Nos primeiros anos, não havia luz elétrica e as apresentações da itinerância do Festcineamazonia em União Bandeirantes deveriam ser feitas da mesma forma como ocorreu nessa semana na comunidade do Rio Pardo: com energia de gerador. Hoje, a infraestrutura local conta com rede elétrica, e mesmo a chuva forte no fim do dia não desanimou os moradores a conferir, pela quarta vez, as apresentações de vídeos e filmes ambientais.
A chuva, no entanto, atrasou a programação. O que não desanimou a comunidade a comparecer na tenda. “Achávamos que não iriamos conseguir hoje, assim como ontem, como estava programado, mas ficamos atolados no caminho”, disse a organizadora Fernanda Kopanakis, na abertura.
Para o administrador do distrito, José Aparecido de Oliveira, “nesses quatro anos o festival ajudou a conscientizar a população sobre o meio ambiente.” Cido, como é conhecido, tem 42 anos, sendo 10 em União Bandeirante, onde chegou “quando não havia nenhuma casa aqui”. “O pessoal achava que meio ambiente não tinha valor nenhum, era preciso só desmatar. Hoje, conhecendo histórias diferentes, a gente daqui tomou mais consciência de onde está, tem sido bastante comentado pela população.”
Welton Júnior, 20 anos, mora na linha PO há dez, mas veio pela primeira vez. Nunca foi ao cinema, e só assiste filmes em casa, na televisão que seus pais compraram recentemente. “Gostei, é bom, o tamanho da tela é grande”, comentou.
Cinema não é novidade na vida de Anelisa, 9 anos. Seu pai, Jorge Jeremias da Silva, 33, teve uma sala na cidade, o Cine Star. Mas o empreendimento durou pouco, cerca de 6 meses, alguns anos atrás. “Não tinha energia elétrica, e era complicado, pois as vezes faltava óleo diesel para o gerador, que também não tinha força para um ar condicionado, e a sala, com umas 50 pessoas, ficava quente”, ele recorda. Depois do cinema, Silva montou uma lanhouse jvnet, que toca hoje. Sua filha, Anelisa, queria mesmo era conhecer um palhaço de verdade: “é muito engraçado”, comentou sobre a apresentação de Sorriso.
Esta é a terceira apresentação em quatro dias da itinerância do Festival Latinoamericano de Cinema e Vídeo Ambiental – Festcineamazonia. A caravana segue por distritos da cidade de Porto Velho até o dia 22, quando ocorre a última apresentação, na localidade de Extrema, fronteira com o Estado do Acre.