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Português para espanhóis: foda-se e vai-te foder (via Aventar)

Depois de ter falhado a conversão de uma grande penalidade (expressão futebolesa carregada de ressonâncias religiosas), Cristiano Ronaldo acabou por marcar um golo, na marcação de um livre indirecto. A complementar a descompressão, soltou um sonoro e evidente “foda-se!”, essa interjeição tão portuguesa e tão reveladora de alívio, revolta, raiva, frustração ou qualquer outro sentimento à escolha.

Sendo o português e o castelhano línguas de tão próximo parentesco e estando o balneário do Real Madrid em estado de sítio, a comunicação social espanhola, pouco conhecedora da língua portuguesa, deixou-se enganar pela aparência e julgou que Cristiano Ronaldo estaria a insultar alguém, escolhendo Mourinho como hipotético alvo de um insulto inexistente.

Não é que Cristiano Ronaldo seja um primor de elevação ou de desportivismo, como será inegável que a relação com Mourinho esteja muito desgastada, mas, neste caso, é evidente que foi a ignorância a ditar uma conclusão.

Assim, seria importante que alguém ensinasse aos espanhóis a diferença entre uma interjeição e um insulto. Quero, assim, deixar o meu contributo para uma didáctica do “foder”.

Num primeiro momento, poderá ser feita uma comparação entre Passos Coelho e Mariano Rajoy. Depois, poderá explicar-se que o português, farto de ser roubado pelo triste barítono português, soltará um “foda-se!” de revolta sempre que tiver o azar de ver na televisão o ocupante do cargo de primeiro-ministro, usando um tom similar ao de alguém que, estando descalço, mandou um pontapé numa mesa que já lá estava e não devia estar. Depois de ouvir Passos Coelho, esse Rajoy lusitano, anunciar, pela milésima vez, mais um corte, o português vitimado recorrerá, como solução imediata, a um “Vai-te foder!”, dirigido a um assaltante engravatado que tem a sorte de estar longe. Acrescentar a essa expressão “filhadaputa” ou “filhadagandaputa” é opcional, mas habitual. Há, até, quem diga que é inevitável.

Via Aventar

Virgindade vendida (via Blog do Amarildo)

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Cinquenta Tons de Cinza – E. L. James (via Leitura Escrita)

Minha curiosidade literária me coloca em roubadas de vez em quando. Aliás, se forem pegar a lista de resenhas do site, dá pra ver algumas dúzias dessas roubadas, com resultados diversos. Quando comecei a ouvir falar de Cinquenta Tons de Cinza, pensei algo como: “corra, Bino, é uma cilada!”. Só que daí a febre foi crescendo, as pessoas foram falando mais, fui tendo mais informações e o bichinho da curiosidade começou a me picar. Ui.

Pensei que estivesse embarcando em mais um roubada, mas não: o livro é UMA DELÍCIA. Só que por motivos muito, muito errados (e nem tou falando da parte erótica, afinal, o repórter gostosinho tem lá sua razão).

Para quem não sabe ainda sobre o que se trata esse novo fenômeno editorial, é a história de Anastasia Steele, estudante, 21 anos, virgem, insegura e de baixa autoestima, que, às vésperas de sua formatura conhece o bonitão, gostosão e ricaço Christian Grey. Surge uma tensãozinha recíproca que evolui para romance, mas o sr. Grey é um camarada esquisito, desses que exigem que as pretendentes assinem um termo de confidencialidade antes de se entregarem aos seus encantos. Só que, ao contrário do que o leitor possa suspeitar, não se trata de uma ereção de 5cm – mas uma predileção por sexo sujo. E outras feridas emocionais que conheceremos, juntos de nossa inocente protagonista, que descobre ter uma periquita em chamas.

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Brasil perde Millôr Fernandes

O escritor carioca Millôr Fernandes morreu aos 88 anos, às 21h desta terça-feira (27), em casa, em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca. O velório está marcado para quinta-feira (29), das 10h as 15h, no cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária. Em seguida, o corpo será cremado.

A parábola do papel higiênico (via O Inopinado)

Convencido de que Deus está nos detalhes, desenvolvi uma obsessão infernal por desvendar as minúcias mais corriqueiras do cotidiano, em busca de revelações verdadeiras. Aprofundando-me mais e mais no abismo dantesco das mais irrisórias indiferenças, desesperava-me de não encontrar a cura milagrosa da minha insegurança, de não achar vestígio da verdade maior. Desespero vão. A verdade estava lá. Encontrei o homem e sua natureza.  … Read More via O Inopinado

Sessão “A vingança dos filmes B!” (via Cinema Ex Machina)

Sobrevivendo às margens do cinema mainstream, as produções independentes de baixo orçamento, além das óbvias dificuldades financeiras de realização, sempre lutaram contra um sistema de distribuição dominado por monopólios, e por vezes com a incompreensão de um público acostumado a uma estética cinematográfica culturalmente imposta pelos grandes estúdios.  … Leia Mais via Cinema Ex Machina

Carta aberta aos comediantes brasileiros (via Psiquiatria e Sociedade)

 

Caros comediantes brasileiros,

Analisar o humor é como dissecar um sapo, poucas pessoas se interessam e no final o sapo morre, disse o escritor E.B.White. Tudo bem, mas sem querer ensinar o padre a rezar a missa, acho que a ciência poderia ajudar vocês a evitarem alguns problemas judiciais sem perder – muito – a graça.

Tenho visto nos últimos tempos algumas polêmicas envolvendo piadas feitas por vocês. Isso acontece – vocês sabem – porque alguns temas são mais sensíveis do que outros, e não adianta reclamar do patrulhamento do politicamente correto, porque os tabus sempre existiram e vão continuar a existir. Por mais que a graça para uns dependa muitas vezes da desgraça de outros (Groucho Marx dizia que um comediante amador acha engraçado vestir um ator de velhinha e jogá-lo escada abaixo, mas um profissional sabe que isso só tem graça se for feito com uma velhinha de verdade) a arte do insulto consiste em dosar essa agressividade inerente ao humor.

Hoje em dia uma teoria que está na moda postula que as coisas são engraçadas quando provocam violações benignas. Primeiro porque desde Aristóteles o cômico está associado à agressão ou alguma outra forma de violação; segundo, e aparentemente contraditório, porque a graça também depende da percepção de certa segurança, garantindo a inocência da brincadeira. Assim, a teoria da violação benigna propõe que essas duas condições devam ser satisfeitas ao mesmo tempo. Para que a agressividade seja percebida como inocente – e portanto engraçada em vez de ofensiva – ao menos uma das seguintes condições deve ser preenchidas: 1) a regra violada deve ser contraditória com outra regra, que fica preservada, gerando uma contradição; 2) a regra violada é fraca, pouco importante para as pessoas; ou 3) a violação é psicologicamente distante do público. Essas características tornam a violação mais “aceitável”, garantindo que as pessoas se divirtam mais do que se enraiveçam.

Fica mais fácil de entender o porquê dos recentes protestos contra os senhores, não é mesmo? Fazer piada com estupro só teria graça talvez se a vítima fosse a Cleópatra ou a Mona Lisa, psicologicamente muito distantes das pessoas (afinal, comédia é tragédia mais tempo, como se diz). E pela imensidão do sofrimento causado, o holocausto só poderia eventualmente ser tema de piada para uma civilização alienígena.

Caros comediantes, despeço-me lembrando que o bobo da corte era o único que podia dizer certas verdades a respeito do rei e do reino, porque o fazia na forma de piada. Assim, desejo que vocês continuem sendo os bobos da corte modernos, mas que não se esqueçam que se ele errasse na mão e ofendesse o rei, acabava no calabouço ou sem cabeça.

Saudações.… Read More via Psiquiatria e Sociedade