não tinha, fui deixando prá frente, fui deixando e…ôpa, já sai do Peru ! Mas não deixe de ler sobre o SOAT no post Viagem pela Interoceânica).
Viagem nunca mais sem um bom GPS. Ele encurta DEMAIS o tempo de passagem entre as cidades, facilitando encontrar as entradas e saídas. Outra grande vantagem desta viagem foi o fato de só ter uma perna de ida, porque o retorno sempre é mais complicado e entediante.
Outro mito que precisa ser derrubado , é que dá prá ir com QUALQUER moto ou carro para o Atacama ou Machu Picchu. Neste trecho não tem rípio, na verdade eu detesto rípio. Até de bicicleta dá prá ir, respeitando sempre os limites da estrada , da lei e da natureza, além do próprio corpo é claro. A vantagem de ir numa big trail é poder se aventurar um pouco para fora da estrada, aliás, para isto é que ela foi feita !
Outra coisa : nesta perna, subindo a América, não paguei nenhum pedágio, pois cruzava sempre com o movimento contrário e em alguns países como o Peru e Argentina, moto não paga. As estradas são boas (o susto é quando vc volta para o Brasil !). E fazendo um bom planejamento não tem mais pane seca no deserto ( não é mesmo, Z ?). Tudo o que precisa é você estar bem consigo mesmo, de preferência com quem você ama, ter responsabilidade e respeitar os seus limites físicos e psicológicos, gostar do novo e ser aventureiro, porque sem isto vc não vai mesmo !
Todo o começo e final de viagem é parecido. A ansiedade, a vontade de ir para a estrada no início…. Depois os perrengues, o frio, a chuva…. A hora em que você pensa, ” o que eu tô fazendo aqui ?” . O que nos leva a ficar horas sob uma chuva forte, passando frio, carregando e descarregando alforges com roupa fedorenta, procurando o muquifo mais próximo e barato prá passar a noite ? Mas vai chegando perto de casa, o asfalto zunindo sob seus pés, e não tem jeito. O pensamento voa …. Qual será a próxima ?
Otite crônica, crise de coluna que quase me impedia de colocar o pé esquerdo no chão e uma assadura monstruosa em função de dosagem errada de medicamento. Essa não é a melhor situação para dar início a uma viagem de moto. Mas parece que pilotar moto faz um aterramento com o inferno e todos os demônios do corpo e da alma vão indo embora à medida que os quilômetros vão passando sob as rodas. E assim parti para aproveitar a semana de férias familiares que a Karla havia me permitido. Obviamente eu sonhava em fazer um passeio um pouco mais longo, mas sabia que a saudade de casa seria um grande empecilho. No final de semana anterior eu havia ido na sexta-feira para o encontro de motos em Tiradentes-MG. No sábado à tarde eu já estava sem chão e só pensava em voltar para casa para ficar com a esposa e os dois filhotinhos, apesar do encontro estar ótimo. Resisti, mas no domingo bem cedo eu já estava chegando ao lar.Com essa restrição em mente, parti pensando em pousar no Grande Hotel de Araxá-MG e depois seguir, se o coração permitisse, até Cuiabá-MT, a convite do Fior, do grupo V-Strom Brasil. Na volta, eu curtiria algumas estradas de terra na região da Serra da Canastra-MG.
PRIMEIRO DIA
Parti na segunda-feira, 05/07/2010, na hora do almoço. Apesar das inúmeras obras na BR-262 para o Triângulo Mineiro, algumas com interdições de até 30 minutos, cheguei em Araxá ainda muito cedo. Não tive dúvida: abasteci e continuei a viagem.Após ter pilotado por volta de 700 km naquele dia, já anoitecia e parei para dormir em Itumbiara-GO. Não gosto de pilotar à noite por ser menos seguro e também por não enxergar nada após o lusco-fusco.
UM DIA DE CÃO
No dia seguinte, parti com o objetivo de dormir em Cuiabá-MT. Teria que pilotar um pouco mais de 900 km, o que não seria problema algum para quem sai cedo para a estrada. Mas os primeiros 100 km em Goiás já indicavam que o dia não seria bom. A estrada era tão somente um conjunto de imensos buracos. Era necessário entrar e sair de casa um deles. Um verdadeiro exercício de paciência.Ao entrar no Mato Grosso, o asfalto estava um pouco melhor, mas o trânsito de carretas bitrem era algo monstruoso. Mesmo de moto, cada ultrapassagem era complicada, pois formavam filas imensas e não deixavam nenhum espaço seguro entre elas. Trânsito intenso, em especial no período de safra, e asfalto muito ruim fazem uma combinação cansativa. O trecho entre Itumbiara a Cuibá, passando por Jataí e Rondonópolis, deve ser evitado a todo custo.Cheguei em Cuiabá no final da tarde completamente exausto. Fui muito atenciosamente recebido pelo Fior que me indicou hotel e à noite fomos comer um peixe Pera e bater um agradável papo.A noite foi de dúvidas: voltaria para Araxá, passaria uns dias na Chapada dos Guimarães ou seguiria até Porto Velho para fazer uma navegação no rio Madeira?
ENTRANDO EM RONDÔNIA
Como cavalo arreado só passa uma vez, eu não poderia perder essa oportunidade de conhecer o rio Madeira, passeio já sugerido pelo velho amigo João Maia, de Natal. Subi para Rondônia passando por Cáceres. A estrada estava com alguns buracos e vários remendos, mas com poucos caminhões. O fluxo de veículos a partir de Cuiabá é bem menor. Também a partir de Cuiabá as distâncias começar a ficar bem maiores. Os pontos de abastecimentos ficam mais espaçados e quem estiver com moto com autonomia inferior a 300 km não pode descuidar muito. Não faltará abastecimento, mas também não dá para esperar entrar na reserva para procurar um posto de combustível. O calor já dava sinais de que seria presença constante. A temperatura ficava sempre entre 37 e 39˚C. Mas como o conjunto de jaqueta e calça era muito ventilado, o calor só era incômodo nas raras paradas. Aliás, vale destacar que não dá para ficar fazendo paradas constantes no Mato Grosso e em Rondônia, sob pena de não conseguir avançar pelas longas distâncias. Tudo é muito distante nesses estados. Parece que cada quilômetro tem 1.500 metros por lá. Eu não imaginava que encontraria tanta beleza nas estradas do Mato Grosso. Há várias belas plantações e a vegetação nativa é muito bonita. Pilotei por um pouco mais de 950km no dia. Já em Rondônia, a noite foi caindo e parei para dormir em Pimenta Bueno. Dei sorte de encontrar vaga em um bom hotel da cidade e que tinha preço bem justo. Próximo à praça principal e junto aos bares, a noite foi de pequena e agradável caminhada e ótima comida. A otite e coluna já estavam curadas pela moto.
VIAJANDO POR RONDÔNIA
O dia começou com um grande golpe na viagem. Durante o café da manhã no hotel, vi um pai picando frutas e preparando o café para suas duas filhas. Quase pensei e volta na hora para casa, mas resisti a segui em frente. Viajar por Rondônia foi uma agradabilíssima surpresa. A estrada era domina por alguns poucos caminhões e muitas Hilux. Fiquei impressionado de ver a quantidade de Hilux nas estradas. Sou um grande admirador da Land Rover Defender, jipe que era muito freqüente nas estradas brasileiras. Para minha decepção, vi apenas uma Defender ao longo de toda viagem. Mas as Hilux apareciam como enxames. Quem nunca viajou por Rondônia não sabe o que está perdendo. Apesar de estradas com vários remendos grosseiros, o visual é lindíssimo. Cada parada era uma diversão ao conversar com a população local. Sempre muito simpáticos, bem humorados e prestativos. Foi uma grande farra esse dia. A floresta amazônica já fazia as suas primeiras aparições. Inicialmente de forma discreta e afastada. Depois já podia ser avistada a uns 500 metros da estrada. Ali era uma floresta com altura média de 15 a 20 metros e bastante fechada. Mas a ocupação populacional, a agricultura e a pecuária, sempre às margens da rodovia, afastam a floresta do asfalto. Os pontos altos da viagem nesse dia foram os rios de Rondônia. Cada ponte era uma verdadeira curtição. Os rios são simplesmente maravilhosos. Sempre com água escura e cristalina, como Coca Cola, e com belíssimas praias de areia amarelada, a vontade era de parar em cada ponte para um banho nas águas quentes dos rios. Fiquei sonhando em poder separar uma semana apenas para curtir os rios de Rondônia. Em vários pontos era possível ver pessoas nadando, outras pescando e outras preparando peixes recém pescados para servir na areia. Muito gostoso, em especial com os 38˚C que me acompanhavam por todo o dia. Não tenha dúvida: pode começar a pensar em passar férias em Rondônia. Por volta do meio dia cheguei em Porto Velho-RO. Atravessei a cidade e fui ver o rio Madeira. Não era tão largo quanto eu estava pensando e sua água não é um exemplo de beleza por ser turva e barrenta. Sair de casa sem informação adequada acaba dando nisso. Nem mesmo um mapa do Brasil eu estava levando. Apenas o GPS. Navegar no rio Madeira não era mais o que eu queria fazer. E era ali que tomaria uma decisão importante. Liguei para a ‘sargento Karla’ e tive sua autorização e apoio para esticar um pouco mais as férias familiares. Resolvi aumentar a viagem até o Peru para conhecer Machu Picchu e a Estrada do Pacífico, chamada também de Interoceânica. O que eu queria mesmo era pegar mais estrada e, sendo possível, chegar a Cusco-PE. Mas se não desse, não teria qualquer problema. A bem da verdade, vale destacar que a idéia da Interoceânica não surgiu do nada naquele momento. Eu já havia iniciado essa conversa com um amigo em Belo Horizonte-MG, mas infelizmente o planejamento não foi adiante. E também já tinha lido sobre essa estrada em dois livros de amigos, assim como havia acompanhado o blog de um outro amigo que tinha feito esse trajeto alguns meses antes. Mas eu não tinha nenhum planejamento mais estruturado, nem mesmo um guia do Peru. Decisão tomada, acelerei firme para Rio Branco-AC, pois não sabia se eu encontraria outra cidade a caminho de Assis Brasil-AC, divisa com o Peru, onde fosse possível pernoitar. Como eu já disse, as distâncias por lá são imensas. Às vezes, as cidades um pouco melhores estão a mais de 300km umas das outras. Após pilotar por quase 1.100km naquele dia, cheguei em Rio Branco no início da noite, escoltado até um hotel por um motociclista – que estava de carro – e me interceptou na estrada. Rio Branco foi mais uma agradável surpresa. Cidade bonita e com trânsito tranqüilo. Saí para jantar em um restaurante à beira de uma praça. As mesas estavam mesmo na praça. A cidade tinha um cheiro muito gostoso; uma mistura de terra molhada e folha amassada. Como eu estava com muita fome e bem desidratado, duas cubas me deixaram tonto e até agora o porteiro do hotel deve estar tentando entender que pulos eram aqueles que o hóspede estava dando ao voltar do jantar. Era pura alegria por estar tendo a oportunidade de conhecer estados tão afastados quanto encantadores do nosso imenso e rico Brasil.
ENTRANDO NO PERU
Saí cedo de Rio Branco com destino a Assis Brasil, onde havia a aduana com o Peru. Estrada boa, com apenas alguns remendos. A saída na aduana brasileira foi relativamente rápida. Em 20 minutos eu já estava liberado, mas tive que gastar mais um tempo por lá para contar a todos onde eu estava pretendendo ir. Os policiais federais ficaram preocupados, pois já era o terceiro dia de chuva intensa que se abatia sobre a região. Atravessei a ponte e cheguei em Iñapari-PE. Uma cidade muito pequena e feia, como todas as outras que eu encontraria às margens da Interoceânica na amazônia peruana. Tão logo atravessei a ponte entre os dois países, já tive uma noção do motivo da preocupação dos policiais federais na aduana brasileira, pois havia uns 300 metros da estrada em obras e tudo havia virado um grande e profundo lamaçal. Mas nada que “pé de um lado, pé do outro” não resolvesse. Chegando à aduana peruana, o atendimento foi muito atencioso, mas o policial não conseguia se entender com o computador para registrar os dados de entrada da moto. Fiquei por aí por incríveis 3 horas, sempre vendo a mesma tela do computador e, ao final, a mesma mensagem de “erro”. Nos intervalos eu aproveitava para trocar Reais por Soles, tirar cópias dos documentos que eles exigem e abastecer a moto. Há várias barracas para trocar moeda bem em frente à aduana. Só tinha como copiar os documentos em uma loja no meio do vilarejo. O abastecimento foi um caso à parte, pois o único “grifo”, no quintal do cara, onde havia gasolina, estava bem no meio do lamaçal das obras. Desci um degrau de lama de uns 60 centímetros de altura e com uns 70 graus de inclinação. A moto escorregava para tudo que era lado. Durante o abastecimento, vi uma pick up tentando subir o degrau e sem ter sucesso. Mesmo engatando a tração 4×4, a pick up ainda penou um pouco para vencer a subidinha. Era a minha vez. Manobrei a moto para que ficasse bem de frente com o degrau. Acelerei com algum vigor para que a roda dianteira subisse. Deu certo. Na ponta dos pés, desliguei o controle de tração e acelerei fundo. Voou barro para todos os lados, mas a roda traseira também subiu. Apenas como curiosidade, vale destacar que no dia do meu retorno não havia nenhuma lama, pois a chuva já não castigava mais a região. Documentação resolvida e câmbio feito, era só seguir até Puerto Maldonado-PE, cidade um pouco maior e que deveria oferecer alguma estrutura para dormir.
A Estrada do Pacífico está muito boa no Peru, mas os pouco mais de 200 km entre Iñapari e Puerto Maldonado foram vencidos sem muita brevidade porque há uma infinidade de pequenas vilas ao longo da estrada e, em cada vila, vários quebra-molas. Saltar quebra-molas de moto não é problema, mas há que se respeitar e zelar pelas pessoas das vilas. Outro motivo para a viagem mais lenta foi curtir de perto, mas perto mesmo, a impressionante floresta amazônica. Se no Brasil a floresta está afastada da estrada uns 500 metros, no Peru a estrada é apenas uma insignificante linha asfaltada em meio à selva. Se você sair da estrada poucos metros, já estará dentro da floresta. Como tempo disponível é um passaporte para o inferno e eu ainda tinha boas horas antes de escurecer, resolvi “explorar mais de perto” a floresta amazônica. Mesmo sob chuva, encontrei uma pequena trilha de terra que saía da estrada e entrava na selva. Era uma trilha estreita, com dois trilhos como se fossem para passar as rodas de carroça e uma parte central mais alta, com grama, separando os trilhos. Ao colocar a roda dianteira na terra, já vi que o passeio não terminaria bem. Consegui entrar apenas uns 10 metros na mata e já foi o suficiente para ficar impressionado como a floresta é fechada. Não só as árvores são muito altas e próximas, como também há muita vegetação trançada pelos caules das árvores. Sem um facão e muita disposição, é impossível avançar pela mata só desviando dos ramos com os braços. Já tendo noção do tamanho da confusão em que eu havia me metido, vi também que não havia nenhum lugar para virar a moto e voltar. Tentei, obviamente sem sucesso, fazer a roda dianteira subir na grama central entre os trilhos. Impossível. Ao final de uns 15 minutos brigando com a moto e tentando retornar de todos os jeitos sem obter nenhum sucesso, eu realmente desisti e parti para a ignorância.
Já mais suado que bunda de carteiro, pois estava com capa de chuva e enfrentava o insuportável calor úmido da floresta, eu deitei a moto no chão apoiando o cabeçote do motor (que felizmente era boxer) na parte central de grama. Fui puxando a roda dianteira até conseguir fazer a moto girar apoiada pelo motor. Foi bem mais difícil do que eu estava supondo. Mas a surpresa foi que, uma vez “manobrada” a moto, consegui levantá-la sem maiores esforços, uma vez que o motor apoiado na grama já deixava o guidão da moto mais alto. Nunca transpirei tanto na minha vida.
Chegando a Puerto Maldonado, vi que teria que atravessar o rio em balsa. Logo saquei o ambiente e notei que tinha duas escolhas: balsas menores, mais usadas por motos e pessoas, ou a balsa maior, um pouco mais demorada, mas com acesso mais fácil. A descida para a balsa maior era um lamaçal só. Desci bem devagar. A roda dianteira subiu na balsa, mas o pneu traseiro patinava e não dava tração para subir no degrau metálico da embarcação. Um caminhão que vinha logo atrás enfiou o dedo na buzina e não tirou mais. Ele estava descendo com todas as rodas já travadas e escorregando sem parar pela lama. E iria atropelar a moto. Eu já ia pular da moto quando duas pessoas rapidamente seguraram nos protetores de tanque da GS e, com o acelerador aberto, o moto pulou para dentro da balsa. Por uns 10 metros o caminhão não atropelou a moto. Quando ele bateu no buraco onde a moto estava atolada, também ficou atolado. Atravessamos o rio, todos nós rindo da situação, e o desembarque na outra margem foi muito tranqüilo, pois o acesso era só de asfalto. Vale informar que na viagem de volta não havia lama alguma, apesar de um pouco de chuva que caia. Chegando ao estacionamento do hotel CabanaQuinta, o menos medonho que encontrei na igualmente medonha Puerto Maldonado, joguei um pouco de água no protetor de motor e na mala lateral para ter noção do tamanho do prejuízo. Para minha surpresa, tudo estava sem nenhum amassado ou risco. Acho que Deus protege mesmo as crianças, os bêbados e os loucos. No meu caso, o idiota pobre também……
SUBINDO A CORDILHEIRA
Acordei cedo, comi alguma coisa no quarto do hotel e saí às 5 horas da manhã de Puerto Maldonado. Os primeiros 80 km foram percorridos com muita neblina, um pouco de chuva e, mesmo antes do sol nascer, já sob 28˚C. Ninguém sabia me dar informação sobre as possíveis obras na estrada até Cusco-PE. Eu sabia que alguns meses antes a estrada estava sendo interditada para as obras, mas não sabia os horários e os locais das chamadas “tranqueiras”. A viagem seguia tranqüila e eu ia curtindo o deslumbre que é a floresta amazônica. Até que, antes de chegar a uma vila chamada Mazuco, o asfalto acabou a apareceu a primeira tranqueira. A simpática “operadora de pare-siga” me disse que a estrada ficava fechada das 6h às 12h e das 13h às 18h. E que próximo à vila de Quince Mil havia outra tranqueira funcionando naqueles mesmos horários. Após dizer que eu estava viajando sozinho e que iria morrer de frio se atravessasse a cordilheira à noite, ela conversou com o dois policiais armados e eles me liberaram para passar, apenas pedindo que eu seguisse devagar. A partir daí foram aproximadamente uns 35km de estradas alternando um pouco de asfalto e muitas obras. O piso estava bem compactado. O que complicou um pouco foi que passei no terceiro dia de chuvas torrenciais e isso fez com que eu enfrentasse dois tipos de desafios: o nível mais alto dos riachos que têm que ser cruzados e a lama fina sobre a estrada já compactada. Fui seguindo vagarosamente pela estrada de terra, pelos seus desvios e pelos desvios dos desvios. Os desvios dos desvios eram um pouco mais trabalhosos porque implicavam em lama em subida ou descida. Tudo seguia sem maiores problemas até que em um desvio a estrada simplesmente acabou dentro de um rio largo e com correnteza. Fiquei parado pensando o que deveria fazer.
Como em um passe de mágica, aparece um peruano minúsculo com as roupas do consório Conirsa, que é o responsável por aquela parte da construção da rodovia, me mandando avançar sobre o rio. Como ele estava do outro lado do rio, dei sinal informando que eu não poderia atravessar com a moto. Ele insistiu para que eu passasse. Confiando nas orientações do peruano, coloquei o controle de tração no modo off road e fui enfiando a moto na água devagar. A água era bem barrenta, mas deu para notar que o piso era de grandes pedras de cascalho. Pedras grandes mesmo. Começou uma parte com mais correnteza contra a moto e firmei mais ainda os pés no chão. A correnteza foi passando, mas o rio ficava mais profundo, até que cobriu por completo o motor. Não me preocupei muito porque sabia que a tomada de ar do motor era bem alta, mas eu não poderia deixar a moto cair para o lado direito sob pena de ter um calço hidráulico. Sem maiores dificuldades, a não ser a angústia de não saber onde estava colocando a moto, passei por aquele rio. Ao sair do rio, o peruano me disse que o rio havia transbordado por causa das chuvas e tinha coberto o desvio da estrada. Para evitar lama, jogaram cascalho grosso no rio. No dia da volta, com menos chuva, o rio já não avançava mais pela estrada, estava tudo apenas úmido e foi possível passar sem nem colocar os pés no chão.
Cheguei no vilarejo de Quince Mil. Muita lama, mas nada muito escorregadio. Parei para tomar um refrigerante e me informar sobre a próxima tranqueira. Eram 9h da manhã e três policiais tomavam o café da manhã em um bar. Fui até eles pedir informações. Os três foram muito simpáticos e me confirmaram que alguns quilômetros após Quince Mil havia uma outra tranqueira e que naquela não poderia passar fora do horário de jeito nenhum, pois estavam fazendo explosões. Fiquei no bar em Quince Mil por duas horas e meia batendo um longo papo com o simpático policial Antônio. Foi uma ótima conversa e ele me deu várias dicas para aproveitar melhor a cidade de Cusco-PE. Às 11h30 saí de Quince Mil e cheguei rapidamente na tranqueira que ainda estava fechada. Pontualmente às 12h ela foi aberta e se seguiram mais uns 30 km alternando entre um pouco de asfalto e bastante terra. O problema nessa segunda parte era que os trechos de terra estavam já compactados para receber o asfalto, mas a duradoura chuva havia formado uma fina camada de lama que escorregava demais. Considerando que esse piso era normalmente em curvas fechadas, subidas e descidas, foi necessário não ter vergonha dos trabalhadores da obra e abusar dos pés no chão. Os pés no chão também foram necessários em umas 4 ou 5 pequenas travesseias de riachos ou alagados que se formavam com as quedas de água das altas montanhas. Duas dicas: entre sempre na parte mais funda do riacho, pois as grandes pedras arredondadas já estão mais compactadas e têm o suporte das pedras mais altas. Use boas botas de cano longo. Como eu estava conjugando botas de cano longo e capa de chuva, não molhei o pé em nenhum momento. Imagino que pegar o frio no alto da cordilheira com os pés molhados não deve ser agradável.
Finalizada essa segunda parte de aproximadamente 30 km alternando entre asfalto e terra, pensei que só encontraria asfalto até Cusco. Foi um engano, pois justamente na subida da cordilheira está sendo usada uma segunda estrada, muito íngreme e toda de terra batida misturada com cascalho grande compactado. Essa segunda estrada não asfaltada tem uns 7 km e, pelo que pude perceber, está sendo usada enquanto terminam a estrada principal. Indo por essa estrada não se passa mais em Marcapata. Se quiser ir até lá, terá que pegar um desvio e seguir alguns quilômetros por asfalto até a cidade. Embora durante a subida eu tenha enfrentado essas partes de obras com bastante lama, não há situações que ofereçam risco se o piloto tiver paciência e humildade perante os desafios. Na volta, embora eu tenha enfrentado também um pouco de chuva, o que é comum na região, o piso estava muito bom. Qualquer moto que seja um pouco mais alta passa sem o menor problema. Já antecipando um pouco o relato da volta, a única tranqueira que peguei foi entre o trevo de Marcapata e Quince Mil. O horário de fechamento é o mesmo: das 6h às 12h e das 13h às 18 horas. Ao longo de todas as partes em obras há uma infinidade de pequenas tranqueiras, mas só ficam fechadas por poucos minutos para garantir o tráfego em pista única. Subir novamente a cordilheira dos Andes, dessa vez pela região amazônica, foi uma experiência belíssima. As montanhas impressionam pelo tamanho. A subida é estonteante, pois se sobe de 600 metros a 4.752 metros de altitude em menos de 100 km. Essa subida faz a Cuesta del Lipan (para o Atacama) e Los Caracoles (para Santiago) parecerem brincadeira de criança. O visual é impressionante.
Aos 4.752 metros o frio é bem forte. Não fiquei muito atento ao termômetro, mas vi temperatura de 3˚C às 14 horas. Como eu estava com as roupas todas ensopadas de suor por ter que ficar usando capa de chuva no calorão da floresta, preferi não ficar dando bobeira no topo da cordilheira, ainda mais estando completamente sozinho em local onde até respirar era difícil. Também não achei prudente trocar de roupa ali com tanto vento. Certamente a moto seria derrubada. Sem dar ao corpo o prazo que ele se ajuste à altitude, é melhor evitar qualquer esforço físico. Preferi seguir viagem e esperar o clima esquentar um pouco à medida que perdia altitude.
CUSCO
Cheguei em Cusco no final da tarde e uma policial me indicou um hotel bem simples, mas limpo e com garagem fechada para a moto, a um quarteirão da Plaza das Armas.
Não vou ficar relatando nada sobre Cusco, pois o Google ou qualquer guia são as fontes mais adequadas para ler sobre o assunto, mas não posso deixar de registrar que é uma cidade muitíssimo agradável. É necessário ter olhos com alguma experiência em viagens sem guia para conseguir descobrir os bares e restaurantes mais legais. Fui a alguns restaurantes simplesmente magníficos. E os pubs? Onde menos eu poderia esperar sempre havia um bar/pub onde era possível passar horas admirando a decoração, os drinks e as pessoas. Como eu estava aberto a experimentar todos os sabores do Peru (no sentido bíblico, obviamente), chegava sempre com uma postura bem “receptiva” nos bares. Rapidamente as garçonetes já estavam batendo papo comigo. Para fazer o pedido, eu sempre dizia: “confio nas suas sugestões para bebida e comida. Por favor, peça para mim o que você achar que é mais saboroso. Mas não me conte antes o que trará, ok!” Após um momento de dúvida sempre seguido por um sorriso, as garçonetes saiam admiradas. E garanto que só experimentei as mais deliciosas e típicas comidas e bebidas de lá. Atendimento sempre perfeito, obviamente que seguido de boas gorjetas.
Fiz um passeio de um dia pelo Vale Sagrado, no segundo dia fui a Machu Picchu e, no terceiro, fiz um city tour em Cusco. Fiz questão de escolher passeios sempre com guias de primeira qualidade. Fazer esses passeios sem estar acompanhado de um bom guia é não explorar quase nada da riquíssima cultura inca. Também não cabe aqui comentar nada sobre Machu Picchu, pois guias e Google também superarão qualquer comentário que eu fizer. Apenas ressalto: é indubitavelmente uma das grandes maravilhas do mundo. Roteiro absolutamente imperdível. Mesmo que se vá de avião, será um ótimo passeio. Mas se for de moto ou carro, conhecendo as pessoas e vendo as paisagens, a sua compressão sobre a cultura local será ainda maior. Em um dos passeios pelo Vale Sagrado, encontrei um grupo de motociclistas australianos que haviam alugado motos (GS 800, GS 1200 e GS 1200 Adventure) em Santiago. Conversei um pouco com os donos da empresa (www.samttours.com) que foram muito simpáticos.
O INICIO DO RETORNO
Na última noite em Cusco, comecei a avaliar qual seria o caminho de volta. Sem ter mapas em mãos e usando apenas o GPS e algumas lembranças das viagens já feitas pela Argentina e pelo Chile, passei a trabalhar com três roteiros: 1) voltar pelo mesmo caminho, ou seja, Estrada do Pacífico; 2) seguir até Puno, entrar na Bolívia e chegar ao Brasil por Corumbá. As estradas de terra entre Santa Cruz de La Sierra e Corumbá, por pior que estivessem, não deveriam oferecer muito desafio uma que era período de seca; 3) sair por Iquique – Chile e seguir pelo deserto do Atacama e norte da Argentina, entrando por Foz do Iguaçu. Apesar da grande vontade de passar pela Bolívia, decidi voltar pela Interoceânica por alguns motivos: ver como estaria a parte em obras da estrada caso estivesse chovendo menos, passar em Rolim de Moura-RO para conhecer o Rodrigo Bertelli, o associado mais distante da lista V-Strom e explorar um pouco mais a agradável experiência que tinha sido pilotar no Mato Grosso e em Rondônia. Havia ficado um gostinho de ‘quero mais’ estradas por esses estados Saí de Cusco por volta das 7h da manhã a uma temperatura de uns 4˚C. A temperatura caiu um pouco quando peguei a estrada e despencou mesmo quando cheguei no ponto mais alto da travessia da cordilheira. Mas não passei nenhum incômodo, pois estava usando o forro térmico da jaqueta e da calça, bem como luvas de inverno.
O cenário da travessia dos Andes estava muito bonito, pois havia uma forte geada. Alguns pontos de água estavam congelados. Tudo muito bonito. Apesar do frio, havia pouca neblina e deu para curtir bastante a descida da cordilheira. Entre o trevo de acesso a Marcapata e a cidade de Quince Mil havia a primeira tranqueira. Era a tal tranqueira onde não se pode passar mesmo. Fiquei lá por volta de duas horas no maior papo com os policiais, uma senhora que mora em frente à tranqueira e vende frutas e biscoitos para os motoristas e os demais motoristas que estavam parados. Não foi perda de tempo, mas sim uma curtição aquela parada obrigatória. Aberta a tranqueira ao meio dia, segui devagar pelo primeiro trecho em obras. Como não estava chovendo, a lama, quando existia, era praticamente desprezível. Não havia qualquer dificuldade em passar pelos desvios. Parei na delegacia em Quince Mil para despedir no policial Antônio e seus colegas que haviam sido tão simpáticos comigo quando passei por lá alguns dias antes. Após um curto bate papo, segui viagem pela segunda parte em obras. Apesar de uma fina chuva que caia, praticamente não havia lama nesse trecho. O tal rio que tive que cruzar e cuja água cobriu todo o motor da moto estava praticamente seco e foi possível passar sem nem colocar os pés no chão. Apesar da infinidade de rápidas tranqueiras, a viagem foi muito fácil, sem qualquer desafio. Quem não der o azar (ou sorte) de passar pela região após vários dias de chuva torrencial não enfrentará nenhum obstáculo que mereça mais atenção. Está tudo muito bem sinalizado e fácil de passar. É claro que motos custom e esportivas rasparão um pouco o fundo nas passagens de córregos, pois a pedras são grandes. Mas com jeito e cuidando bem da embreagem, não haverá qualquer problema. Não acredito que as obras estarão concluídas até dezembro de 2010 como é prometido. Inclusive, acho que a tranqueira principal – entre Quince Mil e o trevo de Marcapata – demorará a acabar, pois as explosões que estão sendo feitas no trecho demandarão um longo trabalho. Contudo, fica a dica: quem quiser evitar a tranqueira, passe aos domingos, pois a estrada fica aberta durante todo o dia. Passados os trechos em obras, segui direto para Puerto Maldonado. Não havia vaga no hotel CabanaQuinta. Custei a encontrar vaga em um hotel que tivesse garagem. Encontrei um hotel pulgueiro ao lado da concessionária Honda que ao menos permitia que eu parasse a moto dentro da recepção. Em tempo: em todas as cidades menores entre Puerto Maldonado e Cusco há muitos ‘grifos’ para abastecimento. E em quase todas as cidades há rede de celular da Claro e da Movistar. Há também opções de hotéis nessas cidades, mas não sei se com garagem fechada. De qualquer modo, acho que ninguém será louco de entrar no Peru para enfrentar os seus motoristas agressivos e imprudentes sem estar com a moto segurada. Nem preciso informar que os hotéis serão simplesmente um local para não dormir na chuva, pois certamente são todos abaixo da crítica. Mas há que se lembrar que estamos falando de vilas e povoados amazônicos peruanos. Ninguém com o mínimo de informação irá esperar qualquer tipo de conforto e higiene por lá. Certamente a garupa não gostará se, por qualquer motivo, ela tiver que dormir por ali, nem mesmo em Puerto Maldonado. Mas se você escolheu viajar sobre uma moto e não dentro de um carro, não se importará em dormir de forma precária algumas vezes.
PUERTO MALDONADO A PORTO VELHO
Saí às 6h da manhã de Puerto Maldonado. A balsa maior que cruza o rio Madre de Dios funciona das 6h ás 18h. As pequenas balsas que levam pessoas e motos pequenas funcionam 24 horas, mas devem ser evitadas por quem estiver pilotando motos grandes. Na balsa, conversei com o engenheiro responsável pela construção da ponte sobre o rio Madre de Dios e ele me disse que certamente a tal ponte estaria finalizada até novembro de 2010. Pelo estado das obras, duvido que ele consiga concluí-la no prazo. Cruzado o rio, segui pela bela estrada até Iñapari, onde em menos de 20 minutos dei a saída do Peru, troquei os soles por Real e fui para a aduana brasileira em Assis Brasil. Mais 10 minutos na aduana e eu já estava pilotando sobre forte frio (havia chegado uma frente fria na região) pelo Acre. Atravessei todo o Acre e entrei em Rondônia. A viagem estava seguindo muito bem até que cheguei à balsa sobre o rio Madeira. Ao comprar a passagem, a senhora me informou que a balsa estava encalhada e que demoraria mais um bom tempo até chegar o rebocador. Esperei à margem do rio por umas 3 horas até que a balsa chegou. Ali eu tive que tomar uma decisão importante, pois já estava ficando bem escuro e eu não consigo pilotar à noite mesmo usando óculos. Ou eu voltaria por uns 200km por estrada boa até ter algum ponto para dormir, ou embarcaria a moto e, do outro lado, teria que pilotar por 225km de estrada esburacada até chegar em Porto Velho-RO para dormir. Detalhe: não havia movimento e nem qualquer estrutura no caminho. Seríamos a moto, a floresta, a noite e eu. Lembrei do parágrafo primeiro do artigo terceiro do estatuto (que não existe) da Putolinos Big Trail: “Avançar sempre. Retroceder; nunca. Render-se; jamais.” Em bom português, segundo a Karla: “Se não agüenta, por que não fica só dando voltinha de moto sábado de manhã?” Embarquei a moto e os demais carros e caminhões entraram. Durante a nossa travessia, a balsa encalhou de novo. Pensei: “Mais 3 horas de espera”. Mas se já está no inferno, então aproveite e abrace o capeta. Fiquei curtindo o rio sem nenhum stress. Em pouco tempo, o ‘piloteiro’ conseguiu fazer a balsa girar sobre o próprio eixo e terminamos a travessia. Deixei todos os carros partirem na minha frente, já que certamente eu seria ultrapassado por eles no escuro. A estrada até Porto Velho, cheia de buracos muito grandes na ida, já estava roda remendada. Mas eu não poderia confiar que não haveria nenhum buraco aberto e segui devagar. Havia alguns quilômetros em obras de recapeamento e a estrada estava em terra, mas muito bem compactada. Três horas depois eu já estava dormindo em um motel em Porto Velho. Apesar das duas balsas, da segunda ter demorado boas horas, das duas aduanas e de ter perdido uma hora do horário peruano em relação ao do Brasil, ainda foi possível cumprir mais de 1.050km no dia sem nenhuma imprudência e cheguei até descansado em Porto Velho.
PORTO VELHO A ROLIM DE MOURA-RO
Esse foi um dia muito tranqüilo, pois eu iria dormir em Rolim de Moura-RO e teria que percorrer só uns 500km. Mas foi um dia muito especial, pois conseguir curtir bastante as paisagens fabulosas de Rondônia. Cada ponte em Rondônia é um verdadeiro deslumbre. Eu parava em quase todas para admirar os rios. É cada rio mais lindo que o outro. Vários com belas praias de areias amareladas. Vi até algumas dessas praias onde havia gente pescando o peixe na hora, preparando-o na própria praia e servindo às pessoas que curtiam o rio. Foi uma manhã belíssima. Logo no início da tarde eu já estava em um ótimo hotel em Rolim de Moura, cidade que me surpreendeu muito positivamente. Não é uma cidade grande (ainda bem), mas tem uma ótima estrutura. Aproveitei para lavar a moto, que mais parecia uma bola de barro e cimento das obras da Interoceânica. ‘Depois da chuva’ fui caminhar pela cidade. Uma delícia de passeio. À noite fui recebido pelo Rodrigo, sua esposa que fazia aniversário no dia e seus pais. Eles me receberam muito bem e batemos um ótimo papo. Noite muito agradável.
ROLIM DE MOURA A CUIABÁ
No dia seguinte parti eu já estava na estrada às 6h30 sob um frio de 10˚C. Tinha uma frente fria parada sobre alguns estados do centro-oeste e do norte. A temperatura chegou no máximo a 14˚C no dia. Mas, bem equipado, não passei frio. Por sugestão do Rodrigo, evitei a rodovia principal para Cuiabá que passa por Cáceres. Segui a estrada que passa por Sapezal e Barra do Bugres. Foi uma ótima dica, pois o asfalto é novíssimo em grande parte do percurso, evita-se passar por dentro de uma série de cidades e o visual é muito mais bonito. Só não recomendo esse caminho para quem estiver com moto com autonomia inferior a 300km, pois certamente passará aperto. Diga-se de passagem, como é bonito viajar por Rondônia. Foi uma grande surpresa para mim. À medida que a quilometragem passava, era com muita saudade que eu deixava para trás Rondônia e a floresta amazônica. No final da tarde eu cheguei em Cuiabá sob uma forte neblina. Estava fazendo 11˚C e a serração era tão forte que não se via quase nada à frente e deixava a pista toda molhada. Parei no hotel Verona, na chegada na cidade, onde aproveitei o frio para pedir o jantar no quarto e dormir bem cedo. Um banho bem quente e cama, pois eu havia pilotado mais de 1.000km naquele dia e quase sempre com dia lindo, mas bastante frio. O céu azul me lembrava o do Atacama.
CERRADO NO MATO GROSSO
Acordei cedo no dia seguinte e ao sair de Cuiabá, a capital mais quente do Brasil, às 7h da manhã o termômetro marcava 10˚C na garagem do hotel. A ordem do dia seria não passar de forma alguma pela medonha estrada de Rondonópolis-Jataí-Rio Verde-Itumbiara. Ainda que eu tivesse que contornar por Porto Alegre ou Fortaleza, assim o faria, não repetiria aquela chata rodovia por nada. Escolhi a saída por Chapada dos Guimarães. Foi uma decisão mais do que acertada, pois mesmo sem parar deu para ter uma idéia de quão bela é aquela região. O relevo é grandioso e a cidade de Chapada é um charme só. Não fosse a vontade de chegar em casa, certamente passaria o dia lá. Logo após a cidade de Chapada a temperatura caiu para 7˚C. Eu tinha imaginado que passaria por uma região bonita, mas realmente não fazia idéia de que aquele seria um dos dias mais lindos da viagem. A viagem entre Chapada dos Guimarães e Barra do Garças foi simplesmente como admirar uma obra-de-arte. O cerrado naquela região é o mais bonito que já vi dentre as regiões de cerrado do Brasil, e olha que tenho uma boa quilometragem pelo nosso cerrado. Parecia que a vegetação iria explodir de tanta beleza. Parei algumas vezes para curtir os sons da natureza. O delicioso cheiro da vegetação invadia o capacete. Por várias vezes a moto foi sobrevoada por grandes araras azuis e amarelas que pareciam querer brincar comigo. Certamente voltarei em breve àquela região para poder explorar mais e curtir com calma a vegetação e o relevo que, emoldurados pelo capacete, formaram possivelmente os mais belos cenários de toda a viagem. Aquele dia foi realmente incrível.Já no meio da tarde eu me aproximava de Goiânia, mas para evitar o grande fluxo de carros que voltaram para a capital no domingo, mudei um pouco o meu roteiro e segui para Anápolis. De lá, ainda pilotei um pouco mais e quando o odômetro parcial registrou que eu tinha ultrapassado os 1.000km também naquele dia, parei para dormir em um motel em Alexania-GO.
A CHEGADA
O último dia foi moleza, porque eu teria apenas que descer um pouco menos de 800km, sendo a grande maioria pela pasteurizada BR-040. Por sinal, a estrada está um tapete só, sem buraco algum. Com o tanque cheio em Alexania, fui colocar os pés no chão só em João Pinheiro-MG, uns 400km depois. Parada para abastecimento e ‘desabastecimento’ e novo tiro big trail de mais uns 400km só colocando os pés no chão novamente na garagem de casa. No meio da tarde eu já estava com os filhotes no colo e de volta à família.
NAVEGAR É PRECISO
Um banho em casa e já foi o suficiente para começar a planejar as próximas viagens. Mas essas serão agora mais curtas e de carro com a família, pois a Karla e eu temos que começar a plantar nos dois filhotes as sementes do gosto pela estrada. Mudando um pouco a frase de Fernando Pessoa, digo que viajar é preciso e viver também é preciso. E se for possível conjugar o viajar com o viver, ainda melhor. Que os nossos filhotes adquiram o gosto pela estrada e pelas longas jornadas. Em especial, que apurem todos os seus sentidos para que vivam integralmente cada quilômetro rodado. E que Deus os dê sensibilidade e conhecimento para que entendam, admirem em respeitem os relevos, os climas, as vegetações e as culturas.
ALGUMAS CONCLUSÕES E REFLEXÕES
– Pilotei aproximadamente 9.500km em 15 dias. Nesse período, a moto ficou na garagem do hotel por três dias em Cusco e por outros três dias pilotei só meio dia. Evitei ao máximo pilotar à noite e toda a viagem foi feita sem ultrapassar os 120km/h. As poucas vezes que atingi 140km/h foram em raras ultrapassagens. Em toda a viagem não tomei nenhum susto, não fui fechado nenhuma vez, não tive que fazer nenhuma frenagem emergencial. Foi tudo absolutamente tranqüilo.
– Não há aventura alguma em cruzar a cordilheira pela Estrada do Pacífico. Com o atual estágio das obras, ainda que chova muito, é possível fazer o caminho sem qualquer risco ou imprevisto. Cruzar a cordilheira por esse caminho impressiona pela altitude, pela floresta e pela imensidão das montanhas. Mas pode ser feito por qualquer pessoa sem experiência, desde que respeite os efeitos da altitude e esteja preparado para as variações climáticas intensas.
– Hoje só passa frio ou calor sobre moto quem quer. A tecnologia dos tecidos garante proteção climática sob qualquer situação. Essa história de quase morrer congelado pilotando nos Andes é coisa do passado, quando se usava couro (coitadas das minhas jaquetas de couro esquecidas nos maleiros, que me esfriavam no inverno e esquentavam no verão), ou de quem está muito sem informação sobre os novos materiais disponíveis. Melhor visitar uma boa loja de roupas para motociclismo. Melhor esquecer também a velha relação custo x benefício. Compre o melhor equipamento sem olhar o custo, mas compre só uma vez. É mais barato e inteligente.
– A viagem foi marcada apenas por duas tristezas. A primeira foi ver as centenas de tatus e tamanduás atropelados nas estradas, em especial no Mato Grosso. É uma quantidade muito grande mesmo. A segunda foi ter ido e voltado até um dos pontos mais distantes do Brasil sem ter sido parado para fiscalização policial nenhuma vez. Se não fosse pela aduana peruana, eu não teria nem tirado o documento da moto da carteira. As porteiras estão abertas para veículos roubados, sem documentação e sem condições de circulação. Em apenas um posto policial havia um profissional em pé na estrada verificando os veículos que passavam.
– A moto se comportou maravilhosamente bem. As suspensões, o conforto e a imensa autonomia se destacaram em todo o trajeto. Passando pelas ruas de calçamento de pedra ao chegar em casa, ela continuava sem nenhum grilo, nhec nhec ou tic tic, demonstrando a sólida construção e a robustez da fixação dos bauletos de aluminio. A única intervenção que fiz foi reduzir um pouco a pressão dos pneus em Cusco, pois fui com a pressão indicada no manual para experimentar as recorrentes recomendações de amigos. Na volta, fiz o que sempre gostei: 10 a 15% abaixo da pressão recomendada pelo fabricante. Ficou muito melhor.
– A Estrada do Pacífico poderá ser um divisor de águas para vários estados brasileiros e, em especial, para a integração do Peru à sua rica região amazônica. Mas não sei se será um caminho sempre transitável, pois pelos monstruosos desmoronamentos que vi, qualquer deslizamento de terra sobre a rodovia demorará meses para ser removido.
– A viagem a Machu Picchu pela Interoceânica certamente se transformará no curto prazo em um roteiro muito demandado pelos mototuristas e tem tudo para agradar os viajantes, exceto pela completa falta de higiene nas cidades peruanas da Amazônia. Contudo, dadas as longas distâncias a serem enfrentadas no Brasil, imagino que muitos irão enviar suas motos diretamente para Rio Branco, em especial os motociclistas das regiões Sul e Sudeste.
Muitos motociclistas brasileiros parecem ter complexo de vira-lata e só valorizam as viagens feitas para os países vizinhos, em especial Uruguai, Argentina, Chile e Peru. A Bolívia tem entrado no rol dos roteiros mais freqüentes, mas ainda não ocupa posição de destaque, apesar da sua incrível beleza. Normalmente conta-se como todo orgulho e com ar de aventura as viagens feitas nos outros países, ficando as domésticas sempre preteridas, apesar da infinidade de roteiros excelentes que temos no Brasil. Parece que a cordilheira e os desertos são os únicos atrativos para os motociclistas. Infeliz o motociclista que não sabe apreciar ou não se anima a conhecer as belezas do nosso país. E nessas belezas, temos que inserir Mato Grosso e Rondônia. As distâncias são longas; isso é inegável. Mas Ushuaia também não fica logo ali na esquina. Há que se ter amor pelo ato de pilotar uma moto e muita perseverança para chegar até o Acre. Se a sua primeira experiência em duas rodas foi em uma Caloi Cecizinha rosa ou se moto é para você apenas um objeto para mostrar aos outros como você é radical e jovem, então é melhor realmente despachá-la para o Acre. Mas se você tem três bagos e é discípulo do Genghis Khan, chegar até lá será um belíssimo desafio, tanto pelo desafio em si quanto pela beleza de todo o trajeto. Não tem muito tempo para a viagem? Mostre como você é corajoso, acesse o site de uma agência de turismo e compre um pacote “Machu Picchu Aventura”. Tem medo de pilotar pelas estradas do Brasil? Então seja um arrojado piloto de Corolla na ‘ameaçadora’ rodovia Dom Pedro I. Mas tenha a hombridade para contar para os seus filhos e netos que você não foi ao Peru de moto; apenas deu uma voltinha de moto por lá.Se apesar de toda sorte de razões para não fazê-lo, você ainda pretende iniciar a sua viagem por Rio Branco, trabalhe com a opção de comprar uma XRE 300 ou uma Lander 250 na capital do Acre, faça a viagem com ela e, no retorno, deixe-a para vender na mesma loja onde comprou. Ou negocie previamente com o lojista o deságio para que ele fique com a sua moto. Essas motos são mais que suficientes para te acompanhar pelo passeio. Contudo, se você escolheu viajar sobre uma moto é porque Deus te deu a sensibilidade para curtir a faixa amarela passando pelo ouvido esquerdo. Assim, não invente desculpas e não deixe de conhecer melhor uma rica parte do nosso país. De quebra, ainda aprecie um belo cenário na cordilheira e curta uma inegável demonstração da sofisticada engenharia inca.
Corra seus riscos, mas viva seus sonhos. E boa viagem!
Marcelo Resende – BH/MG ,professor da PUC de Belo Horizonte, mas acima de tudo, uma dedicação ao motociclismo. e:mail : m.res@terra.com.br
Agradecimentos ao Eduardo Wermelinger, do excelente site Rotaway , que gentilmente autorizou o reblog deste texto. Vc também pode acompanhar a aventura de Wermelinger na África, acessando o Rotaway.