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Mito da Internet: julho de 2016, o mês de 5 sextas 5 sábados e 5 domingos que só acontece a cada 823 anos

Um post que que circula na Internet diz que agora em julho de 2016 acontecerá um raríssimo fato : o mês terá 5 sextas-feiras, 5 sábados e 5 domingos.

Segundo a mensagem, meses com esses três dias repetidos cinco vezes só acontecem a cada 823 anos. Como a maioria das pessoas prefere acreditar nos mitos, boatos e crendices pouca gente se dá ao trabalho de conferir os dados e informações.

O “fenômeno” ocorre, em média mais ou menos a cada dois anos. É fácil entender por que. Todos os meses de 31 dias têm três dias que aparecem 5 vezes. Claro, porque os dias da semana se repetem a cada 28 dias e o mês tem 31 dias. A diferença de 3 dias entre uma contagem e outra explica a repetição. O início do mês está em permanente rodízio, isso é, cada mês (em regra) começa num dia da semana diferente. Assim, sempre chegará o dia primeiro cairá numa sexta-feira. Sempre que isso acontecer num mês de 31 dias, teremos 5 sextas, 5 sábados, 5 domingos.

Então, o mês de julho terá este ano (2016) 5 sextas-feiras, 5 sábados e 5 domingos (o que é verdade), que este é um evento que acontece apenas uma vez a cada 823 anos (o que é falso) e que este é um fenômeno que de alguma forma é especial (altamente duvidoso). E tal como nas mensagens clássicas, o internauta é incitado a continuar a corrente com uma mistura de aliciamento (dinheiro) e temor (castigo).

De fato, o apelo à superstição parece marcar presença em muitas destas mensagens, geralmente referências de sorte e azar ou, neste caso específico, o Feng Shui.

Seja por superstição ou falta de atenção, a verdade é que esta mensagem vai continuar a circular e muito provavelmente ressurgir para o ano que vem com um mês alternativo, sendo até possível prever quais são os potenciais candidatos – os meses com 31 dias:

com os sites astropt.org e fernandocabral.blogspot.com.br

“A Internet pode tomar o lugar do mau jornalismo” (entrevista com Umberto Eco)

Do El País

Umberto Eco tem na entrada de sua casa em Milão, antes de sua montanha de livros, o jornal de seu povoado (Alessandria, no Piemonte), que recebe diariamente. Quando pedimos fotos de sua juventude foi a um computador, que é o centro borgiano de seu Aleph particular, seu escritório, e encontrou as fotos que o levam ao princípio de sua vida, quando era um bebê de fraldas. Faz tudo com eficiência e bom humor, e rapidamente; tem na boca, quase sempre, um charuto apagado com o qual, com certeza, foge do charuto. Tem uma inteligência direta, não foge de nada, nem dá voltas. Acostumado a escolher as palavras, as diz como se viessem de um exercício intelectual que tem seu reflexo nos corredores superlotados dessa casa que se parece com o paraíso dos livros.
Está com 83 anos; emagreceu, pois faz uma dieta que o afastou do uísque (com o qual almoçava algumas vezes) e de outros excessos, de forma que mostra a barriga achatada como uma glória conquistada em uma batalha sem sangue. É um dos grandes filólogos do mundo; desde muito jovem ganhou notoriedade como tal, mas um dia quis demonstrar que o movimento narrativo se demonstra andando e publicou, com um sucesso planetário, o romance O Nome da Rosa(1980), cujo mistério, cultura e ironia impressionaram o mundo.
Passeamos junto com o escritor. Física e metaforicamente. Percorremos juntos a imponente biblioteca de sua casa em Milão, onde também repousam alguns de seus livros de maior sucesso, como O Pêndulo de Foucault e Apocalípticos e Integrados. Nas mesmas prateleiras também está seu novo romance, Número Zero, uma ficção sobre jornalismo inspirada na realidade. Um olhar sobre a informação no século XXI e a Internet, campo de batalha das ideias, das notícias e das mentiras. Controlar a verdade do que aparece na rede é, para Eco, imprescindível. Uma tarefa à qual deveriam se dedicar os jornais tradicionais, para que esses continuem sendo, no futuro, garantidores da democracia, da liberdade e da pluralidade.
Com esse sucesso que teria envaidecido qualquer um, não parou de trabalhar, como filósofo e romancista, e desde então o professor Eco é também o romancista Eco; agora aparece (em vários países do mundo) com um novo romance que nasce do centro de seus próprios interesses como cidadão: ele se sente um jornalista cujo compromisso civil o levou durante décadas a fazer autocrítica do ofício; seu romance Número Zero (cujos direitos no Brasil foram comprados pela Record, que deve lançá-lo neste ano) retrata um editor que monta um jornal que não sairá às ruas, mas cuja existência serve ao magnata para intimidar e chantagear seus adversários. Pode se pensar legitimamente que nesse editor está a metáfora de Berlusconi, o grande magnata dos meios de comunicação na Itália?, perguntei a Eco. O professor disse: “Se quiser ver em Vimecarte um Berlusconi, vá em frente, mas há muitos Vimecarte na Itália”.
Alessandria, 1932. Nasceu no Piemonte, na Itália, onde foi educado pelos salesianos. Em 1954 se formou doutor em Filosofia e Letras na Universidade de Turim, onde também foi professor, além de lecionar nas Universidades de Florença, Milão e Bologna. Beirando os 50 anos, Umberto Eco obteve um de seus maiores sucessos literários com seu romance O Nome da Rosa, traduzido para vários idiomas e levado ao cinema. Ao longo de sua trajetória, conquistou inúmeras premiações, como o Prêmio Príncipe de Astúrias de Comunicação e Humanidades no ano 2000. Também é cavaleiro da Grande Cruz da Ordem ao Mérito da República Italiana e cavaleiro da Legião de Honra francesa.

Pergunta. Um romance sobre o jornalismo. Por quê?
Resposta. Escrevo críticas do ofício desde os anos 1960, além de ter na carteira o registro de jornalista. Tive um bom debate polêmico com Piero Ottone sobre a diferença entre notícia e comentário. Escrever sobre certo tipo de jornalismo era uma ideia que me passava pela cabeça desde sempre. Há leitores que encontraram em Número Zero o eco de muitos artigos meus, cuja substância utilizei porque já se sabe que as pessoas esquecem amanhã o que leram hoje. De fato, alguns me elogiaram. Por exemplo, há quem aplaudiu o que escrevo sobre o desmentido na imprensa, e já escrevi o mesmo sobre isso há 15 anos! De forma que abordei o tema porque o carrego comigo. Até o princípio do livro é muito meu, porque esse episódio em que a água não sai da torneira era também o princípio deO Pêndulo de Foucault. Para aquele alguém me disse que não era uma boa metáfora, e tirei; mas, paraNúmero Zero, gostei dessa ideia, a água que fica presa na torneira e não sai, e você espera que saia pelo menos uma gota. Gostei dessa ideia, fui ao porão, encontrei aquele primeiro manuscrito e voltei a usar. Tudo é assim: na discussão que há com Bragadoccio [um jornalista fundamental na trama de Número Zero] sobre qual carro comprar, o que escrevo é uma lista que fiz nos anos 1990 quando eu mesmo não sabia qual automóvel queria…

P. O romance está cheio de referências ao cinismo do editor que cria um jornal para extorquir…
R. Tinha em mente um personagem da história da Itália, Pecorelli, um senhor que fazia uma espécie de boletim de agência de notícias que jamais chegava às bancas. Mas suas notícias acabavam na mesa de um ministro, e se transformavam, em seguida, em chantagem. Até que um dia foi assassinado. Disseram que foi por ordem de Andreotti, ou de outros… Era um jornalista que fazia chantagens e não precisava chegar às bancas: bastava que ameaçasse difundir uma notícia que poderia ser grave para os interesses de outro… Ao escrever o livro pensava nesse jornalismo que sempre existiu, e que na Itália recebeu recentemente o nome de “máquina de lama”.

P. No que consiste?
R. Em que para deslegitimar o adversário não é necessário acusá-lo de matar sua avó ou de ser um pedófilo: é suficiente difundir uma suspeita sobre suas atitudes cotidianas. No romance aparece um magistrado (que existiu de verdade) sobre quem se lança suspeitas, mas não se desqualifica diretamente, se diz simplesmente que é extravagante, que usa meias coloridas… É um fato verdadeiro, consequência da máquina de lama.

P. O editor, o diretor do jornal que não chega a sair, diz por meio de seu testa-de-ferro: “É que a notícia não existe, o jornalista é que cria”.
R. Sim, naturalmente. Meu romance não é apenas um ato de pessimismo sobre o jornalismo da lama; acaba com um programa da BBC, que é um exemplo de fazer bem feito. Porque existe jornalismoe jornalismo. O impressionante é que quando se fala do mau, todos os jornais tratam de fazer acreditar que se está falando de outros… Muitos jornais se reconheceram em Número Zero, mas agiram como se estivessem falando de outro.

P. O jornalista, em particular, está retratado também como um paranoico em busca de histórias custe o que custar, e fica babando quando acha ter encontrado…
R. Acontece quando Bragadoccio encontra a autópsia de Mussolini… Sempre disse, também quando escrevia romances históricos, que a realidade é mais fantástica que a ficção. Em A Ilha do Dia Anteriordescrevo um personagem fazendo um estranho experimento para descobrir as longitudes; é muito engraçado, e as pessoas disseram: “Olha que bonita a invenção do Eco”. Pois era de Galileu, que também tinha ideias loucas de vez em quando e havia inventado essa máquina para vender aos holandeses. Se mergulhar na história pode encontrar episódios mais dramáticos, mais cômicos, e também mais verdadeiros do que os que qualquer romancista pode inventar. Por exemplo, enquanto buscava material para Número Zero, encontrei a autópsia inteira de Mussolini. Nenhum narrador de pesadelos e horrores jamais conseguiu imaginar uma história como essa, e é verdadeira. E a passei para o personagem Bragadoccio, jornalista investigativo, que babava enquanto a utilizava para sua crônica sobre conspiração que inventou.

P. E o senhor não a inventou, claro.
R. Está na Internet, é assim. Então é muito fácil imaginar que um personagem tão paranoico e tão obsessivo como esse jornalista comece a desfrutar tanto da autópsia como das caveiras que encontra na igreja de Milão por onde passa sua história. Também nesse caso da igreja tudo é verdadeiro: tentei desenhar uma Milão secreta, com essas ruas, essas igrejas, que abrigam realidades que pareceriam fantasias…

P. Agora a realidade e a fantasia têm um terceiro aliado, a Internet, que mudou por completo o jornalismo.
R. A Internet pode ter tomado o lugar do mau jornalismo… Se você sabe que está lendo um jornal como EL PAÍS, La Repubblica, Il Corriere della Sera…, pode pensar que existe um certo controle da notícia e confia. Por outro lado, se você lê um jornal como aqueles vespertinos ingleses, sensacionalistas, não confia. Com a Internet acontece o contrário: confia em tudo porque não sabe diferenciar a fonte credenciada da disparatada. Basta pensar no sucesso que faz na Internet qualquer página web que fale de complôs ou que invente histórias absurdas: tem um acompanhamento incrível, de internautas e de pessoas importantes que as levam a sério.

P. Atualmente é difícil pensar no mundo do jornalismo que era protagonizado, aqui na Itália, por pessoas como Piero Ottone e Indro Montanelli…
R. Mas a crise do jornalismo no mundo começou nos anos 1950 e 1960, bem quando chegou a televisão, antes que eles desaparecessem! Até então o jornal te contava o que acontecia na tarde anterior, por isso muitos eram chamados jornais da tarde: Corriere della Sera, Le Soir, La Tarde,Evening Standard… Desde a invenção da televisão, o jornal te diz pela manhã o que você já sabe. E agora é a mesma coisa. O que um jornal deve fazer?

P. Diga o senhor.
R. Tem que se transformar em um semanário. Porque um semanário tem tempo, são sete dias para construir suas reportagens. Se você lê a Time ou a Newsweek vê que várias pessoas contribuíram para uma história concreta, que trabalharam nela semanas ou meses, enquanto que em um jornal tudo é feito da noite para o dia. Um jornal que em 1944 tinha quatro páginas hoje tem 64, então tem que preencher obsessivamente com notícias repetidas, cai na fofoca, não consegue evitar… A crise do jornalismo, então, começou há quase cinquenta anos e é um problema muito grave e importante.

P. Por que é tão grave?
R. Porque é verdade que, como dizia Hegel, a leitura dos jornais é a oração matinal do homem moderno. E eu não consigo tomar meu café da manhã se não folheio o jornal; mas é um ritual quase afetivo e religioso, porque folheio olhando os títulos, e por eles me dou conta de que quase tudo já sabia na noite anterior. No máximo, leio um editorial ou um artigo de opinião. Essa é a crise do jornalismo contemporâneo. E disso não sai!

P. Acredita de verdade que não?
R. O jornalismo poderia ter outra função. Estou pensando em alguém que faça uma crítica cotidiana da Internet, e é algo que acontece pouquíssimo. Um jornalismo que me diga: “Olha o que tem na Internet, olha que coisas falsas estão dizendo, reaja a isso, eu te mostro”. E isso pode ser feito tranquilamente. No entanto, ainda pensam que o jornal é feito para que seja lido por alguns velhos senhores –já que os jovens não leem— que ainda não usam a Internet. Teria que se fazer um jornal que não se torne apenas a crítica da realidade cotidiana, mas também a crítica da realidade virtual. Esse é um futuro possível para um bom jornalismo.

P. Em seu romance, um editor concebe um jornal que não vai sair às ruas, para dar medo. É uma metáfora do que acontece?
R. E não só isso. Em Número Zero aprofundo a técnica do dossiê. A chantagem consiste em anunciar uma documentação, um informe. A pasta pode estar vazia, mas a ameaça de que existe basta: cada um de nós tem um cadáver no armário ou pelo menos recebeu uma multa por excesso de velocidade há 30 anos. A ameaça da existência de um dossiê é fundamental. A técnica da documentação é como a técnica do segredo. Filósofos ilustres, como Simmel e outros, disseram que o segredo mais poderoso é o segredo vazio. É uma técnica infantil: o menino diz (enganando): “Eu sei uma coisa que você não sabe!”. Dizer que sabe uma coisa que o outro não sabe é uma ameaça. Muitos segredos são vazios, e por isso são muito mais poderosos. Depois você vê os verdadeiros documentos, e são apenas recortes de imprensa. São vendidos a um Governo e aos serviços secretos, ou para a polícia, e são dossiês vazios, cheios de coisas que todos sabiam, menos os serviços secretos.

P. Número Zero é um romance de ficção, mas tudo pode ser visto na realidade…
R. É do jornalismo real que eu falo. Os jornais especializados na máquina de lama existem. Nem todos os jornais usam essa máquina, mas existem os que a utilizam, e por uma modesta soma de dinheiro eu poderia te dar os nomes…

P. E como sair da lama?
R. Dando notícias credenciadas. O que é maquina de lama? Normalmente é utilizada para deslegitimar o adversário e desacreditá-lo sobre questões particulares. Quero dizer que, na época áurea, se você não gostava de um presidente dos Estados Unidos, já aconteceu com Lincoln e Kennedy, o matava; era, por assim dizer, um procedimento honesto, como se faz na guerra… Por outro lado, com Nixon e Clinton se produziu uma deslegitimação com base em questões particulares. Um incitava a roubar papéis, o outro fazia coisas com uma estagiária… Essa é a maquina de lama. Poderiam ter dito, algo que não aconteceu nos Estados Unidos, que Kennedy dormia com Marilyn Monroe; a máquina de lama teria feito isso… Aquele juiz de Rimini do meu livro (que existiu realmente, em outra cidade) foi colocado na máquina de lama: usava meias extravagantes, fumava demais. Na verdade, havia emitido uma sentença que naquele momento não tinha agradado Berlusconi. E o que o maquinário do ex-primeiro-ministro fez foi buscar desacreditar sua reputação por meio de episódios menores. Pode se deslegitimar Netanyahu pelo que faz com a Palestina. Mas acusá-lo, por exemplo, de pedófilo, então já não estará trabalhando com fatos, mas estará colocando em funcionamento a máquina de lama.

P. Contra a máquina de lama…
R. As provas, as notícias rebatidas. Para a máquina de lama é suficiente difundir uma sombra de suspeita ou trabalhar sobre uma fofoca menor. No fim, na Itália, Berlusconi foi colocado contra as cordas contando o que ele fazia à noite em sua casa. Podiam dizer dele, e disseram, coisas muito mais graves, sobre seus conflitos de interesse, por exemplo. Mas isso deixava o público indiferente. E quando se provou que ele estava com uma menor de idade, então se viu em dificuldades. Como você pode ver, até defendo o Berlusconi! Ele foi vencido a partir de revelações sobre sua vida pessoal mais do que por notícias sobre fatos verdadeiros e outras coisas pelas quais é responsável.

P. O senhor cita em seu livro a Operação Gládio em relação a fatos que ocorreram após a Segunda Guerra Mundial… Entram aí até as suspeitas sobre a autoria da matança dos advogados de Atocha… Aquela sombra da extrema direita agora volta ao mundo com os atentados islâmicos. Um mundo sombrio outra vez. Qual a sua opinião desse momento outra vez sangrento, protagonizado dessa vez pelos terroristas jihadistas.
R. É como o nazismo: pensava em restabelecer a dignidade do povo alemão matando todos os judeus. De onde nasce o nazismo? De uma profunda frustração. Tinham perdido uma guerra, e é nos momentos de grandes crises que o cacique de um povo pode congregar a opinião pública em torno do ódio contra um inimigo. Acontece agora com o mundo muçulmano: três séculos de frustração, após o império otomano, após o imperialismo, surge essa frustração em forma de ódio e fanatismo…

P. E como se luta contra isso?
R. Não sei. Estava muito claro como se podia lutar contra o fanatismo nazista, porque os nacional-socialistas estavam em um território identificável. Aqui a coisa é mais complexa.

P. Tem medo?
R. Não por mim, por meus netos.

P. O senhor escreveu um livro em que um jornal da lama faz batalhas sujas sem sair às ruas… Cogita que um dia não haja jornais?
R. É um risco muito grave, porque, depois de tudo que disse de mau sobre o jornalismo, a existência da imprensa ainda é uma garantia de democracia, de liberdade, porque especialmente a pluralidade dos jornais exerce uma função de controle. Mas, para não morrer, o jornal tem que saber mudar e se adaptar. Não pode se limitar apenas a falar do mundo, uma vez que disso a televisão já fala. Já disse: tem que opinar muito mais sobre o mundo virtual. Um jornal que soubesse analisar e criticar o que aparece na Internet hoje teria uma função, e até um rapaz ou uma moça jovem leriam para entender se o que encontraram online é verdadeiro ou falso. Por outro lado, acho que o jornal ainda funciona como se a Internet não existisse. Se olhar o jornal de hoje, no máximo encontrará uma ou duas notícias que falam da Internet. É como se as rotativas nunca se ocupassem de sua maior adversária!

P. É adversária?
R. Sim. Porque pode matá-la.

Com Sul 21

Aécio repreende líder comunista no Senado (via Prof. Hariovaldo Almeida Prado)

Visivelmente amedrontado por Aécio, Lindberg mal consegue se expressar na defesa da censura internética

Num triste dia para o país, onde a internet caiu sob as garras petista, um herói lavou a honra da nação, o grande Aécio Neves, que, atuando já como líder do país encabeçou a resistência democrática contra a sanha comunista do Palácio do Planalto, que jogando sujo logrou êxito em aprovar na Câmara Alta a censura das veias digitais abertas da América Latina.

Aécio enfrentou as hostes satânicas e lutou até o final contra o maldito projeto governista, uma verdadeira ameaça à livre empresa e ao capitalismo cibernético brasileiro. Perdemos a primeira batalha, mas não a guerra, e certamente entre seus primeiros atos como presidente efetivo do Brasil, não só de fato, será revogar essa Lei maldita que deitou as trevas sobre nós.

Muitos internautas já começaram a notar a piora na velocidade de suas conexões deste a votação de ontem, várias pessoas já relataram que ao verificarem seus emails eles já estavam abertos e lidos, outros afirmam que seus comentários no Semanário dos Homens Bons foram adulterados pró-governo, quer dizer, bem vindos à Internet da Coreia do Norte no Brasil. Aécio é nossa única esperança de reverter essa situação.

Aécio é 45.

via Prof. Hariovaldo

Governo tenta espalhar o comunismo também na internet (via Prof. Hariovaldo)

O governo comunista de Dilma, que não poupa esforços em ampliar cada vez mais o bolchevismo sobre corações e mentes, antevendo a possibilidade certa de que nas próximas eleições Aécio deixará todos os adversários comendo pó ainda no primeiro turno, conforme preveem todas as pesquisa do CMAPP – Centro Munchausen de Análises e Pesquisas Políticas -, resolveu jogar duro e fincar pé na manutenção da tal “Neutralidade da Rede” no Marco Civil da Internet, projeto que estabelece direitos e deveres para usuários e provedores da rede mundial de computadores no Brazil.

Mas o que seria esta “Neutralidade da Rede”? Ora caros e caras, vindo dos petralhas, só poderia ser comunismo puro destilado e envelhecido em barris de carvalho.

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Acordo entre Eletrosul e Telebrás pode melhorar internet em Porto Velho

Nesta quinta-feira (15), a Eletrosul e a Telebras assinaram no Ministério das Comunicações, em Brasília, acordo técnico-operacional e comercial para expansão de infraestrutura de telecomunicações e acelerar a implantação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL) nos estados do Sul e no Mato Grosso do Sul, cujas redes também atenderão a Copa do Mundo de 2014. 

Pelo acordo, a Eletrosul entrará com sua infraestrutura de telecomunicações e sua experiência em manutenção e operação de sistemas de telecomunicações, enquanto a Telebras exercerá seu conhecimento na comercialização dos serviços e no relacionamento com os diversos agentes do mercado. A parceria vai aumentar para 400 gigabits por segundo (Gbps) a capacidade do sistema de comunicação óptica de alta velocidade (DWDM) da Eletrosul, que atualmente possui 80 Gbps.

A rede própria da Eletrosul – backbone – a ser contemplada pelo acordo vai utilizar o sistema DWDM implantado em fibra óptica nos cabos OPGW (para-raios nas linhas de transmissão), ADSS (cabo óptico auto-sustentado) e dielétricos ao longo de 4,5 mil quilômetros, distribuídos por Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, no município de Porto Velho, em Rondônia, e em algumas regiões de São Paulo.
A capilaridade de fibra óptica da Eletrosul, que atende a telecomunicação de suas unidades operacionais, atinge 10,2 mil quilômetros. Desse total, 3,5 mil quilômetros integram seu backbone, e outros 6,7 mil quilômetros correspondem a contratos de compartilhamento de fibras (swap) com outras empresas.

A arte crítica e polêmica de Billy The Butcher (via Cult Pop Show)

O debate entre líderes religiosos controversos, como Bolsonaro e Feliciano, e militantes que lutam pela deposição dos mesmos da Comissão de Direitos Humanos, tem sido um dos principais temas nas redes sociais e noticiários brasileiros nas três últimas semanas. Além disso, o crescimento da religião evangélica no país tem sido acelerado, configurando cerca de 22,2% da população brasileira. Os “bispos” Edir Macedo, dono de um dos maiores polos de entretenimento do Brasil e milhares de igrejas espalhadas pelo mundo, e Valdemiro Santiago, ex-protegido de Macedo e operador de milagres inexplicáveis, ocupam os primeiros lugares da lista da Forbes com US$ 950 milhões e US$ 220 milhões, respectivamente. Ao lado de outros, são protagonistas de escândalos envolvendo desvios de dinheiro, manipulação de informação, propaganda enganosa, etc

Basta dar uma rápida olhada na obra de Butcher Billy para afirmar que ele adora a arte protesto. Outro exemplo disso é a coleção The Legion of Real Life Supervillains, a qual transforma ditadores, assassinos ou mercenários em supervilões dos quadrinhos, e todos com um significado. Adolf Hitler é GalactusOsama Bin Laden é o Duende Verde, o assassino Charles Manson é O Coringa, entre outros.

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Escuela Internacional de Cine e TV de Cuba : última semana de inscrições

As inscrições para o processo seletivo do curso regular 2012 / 2015 da EICTV se encerram no dia 10 de março. As provas serão aplicadas nos dias 16 e 17 de março, em cinco cidades: Belo Horizonte / MG, Recife / PE, Florianópolis / SC, Goiânia / GO Belém / PA.   O curso tem duração de 3 anos. O início está previsto para setembro de 2012 e término em julho de 2015.

Os candidatos devem ter entre 22 e 29 anos (nascidos entre 1982 e 1990) e preencher e enviar por e-mail a ficha de inscrição indicando o local onde fará os exames.

No dia da prova, deverá apresentar seu currículo impresso, carta de motivação, autorretrato em qualquer suporte, técnica ou formato e um arquivo pessoal (portfólio) com materiais em cine, vídeo, foto fixa, música, artes gráficas, literatura, teatro, imprensa, e outros, em cuja elaboração haja participado ou desempenhado um papel significativo e criativo, além de pagar uma taxa de 50 reais.

Cada candidato responderá a 2 provas escritas, no dia 16 de março: uma de conhecimentos gerais e uma correspondente à especialização que escolheu. Serão oferecidas oito especializações – DireçãoProduçãoRoteiro,FotografiaSomDocumentárioEdição e (especialidade nova) TV e Novas Mídias. Os candidatos aprovados nas provas escritas passarão por entrevista oral no dia seguinte (17 de março).

As informações completas e fichas de inscrição estão disponiveis na internet através dos sites da Associação Curta Minas / ABD-MG (www.curtaminas.com.br), da Fundação Joaquim Nabuco / PE (www.fundaj.gov.br), da AGEPEL / GO (www.agepel.go.gov.br), do SINTRACINE / SC (www. sintracine.org), do Instituto de Artes do Pará (www.iap.alcantara.net.br) e pelo blog www.eictvpara.blogspot.com

Após o preenchimento, a ficha de inscrição deve ser enviada por e-mail para eictvbrasil@gmail.com.

Coordenação Seleção EICTV 2011 – Brasil . contatar o Guigo Pádua (eictvbrasil@gmail.com) ou pelo fone (31) 9635-1026 .

Idec alerta : projeto de lei ameaça liberdade de internautas

O projeto de lei 84/99, que tramita em caráter de urgência, limitará significativamente a liberdade dos consumidores na internet, além de ameaçar sua privacidade, alertou o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor). O instituto entende que a proposta, conhecida como PL Azeredo, vai limitar a privacidade dos cidadãos, uma vez que instaura o monitoramento integral de suas ações na rede. A medida vai também permitir que os provedores de internet coletem e guardem os dados pessoais sem regulação prévia. O projeto de lei, que ficou conhecido como ‘AI-5 da internet’, fazendo referência ao ato que restringiu direitos civis na época da ditadura militar, mostra-se polêmico, sobretudo, por limitar a disseminação de informações na rede.Resumidamente, o Idec observa que as punições para crimes cometidos na rede acabam esbarrando em ações cotidianas dos consumidores, como o compartilhamento de conteúdos, a transferência de músicas já compradas de um CD para um computador ou outros dispositivos eletrônicos e o desbloqueio de aparelhos celulares. A preocupação do instituto  aumenta na medida em que a possível aprovação do projeto se aproxima. Como tramita em caráter de urgência, pode ser votado assim que a Câmara voltar do recesso parlamentar. O Idec reivindica que o projeto seja colocado na Comissão de Direitos do Consumidor, permitindo tanto o debate aberto quanto a revisão da proposta, antes que ela seja colocada em votação. Adicionalmente, o instituto observa que, antes da aprovação de qualquer projeto sobre crimes na internet, é preciso antes criar um marco civil sobre o tema. “O PL prevê que os provedores de internet, que já retêm as informações sobre os históricos de navegação dos consumidores na rede, ganhem poder de polícia e passem a monitorar os usuários”, afirma o advogado do Idec, Guilherme Varella.

via Infomoney

Começa a ser dado um importante passo para a comunicação digital (via Somos andando)

Começa a ser dado um importante passo para a comunicação digital Hoje uma pessoa que faça comunicação digital e não tenha um faturamento anual suficientemente grande para transformar sua atividade em uma microempresa não tem alternativas de formalização para que possa obter uma renda com seu trabalho. Mas as notícias são boas.  … Read More via Somos andando

Imprensa inconsequente contribui para trazer o AI5 Digital de volta (via Somos andando)

Imprensa inconsequente contribui para trazer o AI5 Digital de volta A “maior onda de ataques a sites do governo”, segundo os que entendem do metiê, não passou de um ataque primário, cujo único resultado poderia ser tirar os sites do ar, sem qualquer tipo de acesso a informações ou prejuízos maiores ao governo. Pois estes ataques estão agora sendo usados como justificativa para retomar um projeto de lei extremamente nocivo, que criminaliza usuários de internet, tira-lhes sua privacidade, instaura o vigilantismo… Read More via Somos andando

Mayara Petruso no Twitter : MPF investiga denúncia de racismo. Pai diz que “tem raiva de quem tem preconceito”. Irmão divulga carta e pede compreensão. A xenofobia da paulicéia mina os alicerces da República

Perfeito seria se não houvesse xenofobia, homofobia e preconceito racial. Mas eu já me contentaria se ao menos os estudantes universitários de classe média — que supostamente representam 4% da elite intelectual do país, culta e esclarecida — não fossem os responsáveis por difundir essa forma de preconceito. Mayara já apagou suas contas no Twitter e Facebook, mas o registro fica aqui, pra que ela não esqueça do dia em que, ao invés de se desculparpelas besteiras que disse, optou por se esconder e fingir que nada aconteceu.

UPDATE

E ainda tem gente que apoia os comentários da Mayara e aproveita pra chamar os nordestinos de ladrões, assassinos e estupradores.

A OAB de Pernambuco entrou nesta quarta-feira(3) com uma notícia-crime no Ministério Público Federal em São Paulo contra a estudante de direito Mayara Petruso, que chocou o Brasil com mensagens racistas postadas no Twitter logo após a eleição de Dilma Rousseff no domingo. Vários usuários se manifestaram de forma ofensiva aos nordestinos, mas, segundo a asessoria de imprensa da OAB-PE, a ação será concentrada em Mayara “porque foi ela quem começou”. Dentre vários posts ofensivos, Mayara escreveu: “‘Nordestisto’ não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado” (sic). Caberá ao Ministério Público Federal investigar o caso, e decidir se Mayara é passível de punição. A garota será alvo de duas ações: uma por racismo e outra por “incitação pública ao ato delituoso”. A primeira estipula pena de 2 a 5 anos de detenção, e a segunda, de 3 a 6 meses de reclusão ou multa. O crime de racismo é imprescritível e inafiançável. O escritório de advocacia Peixoto e Cury Advogados, em São Paulo, onde Mayara era estagiária, divulgou nota nesta quarta-feira lamentando a postura da estudante. Ela já não trabalha mais no escritório. “Com muito pesar e indignação, (o Peixoto e Cury Advogados) lamenta a infeliz opinião pessoal emitida, em rede social, pela mesma, da qual apenas tomou conhecimento pela mídia e que veemente é contrário, deixando, assim, ao crivo das autoridades competentes as providências cabíveis”, diz o escritório, em nota divulgada à imprensa. Não é a primeira ação na Justiça que apura crimes de xenofobia contra nordestinos praticados na internet. O Ministério Público Federal investiga denúncias de racismo por parte de membros de uma comunidade no Orkut chamada “Eu odeio nordestinos”. O tumblr Xenofobia Não reúne uma série de “print screens” de ofensas de usuários a nordestinos no Twitter, como “Só Hitler acaba com a raça dos petistas, construindo câmara de gás no Nordeste e matando geral” . O objetivo da ação contra Mayara, segundo a OAB-PE, é acabar com a percepção que existe de que manifestações odiosas na internet acabam impunes.

Presidente da OAB/PE explica notícia crime contra Mayara Petruso

O repórter André Rossi entrevistou Henrique Mariano, presidente da OAB/PE, que encaminhou notícia crime contra a estudante de Direito Mayara Petruso, baseada no crime de racismo e incitação de homicídio.

Seguem trechos da entrevista:

“Encaminhamos uma notícia-crime perante o Ministério Público Federal do Estado de São Paulo para que essa pessoa responda penalmente pela prática dos crimes de racismo, previsto no artigo 20, caput e § 2º, da Lei 7.716, de 5 de janeiro de 1989, com reclusão de dois a cinco anos e multa, e também pela prática do crime de incitação pública a prática de crime, prevista no artigo 286 do Código Penal, com pena de três a seis meses ou multa.”“Ao postar aquelas declarações, ela expressamente sugere que se mate um nordestino afogado. Ela incitou o homicídio e incorreu a prática delituosa de racismo, que configura crime inafiançável.”“Hoje em dia, essas redes sociais se equiparam a veículos de comunicação, como de fato são. Postadas essas declarações, é como se elas fossem para um jornal, uma televisão. Essas práticas ofendem, caracterizam ódio e configuram crime de racismo contra toda a população nordestina.”“Pelo crime de racismo ela pode ser condenada a reclusão de dois a cinco anos, com multa. Pela prática de incitação pública a violência e homicídio ela pode ser condenada a detenção de três a seis meses, ou multada.”“Ela é acadêmica. Nós hoje pela manhã entramos com um pedido da seccional da OAB/SP para que seja verificada a condição de estagiária. A OAB pode instaurar um procedimento administrativo para apurar as infrações dela na condição de estagiária. Essa declaração dela contraria o respeito e a dignidade das pessoas. E, como futura profissional de Direito, quem tem obrigação legal de defender os direitos humanos, a justiça social, ela contraria também todos os princípios que embasam e norteiam a atividade jurídica no Brasil. O advogado tem o dever de defender a Constituição, a ordem jurídica, os direitos humanos e a defesa social. Ela contrariou todos esses princípios.”“Eu acho que não houve influência (da disputa eleitoral), porque não é a primeira vez que isso acontece contra o povo nordestino. Já houve várias declarações que feriram a honra dos nordestinos.””Neste caso, no ato da infração já houve a identificação dela, e já foi divulgado seu perfil. Nós do OAB/PE ainda não apresentamos notícia-crime contra os outros infratores porque eles ainda não foram identificados.”

Em reação ao racismo, internautas preparam Dia do Nordeste no Facebook

O onda de tweets racistas que proliferou nas redes sociais – especialmente no Twitter – depois dos resultados das eleiçõespresidenciais estimulou a criação do Dia do Nordeste do Facebook.

diadonordeste

A iniciativa é tratada como um evento da rede social – por meio de um recurso do Facebook, pessoas são convidadas a participar por meio de comentários e conversas.  O Dia do Nordeste está programado para ser realizado entre a zero de sábado (dia 6/11) e zero do domingo (7/11). A definição de uma data tem o efeito simbólico e funciona para mobilizar as pessoas para aquele dia específico. Afinal, hoje mesmo já é possível entrar e se manifestar. O objetivo é postar mensagens positivas (vídeos, comentários tc) relacionadas ao Nordeste e que destaquem questões culturais, por exemplo, conforme me explicou Mira Caetano, uma das organizadoras do Dia do Facebook no Nordeste. “Essa ideia surgiu de um sentimento de indignação muito grande que senti com os posts no Twitter. Não sou nordestina, sou paulista, mas vivi na Paraíba durante quatro anos e me senti profundamente atingida. Então pensei que poderíamos dar uma resposta criativa a essa ‘xenofobia’ reacionária ao Nordeste”, disse Mira, que é cientista social formada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Nesta sexta ja página contava com a confirmação de mais de 850 pessoas.

Deu na Folha On Line : ‘Se ela escreveu aquilo, vai ter que pagar’, diz pai de estudante acusada de racismo

“A gente acha que os tempos são modernos, mas ainda é como Roma. O pessoal mata e depois aplaude”, diz à Folha Antonino Petruso, pai da estudante Mayara Petruso, 21, investigada pelo Ministério Público Federal de São Paulo por suposto crime de racismo após mensagens anti-nordestinos postadas no Twitter.No domingo, após Dilma Rousseff (PT) ser anunciada vencedora das eleições, Mayara publicou no Twitter um pedido: que matassem os nordestinos afogados.Como vários usuários de redes sociais, a universitária responsabilizava o Nordeste pela vitória ,que  na verdade teria acontecido mesmo sem os votos da região. Dono do Supermercado do Papai, em Bragança Paulista (interior de São Paulo), onde mora, Antonino diz não ter um bom relacionamento com Mayara. Tampouco se dão bem, segundo Antonino, a estudante e as três irmãs dela. A garota é fruto de um relacionamento extraconjugal dele. Ele afirma que vai repensar se continua com os depósitos bancários mensais na conta da filha. A ajuda financeira, explicou, era voluntária, pois ela já é maior de idade. “Tenho raiva de quem faz preconceito, seja amarelo, branco, azul, pobre, rico. Se ela realmente escreveu aquilo, vai ter que pagar.” Ele também disse ter estranhado a posição da filha. A garota, segundo Antonino, é “carinhosa” e “adora bichos”. Estudante do sexto período, Mayara não tem ido às aulas. A faculdade onde estuda fica próxima ao apartamento onde mora sozinha, no bairro da Liberdade, no centro de São Paulo. A Folha esteve na casa apontada por familiares como sendo da mãe dela, em Bragança Paulista. A princípio, um homem atendeu e disse que a mulher poderia ser encontrada no salão de beleza vizinho ao endereço. Uma funcionária do estabelecimento, contudo, disse que não conhecia nem a mãe, nem a garota. Depois, voltou atrás e afirmou se tratar “de um caso delicado”. Disse que Mayara “vai falar quando tiver de falar”.

Suposta carta de Sérgio Petruso, irmão de Mayara: “Peço desculpas por minha irmã Mayara Petruso”

Gente, sou o Sérgio Petruso, autor desse blog, irmão da Mayara Petruso e quero esclarecer o seguinte: Não concordo com os textos que minha irmã publicou no twitter, discriminando pessoas do Nordeste, ainda mais que somos descendentes de nordestinos, nossos avós maternos são baianos. Sei que ela cometeu uma futilidade, um ato discriminatório, mas a Mayara não tinha sã consciência do que estava realmente provocando. Inclusive, o agora ex- namorado dela é um nordestino (paraibano) e terminou o namoro por causa da pressão que todos nós estamos sofrendo. Mas, compreendam, foi um arroubo da juventude e inexperiência de Mayara, e ela está arrependida e não tinha dimensão do ato provocado. Não tiro a razão da boa imprensa e do povo brasileiro por terem rechaçado as publicações dela, mas não vejo motivos para tanto alarde e para tanta discriminação com Mayara e com o povo de qualquer lugar. Muitos nordestinos e de outras regiões estão enviando textos com preconceitos contra a mulher que ela é, tecendo comentários também discriminatórios com os paulistas e agredindo famílias. Os sdela foram preconceituosos, porém ingênuos. Mas não é motivo para esse separatismo propagado nas reações e comentários de muitos. O que minha irmã precisa é de um orientação e, pasmem, não foi ela a única discriminar a Dilma e as pessoas que a elegeram. A campanha eleitoral mostrou isso com mais amplitude. Eu mesmo votei na Dilma e fui chamado de burro, por alguns amigos. Isso tem razão de ser?  Deêm uma olhada na net e verão coisas muito mais horrorosas do que o momento infeliz da minha irmã. Pessoas muito mais esclarecidas, com mais poderio intelectual e financeiro do que a grande maioria da população brasileira também têm discriminado os nordestinos, os pobres, os negros, os brancos, os índios, etc. Há várias vertentes do preconceito soltas mundo afora. São os preconceitos econômicos, de raças, de cor, religiosos, sexuais e mais uma série. Vejam quantos políticos se posicionam contra o casamento gay, do qual eu sou contra, mas não condeno? Quantas pessoas discriminam abertamente os pobres, seja por renegar os seus direitos, seja por renegar a sua ascenção? Quantas pessoas discriminam os sulistas, nortistas, paulistas, baianos, paraibanos e muito mais, abertamente, e nada acontece?   Minha irmã errou, mas vocês que estão emitindo opiniões e comentários agressivos também estão sendo preconceituosos contra uma mulher, uma jovem na flor da idade. É essa educação que queremos para a juventude? Ela, hoje, só chora e seu arrependimento é válido, é uma retomada de consciência pelo erro cometido. Não vejam no seu comentário um explosivo para a deflagração e bombardeamento de mais preconceitos. O fato já aconteceu, ela errou, mas devemos é ensiná-la a pensar diferente, pois minha maninha querida não matou e não roubou ninguém. Ela é dócil, meiga, inteligente, linda, amorosa, e como ser humano tem que ser compreendida e perdoada por algum ato falho. Não transformem o Brasil numa Torre de Babel, nem transformem a minha irmã em uma nova Geisy Arruda às avessas e não coloquem uma saia justa na vida dela. Desculpem o desabafo. Eu também sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor no coração. Minha irmã Mayara, eu te amo! Brasileiros e brasileiras, amo todos vocês!(Sérgio Petruso -05/11/2010)

Carta de uma blogueira a Mayra Petruso ( Mundo Público, Universos Particulares )

Prezada Mayara,

Não te conheço, não sei como é a sua vida, a sua rotina. A única coisa que eu sei é que você mora em São Paulo, um estado que – evidentemente – é um dos estados mais importantes deste país, haja vista a sua posição em relação aos negócios e a população aí existente – a maior do país. E também, sei que, no domingo, na sua “dor” de ter visto o seu governador ser derrotado nas urnas, soltou barbaridades a respeito de toda uma população que, de certa forma, também contribui para que o seu estado seja do jeito que é. Me deu nojo de ler o que li, e que fiz questão de destacar em cima dos meus escritos. N-O-J-O. Não há descrição mais justa que essa. Minha cara, você pensou, pesou e ponderou, como estudante de Direito que é, de como suas palavras poderiam ser interpretadas? De como seu desabafo preconceituoso desencadeou outras palavras de outras mentes tão atrasadas como a sua? De como isso bateu na cabeça de todo e qualquer nordestino deste país, independentemente de quem ele tenha votado? Você não bateu simplesmente em 18, 3 milhões dos 55 que votaram em Dilma, você acertou em quase 54 milhões, em todos os 9 estados deste Nordeste multicultural, deste Nordeste de tantas faces, pensares e atitudes!
Você foi muito infeliz em seu comentário… Não há desculpa para isso. Me pergunto: O que você sabe da Região Nordeste? Muito pouco, pelo jeito, né? Sua noção de história é muito contemporânea, o que é bizarro para alguém que quer ser advogada. Lembremos, minha cara, que o Nordeste, por muito e muito tempo, em especial durante os séculos de Brasil Colônia, carregou todo este país nas costas. Em especial, dois estados: a Bahia (a primeira capital deste país) e Pernambuco (que, com a sua cana-de-açúcar, segurou o país inteiro e, com o seu idealismo, lutou para que este país fosse o que fosse hoje – não é à toa que, mesmo na história recente, na luta pela redemocratização deste Brasil, os pernambucanos estiveram na luta). E então, minha querida? Vocês falam mal da gente, mas vocês também tem o nosso sangue! Pois foram nordestinos que desceram para aí e começaram a desbravar novos espaços neste país. Foram nordestinos que levantaram Brasília, foram nordestinos que encararam a fase da borracha no Norte. Será possível que a história recente deste Estado tão rico esquece o passado?

Relação dos Estados onde Dilma venceu – Até o Sudeste!

E Mayara, você se deteve assistindo tudo? Olhando pela Internet? Pois, tirando seu estado, o Sudeste levou Dilma ao poder. A majoritária do Norte também. Mesmo o Pará, que elegeu um tucano para ser governador, mesmo ali a nossa presidenta venceu. Perdemos no Sul e no Centro-Oeste (com exceção de Brasília, claro!), tudo bem. Não quero ficar discutindo os lauréis de quem venceu aqui ou ali. Mas simplesmente te dizer: SE não fosse TODOS estes votos, Dilma não estaria onde está. Se quer botar culpa em alguém, coloque em todos os 56% das pessoas que votaram nela, não em uma parcela do país.

Dessa crise eleitoreira e sem-sentido, ocasionaram comentários cada vez mais estúpidos, tolos e estapafúrdios.
Sabe, minha cara? Não posso falar pelo Nordeste todo, mas me orgulho inteiramente de SER NORDESTINA e de NUNCA TER VOTADO EM TUCANO, EM ESPECIAL O SERRA. E sabe por quê? Durante muito tempo, seu estado foi a menina dos olhos do governo de FHC, deixando nós à margem de um país que é de todos nós!  E hoje, pelo menos no meu estado, um dos maiores do Nordeste, posso te ressaltar: temos sim o Bolsa Família, mas também, neste mês, atingimos um índice recorde em empregos criados por aqui. Temos universidades públicas em vários locais do Interior, nós que durante muito tempo, só tínhamos duas e uma estadual que tinha “taxa de manutenção”, ou seja, nada pública. Temos um estaleiro que irá gerar mais empregos para nós, e até mesmo para vocês que estão aí com seu orgulho paulistano.
Não “nos vendemos” por comida, mas por melhores condições que só conseguimos nestes oito anos. Há muita coisa a ser feita, e eu destaco isso; agora, se fosse realmente assim, se nós que votamos em Dilma somos “mortos de fome”, o que você diria dos cariocas? Dos mineiros? Pois também votaram nela!Infelizmente, um fato gerou preconceitos ridículos. Tudo porque ninguém lembra de onde veio, de onde este Brasil começou. Pelo fato de serem “o maior Estado”, podem falar de meio mundo, mas são capazes de colocar palhaços, estilistas e políticos polêmicos no poder – e com altos índices de votação! De onde foi que saiu o Paulo Maluf? O Celso Pitta? Onde é a base política de José Dirceu? (isso pra você não dizer que estou sendo apenas esquerdista). Coisas toscas como “não ter Internet”… Hahaha. Ou como “nunca pegaria nordestina”… Tenho certeza que tem muita gente que eu conheço (paulistas, inclusive) que não teriam essa sua opinião preconceituosa, senhor Maxi! Por experiência própria – e posso nem ser tão gata (aliás, eu nunca fui gata!) como as mulheres de seu estado… E claro, tem muita gata aí que adoraria provar do “tempero nordestino”, pois acham os nossos homens muito sensuais. Por quê será, hein? =)Para a minha tristeza, cara Mayara, coisas ditas por você, por Maxi e tantos outros que coloquei como exemplo e os que rolam Twitter, Facebook e Orkut e outros espaços afora, não são exclusividade sua. São a ideia fixa de uma parte da sociedade brasileira que pensa que ser nordestino é ser inferior, é quase como ser um dalit tupiniquim, no qual nem se pode pisar a sombra sob o risco de ficar impuro, tal qual o rio Tietê (eu tinha que ser infame, eu tinha!) Mas outra parte desta sociedade, A NOSSA PARTE, grita para quem quiser ouvir, de qualquer canto deste país e do mundo: EU TENHO ORGULHO DE SER NORDESTIN@! De ser multicultural, de levar em sua cultura nomes consagrados na música (mesmo o Chico Buarque, carioca e de pai paulista, tem sangue pernambucano nas veias, e aí?), na literatura, na política (Lula taí pra quem quiser ver!) e na história desse rico país em que nós TODOS, nortistas, nordestinos, centro-oestistas, sudestinos e sulistas, vivemos e construímos e também destruímos cotidianamente. De ter as melhores festas deste país. De ter lindas paisagens, de ter um povo cheio de contrastes e histórias. De ser rico, de todas as formas possíveis.E para terminar, Mayara, desejo a você MUITO JUÍZO, e, se um dia você tiver condições, visite nossa região. Nosso povo é hospitaleiro, é inteligente, e vai te ensinar muita coisa. Pense bem nas suas atitudes e aprenda com as consequências do seu erro. E cuidado com esse mundo chamado Internet. Quer queiram, quer não; todo o país e todo o mundo pode nos ver – e atitudes como a sua, graças a Deus e à tecnologia, podem ser vistas, provadas (mesmo que se deletem perfis, sempre existirá um Print Screen no teclado para guardar coisas revoltantes como essa!), julgadas e enfim justiçadas.
Não a quero mal, nem vou perder tempo mandando você pra certos locais. Quero apenas a justiça. Para você e para quem ainda tem o pensamento estúpido e nazista de separação “regional” num país que é uma mistura de todos aqueles que pisaram por esta terra. Brancos, negros, índios, orientais. Católicos, evangélicos, espíritas, muçulmanos, buditas, judeus, umbandistas, ateus. Homens, mulheres. Heteros, gays, lésbicas, bissexuais, transsexuais. Da Serra da Contamana, do Arroio Chuí, da Ponta de Seixas, do Monte Caburaí. Enfim, de todos aqueles que habitam os 8.514.876,599 km² deste país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, que tantos estrangeiros querem conhecer e, os que conhecem, amam. Que Deus abençoe A TODO O BRASIL, igualmente! Saudações nordestinas, e especificamente pernambucanas,

Thaís Soledade.

A defesa de Mayara e a carta da leitora
Em defesa da estudante Mayara

por JANAINA CONCEIÇÃO PASCHOAL*, na Folha

Não parece justo que Mayara seja demonizada como paulista racista, quando o mote da campanha eleitoral foi o da oposição entre as regiões. Sou neta de nordestinos, que vieram para São Paulo e trabalharam muito para que, hoje, eu e outros familiares da mesma geração sejamos profissionais felizes com sua vida neste grande Estado brasileiro. É muito triste ler a frase da estudante de direito Mayara Petruso, supostamente convocando paulistas a afogar nordestinos. Também é bastante triste constatar a reação de alguns nordestinos, que generalizam a frase de Mayara a todos os paulistas. Igualmente triste a rejeição sofrida pelo candidato da oposição à Presidência da República, muito em função de ele ser paulista. Todos ouvimos manifestações no sentido de que, tivesse sido Aécio Neves o candidato, Dilma teria tido mais trabalho para se eleger. Independentemente da tristeza que as manifestações ofensivas suscitam, e mais do que tentar verificar se a frase da jovem se “enquadraria” em qualquer crime, parece ser urgente denunciar que Mayara é um resultado da política separatista há anos incentivada pelo governo federal.
É o nosso presidente quem faz questão de separar o Brasil em Norte e Sul. É ele quem faz questão de cindir o povo brasileiro em pobres e ricos. Infelizmente, é o líder máximo da nação que continua utilizando o factoide elite, devendo-se destacar que faz parte da estigmatizada elite apenas quem está contra o governo. Ultrapassado o processo eleitoral, que, infelizmente, aceitou todo tipo de promessas, muitas das quais, pelo que já se anuncia, não serão cumpridas, é hora de chamar o Brasil para uma reflexão. Talvez o caso Mayara seja o catalisador para tanto. O Brasil sempre foi exemplo de união. Apesar das dimensões continentais, falamos a mesma língua. Por mais popular que seja um líder político, não é possível permitir que essa união, que a União, seja maculada sob o pretexto de se criarem falsos inimigos, falsas elites, pretensos descontentes com as benesses conferidas aos pobres e aos necessitados. São Paulo, é fato, é fonte de grande parte dos benefícios distribuídos no restante do país. São Paulo, é fato, revela-se o Estado mais nordestino da Federação. Nós, brasileiros, não podemos permitir que a desunião impere. Tal desunião finda por fomentar o populismo, tão deletério às instituições no país. Não há que se falar em governo para pobres ou para ricos. Pouco após a eleição, a futura presidente já anunciou o antes negado retorno da CPMF e adiou o prometido aumento no salário mínimo. Não é exagero lembrar que Getulio Vargas era conhecido como pai dos pobres e mãe dos ricos. Não precisamos de pais ou mães. Não precisamos de mais vitimização. Precisamos apenas de governantes com responsabilidade. Se, para garantir a permanência no poder, foi necessário fomentar a cisão, é preciso ter a decência de governar pela e para a União. Quanto a Mayara, entendo que errou, mas não parece justo que seja demonizada como paulista racista, quando o mote dado na campanha eleitoral foi justamente o da oposição entre as regiões. Se não dermos um basta a esse estratagema para manutenção no poder, várias Mayaras surgirão, em São Paulo, em Pernambuco, por todo o Brasil, e corremos o risco de perder o que temos de mais característico, a tolerância. Em nome de meu saudoso avô pernambucano, peço aos brasileiros que se mantenham unidos e fortes!

*JANAINA CONCEIÇÃO PASCHOAL, advogada, é professora associada de direito penal na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

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Para o Painel do Leitor

Racismo às avessas

Lendo as absurdas argumentações da professora Janaina Paschoal “Em defesa da estudante Mayara”, lembrei que grandes pesquisadores do racismo e preconceito no Brasil, como Roger Bastide e Florestan Fernandes, denunciaram a lógica da inversão. Graças a ela, não apenas não somos racistas, como, ademais, tudo que acontece é culpa da vítima. Se não fossem os negros, os nordestinos, os pobres, as prostitutas, os homossexuais, se Lula não fosse presidente, a estudante Mayara não teria cometido o destempério de pedir o assassinato de ninguém e tampouco teria sido demonizada. Coitadinha dela!

Heloísa Fernandes, professora associada de Sociologia da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP)

Fátima Oliveira: A xenofobia da pauliceia mina os alicerces da República
por Fátima Oliveira, eO Tempo
Médica – fatimaoliveira@ig.com.br

Adoro batata-doce com leite, que em minha infância a gente só podia comer de vez em quando, tipo uma vez por semana, pois vovó dizia que era uma comida danada de boa, mas faltava só um grau pra veneno. Não entendeu? Nem eu, até hoje! Talvez porque é um daqueles alimentos ditos “fortes”, que dão sustança – que a gente come e se delicia. E, ao terminar, está saciada, sonolenta, meia zen! Juro! Batata-doce com leite é uma carícia quando a gente está em busca de conforto… Sabe aquela sensação indescritível de querer comer algo que não se sabe o que é? Não é fome propriamente, pois com fome come-se qualquer coisa, como se diz no sertão: “A boca quer coisa boa, mas a barriga quer é ficar cheia”. Comer batata-doce com leite é dar um “trato” em minha memória alimentar afetiva. É comer e sentir renovar as energias. Desde o dia da twitada xenófoba da acadêmica de direito de Sampa, que incitava matar nordestinos por afogamento, eu sabia que precisava de algo! Só consegui falar sobre o assunto após comer batata-doce com leite! “Puxei pela memória”… Quando morava em São Paulo, na primeira metade dos anos 1990, uma amiga chegou à minha casa e eu estava comendo batata-doce com leite. Ela indagou o que era aquilo. Depois que respondi, a dita cuja lascou: “Ah, que baianada!”. Não engoli calada e, “olhos nos olhos”, me arretei dizendo-lhe que ela sabia que eu não era baiana e sim maranhense, mas que na Bahia também comiam batata-doce com leite, assim como no Nordeste todo.

Como uma socióloga não percebia que a naturalização e a banalização de vocábulos repletos de nojo e asco, que expressam aversão ao estrangeiro (xenofobia – do grego, “xeno” = estrangeiro + “fobia”=medo), são uma desumanização e desrespeito ao outro? Acrescentei que estava pelo gogó com essa história de que todo nordestino em São Paulo é baiano, termo usado não para indicar quem nasce na Bahia, mas para, depreciativamente, se referir a nordestinos e nortistas: “Essa gente lá de cima (demorei pra entender que se referiam ao mapa do Brasil!), que até coisas estranhas come…”.

Na época recrudescia em São Paulo o nojo a nordestinos, para ferir a prefeita de São Paulo, a paraibana Luiza Erundina, que a elite paulistana jamais engoliu! Ao contrário, perseguiu sem tréguas. Coincidentemente, eu estava às voltas com um xenófobo casal egípcio, radicado em São Paulo há mais de 30 anos, pais de um namorado de uma das minhas filhas, que teve o desplante de ir “tomar satisfações” comigo! Foi uma cena ridiculamente surreal!

O pai chegou arrastado pela sua consorte, que não era nada submissa para afrontar-me. Balbuciava que não era contra o seu “bebê” namorar uma “baiana” (pense no asco!), apenas que eu os respeitasse, não oferecendo carne de porco para ele. E que eu ficasse sabendo que o filho dela se casaria com uma muçulmana. Com baiana, jamais! Disse-lhes que a porta da rua era a serventia da casa e os escorracei!

Entendi ali como a elite paulistana, quatrocentona e xenófoba, consegue impor e perpetuar ideias de superioridade racial (racismo) e a renitente aversão a nordestinos: catequizando até imigrantes de outros países que “essa gente lá de cima” (do mapa) é erva-daninha! Na cidade de São Paulo, que tem suor “dessa gente lá de cima” em cada grão de riqueza, tudo o que alguém faz de errado ou que não presta, para xenófobos nativos caipiras e/ou letrados “sorbonados”, é “baianada”.

Chega, a postura xenófoba dessa gente mina os alicerces da República!

com informações do  Yahoo! Brasil ,Dois Espressos ,  Blog do RovaiIDG NowFolha On Line e Viomundo

Mayara Petruso e a xenofobia no Twitter (via Dois Espressos)

Perfeito seria se não houvesse xenofobia, homofobia e preconceito racial. Mas eu já me contentaria se ao menos os estudantes universitários de classe média — que supostamente representam 4% da elite intelectual do país, culta e esclarecida — não fossem os responsáveis por difundir essa forma de preconceito. Mayara já apagou suas contas no Twitter e Facebook, mas o registro fica aqui, pra que ela não esqueça do dia em que, ao invés de se desculparpelas besteiras que disse, optou por se esconder e fingir que nada aconteceu.

UPDATE

E ainda tem gente que apoia os cometários da Mayara e aproveita pra chamar os nordestinos de ladrões, assassinos e estupradores.

via Dois Espressos

Falso restaurante canibal em Rondônia:mais uma “pegadinha” da net

Um boato da Internet transformou rapidamente Rondônia num escândalo do Brasil na imprensa mundial como praticante de canibalismo em restaurante de antropófagos em Guajará Mirim.  O falso boato, fruto de uma armação na Internet prejudica a imagem da cidade, de Rondônia e do Brasil.  O site http://forum.hardmob.com.br publicou o seguinte texto, aparentemente da Folha.com : ” Restaurante brasileiro causa polêmica em Berlim ao oferecer carne humana”

“O restaurante brasileiro Flimé causou polêmica e duras críticas na capital alemã, Berlim, ao anunciar que vai abrir uma filial na cidade no próximo dia 8 de setembro. O restaurante, cuja matriz fica em Rondônia, inclui em sua campanha de inauguração na Alemanha um cadastro para clientes interessados em oferecer partes do seu próprio corpo.

O site do restaurante não inclui no cardápio nenhuma referência direta à carne humana, mas diz seguir a cultura indígena wari –tribo da selva amazônica conhecida pela cultura do canibalismo–, na qual “comer é um ato espiritual com o qual ganhamos a mente e a força da criatura comida”.

O vice-presidente da União Cristã-Democrata de Berlim, Michael Braun, expressou sua indignação com o restaurante e culinária. “Espero que seja apenas uma brincadeira de mau gosto”, afirma Braun ao jornal alemão “The Bild”, acrescentando que a campanha poderia ser apenas para despertar a curiosidade dos clientes.

O restaurante também já causou alvoroço em Guarajá-Mirim (RO), onde cerca de mil pessoas fizeram um protesto contra o uso de carne humana no cardápio da matriz. Em uma entrevista divulgada no YouTube há duas semanas, o proprietário Eduardo Amado diz que os protestos ajudam a atrair clientes e que todos deveriam provar a culinária wari, já que os clientes voltam com “um sorriso no rosto”. Ele não cita em nenhum momento explicitamente o fato de oferecer carne humana no cardápio.

A Folha.Com tentou entrar em contato com o restaurante, mas não obteve resposta. Na internet é possível ainda ver depoimentos de clientes que recomendam o prato polêmico e aqueles que criticam o canibalismo.

No site trilíngue (alemão, português e inglês), os clientes interessados podem preencher um cadastro com uma série de perguntas sobre hábitos médicos e de saúde, como fumo, consumo de bebidas alcoólicas e frequência de atividade física.

No fim, há um alerta: “Os membros associados do Flimé concordam, com este, em doar para o Flimé qualquer parte de seu corpo, que será determinada pelo próprio associado. […] A finalidade do uso da parte doada é de livre escolha do Flimé”.

O endereço do restaurante de Berlim ainda é secreto. Mas para os brasileiros, há no site instruções sobre como chegar ao Flimé, em meio à selva amazônica em Rondônia.

http://forum.hardmob.com.br/newthrea…stthread&f=226

http://www.flime-restaurante.com/

O site Nillnews, também deu destaque à matéria http://tinyurl.com/2vbezj7

O site Opera Mundi ( http://tinyurl.com/344whcu ) publicou, em matéria assinada por Pedro Aguiar e Laisa Beatriz que “Mídia internacional ignora indícios de fraude e publica notícia sobre restaurante canibal”

A mídia de vários países do mundo se viu envolvida nesta quinta-feira (26/8) em uma notícia polêmica com ares de montagem bem armada. Um restaurante em Rondônia especializado em receitas canibais estaria procurando doadores voluntários para fornecer seu principal ingrediente: carne humana.

Em seguida, diversos jornais, portais e agências de notícias de diversos países repercutiram a entrevista do Bild, mencionando também anúncios que teriam sido publicados em jornais locais na Alemanha e um vídeo postado no site YouTube com uma entrevista com o suposto dono do restaurante. Entre eles, estavam o inglês The Guardian, a revista alemã Der Spiegel e as agências ANSA e Efe (embora somente em seu serviço em espanhol). Boa parte da imprensa portuguesa também deu crédito à história, inclusive veículos grandes como a TV RTP e o jornal Expresso .

A maioria divulgou um website em que um suposto restaurante oferece iguarias da culinária wari – uma tribo amazônica de Rondônia que, de fato, praticava canibalismo na época anterior ao contato com os brancos. Ao mesmo tempo, também disponibiliza um formulário para potenciais doadores oferecerem partes de seus corpos como carne e ainda procura “cirurgiões de mente aberta” dispostos a realizar as operações. No texto, escrito em alemão e em português (com a ortografia de Portugal pré-acordo), o Flimé promete arcar com os custos hospitalares.

Evidências

Em pouco tempo, a notícia ganhou páginas na web, blog, redes sociais e fóruns de discussão, com algumas pessoas escandalizadas e muitas duvidando da veracidade da notícia.

No entanto, como o Opera Mundi apurou, as evidências de informação forjada (ou hoax, como se diz no jargão de internet) se acumulam no caso do “restaurante canibal”. O website do estabelecimento divulga uma localização na cidade de Guajará-Mirim (RO) com um link para um mapa do GoogleMaps que, por sua vez, publica um endereço e um telefone. Ao ligar para o número, a reportagem do Opera Mundi constatou se tratar de uma agência bancária.

“Aqui é o Bradesco de Guajará-Mirim. Não conhecemos nenhum restaurante com esse nome na cidade. Duas pessoas já ligaram hoje”, disse Aline Costa, funcionária do banco. “Esse número é da agência há mais de 20 anos”.

Erros e montagens

No próprio site do “restaurante” e no vídeo colocado no YouTube, os autores erram o nome da cidade por duas vezes: primeiro, como “Guarajá Mirim”, depois como “Guajirim-Mirim”. Além disso, o vídeo mostra o prédio da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, na Cinelândia, como se fosse na cidade em Rondônia, e uma faixa com os dizeres “Pare canibalismo” – soando como uma tradução automática do inglês “stop cannibalism”. (NR: o áudio é mal feito, aparentemente numa sala improvisada, sem tratamento acústico )

No vídeo, que filma a tela de uma TV com aparência de programa jornalístico, é exibida uma reportagem sobre uma manifestação que teria reunido “mais de mil pessoas” na cidade (a população local é de 40 mil). Em seguida, aparece uma entrevista com um português identificado como o chef Eduardo Amado, explicando as origens da cozinha wari e dizendo não se importar com a polêmica do canibalismo. A repórter que o entrevista, usando microfone sem identificação de nenhum canal de TV, tenta disfarçar um claro sotaque português como se fosse brasileira.

“Todo o povo que passa por nosso restaurante volta sempre com prazer, um sorriso nos lábios”, afirma o entrevistado.

Recomendação

Uma segunda versão, publicada em 17 de agosto, traz legendas em inglês sobre o vídeo anterior. Abaixo do monitor, na imagem, passam legendas de horóscopo de um jornal matogrossense datado de 3 de agosto. Em ambos os casos, os usuários que publicaram o vídeo se registraram apenas dias antes e não têm nenhuma outra postagem nem informação pessoal divulgada.

Um terceiro vídeo, publicado no YouTube na mesma data (17/8), traz um depoimento em que o usuário identificado como Hugo Avelar, também português, diz já ter ido ao estabelecimento e recomenda o canibalismo.

Contactados pela reportagem, os usuários responsáveis pelos vídeos não responderam até a publicação desta matéria.

O tradicional jornal português Expresso, parece que não viu os vídeos do Youtube, com claro sotaque português e das colônias como Cabo Verde (link http://tinyurl.com/289vc8x ) e publicou a manchete sensacionalista :
“Alemanha: Restaurante procura doadores para especialidades canibais”

No youtube, veja os três vídeos  em destaque, conforme se vê abaixo, todos com sotaque lusitano e das colônias e feito com atores amadores:


Segundo a Wikipédia, os  ” Wari’ são muitas vezes designados como Pakaa Nova, por terem sido avistados pela primeira vez no rio homônimo, afluente da margem direita do Mamoré, no estado de Rondônia. Mas é como Wari’, palavra que em sua língua significa “gente”, “nós”, que gostam de ser chamados, e é dessa forma que são conhecidos pelos não-indígenas que mantêm com eles um convívio mais estreito. Vivem hoje aldeados em torno de sete Postos da Funai administrados pela Ajudância de Guajará-Mirim, Rondônia, e na Terra Indígena Sagarana, na confluência dos rios Mamoré e Guaporé, administrada pela Diocese de Guajará-Mirim.”

Na suposta pesquisa disponível na net em arquivo PDF Ficha de Cadastro Restaurante Flimé a grafia é ” cultura Huari” que segundo a Wikipédia ” foi uma civilização andina que floresceu no centro dos Andes aproximadamente desde o ano 600 até 1200 d. C., chegando a expandir-se até os actuais departamentos peruanos de Departamento de Lambayeque|Lambayeque]] pelo norte e Arequipa pelo sul.

A cidade maior sócia a esta cultura é Wari, que se encontra localizada a 25 quilómetros ao noroeste de Ayacucho. Uma cultura irmã de Huari é a cultura Najar Alguns sustentam que esta cidade, junto à de Tiahuanaco, foi centro de um império que cobria a maior parte da puna e a costa do Peru actual. Foi um dos primeiros grandes impérios em Sudamérica, posteriores à mochica e anteriores (uns 300 anos) ao Tahuantinsuyo que dominaria a maior parte da região andina.”

O que ninguém percebeu é que os dados aparentemente divulgados como originais do Google Earth quando ” esticados” colocam a BR 425 em cima de casas, escolas e ruas de uma cidade desconhecida, numa montagem grosseira.  Veja a foto abaixo que extraímos do site do restaurante:

O traçado da BR 425 não "bate" com o mapa falso.

A Prefeitura Municipal de Guajará-Mirim, através do Chefe de Gabinete Décio Keher Marques emitiu uma nota oficial em que diz: ”  Conforme noticiado por alguns veículos de comunicação regional, estadual e internacional sobre um restaurante que comercializa possivelmente carne humana, o prefeito Atalibio José Pegorini vem através da chefia de Gabinete manifestar o desconhecimento de qualquer estabelecimento que fira os bons costumes e as legislações municipal, estadual e federal. Doutra feita, o prefeito municipal repudia matérias de cunho sensacionalista que possa vir prejudicar a imagem de Guajará-Mirim, a Pérola do Mamoré e de seus habitantes. O prefeito Municipal ainda comunica que abre a partir deste momento, uma comissão para averiguar a veracidade do objeto noticiado nesses meios de comunicação, assim como recorrerá judicialmente sobre os danos causados ao município.”

Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, a Polícia Federal está investigando o caso. Para o delegado da PF no município, Julio Mitsuo Fujiki, a notícia sobre o suposto restaurante “não passa de uma piada de muito mau gosto”. “Estamos levantando as informações necessárias para tomar medidas judiciais cabíveis”, afirmou.

Guajará-Mirim não merecia mais esta…