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Moto-aventura : Do Atlântico ao Oceano Pacífico, as lições do Atacama e Machu Picchu

Ninguém vai roubar minha cabeça agora que eu estou na estrada novamente
Oh, eu estou no céu de novo, eu tenho de tudo
(Deep Purple, em Highway Star)

Galleta Pabellón de Pica/Ruta 1/Chile

Aqui…

Talvez os momentos mais difíceis de uma grande viagem de moto são os dias e as horas que antecedem a largada. Não tem jeito ! Bate aquela ansiedade, um pouco de aflição, os pensamentos vão e vem atordoando a nossa mente. Dará tudo certo desta vez ? Depois dos primeiros quilômetros, o vento batendo no corpo tudo parece ficar mais fácil. Como diria Chico Science : Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar… Esta moto-aventura começa novamente em Porto Alegre/RS mas tem o destino final em outro Porto, o Velho, em Rondônia. Começa exatamente na Toca da Coruja, na Cidade Baixa , em Porto Alegre, onde nos empolgamos tanto com a cerveja extra-viva que acabamos perdendo a máquina Sony que iria documentar a viagem no outro dia. Paciência, mas viagem assim não dá prá tirar foto toda hora mesmo e o jeito é ir de celular. Lá vamos nós !

Dia 1 – Porto Alegre / São Miguel das Missões via BR 386/BR 285 – 500 km

Clique nos mapas para ampliar ou clique com o botão direito do mouse e use a opção “Abrir link em nova janela”

A idéia é entrar na Argentina por Porto Xavier, passando assim por São Miguel das Missões,  Patrimônio Cultural da Humanidade,  no RS.  São 500 quilômetros da capital, e cruzamos com vários grupos de motos fazendo o mesmo trajeto, indo ou voltando. Tivemos pouquissimo tempo em POA  para preparação da moto, na verdade poucas horas para ajeitar as coisas nos alforges e no bauleto. Foi ligar e pegar a estrada, numa manhã ensolarada de primavera. Neste primeiro trecho a fonte de alimentação do GPS Nuwi 255w, que tava ligada numa Gambitech improvisada de 12 volts, já apresentou problema. Na verdade é a primeira vez que viajo de moto com GPS (nunca mais sem a partir de agora, o ganho de tempo no cruzamento das cidades já compensa tudo !). Carreguei à noite e no outro dia só ligava quando tinha necessidade para poupar a bateria. Mas o primeiro dia foi bom, uma tocada boa, depois ainda pegamos a inauguração de um restaurante em São Miguel das Missões, com bom atendimento e música gaúcha de primera, tchê ! Caiu um temporal tão forte que acabou com nossa pretensão de assistir ao famoso espetáculo de Luz e Som das Missões. Mas o lugar é fascinante, visita obrigatória para conhecer a nossa história.

Rota das missões

Dia 2 – São Miguel das Missões/Porto Xavier/RS BR 285 e RS 168 125 km /balsa sobre rio Uruguai/San Javier / Ituzaingó (Corrientes/Argentina) RP 2/RP 10/RN 14/RN 120  210 km Total : 335 km Em Porto Xavier, por um erro de planejamento meu, perdemos a balsa que faz a travessia do rio Uruguai. Era um sábado. E tivemos que esperar até às 16:30 parados. Aproveitamos para trocar o mapa do GPS pelo ProyectoMapear com mapas da Argentina e Chile. Como o banco Erê que eu havia comprado não encaixou direito , por questão de segurança o deixei de lado. Assim, compramos um pelego para amenizar a dureza do banco da XT 660, um acessório que pode parecer estranho mas que é show de bola , em praticidade e conforto. Feito os câmbios, trâmites normais de entrada na Argentina, agora é pegar estrada ! Conseguimos neste dia chegar em Ituzaingó.

Primeira dica : O veículo tem que estar no seu nome, ou se estiver alienado, com uma carta da financeira liberando a saída do Brasil com firma reconhecida em cartório. 

Em nenhum dos países do Mercosul é necessário a PID (Permissão Internacional para Dirigir) mas vale a pena fazer e levar, é baratinho, cerca de 50 reais no Detran mais próximo de você.

Um detalhe que muita gente desconhece, é que a PID tem que ser emitida no DETRAN de origem da CNH. Ou seja , se sua CNH é do Rio Grande do Sul, por exemplo, a PID tem que ser emitida no RS.

Um pelego prá amenizar os mais de 7.000 km

Dia 3 – Ituzaingó a Salta RN 16 1.060 km

Este é um trecho brabeira. Cruza o Chaco, você possívelmente será explorado pela Polícia em Corrientes e em Resistência (lembra aquela cidade do jogo que não teve Brasil X Argentina ?). Pois é lá.

Nas duas tem uma avenida marginal, e prá evitar o tal achaque, se vc está de moto trafegue por elas. Há uma placa minúscula no acesso à ponte avisando que motos tem que ir pela avenida paralela (colectora) e somente entrar na ponte no final da avenida, bem onde tem um posto da polícia que vai tentar te explorar. É incrível ! Como você não conhece bem o lugar , vai tentando achar a entrada da tal via Colectora e …pimba, cai na mão do guarda.  Ele tentou aplicar o tal “Pago Voluntário” que daria um desconto de 50 % na multa, e coisa e tal… mas fiquei com cara de paisagem e pedi que ele multasse. Ele olhou os documentos, olhou a placa, disse que então teria que pagar no Banco de La Nacion, eu insisti que multasse, conversou com o outro guarda e disse que então eu pagaria a multa na saída da Argentina , na Aduana. Pura conversa ! É um teatrinho prá lá de ridículo. Acho até que meu manjado adesivo “Prensa Latina” ajudou em alguma coisa, afinal nestas horas você combate com o que tem na mão. Pedi um recibo da tal multa e ele só confirmou que eu pagaria na saída, na aduana entre Argentina e Chile. Quá ! Agora, não vá fazer isto à noite ou em local isolado porque o bicho pode pegar.  Era meio-dia, sol a pino, e só cai nesta porque segui outras motos menores que estavam circulando.Imaginei, se eles podem, eu também posso. Seletivamente, o guarda só encrencou comigo.

Na saída de Resistência, pelo mapa do Projecto Mapear você vai parar num beco cheio de cães modorrentos, cansados de ver grandes motos passarem perdidas. Não se acanhe ! É por ali mesmo, acaba dando certo . Só não tente fazer isto à noite. Não sei se foi um erro de quem colaborou com o Projecto ou foi sacanagem mesmo.

Passando Corrientes e Resistência, siga até Pampa del Infierno, que justifica muito bem o seu nome. Faz um calor danado e é muito úmido, mas nada que assuste quem mora na Amazônia como nós. Nas imensas retas , bandos de aves no asfalto que revoavam a cada buzinada.

Salta é uma cidade deslumbrante, não é a toa que seu apelido é “La Linda”. Cheia de monumentos, igrejas, pontos históricos. Meio clichê, mas imperdível o passeio no Complejo Teleférico Salta, que sobe o cerro San Bernardo.  Dá prá tomar uma Quilmes bem gelada lá em cima, observando a beleza da cidade encravada no vale.

Dia 4 – Salta

Segunda Dica : Compre adaptadores de tomada para carregar celular, Gps, iPad. Na Argentina é de um jeito ( tipo Australiano) , no Chile de outro (tipo Europeu) e no Peru, diferentemente se encontra o tipo Europeu e o tipo Americano. Prá completar, agora no Brasil também temos esta encrenca !

foto : mochileiros.com

Dia 5- Salta a Purmamarca via San Salvador de Jujuy (El Carmen)  RN 9 160 km Estrada estreita linda

Reparem na proporção como a estrada é estreita !

A estrada só aceita um carro por vez, tem que diminuir a velocidade cada vez que há um cruzamento. Caminhão aqui nem pensar !

A chegada em Purmamarca é fantástica. Vale uma foto com o Cerro de Las 7 Colores ao fundo.

Cardápio do dia !

 Terceira Dica : Leve um iPad ou um Netbook . O Netbook (ou um tablet Samsung) tem a vantagem da entrada USB e de ler páginas em Flash(coisa irritante no iPad..) Isto lhe dá uma boa independência na hora de precisar de Internet.

Dia 6- Purmamarca/AR a San Pedro de Atacama/Ch

O único posto de gasolina até o posto YPF em Paso de Jama(4.320 m.s.n.m), na fronteira Argentina/Chile é em Susques. Você precisa abastecer antes em Pastos Chicos (Susques) . O posto fronteiriço argentino Paso de Jama é novo (2012) e confortável. Lá há um  YPF com internet , café quente e até uma pousada se precisar pernoitar lá , devido à uma ventania com areia forte demais por exemplo. (Encha o tanque, você fará a entrada no Chile cerca de 170 km depois, em SPA)

O frio do deserto

No final de uma grande reta você começa a ter a incrível visão do Salar Grande. A princípio não dá prá entender bem o que é, aquela mancha branca no final do asfalto, parecendo neve. Quando você se aproxima é que tem a exata noção da imensidão que é o salar.

O sal do deserto

Logo após o Paso de Jama tem a fronteira com o Chile. Daí a SPA são mais 160 km. A Aduana chilena fica na entrada de San Pedro. Você rodará estes 160 km de deserto após dar saída da Argentina e antes de dar entrada no Chile, ou seja , no vazio , se é que me entendem ! Mas tudo é muito bonito, a subida ao altiplano, as multicoloridas paisagens de Purmamarca, o Licancabur soberano sobre a paisagem nevada, a fronteira com a Bolívia.

A reta final de descida até San Pedro de Atacama é incrível, são muitos quilômetros numa pista íngreme, que vai dos 4.750 metros aos 2.300 de Atacama em menos de meia hora. Ao lado da pista se vê várias saídas de emergência para caminhões que perdem os freios.

E se tem um conselho que é útil no Chile é o seguinte : respeite a velocidade máxima porque os Carabineros do Chile não perdoam, estão em toda parte, até no deserto tinha uma viatura com radar !

San Pedro de Atacama era um local de parada dos colonizadores espanhóis em sua saga de conquista. O pequeno povoado se formou a partir da Igreja de San Pedro, construída em meados do século 18. O pequeno povoado tem cerca de 2.500 habitantes e muitos, mas muitos “perros” que vão “adorar” ver você montado numa moto em baixa velocidade ! Além de simplesmente bater perna pela Calle Caracoles, a rua principal do povoado, vale fazer todos os passeios anunciados por diversas agências : Laguna Cejar , onde a salinidade é tão grande que você entra na água e não afunda, Valle de la Muerte, Cordillera de la Sal, Laguna Chaxa, Lagunas Miscanti e Miñiques, Geisers del Tatio, Camino del Inca, Toconao ,Tulor e Pucará de Quitor .

Quarta Dica : Se pensa em armazenar gasolina para levar compre um galão adequado. Na Argentina e no Chile eles não vão te vender em garrafa pet.

Dia 7- SPA Era muito cedo e fazia muito frio quando levantamos para que a van nos pegasse na pousada para o passeio até os Gëiseres El Tátio, a  4320 m de altitude, 90 quilômetros ao norte de San Pedro de Atacama, As grandes colunas de vapor saem para a superfície através de fissuras na crosta terrestre, alcançando a temperatura de 85°C e 10 metros de altura. Os gêiseres de Tatio são formados quando rios gelados subterrâneos entram em contato com rochas quentes.

“O pensamento parece uma coisa à toa, mas cumé que a gente voa, quando começa a pensar…”

Pausa para uma empanada de queijo de cabra em Machuca, caminho entre os Geisers e SPA.  Se preferir, tem espetinho de lhama…

Um passeio de moto ao final da tarde pelo Vale de La Luna é tudo de bom !

O melhor e mais barato buteco de SPA : não me pergunte o nome !

Pousada em SPA : preparando para mais uma jornada

Dia 8 – San Pedro de Atacama / Tocopilla (Ruta 23 e 24 – 270 km) / Iquique (Ruta 1 – 230 km) Total : 500

O verdadeiro oásis no meio do deserto. Ao fundo, o Licancabur

Na saída de SPA para Calama, em direção a Tocopilla (Oceano Pacífico) mais deserto, pequenas serras, retões intermináveis e pouco movimento. Calama é uma cidade média, tem aeroporto que opera jatos e postos de gasolina à vontade.

Quinta Dica : Leve mais de um cartão de crédito, porque se um der pau…Não esqueça de avisar o gerente que você vai viajar e diga os países para ele liberar o uso.  Uma boa também é levar um cartão pré-carregado tipo Visa Travel Money em dólares. Só que agora vc paga os mesmos 6,38 % dos demais cartões internacionais . Isto acaba “furando” esta minha 5ª dica. Daí no caso é melhor dinheiro em espécie mesmo. Só cuidado com notas muito estragadas, principalmente no Peru.

E agora, para onde ir?

No Chile a parte mais cara da viagem

Pacíficooo !!!

Iquique, vista de um morro onde é praticado vôo livre.

Companheiro Pasin e Rubia Luz ! Desculpe, acabei não te avisando e furei o encontro. Lembrei de vocês quando “iniciei os trabalhos”. Tenham toda a sorte do mundo nos novos projetos !

O navio-museu Esmeralda,  parte importante da história de Iquique e do Chile

Iquique tem uma vida noturna agitada e a Zofri Mall, um grande shopping center zona franca, com preços atrativos e uma infinidade de bons produtos e bugigangas.

Praça de Iquique : “furei” com o amigo Pasin aquela cerveja gelada..

Dia 9- Iquique a Arica (Ruta 5 -311 km)

Na saída para a ruta 5, no sentido contrário à Arica (ou seja, Antofagasta) há postos de gasolina em Pozo Almonte, que fica a aproximadamente a 5 km da entrada para Alto Hosício/Iquique. Para quem roda de XT 660 é a única alternativa saindo de Iquique, porque depois só Arica (300 km).Você roda  52 km desde Iquique, abastece e então , tirando os 5 km até o trevo de entrada, dá prá rodar até Arica.

Selfie à 120 km por hora no deserto

Dia 10 – Arica(Ch) a Tacna(PE) cerca de 50 km.

Tacna é uma cidade muito simpática e limpa. Tem cerca de 260 mil habitantes e é bastante arborizada. O clima é muito seco.

Depois de muito chão começam a surgir os vales verdejantes

Sexta Dica : Se for o caso, consiga a Carteira Mundial de Estudante no site http://www.carteiradoestudante.com.br . Ela custa R$ 40,00 , vale até o final do mês de  março do ano seguinte e em muitos locais legais de visitar você terá 50 % de desconto, o que por si só já paga a carteira.

A ferrovia Tacna-Arica é uma ferrovia histórica e foi construída em 1856 pela empresa The Arica & Tacna Railway Co. Na estação de Tacna, acima, existe o Museu da Ferrovia, onde se encontram fotografias e relatos de época.

Como é sempre legal misturar literatura, vale a pena ler A Senhorita de Tacna, de Mario Vargas Llosa

Dia 11 – Tacna a Puno ( Ruta 36) 320 km

Lá vamos nós cruzar a Cordilheira dos Andes novamente, coisa difícil de explicar, de descrever, é uma sensação que se tem que viver pessoalmente. Dia de susto, porque acabou a bateria do GPS e , num movimento brusco, arranquei o plugue do carregador USB. Pronto ! Perdido no meio dos Andes. E prá piorar, tinha uma estrada antiga para Puno, e uma saída para Desaguadero. Mas o que eu queria era a estrada nova para Puno ! Sem placas, sem GPS, vi uma indicação para Puno e entrei. Dei de cara com rípio e parei na primeira casa que vi, cercada de cachorros. Lá um bondoso camponês me explicou que era a antiga estrada para Puno, que era só seguir o asfalto que eu veria alguns quilômetros na frente a ubicación para Puno e Desaguadero. Deu certo, cheguei em Puno já a noitinha. Puno tem um trânsito caótico e foi complicado achar a pousada que eu tinha reservado pela Internet. Mas tudo acaba sempre dando certo !

Frio também dá sede !

Dia 12 – Puno

Passeio obrigatório a Ilha de Urcos. Sem mais delongas.

Puno vista da Ilhas de Urcos

Mercado Popular

Igreja Matriz

Tuk-tuk protegido do sol e da chuva

O melhor e mais honesto “classificados” do mundo

Rua central de Puno (Calçadão)

A foto não diz quase nada, mas trânsito pior que Puno só em Juliaca

Dia 13 – Puno a Ollantaytambo – Ruta 3S (via Juliaca/Pucará/Sicuani/Calca) 475 km

Manutenção básica

Em busca de novos caminhos …

Integração com a natureza

 

Motocando em Ollantaytambo

Dia 14 – Águas Calientes

Sétima Dica : Se você vai subir  o Huayna Picchu tem que reservar o ingresso com bastante antecedência. Os grupos são limitados em dois, um que sai às 7 hs da manhã com 200 pessoas e outro sobe às 10, com mais 200. O ticket para Machu Picchu e Huyana Picchu é específico.Faça a reserva no site oficial aqui http://www.machupicchu.gob.pe/  . Não esqueça de liberar as janelas pop-up do seu navegador. O site foi melhorado no dia 31 de janeiro de 2012, segundo um comunicado do Ministério da Cultura do Peru. Outra coisa: cara, subir o Huayna Picchu requer um mínimo de condição física e sistema cardio-respiratório em dia. Se você tem algum problema ou está muito fora de forma, não encare. É melhor consultar um médico antes. O preço do ingresso para Huayna Picchu/Machu Picchu é de 152 soles para cada adulto.Quem for estudante (com a carteira da ISIC) só pode comprar ingresso no  Escritório da Dirección Regional de Cultura – Cusco , Av. de la Cultura 238 (em frente ao estadio Universitario), Librería del Ministerio de Cultura (Casa Garcilaso) Condominio Huáscar Cusco – Perú, de segunda a sexta-feira das  8:00 as 16:00 horas ( é a avenida que dá prosseguimento à estrada logo que se chega a Cusco vindo de Puerto Maldonado) e no  Escritório do Centro Cultural de Machupicchu , em Aguas Calientes, já no povoado aos pés de Machu Picchu, de segunda a domingo, das 5:20 às 21 horas. (é pertinho da estação de trem ) Somente para Machu Picchu, o ingresso custa 128 soles e só podem entrar 2.500 pessoas por dia.  Depois de fazer a reserva, você tem duas horas para confirmar o pagamento senão a reserva cai. ( Se estiver já dentro do Peru e não conseguir via On Line, vale a pena enfrentar uma “cola” (fila) enorme no Banco de La Nación del Peru para pagar a confirmação da reserva. O horário de funcionamento dos bancos é das 8:00 às 17:30 hs. Em Iñapari, há uma agência na Plaza de Armas. Em Puerto Maldonado, o banco fica na Calle Daniel Alcides Carrión N° 241-243 – Distrito: Tambopata, telefone 082 571 210. Aos sábados , o banco abre das 9 da manhã às 13 hs. O cartão de crédito aceito no pagamento on-line tem que ter a facilidade “Certified by Visa”. Confira se o seu cartão tem essa facilidade, senão ele NÃO será aceito e vc terá que pagar numa agência do Banco de la Nación . Se estiver na época de alta temporada nem sonhe em deixar para fazer a reserva na última hora, Você não vai conseguir !

Não é preciso dizer nada…

O duo : Ai meu Machu Picchu, ninguém segura este meu delírio…

O uno: Valeu, Mestre Ismael !

Oitava Dica : Faça vacina uns 20 dias antes contra Febre Amarela e leve à Anvisa para receber o Certificado Internacional de Vacinação ( um amarelinho, com data e lote da vacina). Vai que no meio da viagem você resolve entrar na Bolívia, por exemplo.Veja este post com diversas dicas interessantes sobre Machu Picchu.

Dia 15 – Ollantaytambo / Mazuko ( Distrito de Inambari) Ruta Interoceânica Sur 450 km

O trecho entre Cusco e Iñapari da Carretera Interoceânica Sur : repare as distâncias da placa. Estrada !

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Pausa para colocar uma luva cirúrgica por baixo da outra que o frio pegou !

Dia 16 – Mazuko / Puerto Maldonado (170 km) / Iñapari (230) Assis Brasil / Brasiléia (Acre) 115 km Total: 515 km

Deu dó sair da aduana brasileira e depois de 50 metros cair numa cratera… Nosso país precisa investir muito ainda em infra-estrutura. Tem que estancar o gargalo da corrupção de alguma forma. O dinheiro que já foi destinado para as BR´s daria para deixá-las numa condição muito melhor do que a gente vê. Quando entrei no Brasil fiquei sem coragem de fazer sequer um trechinho à noite, coisa que fiz nos Andes no meio de chuva ainda, mas com sinalização e segurança.

Garantizada, la mejor !

Uma pequena visita em Cobija (Bolívia) só prá tomar umas Paceñas. Depois de um monte a confusão na conversão entre pesos argentinos, reales, soles, pesos chilenos. Mas eu tava com a camisa do Grêmio e o garçon era camarada e compreensivo. Deu tudo certo…

Serra de Santa Rosa, no Peru amazônico : lá vem curva !

Nona Dica : Nas cidades peruanas não se arrisque a transitar com seu carro ou moto. Pegue um táxi que é baratinho, e é preço fixo, coisa de 2,3 soles por passageiro em qualquer percurso. Cidades como Puno, Juliaca, Cusco tem um trânsito bem maluco.

O Brasil a menos de 150 km

Dia 17 – Brasiléia / Rio Branco / Vista Alegre do Abunã (RO) BR 317/BR 364 – 440 km

Saimos de Brasiléia cedinho para pegar um churrasco no almoço com a Vivica e a Dona Mariá. Dona Mariá não comeu mas conversou prá caramba ! Constatação : uma das melhores churrascarias gaúchas do Brasil fica no Acre !

Décima Dica : Pé na estrada, irmão !

Depois de milhares de quilômetros em boas estradas, o choque do retorno à realidade brasileira, a poucos metros da fronteira com o Peru

Abunã, Rondônia, Brasil

Dia 18 – Vista Alegre do Abunã/ Porto Velho (RO) BR 364 – 215 km

Atravessamos a balsa mais segura ( em termos de policiamento) do mundo ! Dois carros da PRF, dois da PM, um da PF … era uma escolta, pelo jeito. O que dói é o bolso : R$    4,00 para atravessar uma moto ! Carro pequeno : R$ 14,00

Tabela de preços da Balsa do Abunã/Rio Madeira/Rondônia

O pelego se integra à paisagem rondoniense

 

E quem quiser que conte outra…

Não me pediram em nenhum momento a Carta Verde, nem o SOAT no Peru (este eu confesso que não tinha, fui deixando prá frente, fui deixando e…ôpa, já sai do Peru ! Mas não deixe de ler sobre o SOAT no post Viagem pela Interoceânica).

Viagem nunca mais sem um bom GPS. Ele encurta DEMAIS o tempo de passagem entre as cidades, facilitando encontrar as entradas e saídas. Outra grande vantagem desta viagem foi o fato de só ter uma perna de ida, porque o retorno sempre é mais complicado e entediante.

Outro mito que precisa ser derrubado , é que dá prá ir com QUALQUER moto ou carro para o Atacama ou Machu Picchu. Neste trecho não tem rípio, na verdade eu detesto rípio. Até de bicicleta dá prá ir, respeitando sempre os limites da estrada , da lei e da natureza, além do próprio corpo é claro. A vantagem de ir numa big trail é poder se aventurar um pouco para fora da estrada, aliás, para isto é que ela foi feita !

Outra coisa : nesta perna, subindo a América, não paguei nenhum pedágio, pois cruzava sempre com o movimento contrário e em alguns países como o Peru e Argentina, moto não paga. As estradas são boas (o susto é quando vc volta para o Brasil !). E fazendo um bom planejamento não tem mais pane seca no deserto ( não é mesmo, Z ?). Tudo o que precisa é você estar bem consigo mesmo, de preferência com quem você ama, ter responsabilidade e respeitar os seus limites físicos e psicológicos, gostar do novo e ser aventureiro, porque sem isto vc não vai mesmo !

Todo o começo e final de viagem é parecido. A ansiedade, a vontade de ir para a estrada no início…. Depois os perrengues, o frio, a chuva…. A hora em que você pensa, ” o que eu tô fazendo aqui ?” . O que nos leva a ficar horas sob uma chuva forte, passando frio, carregando e descarregando alforges com roupa fedorenta, procurando o muquifo mais próximo e barato prá passar a noite ? Mas vai chegando perto de casa, o asfalto zunindo sob seus pés, e não tem jeito. O pensamento voa …. Qual será a próxima ?

Veja também :

Moto-aventura : Quase 10.000 km pela Patagônia

Viagem pela Interoceânica, até Machu Picchu. De moto, até de carro eu vou ! Incrível !

Sabe aquela expressão do “Oiapoque ao Chuí” ? esqueça

Homenagem a Salvador Allende em um Chile diferente #AllendeVive

A grande marcha  em homenagem ao ex-presidente Salvador Allende e às vítimas do pinochetismo que ocorre todos os anos não acontecerá em 2020 devido à pandemia.

Que estranho paradoxo sobre Allende, apontou o escritor chileno Antonio Skármeta: “Um homem que teve três funerais e se mantém muito vivo no coração de seu povo”.

Relembrando…

Dois atentados. Dois fatos históricos diferentes. O do Chile foi cometido há 32 anos e anda meio esquecido. Vale relembrá-lo.
Em 11 de setembro de 73, a mais sólida democracia da América do sul sofreu um atentado que deixou uns 30 mil mortos no seu rasto. O Chile foi vítima de um golpe militar, perpetrado pelas três Forças Armadas, com o objetivo de quebrar a esperança de se construir um país socialista pela via eleitoral.
Salvador Allende, após três derrotas, venceu as eleições presidenciais em 1970. O imperialismo americano não podia permitir que a “via chilena para o socialismo” vingasse e fosse um exemplo para a América Latina. Por isso, junto com a burguesia chilena conspirou e chamou os militares para acabar com aquela experiência. Allende foi derrubado. O Palácio de la Moneda, assim como várias fábricas onde estavam trabalhadores dispostos a resistir, foram bombardeados.
Com o golpe, dezenas de milhares de pessoas foram presas, torturadas e exiladas. Se calcula que de 10 a 30 mil foram assassinados ou se tornaram os famosos desaparecidos, vitimas da ditadura do general Pinochet. A esquerda foi quebrada. Com isso os Estados Unidos puderam dirigir tranqüilamente a economia chilena, sem freios. O Chile foi o primeiro país do mundo onde se implantou o projeto neoliberal. Os famosos Chicago Boys, os defensores da doutrina neoliberal, liderados pelo economista Milton Friedman ali testaram os resultados dos planos neoliberais.

Tudo isso exigiu um atentado terrorista contra a esquerda e o povo chileno que custou 30 mil mortos. Dez vezes mais do que o número de mortos no atentado em Nova Iorque em 2001, quando caíram as duas Torres Gêmeas e que, com razão, comoveu o mundo.

Victor Jara, o cantor de Venceremos

Há vários filmes dobre o Golpe do Chile de 1973. O mais recente é Machuca, mas há outros quase clássicos: ‘Chove sobre Santiago’, ‘Missing – O desaparecido’ e ‘A Casa dos Espírito’. Em ‘Chove sobre Santiago’, uma das cenas mais chocantes é a de milhares de presos, no dia 11 de setembro, amontoados no Estádio Nacional de Santiago. Muitos foram mortos sob tortura ou com um tiro na nuca ali mesmo. Outros seguiram para várias prisões ou acabaram sendo jogados vivos ao mar de aviões militares.

No estádio um dos presos era o cantor e poeta Victor Jara. Os torturadores lhe deram um violão e o forçaram a cantar o Hino da Unidade Popular que tantas vezes ele tinha cantado junto com o povo. Victor Jara teve suas mãos cortadas para nunca mais, com seu violão, cantar Venceremos.

Santa Maria de Iquique: um massacre em 1907

A matança da Escola Santa Maria, na cidade de Iquique, no norte do Chile é um dos fatos mais trágicos vividos pelos trabalhadores chilenos. Foi no dia 21 de dezembro de 1907. Foram assassinados mais de 3.000 trabalhadores do salitre, que estavam em greve por melhores salários e para que se mudasse o sistema de pagamento de vales para dinheiro.

Trecho da Cantata Santa María de Iquique, de Luis Advis

“Vamos mujer / Partamos a la ciudad.
Todo será distinto, no hay que dudar.
No hay que dudar, confía, ya vas a ver,
porque en Iquique todos van a entender.
Toma mujer mi manta, te abrigará.
Ponte al niñito en brazos, no llorará.
va a sonreir, disle cantarás un canto,
se va a dormir.
Qué es lo que pasa?, dime, no calles más.
Largo camino tienes que recorrer,
atravesando cerros, vamos mujer.
Vamos mujer, confía, que hay que llegar,
en la ciudad, podremos
ver todo el mar.
Dicen que Iquique es grande como un salar,
que hay muchas casas lindas te gustarán.
Te gustarán, confia como que hay Dios,
allá en el puerto todo va a ser mejor.
Qué es lo que pasa?, dime, no calles más.
Vamos mujer, partamos a la ciudad.
Todo será distinto, no hay que dudar.
No hay que dudar, confía, ya vas a ver,
porque en Iquique todos van a entender.”

via Prensa Latina & Núcleo Piratininga, com os meus sinceros agradecimentos a Heloisa Helena Rousselet de Alencar(Nininha), por ter me apresentado o Quilapayún, nos idos anos 70…

NR: Em estava participando do  Festival Chileno de Curtas-Metragens de Santiago, junto com meu amigo também cineasta Robinson Roberto e assistimos à estréia de um documentário chamado “Fernando está de volta.”, de Silvio Caiozzi. Muitos anos depois, Ricardo Aronovich , (diretor de fotografia de “Missing – O Desaparecido”, de Costa-Gavras ) foi meu professor num Estágio Avançado da FEMIS na UnB e nas rodas de café contou muitas outras histórias sobre o filme e a ditadura chilena.

O documentário “Fernando ha vuelto” mostra como médicas legistas trabalhando no necrotério de Santiago (Oficina de Identificación del Instituto Médico Legal) conseguem identificar os corpos de  desaparecidos prisioneiros da ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990).

Os médicos demonstram as técnicas utilizadas em um caso recentemente resolvido: os restos de um homem encontrado enterrado, junto com muitos outros, no Pátio 29 do Cemitério Geral de Santiago, em 1991.Os restos mortais são de Fernando Olivares Mori, um chileno de 27 anos de idade que trabalhava para as Nações Unidas . Ele desapareceu em  5 de outubro de 1973. Após quatro anos de trabalho, os médicos com sucesso conseguem estabelecer a identidade de Fernando e, uma vez que já voltaram seus restos mortais para sua viúva, comunicar oficialmente a causa da morte (quase sempre tortura e execução sumária). Imagens do documentário testemunham o impacto que o retorno de Fernando tem em sua família: seu filho, seus irmãos e sua mãe. Seu testemunho ilustra como quão irrelevantes as convicções políticas podem ser quando se trata de sofrimento humano.

Um momento muito tenso, porque no Cine Pedro de Valdivia estava a família de Allende e o filme trata justamente de uma ossada que é identificada e tem , finalmente, um enterro cristão. No Chile, as feridas ainda estão abertas. Quase 40 anos depois…

#AllendeVive 

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Fiasco : churrasqueiros argentinos com veganos na equipe ficam em 53º lugar em concurso internacional

Dizer que ficaram em 53º lugar alivia um pouco a realidade do concurso : esta posição é a última das colocações, ou seja, os argentinos seguraram a lanterna num concurso internacional de churrasco, recheado de controvérsias.

A equipe porteña “Fuegos de Oktubre” quebrou algumas regras. A primeira, foi a recusa em assar a carne numa churrasqueira, conforme o regulamento. Os argentinos assaram, depois de muita discussão, seus assados com o fogo no chão, como se faz tipicamente nas terras gaúchas.

Outra regra quebrada foi o tempo de assado da carne, que pelo regulamento, deveria superar as 10 horas, bem como o uso de um molho tipo barbecue,”cambiado” por chimichurri e solenemente ignorado pelos churrasqueiros hermanos. O resultado final foi que o  “British Bulldog BBQ”, do Reino Unido, ficou com o título geral, ao somar 236,2 pontos, seguido por equipes da Suíça, Bélgica, Áustria e Dinamarca.  Apenas um grupo dos Estados Unidos aparece em 14º no ranking geral e, além dos argentinos, em 53º, uma equipe marroquina surge em 51º.

O Brasil, prudentemente, não participou do suspeito concurso.

Há pouco tempo eles conquistaram o título de maior churrasco do mundo, na cidade de General Pico. 

Esses argentinos…

“Café Pendiente” na Argentina traz um resto de esperança no ser humano, em meio à crise

Por Beto Bertagna

A prática filantrópica nascida em Nápoles, na Itália tem se alastrado pela Argentina em tempos de inverno rigoroso . É o “café pendiente“, em que o consumidor paga o seu café e deixa outro já quitado para uma pessoa que não pode pagar.  É um ato de solidariedade completamente anônimo, o que por si só aumenta a carga de afetividade ao próximo.

Rio Cuarto (se lembra do Siga la Vaca, Z ?) foi a primeira cidade a aderir através de um decreto municipal que modificou um pouco a forma de operação, ficou com cara de estatal mas funcionou.

Mas a prática comum se alastrou mesmo por Buenos Aires. Um pequeno gesto , uma grande solidariedade baseada na confiança. Ingredientes que , mais que o pó de café, estão cada vez mais raros ao alcance do ser humano, o real, o autêntico, não o “cerumano” banalizado das redes sociais.

Os bares, restaurantes e cafés portenhos que fazem parte da rede não aceitam a participação de grupos políticos, empresas e nem doações em dinheiro. Os estabelecimentos participantes ostentam um adesivo que os identifica.

Vai prá Argentina agora no inverno ? Taí a chance…

Moto-aventura : Do Atlântico ao Oceano Pacífico, as lições do Atacama e Machu Picchu

Ninguém vai roubar minha cabeça agora que eu estou na estrada novamente
Oh, eu estou no céu de novo, eu tenho de tudo
(Deep Purple, em Highway Star)

Galleta Pabellón de Pica/Ruta 1/Chile

Aqui…

Talvez os momentos mais difíceis de uma grande viagem de moto são os dias e as horas que antecedem a largada. Não tem jeito ! Bate aquela ansiedade, um pouco de aflição, os pensamentos vão e vem atordoando a nossa mente. Dará tudo certo desta vez ? Depois dos primeiros quilômetros, o vento batendo no corpo tudo parece ficar mais fácil. Como diria Chico Science : Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar… Esta moto-aventura começa novamente em Porto Alegre/RS mas tem o destino final em outro Porto, o Velho, em Rondônia. Começa exatamente na Toca da Coruja, na Cidade Baixa , em Porto Alegre, onde nos empolgamos tanto com a cerveja extra-viva que acabamos perdendo a máquina Sony que iria documentar a viagem no outro dia. Paciência, mas viagem assim não dá prá tirar foto toda hora mesmo e o jeito é ir de celular. Lá vamos nós !

Dia 1 – Porto Alegre / São Miguel das Missões via BR 386/BR 285 – 500 km

Clique nos mapas para ampliar ou clique com o botão direito do mouse e use a opção “Abrir link em nova janela”

A idéia é entrar na Argentina por Porto Xavier, passando assim por São Miguel das Missões,  Patrimônio Cultural da Humanidade,  no RS.  São 500 quilômetros da capital, e cruzamos com vários grupos de motos fazendo o mesmo trajeto, indo ou voltando. Tivemos pouquissimo tempo em POA  para preparação da moto, na verdade poucas horas para ajeitar as coisas nos alforges e no bauleto. Foi ligar e pegar a estrada, numa manhã ensolarada de primavera. Neste primeiro trecho a fonte de alimentação do GPS Nuwi 255w, que tava ligada numa Gambitech improvisada de 12 volts, já apresentou problema. Na verdade é a primeira vez que viajo de moto com GPS (nunca mais sem a partir de agora, o ganho de tempo no cruzamento das cidades já compensa tudo !). Carreguei à noite e no outro dia só ligava quando tinha necessidade para poupar a bateria. Mas o primeiro dia foi bom, uma tocada boa, depois ainda pegamos a inauguração de um restaurante em São Miguel das Missões, com bom atendimento e música gaúcha de primera, tchê ! Caiu um temporal tão forte que acabou com nossa pretensão de assistir ao famoso espetáculo de Luz e Som das Missões. Mas o lugar é fascinante, visita obrigatória para conhecer a nossa história.

Rota das missões

Dia 2 – São Miguel das Missões/Porto Xavier/RS BR 285 e RS 168 125 km /balsa sobre rio Uruguai/San Javier / Ituzaingó (Corrientes/Argentina) RP 2/RP 10/RN 14/RN 120  210 km Total : 335 km Em Porto Xavier, por um erro de planejamento meu, perdemos a balsa que faz a travessia do rio Uruguai. Era um sábado. E tivemos que esperar até às 16:30 parados. Aproveitamos para trocar o mapa do GPS pelo ProyectoMapear com mapas da Argentina e Chile. Como o banco Erê que eu havia comprado não encaixou direito , por questão de segurança o deixei de lado. Assim, compramos um pelego para amenizar a dureza do banco da XT 660, um acessório que pode parecer estranho mas que é show de bola , em praticidade e conforto. Feito os câmbios, trâmites normais de entrada na Argentina, agora é pegar estrada ! Conseguimos neste dia chegar em Ituzaingó.

Primeira dica : O veículo tem que estar no seu nome, ou se estiver alienado, com uma carta da financeira liberando a saída do Brasil com firma reconhecida em cartório. 

Em nenhum dos países do Mercosul é necessário a PID (Permissão Internacional para Dirigir) mas vale a pena fazer e levar, é baratinho, cerca de 50 reais no Detran mais próximo de você.

Um detalhe que muita gente desconhece, é que a PID tem que ser emitida no DETRAN de origem da CNH. Ou seja , se sua CNH é do Rio Grande do Sul, por exemplo, a PID tem que ser emitida no RS.

Um pelego prá amenizar os mais de 7.000 km

Dia 3 – Ituzaingó a Salta RN 16 1.060 km

Este é um trecho brabeira. Cruza o Chaco, você possívelmente será explorado pela Polícia em Corrientes e em Resistência (lembra aquela cidade do jogo que não teve Brasil X Argentina ?). Pois é lá.

Nas duas tem uma avenida marginal, e prá evitar o tal achaque, se vc está de moto trafegue por elas. Há uma placa minúscula no acesso à ponte avisando que motos tem que ir pela avenida paralela (colectora) e somente entrar na ponte no final da avenida, bem onde tem um posto da polícia que vai tentar te explorar. É incrível ! Como você não conhece bem o lugar , vai tentando achar a entrada da tal via Colectora e …pimba, cai na mão do guarda.  Ele tentou aplicar o tal “Pago Voluntário” que daria um desconto de 50 % na multa, e coisa e tal… mas fiquei com cara de paisagem e pedi que ele multasse. Ele olhou os documentos, olhou a placa, disse que então teria que pagar no Banco de La Nacion, eu insisti que multasse, conversou com o outro guarda e disse que então eu pagaria a multa na saída da Argentina , na Aduana. Pura conversa ! É um teatrinho prá lá de ridículo. Acho até que meu manjado adesivo “Prensa Latina” ajudou em alguma coisa, afinal nestas horas você combate com o que tem na mão. Pedi um recibo da tal multa e ele só confirmou que eu pagaria na saída, na aduana entre Argentina e Chile. Quá ! Agora, não vá fazer isto à noite ou em local isolado porque o bicho pode pegar.  Era meio-dia, sol a pino, e só cai nesta porque segui outras motos menores que estavam circulando.Imaginei, se eles podem, eu também posso. Seletivamente, o guarda só encrencou comigo.

Na saída de Resistência, pelo mapa do Projecto Mapear você vai parar num beco cheio de cães modorrentos, cansados de ver grandes motos passarem perdidas. Não se acanhe ! É por ali mesmo, acaba dando certo . Só não tente fazer isto à noite. Não sei se foi um erro de quem colaborou com o Projecto ou foi sacanagem mesmo.

Passando Corrientes e Resistência, siga até Pampa del Infierno, que justifica muito bem o seu nome. Faz um calor danado e é muito úmido, mas nada que assuste quem mora na Amazônia como nós. Nas imensas retas , bandos de aves no asfalto que revoavam a cada buzinada.

Salta é uma cidade deslumbrante, não é a toa que seu apelido é “La Linda”. Cheia de monumentos, igrejas, pontos históricos. Meio clichê, mas imperdível o passeio no Complejo Teleférico Salta, que sobe o cerro San Bernardo.  Dá prá tomar uma Quilmes bem gelada lá em cima, observando a beleza da cidade encravada no vale.

Dia 4 – Salta

Segunda Dica : Compre adaptadores de tomada para carregar celular, Gps, iPad. Na Argentina é de um jeito ( tipo Australiano) , no Chile de outro (tipo Europeu) e no Peru, diferentemente se encontra o tipo Europeu e o tipo Americano. Prá completar, agora no Brasil também temos esta encrenca !

foto : mochileiros.com

Dia 5- Salta a Purmamarca via San Salvador de Jujuy (El Carmen)  RN 9 160 km Estrada estreita linda

Reparem na proporção como a estrada é estreita !

A estrada só aceita um carro por vez, tem que diminuir a velocidade cada vez que há um cruzamento. Caminhão aqui nem pensar !

A chegada em Purmamarca é fantástica. Vale uma foto com o Cerro de Las 7 Colores ao fundo.

Cardápio do dia !

 Terceira Dica : Leve um iPad ou um Netbook . O Netbook (ou um tablet Samsung) tem a vantagem da entrada USB e de ler páginas em Flash(coisa irritante no iPad..) Isto lhe dá uma boa independência na hora de precisar de Internet.

Dia 6- Purmamarca/AR a San Pedro de Atacama/Ch

O único posto de gasolina até o posto YPF em Paso de Jama(4.320 m.s.n.m), na fronteira Argentina/Chile é em Susques. Você precisa abastecer antes em Pastos Chicos (Susques) . O posto fronteiriço argentino Paso de Jama é novo (2012) e confortável. Lá há um  YPF com internet , café quente e até uma pousada se precisar pernoitar lá , devido à uma ventania com areia forte demais por exemplo. (Encha o tanque, você fará a entrada no Chile cerca de 170 km depois, em SPA)

O frio do deserto

No final de uma grande reta você começa a ter a incrível visão do Salar Grande. A princípio não dá prá entender bem o que é, aquela mancha branca no final do asfalto, parecendo neve. Quando você se aproxima é que tem a exata noção da imensidão que é o salar.

O sal do deserto

Logo após o Paso de Jama tem a fronteira com o Chile. Daí a SPA são mais 160 km. A Aduana chilena fica na entrada de San Pedro. Você rodará estes 160 km de deserto após dar saída da Argentina e antes de dar entrada no Chile, ou seja , no vazio , se é que me entendem ! Mas tudo é muito bonito, a subida ao altiplano, as multicoloridas paisagens de Purmamarca, o Licancabur soberano sobre a paisagem nevada, a fronteira com a Bolívia.

A reta final de descida até San Pedro de Atacama é incrível, são muitos quilômetros numa pista íngreme, que vai dos 4.750 metros aos 2.300 de Atacama em menos de meia hora. Ao lado da pista se vê várias saídas de emergência para caminhões que perdem os freios.

E se tem um conselho que é útil no Chile é o seguinte : respeite a velocidade máxima porque os Carabineros do Chile não perdoam, estão em toda parte, até no deserto tinha uma viatura com radar !

San Pedro de Atacama era um local de parada dos colonizadores espanhóis em sua saga de conquista. O pequeno povoado se formou a partir da Igreja de San Pedro, construída em meados do século 18. O pequeno povoado tem cerca de 2.500 habitantes e muitos, mas muitos “perros” que vão “adorar” ver você montado numa moto em baixa velocidade ! Além de simplesmente bater perna pela Calle Caracoles, a rua principal do povoado, vale fazer todos os passeios anunciados por diversas agências : Laguna Cejar , onde a salinidade é tão grande que você entra na água e não afunda, Valle de la Muerte, Cordillera de la Sal, Laguna Chaxa, Lagunas Miscanti e Miñiques, Geisers del Tatio, Camino del Inca, Toconao ,Tulor e Pucará de Quitor .

Quarta Dica : Se pensa em armazenar gasolina para levar compre um galão adequado. Na Argentina e no Chile eles não vão te vender em garrafa pet.

Dia 7- SPA Era muito cedo e fazia muito frio quando levantamos para que a van nos pegasse na pousada para o passeio até os Gëiseres El Tátio, a  4320 m de altitude, 90 quilômetros ao norte de San Pedro de Atacama, As grandes colunas de vapor saem para a superfície através de fissuras na crosta terrestre, alcançando a temperatura de 85°C e 10 metros de altura. Os gêiseres de Tatio são formados quando rios gelados subterrâneos entram em contato com rochas quentes.

“O pensamento parece uma coisa à toa, mas cumé que a gente voa, quando começa a pensar…”

Pausa para uma empanada de queijo de cabra em Machuca, caminho entre os Geisers e SPA.  Se preferir, tem espetinho de lhama…

Um passeio de moto ao final da tarde pelo Vale de La Luna é tudo de bom !

O melhor e mais barato buteco de SPA : não me pergunte o nome !

Pousada em SPA : preparando para mais uma jornada

Dia 8 – San Pedro de Atacama / Tocopilla (Ruta 23 e 24 – 270 km) / Iquique (Ruta 1 – 230 km) Total : 500

O verdadeiro oásis no meio do deserto. Ao fundo, o Licancabur

Na saída de SPA para Calama, em direção a Tocopilla (Oceano Pacífico) mais deserto, pequenas serras, retões intermináveis e pouco movimento. Calama é uma cidade média, tem aeroporto que opera jatos e postos de gasolina à vontade.

Quinta Dica : Leve mais de um cartão de crédito, porque se um der pau…Não esqueça de avisar o gerente que você vai viajar e diga os países para ele liberar o uso.  Uma boa também é levar um cartão pré-carregado tipo Visa Travel Money em dólares. Só que agora vc paga os mesmos 6,38 % dos demais cartões internacionais . Isto acaba “furando” esta minha 5ª dica. Daí no caso é melhor dinheiro em espécie mesmo. Só cuidado com notas muito estragadas, principalmente no Peru.

E agora, para onde ir?

No Chile a parte mais cara da viagem

Pacíficooo !!!

Iquique, vista de um morro onde é praticado vôo livre.

Companheiro Pasin e Rubia Luz ! Desculpe, acabei não te avisando e furei o encontro. Lembrei de vocês quando “iniciei os trabalhos”. Tenham toda a sorte do mundo nos novos projetos !

O navio-museu Esmeralda,  parte importante da história de Iquique e do Chile

Iquique tem uma vida noturna agitada e a Zofri Mall, um grande shopping center zona franca, com preços atrativos e uma infinidade de bons produtos e bugigangas.

Praça de Iquique : “furei” com o amigo Pasin aquela cerveja gelada..

Dia 9- Iquique a Arica (Ruta 5 -311 km)

Na saída para a ruta 5, no sentido contrário à Arica (ou seja, Antofagasta) há postos de gasolina em Pozo Almonte, que fica a aproximadamente a 5 km da entrada para Alto Hosício/Iquique. Para quem roda de XT 660 é a única alternativa saindo de Iquique, porque depois só Arica (300 km).Você roda  52 km desde Iquique, abastece e então , tirando os 5 km até o trevo de entrada, dá prá rodar até Arica.

Selfie à 120 km por hora no deserto

Dia 10 – Arica(Ch) a Tacna(PE) cerca de 50 km.

Tacna é uma cidade muito simpática e limpa. Tem cerca de 260 mil habitantes e é bastante arborizada. O clima é muito seco.

Depois de muito chão começam a surgir os vales verdejantes

Sexta Dica : Se for o caso, consiga a Carteira Mundial de Estudante no site http://www.carteiradoestudante.com.br . Ela custa R$ 40,00 , vale até o final do mês de  março do ano seguinte e em muitos locais legais de visitar você terá 50 % de desconto, o que por si só já paga a carteira.

A ferrovia Tacna-Arica é uma ferrovia histórica e foi construída em 1856 pela empresa The Arica & Tacna Railway Co. Na estação de Tacna, acima, existe o Museu da Ferrovia, onde se encontram fotografias e relatos de época.

Como é sempre legal misturar literatura, vale a pena ler A Senhorita de Tacna, de Mario Vargas Llosa

Dia 11 – Tacna a Puno ( Ruta 36) 320 km

Lá vamos nós cruzar a Cordilheira dos Andes novamente, coisa difícil de explicar, de descrever, é uma sensação que se tem que viver pessoalmente. Dia de susto, porque acabou a bateria do GPS e , num movimento brusco, arranquei o plugue do carregador USB. Pronto ! Perdido no meio dos Andes. E prá piorar, tinha uma estrada antiga para Puno, e uma saída para Desaguadero. Mas o que eu queria era a estrada nova para Puno ! Sem placas, sem GPS, vi uma indicação para Puno e entrei. Dei de cara com rípio e parei na primeira casa que vi, cercada de cachorros. Lá um bondoso camponês me explicou que era a antiga estrada para Puno, que era só seguir o asfalto que eu veria alguns quilômetros na frente a ubicación para Puno e Desaguadero. Deu certo, cheguei em Puno já a noitinha. Puno tem um trânsito caótico e foi complicado achar a pousada que eu tinha reservado pela Internet. Mas tudo acaba sempre dando certo !

Frio também dá sede !

Dia 12 – Puno

Passeio obrigatório a Ilha de Urcos. Sem mais delongas.

Puno vista da Ilhas de Urcos

Mercado Popular

Igreja Matriz

Tuk-tuk protegido do sol e da chuva

O melhor e mais honesto “classificados” do mundo

Rua central de Puno (Calçadão)

A foto não diz quase nada, mas trânsito pior que Puno só em Juliaca

Dia 13 – Puno a Ollantaytambo – Ruta 3S (via Juliaca/Pucará/Sicuani/Calca) 475 km

Manutenção básica

Em busca de novos caminhos …

Integração com a natureza

 

Motocando em Ollantaytambo

Dia 14 – Águas Calientes

Sétima Dica : Se você vai subir  o Huayna Picchu tem que reservar o ingresso com bastante antecedência. Os grupos são limitados em dois, um que sai às 7 hs da manhã com 200 pessoas e outro sobe às 10, com mais 200. O ticket para Machu Picchu e Huyana Picchu é específico.Faça a reserva no site oficial aqui http://www.machupicchu.gob.pe/  . Não esqueça de liberar as janelas pop-up do seu navegador. O site foi melhorado no dia 31 de janeiro de 2012, segundo um comunicado do Ministério da Cultura do Peru. Outra coisa: cara, subir o Huayna Picchu requer um mínimo de condição física e sistema cardio-respiratório em dia. Se você tem algum problema ou está muito fora de forma, não encare. É melhor consultar um médico antes. O preço do ingresso para Huayna Picchu/Machu Picchu é de 152 soles para cada adulto.Quem for estudante (com a carteira da ISIC) só pode comprar ingresso no  Escritório da Dirección Regional de Cultura – Cusco , Av. de la Cultura 238 (em frente ao estadio Universitario), Librería del Ministerio de Cultura (Casa Garcilaso) Condominio Huáscar Cusco – Perú, de segunda a sexta-feira das  8:00 as 16:00 horas ( é a avenida que dá prosseguimento à estrada logo que se chega a Cusco vindo de Puerto Maldonado) e no  Escritório do Centro Cultural de Machupicchu , em Aguas Calientes, já no povoado aos pés de Machu Picchu, de segunda a domingo, das 5:20 às 21 horas. (é pertinho da estação de trem ) Somente para Machu Picchu, o ingresso custa 128 soles e só podem entrar 2.500 pessoas por dia.  Depois de fazer a reserva, você tem duas horas para confirmar o pagamento senão a reserva cai. ( Se estiver já dentro do Peru e não conseguir via On Line, vale a pena enfrentar uma “cola” (fila) enorme no Banco de La Nación del Peru para pagar a confirmação da reserva. O horário de funcionamento dos bancos é das 8:00 às 17:30 hs. Em Iñapari, há uma agência na Plaza de Armas. Em Puerto Maldonado, o banco fica na Calle Daniel Alcides Carrión N° 241-243 – Distrito: Tambopata, telefone 082 571 210. Aos sábados , o banco abre das 9 da manhã às 13 hs. O cartão de crédito aceito no pagamento on-line tem que ter a facilidade “Certified by Visa”. Confira se o seu cartão tem essa facilidade, senão ele NÃO será aceito e vc terá que pagar numa agência do Banco de la Nación . Se estiver na época de alta temporada nem sonhe em deixar para fazer a reserva na última hora, Você não vai conseguir !

Não é preciso dizer nada…

O duo : Ai meu Machu Picchu, ninguém segura este meu delírio…

O uno: Valeu, Mestre Ismael !

Oitava Dica : Faça vacina uns 20 dias antes contra Febre Amarela e leve à Anvisa para receber o Certificado Internacional de Vacinação ( um amarelinho, com data e lote da vacina). Vai que no meio da viagem você resolve entrar na Bolívia, por exemplo.Veja este post com diversas dicas interessantes sobre Machu Picchu.

Dia 15 – Ollantaytambo / Mazuko ( Distrito de Inambari) Ruta Interoceânica Sur 450 km

O trecho entre Cusco e Iñapari da Carretera Interoceânica Sur : repare as distâncias da placa. Estrada !

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Pausa para colocar uma luva cirúrgica por baixo da outra que o frio pegou !

Dia 16 – Mazuko / Puerto Maldonado (170 km) / Iñapari (230) Assis Brasil / Brasiléia (Acre) 115 km Total: 515 km

Deu dó sair da aduana brasileira e depois de 50 metros cair numa cratera… Nosso país precisa investir muito ainda em infra-estrutura. Tem que estancar o gargalo da corrupção de alguma forma. O dinheiro que já foi destinado para as BR´s daria para deixá-las numa condição muito melhor do que a gente vê. Quando entrei no Brasil fiquei sem coragem de fazer sequer um trechinho à noite, coisa que fiz nos Andes no meio de chuva ainda, mas com sinalização e segurança.

Garantizada, la mejor !

Uma pequena visita em Cobija (Bolívia) só prá tomar umas Paceñas. Depois de um monte a confusão na conversão entre pesos argentinos, reales, soles, pesos chilenos. Mas eu tava com a camisa do Grêmio e o garçon era camarada e compreensivo. Deu tudo certo…

Serra de Santa Rosa, no Peru amazônico : lá vem curva !

Nona Dica : Nas cidades peruanas não se arrisque a transitar com seu carro ou moto. Pegue um táxi que é baratinho, e é preço fixo, coisa de 2,3 soles por passageiro em qualquer percurso. Cidades como Puno, Juliaca, Cusco tem um trânsito bem maluco.

O Brasil a menos de 150 km

Dia 17 – Brasiléia / Rio Branco / Vista Alegre do Abunã (RO) BR 317/BR 364 – 440 km

Saimos de Brasiléia cedinho para pegar um churrasco no almoço com a Vivica e a Dona Mariá. Dona Mariá não comeu mas conversou prá caramba ! Constatação : uma das melhores churrascarias gaúchas do Brasil fica no Acre !

Décima Dica : Pé na estrada, irmão !

Depois de milhares de quilômetros em boas estradas, o choque do retorno à realidade brasileira, a poucos metros da fronteira com o Peru

Abunã, Rondônia, Brasil

Dia 18 – Vista Alegre do Abunã/ Porto Velho (RO) BR 364 – 215 km

Atravessamos a balsa mais segura ( em termos de policiamento) do mundo ! Dois carros da PRF, dois da PM, um da PF … era uma escolta, pelo jeito. O que dói é o bolso : R$    4,00 para atravessar uma moto ! Carro pequeno : R$ 14,00

Tabela de preços da Balsa do Abunã/Rio Madeira/Rondônia

O pelego se integra à paisagem rondoniense

 

E quem quiser que conte outra…

Não me pediram em nenhum momento a Carta Verde, nem o SOAT no Peru (este eu confesso que não tinha, fui deixando prá frente, fui deixando e…ôpa, já sai do Peru ! Mas não deixe de ler sobre o SOAT no post Viagem pela Interoceânica).

Viagem nunca mais sem um bom GPS. Ele encurta DEMAIS o tempo de passagem entre as cidades, facilitando encontrar as entradas e saídas. Outra grande vantagem desta viagem foi o fato de só ter uma perna de ida, porque o retorno sempre é mais complicado e entediante.

Outro mito que precisa ser derrubado , é que dá prá ir com QUALQUER moto ou carro para o Atacama ou Machu Picchu. Neste trecho não tem rípio, na verdade eu detesto rípio. Até de bicicleta dá prá ir, respeitando sempre os limites da estrada , da lei e da natureza, além do próprio corpo é claro. A vantagem de ir numa big trail é poder se aventurar um pouco para fora da estrada, aliás, para isto é que ela foi feita !

Outra coisa : nesta perna, subindo a América, não paguei nenhum pedágio, pois cruzava sempre com o movimento contrário e em alguns países como o Peru e Argentina, moto não paga. As estradas são boas (o susto é quando vc volta para o Brasil !). E fazendo um bom planejamento não tem mais pane seca no deserto ( não é mesmo, Z ?). Tudo o que precisa é você estar bem consigo mesmo, de preferência com quem você ama, ter responsabilidade e respeitar os seus limites físicos e psicológicos, gostar do novo e ser aventureiro, porque sem isto vc não vai mesmo !

Todo o começo e final de viagem é parecido. A ansiedade, a vontade de ir para a estrada no início…. Depois os perrengues, o frio, a chuva…. A hora em que você pensa, ” o que eu tô fazendo aqui ?” . O que nos leva a ficar horas sob uma chuva forte, passando frio, carregando e descarregando alforges com roupa fedorenta, procurando o muquifo mais próximo e barato prá passar a noite ? Mas vai chegando perto de casa, o asfalto zunindo sob seus pés, e não tem jeito. O pensamento voa …. Qual será a próxima ?

Veja também :

Moto-aventura : Quase 10.000 km pela Patagônia

Viagem pela Interoceânica, até Machu Picchu. De moto, até de carro eu vou ! Incrível !

Sabe aquela expressão do “Oiapoque ao Chuí” ? esqueça

Tudo sobre a tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria. Morre 242ª vítima

Morre 242ª vítima. 

Morreu na madrugada deste domingo (19/05/2013), em Porto Alegre, a vítima de número 242 do incêndio que atingiu a boate Kiss, em Santa Maria, Região Central do Rio Grande do Sul, em 27 de janeiro deste ano. Mariane Wallau, de 25 anos, estava internada no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e era natural de Santiago. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde pela manhã.

Driele Pedroso Lucas, de 23 anos, estava internada no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, e teve a morte confirmada às 6h45 desta quinta-feira (7/3). A vítima era a última paciente que ainda estava em ventilação mecânica após o dia da tragédia.

Morre 240ª vítima . Morreu na manhã deste sábado (2/3/2013) mais uma vítima da tragédia na boate Kiss, em Santa Maria (RS). Pedro Falcão Pinheiro, 25, estava internado desde 27 de janeiro, o dia do incêndio, no Hospital Cristo Redentor, em Porto Alegre.

A 238ª vítima é um rapaz de 20 anos. A família pediu para que seu nome não fosse divulgado.

Bruno Portella Fricks, que estava internado na UTI do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, foi a 237ª vítima da Kiss na noite do sábado(2/2). Bruno era formado em administração de empresas pela UFSM. . Sua namorada, Jéssica Duarte,que estava junto com ele na festa  está internada em Porto Alegre.

O jovem Matheus Rafael Raschen foi a 236ª vítima da tragédia.Matheus, jogador de basquete de Santa Cruz do Sul,faleceu na noite desta quinta-feira (31/1), no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre.

Uma webcam transmite ao vivo a movimentação em frente ao prédio da Boate Kiss. Clique no link

Segundo o jornal “O Dia” do Rio de Janeiro, na sua edição eletrônica de terça-feira(29) ” a polícia de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, afirmou que um dos sócios da boate Kiss, que que está internado num hospital sob custódia policial tentou o suicídio na tarde desta terça-feira. Segundo a delegada Lylian Carús, Elissandro Spohr  tentou se enforcar com a mangueira do chuveiro. O policial que fica de plantão no quarto hospitalar do empresário, que teve prisão temporária decretada por cinco dias, percebeu a intenção e o impediu. Elissandro foi algemado na cama para evitar novas tentativas. A prisão temporária do empresário acaba nesta sexta-feira, dia 1º de fevereiro”.

Confira aqui  a lista completa dos internados no Estado

A festa que acontecia na boate Kiss, em Santa Maria, Região Central do Rio Grande do Sul, na hora do incêndio que deixou pelo menos  238 mortos,  (124 homens e 114 mulheres) reunia jovens universitários da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

O vice-reitor da UFSM, Dalvan José Reinert, disse que  a maioria dos jovens mortos eram dos semestres iniciais.  Segundo nota distribuida pela assessoria da UFSM,  pelo menos 101 mortos eram acadêmicos da Universidade Federal. CNN , Los Angeles Times, BBC , New York Post , Daily Mirror , El Pais e El Clarin foram alguns dos mais importantes jornais do mundo que deram destaque à tragédia brasileira. O Papa Bento XVI enviou uma mensagem de solidariedade ao Arcebispo Dom Hélio Adelar Rubert, da Arquediocese de Santa Maria : “Consternado pela trágica morte de centenas de jovens em um incêndio em Santa Maria, o Santo Padre pede à Vossa Excelência que transmita às famílias das vítimas suas condolências e sua participação na dor de todos enlutados. Ao mesmo tempo que se confia a Deus Pai de misericórdia aos falecidos, o Santo Padre pede ao céu o conforto e o restabelecimento para os feridos, coragem e consolação da esperança cristã para todos atingidos pela tragédia e envia, a quantos estão em sofrimento e ao mesmo tempo procuram remediá-lo, uma propiciadora Bênção Apostólica.” A festa chamada “Agromerados” era organizada por estudantes dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Pedagogia, Zootecnia, Técnico em agronegócio e Técnico em alimentos, tinha classificação etária de 18 anos e o ingresso custava R$ 15. No banner de apresentação do evento, as atrações confirmadas eram as bandas “Gurizada Fandangueira“, “Pimenta e seus Comparsas” e os DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim. Santa Maria é conhecida por ser uma cidade universitária, pela excelência dos seus cursos, em especial os da UFSM. Só a Federal tem cerca de 28.000 acadêmicos.Outros centros de ensino superior de Santa Maria são a Faculdade Integrada de Santa Maria (Fisma), Faculdade Metodista de Santa Maria (Fames), a Universidade Luterana do Brasil e a Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma). Se estima em cerca de 50.000 o número de universitários na cidade que tem aproximadamente 270 mil habitantes. Por volta das 14h deste domingo, a presidenta da República Dilma Rousseff chegou ao ginásio municipal de Santa Maria para onde foram encaminhados os corpos das vítimas. Dilma conversou com familiares das vítimas e, visivelmente emocionada, preferiu não conversar com a imprensa. Antes de chegar ao ginásio, ela também passou no Hospital Caridade, onde estão sendo atendidos parte dos feridos. A presidenta estava acompanhada da ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário; do ministro da Educação, Aloizio Mercadante; do presidente da Câmara, deputado federal Marco Maia; e do governador do Estado, Tarso GenroPor volta das 15h, Dilma tomou o avião para retonar a Brasília.

A Presidenta Dilma Roussef cancelou a agenda no Chile e foi pessoalmente se solidarizar com os familiares das vítimas  em Santa Maria foto: Roberto Stuckert Filho/PR

“Em apenas dez anos a Gurizada Fandangueira consolidou-se no mercado da música gaúcha e prepara-se para crescer ainda mais. O crescimento não se deu por acaso, disciplina, determinação, paixão pelo trabalho, amor pela música e conhecimento são os pilares que a sustentam desde sua criação. A parceria, a amizade, o respeito e o tratamento familiar entre músicos e colaboradores fizeram com que a gurizada nunca interrompesse seu trabalho, graças a isso se mantém até os dias atuais. Da cidade de Santa Maria, a banda conta com uma formação sólida e próximo de completar 10 anos de carreira, neste ano a banda inova com seu mais recente CD, intitulado O SOM QUE O POVO GOSTA. Procurando atingir aos mais variados públicos, seguindo uma linha que vem dando certo a cada novo disco. Com a grande experiência comprovada em bailes e shows, demonstra além de todo seu talento, muita inovação em estrutura, efeitos visuais e pirotécnicos, os quais fazem toda a diferença na identidade exclusiva da banda. Pretende-se com este novo disco alcançar vôos ainda mais altos dedicando-se a um trabalho de nível nacional. Além do ‘SOM QUE O POVO GOSTA’ o CD traz outros grande sucessos, que atingem o estilo mais tradicionalistas com a música ‘BOTA DE A PÁ’, e o público do sertanejo universitário, com ‘LARGA TUDO e CORAÇÃOZINHO’.” No perfil da Banda Gurizada Fandangueira no Facebook não há mais informações atualizadas, mas um dos integrantes morreu no incêndio,  o sanfoneiro (gaiteiro) Danilo Jaques,de 27 anos, o mais jovem do grupo(de camisa azul na foto). Ele teria conseguido escapar mas voltado para buscar a gaita.

O gaiteiro Danilo Brauner Jaques e, segundo ele, “sua criança”. Reprodução/Facebook

Da outra banda que se apresentou antes, banda Pimenta e seus Comparsas, morreram o baterista Marcos André Rigoli, de 37 anos e o baixista Robson Van Der Ham, 31 anos. A equipe de esportes da Rádio Guaíba se dirigia a Caxias do Sul para transmitir o jogo Inter X Caxias pelo Gauchão e informada do cancelamento do jogo em meio à viagem tomou a decisão de ir direto à Santa Maria para informar os ouvintes sobre os acontecimentos. Aviões e helicópteros da Base Aérea de Santa Maria ajudaram na remoção dos queimados mais graves para hospitais de Porto Alegre, a 290 km.

Interior da boate Kiss em foto de outra festa, anterior à tragédia. fonte: www.boatekiss.com.br  Na noite de domingo,27 a página foi tirada do ar.

O Comando da Aeronáutica confirma que dentre os mortos, estão 5 militares da FAB que se encontravam na boate: o Sargento Luiz Carlos Ludin de Oliveira e os soldados Giovani Krauchemberg Simões, Leandro Nunes da Silva, Rodrigo Dellinghausen Bairros Costa e Rhuan Scherer de Andrade. Veja a nota oficial na íntegra: A Força Aérea Brasileira prossegue apoiando as vítimas da tragédia ocorrida em Santa Maria (RS) na madrugada deste domingo (27/01).  As ações continuadas nesta tarde constam de: 1 – Transporte de equipe médica multidisciplinar do Hospital de Força Aérea do Galeão, localizado no Rio de Janeiro, composta de cirurgião plástico especializado em queimados, cirurgião geral, médico intensivista, equipe de enfermeiros especializados em tratamento de queimados e material de suprimento médico e cirúrgico referente às necessidades do ocorrido. 2 – Transporte de equipe médica do Hospital de Aeronáutica de Canoas, localizado no Rio Grande do Sul, composta de psicólogos, médicos e enfermeiros que apoiam a equipe de legistas em Santa Maria, além de se somarem àqueles profissionais que prestam apoio às famílias das vítimas. 3 – Disponibilização, desde a fatídica ocorrência, dos meios de combate a incêndio e dos serviços de socorro imediato (ambulâncias e serviço médico do Hospital da Base Aérea de Santa Maria). 4 – Disponibilização de aeronaves de grande porte (C-130 Hércules), médio porte (C-105 Amazonas e C-97 Brasília), de pequeno porte (C-95 Bandeirante e C-98 Caravan) e cinco helicópteros H-60 Black Hawk para as diversas necessidades que se apresentam como o transporte de equipes de médicos (especialistas, cirurgiões e legistas), o transporte de sobreviventes que necessitam de remoção para outros centros de apoio e o transporte de vítimas fatais para o estado do Rio Grande do Sul e fora deste. 5 – Até às 19h30 deste domingo, 24 vítimas já haviam sido transportadas para tratamento no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre (HPS), em aeronaves da FAB. Foram 14 voos, a maioria em helicópteros, que pousam no Parque Farroupilha, o que facilita o acesso ao HPS. 6 – Disponibilização de aeronave C-99 EMBRAER 135, para transporte de equipe de técnicos e peritos do Ministério da Integração Nacional, de Brasília para Santa Maria 7 – Disponibilização de aeronave C-99 EMBRAER 145, que se encontra em prontidão, com tripulação e equipe à postos. 8 – Transporte de respiradores provenientes de Sorocaba e de Porto Alegre. Lamentavelmente, seis militares do efetivo da Base Aérea de Santa Maria (BASM) foram vitimados no incêndio. Destes, cinco faleceram. Ainda segundo o Comando da Aeronáutica, “No total, cerca de mil militares da FAB participam da missão, sendo 64 médicos e enfermeiros, além de 4 psicólogos. Os voos de UTI aérea até o momento envolveram aviões SC-105 Amazonas, C-95 Bandeirante, C-98 Caravan e helicópteros H-60 Blackhawk. Mais aeronaves estão de prontidão para acionamento em caso de necessidade.”  Assina a nota o Brigadeiro-do-Ar Marcelo Kanitz Damasceno , Chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica

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No Twitter, a hashtag #TODOSDesejamForçasASantaMaria assumiu a primeira posição no painel mundial de assuntos.
O vídeo “Mulher não trai” foi retirado do Youtube pelo usuário no final da tarde desta segunda(28)
O internauta Max Müller publicou na sua página do Facebook um vídeo impressionante mostrando o primeiro atendimento aos feridos , chamado Inferno na Kiss.

 A promotora criminal de Santa Maria Waleska Flores Agostini estava estudando desde o final da tarde do domingo(27) um possível pedido de prisão. São quatro os sócios da boate registrada comercialmente como Santo Entretenimentos Ltda ME, CNPJ 10818234-0001/02 ,uma SOCIEDADE EMPRESARIA LIMITADA , código 206-2 que, de fato e de direito , incluem Mauro Londero Hoffmann e Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko.

O sócio Elissandro Spohr, o Kiko Reprodução/Facebook  

O sócio Mauro Hoffmann Reprodução/Facebook  fonte : Blog do Rafael Nemitz

Na manhã da segunda(28) o promotor do Ministério Público Joel Oliveira Dutra confirmou o pedido de prisão temporária de quatro pessoas : o proprietário do local, o administrador e dois integrantes da banda .O delegado titular da 3ª DPR de Santa Maria, Marcelo Arigony, afirmou que um dos sócios da boate Kiss, Elissandro Spohr, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista) e Luciano Augusto Bonilha Leão (produtor e roadie), foram detidos na manhã desta segunda-feira,28.  Há informações controversas sobre quem , em tese, poderia ser o integrante da equipe da banda que teria acionado o efeito pirotécnico conhecido como sputnik.  Existem vários tipos de artefatos como os “guerbs” que são indicados para uso indoor,  são disparados através de uma bateria de 9 volts  e produzem um efeito durante 15 segundos com a altura de até 3 metros, segundo o site Equipashow , especializado neste tipo de equipamento. No site Mercado Livre, produtos similares são encontrados com facilidade a um preço médio de R$ 25,00 . Se for comprovado o uso de um sinalizador para uso externo e este tenha sido a causa da tragédia , significa que por uma diferença de R$ 67,50 tudo poderia ter sido evitado. Esta é a diferença nas lojas do modelo de uso indoor para o outdoor. Um custa R$ 70, o outro , mais perigoso e rudimentar,para uso externo,  R$ 2,50. O outro sócio, Mauro Londero Hoffmann se apresentou à Polícia na tarde da segunda-feira,28 .  Agora, os quatro estão presos temporariamente, e sendo tratados como suspeitos,  em celas isoladas na Penitenciária de Santo Antão, a 15 km de Santa Maria. O principal motivo da prisão temporária foi o fato deles terem se afastado da cidade logo após o sinistro. O delegado Sandro Meinerz afirmou que a casa noturna pode estar também  no nome de parentes dos sócios (no caso a mãe e a irmã de Elissandro Spohr, sendo que os três teriam  50% da boate e Mauro Hoffmann, os outros 50%). O empresário Mauro Hoffmann também seria sócio de outros estabelecimentos na cidade, a cervejaria Floriano e a danceteria Absinto. Segundo o site de notícias da cidade de Santa Rosa,  Noroeste Notícias ” Kiko, ator, cantor e empresário, em junho de 2011, em entrevista ao jornal “Diário de Santa Maria”, Kiko teria criticado “a mania de todo mundo sair de casa ao mesmo tempo”. Na matéria do site, “de acordo com o texto do jornal gaúcho, o dono da boate Kiss afirmou, na ocasião, que “muita gente está furando a fila e que os seguranças não conseguem controlar isso totalmente”. Na reportagem, Kiko teria informado que, naquela época, a Kiss tinha público de até 1.400 pessoas, e garantido que o número de ingressos nunca ultrapassa isso. “Sempre temos 700 ingressos antecipados e 700 na hora. Estamos tentando trabalhar para atender da melhor maneira o público. Tanto que passamos de quatro para 10 caixas”, teria afirmado Kiko na época. O delegado Marcelo Arigoni, disse que os primeiros indícios colhidos mostram que o alvará do local prevê lotação de 691 pessoas,e que alguns extintores falsificados podem ter colaborado para a tragédia. No entanto, ficou comprovado que a validade dos extintores de incêndio ía até outubro de 2013. A Prefeitura Municipal de Santa Maria divulgou o alvará de funcionamento, assinado pelo Chefe de Equipe de Fiscalização Imobiliário e Mobiliário da Secretaria de Município de Finanças, Marcus Vinicius Biermann .

No Alvará de Prevenção e Proteção contra Incêndio, expedido pelo 4º Comando Regional de Bombeiros, consta que o risco do estabelecimento era Médio . Segundo a  Lei_10987 , de 11 de Agosto de 1997, em seu Parágrafo 1º – O Corpo de Bombeiros , nos municípios em que possua destacamento, realizará inspeção anual nos prédios considerados de risco grande e médio, e a cada dois anos nos prédios considerados de risco pequeno. No Art 2º consta que as sanções são : 1: advertência  2: multa  3: interdição.

Confira aqui a íntegra da nota oficial da Brigada Militar do RS divulgada nesta terça(29) pelo seu Comandante Geral, Cel Sérgio Roberto de Abreu sobre a concessão de alvarás e outras responsabilidades. A nota pode ser acessada também no site da Corporação.

Segundo a nota ” o PPCI – Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio apresentado pelo responsável técnico contratado pela boate Kiss e aprovado pelo Corpo de Bombeiros, na boate havia duas saídas de emergência, cujas portas possuíam sentido de abertura para fora, dotadas de barras anti-pânico e devidamente sinalizadas. Suas dimensões estavam adequadas à população de 691 pessoas.” Segundo o jornal “Diário de Santa Maria” a empresa que atualizou o planejamento de combate a incêndio da Kiss foi a Hidramix Prestação de Serviço, de propriedade dos policiais militares Jairo Bittencourt da Silva  Roberto Flavio da Silveira e Souza ( bombeiro) e sua mulher  Gilceliane Dias de Freitas. Édio Nabinger, eletrotécnico da Hidramix dissse para o jornal que foram proposta três medidas, mas que a empresa executou somente uma parte das alterações necessárias para a liberação pelos bombeiros. Nabinger negou que a empresa tenha feito o PPCI. Ele disse para o jornal “Correio do Povo”, de Porto Alegre que apenas recebeu o PPCI para  instalar barras antipânico em portas internas da boate.

65 pacientes foram removidos para hospitais de outras cidades e 79 pessoas seguem internadas na rede hospitalar de Santa Maria.
Segundo o Ministério da Saúde há pelo menos 82 pacientes em estado grave, sendo que 73 em UTI com risco de morte.
A Prefeitura de Santa Maria colocou à disposição da comunidade um telefone para quem quiser mais informações : (55) 3921-7144. Podem ser feitas ligações a cobrar para este número.
Uma força tarefa organizada de forma emergencial pela Anvisa recebeu, nesta terça-feira (28), as doações em pele humana e de membrana amniótica doadas pelos governos da Argentina e do Uruguai , empregadas para recuperar partes do corpo atingidas pelas chamas. O Uruguai encaminhou 2.400 centímetros cúbicos de pele humana e 7.328 centímetros cúbicos de membrana amniótica. A Argentina enviou 10 mil centímetros cúbicos de pele e 20 mil centímetros cúbicos de membrana. Não é possível determinar quantos pacientes serão beneficiados, pois a necessidade depende da extensão da queimadura.
Em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (28/1), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que há 65 vítimas do incêndio internadas em hospitais de Santa Maria, das quais 27 em estado grave, e outros 52 pacientes atendidos na rede hospitalar de Porto Alegre.
O país conta com três bancos de pele localizados, respectivamente, no Instituto de Medicina Integral de Pernambuco Professor Fernando Filgueiras (Imip), em Recife; no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de São Paulo (HC-USP); e na Santa Casa da Misericórdia de Porto Alegre.Os bancos de Montevideo e de Buenos Aires são reconhecidos pela qualidade técnica e cooperaram para reforçar os estoques brasileiros pela dimensão do fenômeno ocorrido na cidade gaúcha e o impressionante número de atingidos por queimaduras.    O número oficial de mortes até a noite de quinta-feira(31) é de 236 pessoas.
Uma campanha também rola na web alertando quem aspirou a fumaça tóxica e que tenha sintomas como tosse, falta de ar e cansaço. Estas pessoas devem procurar atendimento médico imediatamente.
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Um texto publicado no Facebook pelo escritor gaúcho Fabrício Carpinejar bombou na web, sendo compartilhado e retuítado por milhares de internautas :

A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS  Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1925. Numa ladeira encrespada de fumaça. A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta. Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa. A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de janeiro de 2013. As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada. Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa. Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de incêndio. Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda. Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência. Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa. Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram. Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo? O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista. A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados. Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro. Mais de duzentos e quarenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos irmãos. Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal. As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso. Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu. As palavras perderam o sentido.

Na página do Google Brasil ao se passar o mouse sobre uma fita de luto, onde normalmente tem um doodle comemorativo, aparece a mensagem “Estamos em luto com todo o Brasil”

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Nada se compara a esta tragédia, mas eu, pessoalmente,  lembro de um domingo igualmente triste na Rádio Guaíba quando morreu o narrador oficial da Rádio, Pedro Carneiro Pereira, em um acidente no autódromo de Tarumã. Pereira também era piloto e morreu na reta de Tarumã com seu Opala disputando palmo a palmo posições com Afonso Iglésias.  Pedro Carneiro Pereira iniciava os jogos com a frase : o árbitro olha o seu relógio, nós o nosso…
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É impossível que as pessoas não imaginem que esta tragédia poderia ter acontecido na sua própria cidade. Você que frequenta a “night” vai dizer que não lembra da vez que foi “naquela” casa noturna e ela estava superlotada, certamente extrapolando todos os limites de lotação e segurança ? A ganância é quem manda nestas horas. Lembre agora , na sua cabeça, pelo menos dois nomes de boates em que poderia ter acontecido a mesma tragédia de Santa Maria . Não é tão difícil, mesmo que vc more numa cidade média.
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É impossível que diante da dor eterna que se alojou nos corações de cerca de 500 pais e mães esta lição não seja aprendida.
Mas o ser humano… ah, o ser humano.
No meio da dor, do desespero, da revolta ainda assim surgiram comentários maldosos e repugnantes nas redes sociais sobre o acontecido. A Internet maravilhosa que trouxe tantos contatos e amigos de volta é a mesma que acolhe a raça mais nojenta , a dos covardes, que se esconde atrás de um monitor e de um teclado. E valentemente, protegido pelo anonimato cretino,  posta as coisas mais absurdas não respeitando nem a dor do próximo. Quer achar um covarde ? É fácil . Eles se aglomeram no Facebook fazendo piadinhas infames e funestas da desgraça alheia. Escrevem o que não teriam coragem de dizer cara a cara, olho no olho, porque no mínimo levariam uma porrada nos dentes.
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Mas talvez pior ainda foi a tentativa de querer politizar a tragédia, feita pelos velhos jornalões da direita raivosa do Brasil. A charge produzida por Chico Caruso e veiculada no Blog do Noblat sugerindo que a Presidenta Dilma tem alguma relação com a tragédia nem vale a pena ser reproduzida aqui de tão indecente ,  um exemplo de cinismo e mau caratismo. Noblat ainda criou uma enquete em que coloca a possibilidade de que a visita presidencial às famílias enlutadas tenha sido demagogia, oportunismo político.
A charge assinada por Marco Aurélio, para o Jornal Zero Hora também foi de uma infelicidade atroz.
O especialista em alguma coisa que a Globo sempre arruma nestas horas, tentando responsabilizar o Governador Tarso Genro no Jornal da Globo desta segunda(28)  foi outra aberração que só o P.I.G.(Partido da Imprensa Golpista) consegue produzir, mesmo num momento tão delicado. PQP, vai ter espírito de porco lá na casa do c…
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No jornal Correio do Povo edição de terça-feira (29), que circula em POA e todo o RS,  há uma declaração estarrecedora do subcomandante do Corpo de Bombeiros de Santa Maria, Major Gérson da Rosa Pereira, que havia proibido suas duas filhas de ir à trágica festa.
Diz ele : “Quando vistoriamos esta boate, fizemos uma análise notificamos quanto à questão de existir apenas uma porta “, contou. ” No entanto, essa notificação foi derrubada pela Justiça, pois a lei não exigia duas portas pra um estabelecimento daquele porte. Ou seja: estava tudo legal perante a legislação brasileira:”
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O Rio Grande começa a enterrar os seus mortos.
238 histórias diferentes mas entrelaçadas pelo sofrimento.
Do casal que planejava um filho , do rapaz que estava curado de leucemia e comemorava, dos gêmeos, do militar que salvou a namorada e voltou para ajudar no resgate dos outros e morreu. Do corpo do peão acompanhado até o último momento pelo seu cavalo solitário. Da festa de aniversário da jovem de 19 anos que escapou por pouco e sua lista de convidados. Do universitário de educação física que ajudou no que pode, mas exausto, se lamentava por não ter tirado mais gente daquele cenário de horror.
Tristeza e dor numa sequência de 238 sepultamentos em que a ordem da vida se inverte.
Os mais velhos enterram os seus jovens.
Todos jovens, escandalosamente jovens.
Agora é o silêncio.
Que nos próximos passos se ache a justiça…
Veja quem são e o que faziam as vítimas da tragédia (fonte: A Razão)
Julia Cristofali Saul, 20 anos, estudava medicina na Unisc e era natural de Jaguari.
Ângelo Nicolosso Aita, 24 anos. Estudava Medicina Veterinária na UFSM.
André Cadore Bosser, tinha 20 anos, nascido em Alegrete e estudante de Engenharia Florestal da UFSM
Andressa Ferreira Flores, natural de Santa Rosa, tinha 18 anos.
Os namorados Luiz Fernando Donate e Flavia Decarle Magalhães.
Lincon Turcato Carabagiale, natural de Ijuí, trabalhava no INPE como metereologista
Viviane Tólio Soares, 22 anos. Trabalhava na loja Renner e pretendia cursar Medicina Veterinária
Vagner Rolin Marastega, de Ivorá, cursava Agronomia na UFSM
Leonardo Schoff Vendruscolo, estudava Agronomia na UFSM
Rafael Quilião de Oliveira, morava em Cachoeira do Sul
Marcos André Rigoli, 37 anos. Baterista da banda Pimenta e Seus Comparsas, de Ijuí que tocava na Kiss. Era casado mas não teve filhos.
Ilivelton Martins Koglin
Raquel Daiane Fischer, tinha 19 anos e estudava Tecnologia dos Alimentos na UFSM. Rainha da última edição da Feira Internacional de Tecnologia de Horizontina.
Guilherme Fontes Gonçalves, 19 anos, nascido em Cachoeira do Sul e cursava Agronomia na UFSM. Namorava Stefani Posser Simeoni, que também morreu no incêndio.
Daniela Betega Ahmad, natural de Cacequi, estudava Agronomia na UFSM, namorava Mateus Brondanii, que morreu no incêndio.
Ana Carolini Rodrigues, 19 anos, cursava Tecnologia dos Alimentos na UFSM
Carlos Alexandre dos Santos Machado. Tinha 26 anos e era formado em Administração pela Unifra
Mirella Rosa da Cruz, cursava Pedagogia na UFSM, irmã de José Manoel da Cruz, que também faleceu no incêndio.
Vanessa Vancovicht Soares, natural de Santiago
Andressa Thalita Farias Brissow, natural de Itaqui, cursva Direito na Fadisma. Tinha 20 anos e era irmã de Louise Brissow, também morta no incêndio.
João Alousio Treuliebe, natural de Ijuí, estudou Turismo na Unifra
Andrise Farias Nicoletti, estudava Agronomia na UFSM, natural de São Gabriel
Gabriela Corcine Sanchotene, nascida em Alegrete, ex-aluna do curso de Psicologia da Unifra
Merylin de Camargo dos Santos
Elizandro Oliveira Rolin, morava em Itaara, sócio da Loja Estilo Jovem.
João Paulo Pozzobom, estudava Agronomia na UFSM e namorava Michele Cardoso, que também morreu na tragédia
Juliana Sperone Lentz, estudava Agronomia na UFSM
Bruno Kraulich, 28 anos, cursava mestrado em Agronomia, natural de Tuparendi
Tiago Dovigi Cegabinaze
Flavia Maria Torres Lemos, estudante de Pedagogia na UFSM
Benhur Retzlaff Rodrigues, 20 anos, natural de Santo Ângelo, estudante de Engenharia Civil da UFSM.
Ricardo Dariva, recém formado em Economia pela Unifra e trabalhava como coordenador de filiais em uma empresa de concreto. Tinha 24 anos.
Leonardo Lemos Karsburg, natural de Uruguaiana e estudava Agronomia na UFSM
Paula Batistela Gatto, 19 anos, natural de Tapera, estudava Agronomia na UFSM
Débora Chiappa Forner
Bruna Camila Graeff, 20 anos. Estudante de Tecnologia dos Alimentos na UFSM, natural de Inhacorá, RS.
Jennefer Mendes Ferreira, natural de Santana do Livramento, cursava psicologia na Unifra. A amiga de infância Mariana Pereira Freitas também faleceu na tragédia. A lápide no Cemitério Santa Rita tem a foto das duas.
Dionatham Kamphorst Paulo, 18 anos, natural de Santana do Livramento e morava em São Gabriel
Bibiana Berleze, aluna de Medicina Veterinária da UFSM
Jéssica Almeida Kongen cursava Educação Especial na UFSM, era natural de Manoel Viana
Alex Giacomolli, 19 anos, de Tapera, estudava Agronomia na UFSM e trabalhava como técnico agropecuário na empresa Stara
Emerson Cardoso Pain, 25 anos e cursava Relações Públicas na UFSM
Cássio Garcez Biscaíno, 20 anos – cursava Engenharia Agrícola na Unipampa, natural de Manoel Viana e morava em Alegrete. Estava em Santa Maria com amigos.
Vinicius Greff, 24 anos, estudava Zootecnia na UFSM. Tinha 24 anos e trabalhava no Laboratório de Bromatologia e Nutrição de Ruminantes.
Greicy Pazzini Bairro, natural de Manoel Vianna
Letícia Baú, tinha 20 anos, estudava Tecnologia em Alimentos na UFSM
Leandra Fernandes Toniolo, 23 anos, estudava Radiologia na UFSM
Micheli Froehlich Cardoso, 20 anos, era protética e também trabalhava na Kiss. Chegou a pedir ajuda pelo Facebook no início do incêndio.
Pedro Morgental, nascido em Santa Maria, morava em Porto Alegre, onde trabalhava.
Luana Behr Vianna, estudava Psicologia na Unifra, natural de Santa Maria
Tanise Lopes Cielo, 23 anos, era professora de dança e foi ao local para ver alunos que iriam se apresentar. Deixa dois filhos.
Karen Fernanda Knirsch, cursava Tecnologia dos Alimentos na UFSM.
Augusto Malezan de Almeira Gomes, formou-se no ensino médio em 2011, colégio Cilon Rosa
Barbara Moraes Nunes, natural de Santo Antônio das Missões
Bruna Brondani Pafhalia, advogada, 25 anos. Namorava com Leandro Reivas, também identificado entre as vítimas. Foi sepultada em Santiago, sua terra natal.
Vinicius Silveira Marques de Mello, de 20 anos, foi a Boate Kiss com a namorada Juliana Moro de Medeiros, que também morreu no incêndio
Danilo Brauner Jaques, 28 anos, sanfoneiro da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava na Kiss quando o incêndio começou
Rhuan Scherer de Andrade, trabalhava na Base Aérea de Santa Maria
Carolina Simões Corte Real, estudava Tecnologia dos Alimentos na UFSM e tinha 18 anos
Henrique Nemitz Martins, natural de Manoel Viana, estudava Medicina Veterinária na UFSM
Leonardo Machado de Lacerda, 28 anos, 1º Tenente do 4º Regimento de Carros de Combate em Rosário do Sul. Natural do Rio de Janeiro, onde foi sepultado
Martins Francisco Mascarenhas de Souza Onofre, nasceu em Rio Grande e estudou na Unifra. O corpo foi sepultado em Júlio de Castilhos.
Jaderson da Silva, 29 anos, natural de Itaqui e cursava Tecnologia dos Alimentos na UFSM
Gabriella dos Santos Saenger, de Uruguaiana, estudava Psicologia na Unifra
Isabela Fiorini, 19 anos, de São Miguel do Oeste (SC), estudava Medicina Veterinária na UFSM
Emili Contreira Ercolani
Ivan Munchem, cursava medicina veterinária na UFSM e era natural de Cândido Godói
Cristiane Quevedo da Rosa – de Júlio de Castilhos, estudava Terapia Ocupacional na UFSM e trabalhava na Boate Kiss
Mariana Pereira Freitas, tinha 21 anos e era formada em Educação Física na Fames
Luiza Batistella Puttow, natural de Tapera estudava Odontologia na UFSM
Felipe Vieira, 26 anos, natural de Caxias do Sul, morava em Santa Maria havia três meses.
Franciele Vizioli, 20 anos, natural de Erechim, estudante de Engenharia Civil na UFSM
Helena Poletto Dambros, cursava Medicina Veterinária na UFSM, natural de Dom Pedrito, também morou em Ijuí.
Taize Santos dos Santos, 24 anos. Estudava Sistemas da Informação na Unifra, era funcionária da empresa Zipline Tecnologia
Pedro de Oliveira Salla, estudava Agronomia na UFSM. Tinha 17 anos, participou da organização da festa.
Kelli Anne Santos Azzolin, natural de são Luiz gonzaga, 23 anos. Tinha iniciado doutorado em Química na UFSM.
Taíse Carolina Vinas Silveira, de Caçapava do Sul, estudante de Artes Visuais da UFSM.
Vitória Dacorso Saccol, cursava Nutrição na UFSM, no Campus de Palmeiras das Missões
Suziele Cassol, 19 anos, e o namorado, Roger Dallagnol.
Stefane Posser Simeoni, de Marau. Tinha 18 anos e estudava Odontologia na UFSM. O namorado, Guilherme Pontes Gonçalves também faleceu.
Fernanda Tischer, 19 anos, cursava Veterinária na UFSM, natural de Paverama.
Lucas Foggiato, natural de Dom Pedrito, estudava Agronomia na UFSM e trabalhava no Instituto Phytus.
Crisley Carolina Saraiva Freitas de Palma, de Santa Maria, trabalhava em uma clínica odontológica.
Natascha Oliveira Urquiza, cursava Ciências Econômicas na UFSM, tinha 20 anos e era natural de Uruguaiana.
Rogério Cardoso Ivaniski, formado em Administração pela Fames, trabalhava em uma Consultoria em fight wear e suplementação esportiva.
Ricardo Custódio, 27 anos. Formado em Administração trabalhava no setor de Marketing da Grendene, em Farroupilha.
Maurício Loreto Jaime, natural de Caçapava do Sul, estudava Zootecnia na UFSM. Tinha 19 anos
Luiz Eduardo Viegas Flores, 24 anos, cursava Ciências da Computação e morava em Três Passos, natural de Santa Maria
Flavia Decarle Magalhães, 18 anos. Namorava Luis Fernando Donati, que também morreu no incêndio
Erila Sarturi Becker, cursava Agronomia na UFSM
Ana Paula Anibaletto dos Santos, de Entre Rios do Sul, estudante de Tecnologia dos Alimentos na UFSM
Larissa Hosbach, formada em Turismo estudava Tecnologia em Alimentos na UFSM
Rhaissa Gross Cúria, natural de Porto Alegre, cursava Agronomia na UFSM
Gilmara Quintanilha Oliveira, natural de Porto Alegre, estudava Direito na Fadisma
Allana Willers, 18 anos, natural de Ijuí, estudante de Jornalismo da UFSM.
Maicon Douglas Moreira Iensen, estudava Educação Física na UFSM
Matheus Pacheco Brondani, natural de Rosário do Sul, estudava Medicina Veterinária na Urcamp, em Bagé. Namorava Daniela Betega Ahmad, que também morreu no incêndio.
Thais Zimermann Darif, de Guaracisba (SC), tinha 19 anos e estudava Medicina Veterinária
Matheus Engers Rebolho, morava em Santo Ângelo, cursava direito e tinha 18 anos.
Odomar Gonzaga Noronha, estudava Ciências Econômicas naa UFSM e trabalhava como supervisor nas Lojas Americanas. Tinha 27 anos, natural de Canoas.
Marton Matana, natural de Ibarama, estudava Engenharia Florestal na UFSM
Marcelo de Freitas Salla Filho, 20 anos, estudava Direito na Unifra, morreu no incêndio junto com o irmão, Pedro de Oliveira Salla, de 17 anos
Bruna Eduarda Neu, de Agudo. Namorava Thailan de Oliveira, que também morreu no incêndio.
Alexandre Anes Prado, estudava Jornalismo na Unifra, ex-aluno do Colégio Coração de Maria
Miguel Webber May, estudava Agronomia na UFSM, natural de Chapada tinha 23 anos
Mariana Comassetto do Canto, cursava Desenho Industrial na UFSM, tinha familiares em Concórdia (SC)
Monica Andressa Glanzel, natural de Ibarama, cursava Matemática na UFSM, tinha 18 anos.
Luciano Tagliapetra Esperdião, soldado natural de Nova Palma, servia em Santa Maria.
Thiago Amaro Cechinatto, nascido em Ijuí, estudava Agronomia na UFSM
Fernando Pellin, 23 anos, natural de Santo Augusto, mas morava em Sarandi. Ele também morou em Santa Maria, com o amigo Miguel May, que faleceu na tragédia
Daniel Knabbem da Rosa, 35 anos, natural de Taquari, deixou um filho.
Fábio José Cervinski, 25 anos, estudava Agronomia na UFSM. Natural de Paim Filho e tinha passado por um tratamento de Leucemia havia dois anos.
José Manoel Rosa da Cruz, cursava Zootecnia na UFSM, irmão de Mirela Cruz que também faleceu no incêndio.
Shaiana Tauchem Antolini, 22 anos, estudava Publicidade e Propaganda e fazia apresentações como cantora.
As irmãs Louise Victoria Farias Brissow e Andressa Thalita Farias Brissow.
Andressa Roaz Paz, de São Francisco de Assis, estudava Tecnologia em Agronegócios na UFSM, 20 anos.
Ana Paula Rodrigues, natural de Mundo Novo (MS) a jovem passava as férias em Santa Maria
Rosabe Fernandes Rechermann, 45 anos, trabalhava no Fórum de Santa Maria, tinha passado no Mestrado em Gestão Ambiental. Foi a boate com o marido, Luiz Antonio Xisto, 36 anos, veterinario e também morreu no incêndio. Ela deixa dois filhos
Vinicius Montardo Rosado, 24 anos, formado em Educação Física na Fames e trabalhava como Educador Social no Coletivo Coca-Cola Vento Norte de Santa Maria e jogava rúgbi.
Kelen Aline Karsten Favarin, natural de Santa Maria, trabalhava nas lojas Renner.
Luana Faco Ferreira, tinha 19 anos e fazia cursinho em Santa Maria
Matheus de Lima Librelotto, cursava Agronomia na UFSM, tinha 19 anos
Heitor Santos Oliveira Teixeira, cursava Ciências Econômicas na UFSM e tinha 24 anos. Natural de Santa Maria ele iria se mudar para Porto Alegre. Era sócio de uma produtora de eventos
Natana Pereira Canto, completaria 20 anos no próximo sábado. Trabalhava como telefonista no Fórum de Santa Maria e estudava Direito na Fames.
Walter de Mello Cabistani, 20 anos, estudava Direito na Unifra e estagiava no escritório Markus & Haas Advogados Associados
Melissa Berguemeier Correia, estudavaa Agronomia na UFSM, natural de São Francisco de Assis.
Silvio Beurer Junior, 22 anos, filho do dono da joalheria Silvio Joalheiro.
Letícia Ferraz da Cruz, cursava Medicina Veterinária na UFSM
Ericson Ávila dos Santos, 18 anos, estudante de Tecnologia dos Alimentos e era natural de São Borja
Juliana Oliveira dos Santos, cursava Enfermagem na UFSM.
Larissa Terres Teixeira, professora, natural de Santa Maria.
Ariel Nunes Andreatta, natural de Jóia. Morava em Santa Maria e cursava Tecnologia dos Alimentos na UFSM

Moto-aventura : Quase 10.000 km pela Patagônia

Por quê viajar ?

Amyr Klink, o ilustre navegante já dizia:

Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”.

Porto Alegre sempre foi um lugar mágico e estratégico. A proximidade com o Mercosul e com o sudeste faz da cidade um perfeito ponto para saltos maiores. Como uma viagem de moto pelo Uruguai, Argentina e Chile. Não tem lugar melhor para zarpar. E foi assim que fizemos. E é por onde começa o nosso relato destes quase 10.000 km pela Patagônia argentina e chilena , de abril a maio, com a intenção de gastar (em média) menos de 100 dólares por dia entre gasolina, comida, hospedagem, pedágios e cerveja. Uma viagem com poucas fotos e muito chão.

1º dia – Como sempre em POA muitas festas na Cidade Baixa, com chorinho e muita cerveja Polar, contando e ouvindo lorotas com a Lê (a artista plástica e audiovisual Letícia). Deixamos as malas por lá, porque a partir daqui só mochila e alforge, a XT 660 tava esperando em Curitiba. Deu prá tomar mais “umas Polar” porque este trechinho também seria de avião.

2º dia – Cedo no aeroporto, muita neblina, mas deu teto e chegamos em Curitiba de manhã cedo. Fui buscar a moto na garagem, e daí prás lojas da João Negrão, no centro de Curitiba, prá colocar as tralhas, porque a XT tava pelada. Moto preparada, alforges colocados,vacina nos pneus, óleo Yamalube cambiado pelo Motul 5100, bolha, bauleto, etc. À noite, que seria para descanso virou mais uma noite de festa, com muita tequila e chopp , acompanhando o irmão da Z , meu cunhado Zalber. Todos sabem que pegar estrada com ressaca não é nada aconselhável, mas como tinha um trecho pequeno , de uns 250 km no outro dia, deu prá chutar novamente a jaca.

3º dia – Estraaaaaaaada!!! Saída de Curitiba na hora que deu prá acordar, rumo ao litoral paulistano, primeiro povoado do Brasil. 246 km pela Régis Bittencourt, BR 116. Entrando a direita em Jacupiranga, passando por Pariquera-Açu. Uma ressaca lascada, vento batendo no rosto, BR 116. Um almoço deu uma reconfortada no estômago e a velha Coca rebateu de vez. Só 246 km de asfalto bom e sinalizado. O problema é que ao chegar em Cananéia + festa, isca de cação, caranguejo, cerveja gelada. Ô vida infernal…loop, moto contínuo, ou a técnica cinematográfica da narrativa elíptica.

4º dia e 5º dia , foi nesta mesma levada, ostra, caranguejo, cação, cerveja…Fui dormir cedo porque no outro dia tinha estrada.

6º dia – Acordar cedo, tudo escuro, a moto abastecida . Presenciar o amanhecer do dia no Vale do Ribeira é muito legal. O sol nascendo e batendo nos retrovisores. Neste dia , um trecho de Cananéia/SP a Florianópolis/SC  570 km pela Régis Bittencourt e BR 101 . Uma passagem por São Francisco do Sul, o sol ainda firme, onde tava rolando  um Encontro Nacional de Motociclistas, o Moto São Chico.  Na programação bandas de rock, escolha da rainha , festival de bandas de garagem, baile dos anos 70, 80 e 90, troféu para motoclubes, sorteio de brindes e camisetas, exposição e venda de peças, acessórios e equipamentos para motos, além de passeio de motos do centro até as praias.  Não pudemos ficar , porque nosso objetivo estava mais à frente. Almoço (peixe) em Camboriu e chegada à noitinha em Floripa, debaixo de chuva. E daí aquela história de quem viaja de moto e não consegue fazer reserva de hotel porque nem sabe se vai chegar naquele dia. Sexta à noite, hotéis lotados, etc,etc. Comemos um X Salada que era maior que o prato, Nem deu prá provar uma branquinha no Mercado. Fui abaixo de chuva até a Praia Mole prá encontrar meu velho amigo Olintho Jr, mas ele não tava, era feriado, devia estar na praia da Ferrugem tocando os butecos dele.

7º dia –  Florianópolis/SC a Porto Alegre/RS – 466 km Chuva, chuva e chuva. Uma parada naquelas lojas de malha de beira de estrada prá reforçar a bagagem para o frio que viria pela frente e ao entrar na free-way em Osório ligar para Porto Alegre onde o Kiko, a Rosane e o Renan esperavam com um baita de um jantar. Noosssa ! Quase mata a nossa vontade de tomar umas Polar com a Lê lá pela Cidade Baixa. Mas deu tudo certo. Tava junto a amiga nordestina uruguaia Milena e ficamos discutindo cinema até altas horas.

Centro histórico de Pelotas / RS

8º dia –  Porto Alegre a Pelotas – Depois de uma bela macarronada preparada pela Reny e Suely, estrada. 260 km pela BR 116 cheia de desvios e pontes caídas pois tinha ocorrido um dilúvio dias antes perto de São Lourenço do Sul. O friozinho dá uma apertada. Mas ainda não estamos usando a 2ª pele. Hospedagem no hotel do Léo, que tem garagem para motos, um Xis maior que o prato de Florianópolis no Rei do Frango, umas cervejas e vamos dormir para encarar o Taim no dia seguinte, acabaram as mordomias tipo dormir até mais tarde, bons almoços,etc.

Curral Alto : Este é o único posto entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar

9º dia – Pelotas/RS a Rocha/Uru – 393 km pela Tradicional BR 471 até Chui e depois Ruta 9, até Rocha. Põe frio neste trecho, maninho. Deu para manter um “train” em torno dos 110 km por hora, olhando a bela vida selvagem do Taim e tendo muito cuidado com os atropelamentos.

Em Chuí providenciamos a Carta Verde, e passamos o primeiro perrengue em questão de plata : a agência BB de Chui tinha sido inundada um dia antes e as máquinas estavam quase todas quebradas. Na aduana uruguaia muita hospitalidade e desembaraço em poucos minutos. O veículo tem que estar no seu nome, ou se estiver alienado, com uma carta da financeira liberando a saída do Brasil com firma reconhecida em cartório. Em nenhum dos países do Mercosul é necessário a PID (Permissão Internacional para Dirigir) que é um documento meio jurássico e grande. Mas por este mesmo motivo sempre aconselho que leve a PID, ela já me tirou de várias tentativas claras de extorsão. Você faz cara de desentendido pro guarda e mostra a PID. Como ele quase sempre nunca conhece o documento, para não ficar mal na foto, faz uma cara que entendeu e te libera.

Detalhe importante : a PID tem que ser emitida no DETRAN de origem da CNH. Ou seja , se sua CNH é de Goiás, por exemplo, a PID tem que ser emitida em Goiás.

A Fortaleza de Santa Tereza merece ser visitada por quem for pela Ruta 9

Neste dia deu prá visitar direito a Fortaleza de Santa Tereza no lusco-fusco da tarde (na minha infância comi muito churrasco aí no seu belo parque, a gente acampava e depois ía tomar banho de mar no frio !) e chegamos congelados em Rocha. Desta vez , nem uma cerveja. Banho quente e cama. Brrrrr

10º dia –  Rocha a Montevideo – São 235 km em trecho light, via San Carlos, Maldonado e Punta del Este com estradas ótimas, bonitas e cercadas por belos gramados emoldurando a paisagem castelhana.

Chegada em Montevideo a tempo de almoçar no Mercado do Porto e curtir um cochilo na Rambla, ao por do sol

Iniciamos uma bela amizade com Patrícia, prima-irmã da Norteña. Dia agradável, sol e pouco vento, prá curtir mesmo a paisagem. Chegada em Montevideo entrei pela Rambla e contornei a cidade até o centro, no hotel que tinha reservado pela Net. Barato e confortável. Moto na garagem, muitas caminhadas pela av. 18 de Julho, parrilladas, Mercado do Porto. Nos desencontramos da amiga da Lê, a Milena que tinha ido neste ínterim para Montevideo de ônibus. Uma pena, fica prá outra, Milena !

11º dia  Montevideo/Colônia do Sacramento/ Buenos Aires 184 km pela Ruta 1 até Colônia do Sacramento, uma das cidades mais simpáticas que já conheci e que merecia mais uns dois dias de exploração.

No Buquebus, com todo o espaço do mundo, a única moto

Mas a vida de viajero é assim mesmo , vai ficar para outra oportunidade. Pegamos o BuqueBus rápido” das 16:30 . Paguei 237 pesos pela moto,mais 580 pesos de passagem: Total = 817 pesos ou seja, aproximadamente US$ 180 . Entrei em Buenos Aires às 18 hs, na hora do rush, um verdadeiro inferno, sem GPS. Entrar numa cidade desconhecida já é complicado. Do tamanho de B. Aires então… Com a colaboração dos taxistas e um mapa impresso do Google Maps achei o hotel também já reservado pela Net, da rede Best Western. Incrível, mais barato que muito muquifo que enfrentei pela frente !

Foi o hotel mais chicoso e mais barato de toda a viagem. Bom , 2 dias para explorar BA, com suas Quilmes, ,tango, etc,etc…

12º dia  Buenos Aires/AR a Azul/AR 305 km pela Ruta 3 , dia de sufoco , do começo dos ventos patagônicos, chuva intensa, caminhões. Quem já andou pelas carreteras da Patagônia sabe do que estou falando. Não é um ventinho qualquer. É uma ventania constante, que te obriga a andar inclinado numa reta com a moto. E que depois da passagem de um caminhão e o seu deslocamento de ar, te obriga a fazer correções de rota que em nenhuma moto-escola do mundo ensinam, tudo isto em frações de segundo. Idem quando vc ultrapassa uma carreta e por breves instantes tem um “alívio” da força do vento. Na saída, você tem que equilibrar o redemoinho empurrado pela frente do caminhão e a volta do vento natural lateral. Uma, duas , dez, vinte vezes até que é divertido. Mas quando vc encara mais de 300 km nesta situação, lhe garanto : não é nada divertido !

Se o vento vem pela esquerda então é um desespero a cada carreta que cruza com você, a moto sai no meio de um espiral de vento e logo a seguir tem que equilibrar com o vento lateral. É um sufoco ! Chega a cansar e doer o braço !

Em Azul, encontramos o Jorge, da Posta del Viajero en Moto, que nos recebeu muito bem. Assinamos o seu livro de presença e fomos em busca de um hotel barato, com “cochera” e banho quente.

Jorge, um figuraço internacionalmente conhecido do “La Posta del Viajero en Moto”, recebendo todo mundo de braços abertos

Ruta 3 é vento e carreta o tempo inteiro.

Daí, tudo “Azul”?

 

Noite fria nas ruas de Azul

A noite, um “vacio” no capricho e algumas Stella Artois encerraram a visita a Azul, que tem uma pracinha legal, etc…

13º dia Azul/AR a Bahia Blanca/AR 334 km pela Ruta 3, EP 51 e RP 76 – chuva, chuva, chuva….Frio, frio, frio….

Pedágios – Na Argentina, em geral moto não paga pedágio, tendo uma saída lateral específica e livre. Mas cuidado ! Algumas destas saídas tem pequenas armadilhas, como cavaletes, correntes e pista muito escorregadia.

Um trecho relativamente curto, mas chegamos exaustos. Improvisamos uma “secadeira” no apartamento : botas , luvas e roupas estratégicamente colocadas nas saídas da estufa, em cima do abajur, perto da lâmpada. Funcionou ! O brabo foi ter que ir ao supermercado na noite fria só com chinelo de dedo ! Compramos pizza, batata frita, cerveja e umas ameixas lindas ! (Perderíamos as ameixas na entrada da Província de  Rio Negro. Na Argentina, assim como na passagem entre fronteiras, na divisa das Províncias não é permitida a entrada de alimentos que não sejam industrializados. Um cachorrinho chato e com jeito de poucos amigos denunciou o alforge que levava as frutas).

Bahia Blanca : totalmente molhados e com muito frio

e necessidade de auxílio externo prá aquecer.

Natália, nosso anjo salvador no deserto…

14º dia  Bahia Blanca/AR a Villa Regina , província de Rio Negro/AR 445 km pela RN 22.

Trecho com o frio aumentando, perdemos de cara numa barreira sanitária as lindas ameixas compradas em Bahia Blanca.  E fiquei sem gasolina (pane seca) a aproximadamente 14 km de Choele-Choel, no meio do deserto , após Rio Colorado. Sinceramente, não lembro porque não abasteci em Rio Colorado. E foi aquela velha e conhecida história: com o vento de proa, o consumo da moto aumentou e daí…PQP, uma garrafa pet teria resolvido o problema. Domingo, dia tenso. Por toda a sorte do mundo e dos anjos protetores dos motociclistas a moto parou perto do que parecia uma pedreira abandonada. Já tinha planos de esconder a moto atrás de um arbusto e encarar a pé o trecho quando apareceu um cachorro latindo. Sinal de gente ! Vejo um guarda vindo em minha direção… era “uma” guarda, Natália ! Deixei a moto com a Zane e a guarda Natália,e fui de carona, num caminhão que a Natália conseguiu parar na estrada colocando uns cones,  até Choele-Choel comprar gasolina. Como era domingo o movimento que já é comumente reduzido naquela estrada, estava quase a zero. Pedi ajuda da Polícia Caminera, e depois de uma boa conversa, em ele parou um conservadíssimo Ford Falcon com um casal que aceitou me dar carona.

A gasolina argentina em geral é melhor que a nossa. Mas vai a dica. Não confie nas distâncias. Se vai encarar um trecho meio desértico , leve uma ou duas garrafas Pet de 2 litros nos alforges. Quatro litros na XT equivalem a quase 100 quilômetros e pode representar a diferença entre sufoco e tranquilidade !

15º dia  Villa Regina/AR a San Carlos de Bariloche/  659 km pela RN 237  e RN 22, passando por Neuquén , onde fizemos compras numa loja de alpinismo para reforçar a indumentária pois o frio chegou para matar  !Em Neuquén, com os Andes chegando perto e o frio aumentando, recorri à tática das luvas cirúrgicas por baixo das luvas de couro. Funciona bem , esquenta e não deixa molhar a mão, mesmo que a luva exterior não segure bem a água. Comprei uma dúzia, das mais baratas, e deu para o resto da viagem. Lição do dia : Assim como não se deve fazer compras em supermercado com fome, não se deve comprar roupas para o frio , estando com frio !

Em Bariloche, em plenos Andes paramos na Pousada dos Alpes, vai entender. Mas nada que um “vacio” preparado na hora no “El Bolicho de Alberto” não resolva.

Tombo besta – Alguém haverá de me contestar: todo tombo é besta ! Mas tem uns que são mais bestas que os outros. Foi o meu caso. Ao entrar numa rampinha de um restaurante em Bariloche, por alguma destas falta de atenção quando vc se sente em zona segura, não acelerei o suficiente para dar tração na moto. Resultado : ela apagou, a moto veio com tudo prá trás e daí meu irmão, não tem freio que segure. Não caí, larguei a moto no chão. Nem eu nem minha companheira nos machucamos, e ainda demos boas gargalhadas. Mas tive que trocar a pedaleira, que entortou a ponta e começou a machucar o pé da Zane.

Fomos até o Cerro Catedral, tradicional estação de esqui. mas ainda não estava nevando….

Da janela lateral, do quarto de dormir…

Paradoxo : no meio dos Andes, o nome da pousada é “Los Alpes”

16º dia  Bariloche/AR a Osorno/Ch – 85 km até Villa Angostura, contornando o lago Nahuel Huapi. Mais uns 100 km até o vulcão Puyehue. Saída da Argentina e entrada no Chile pelo Paso Cardenal Samoré (Alfândega Chilena El Pajarito). O Paso Samoré é importante porque é um dos únicos que não fecha durante o inverno. ( Irônicamente, em 2011, a atividade do vulcão Puyehue não somente fechou o Paso como infernizou a vida e o comércio daquela região.) Depois, uns 80 km até Osorno

Osorno/CH

Vai aí uma Kunstmann Torobayo Ale ?

Dificuldades de comunicação em Osorno, os telefones publicos não te entendem, você não entende os telefones públicos e nem a garçonete… cachorros atacando a moto, caímos num bar até que bacana que servia umas  Kunstmann Torobayo Ale .

17º dia :Osorno/Ch a Chillán/Ch 542 km pela Ruta 5, Panamericana . No caminho , à direita uma placa indicava o lugar onde “Nada é pior”. Acredite se quiser, mas Peor es Nada existe !!! E escapou de um terremoto !

A Ruta 5, a via Panamericana é uma delícia para se viajar. Mas cuidado ! Os “carabineros” estão atentos e excesso de velocidade no Chile dá cadeia !

Em todo o Chile, a rede Copec de 50 em 50 km com postos e café quente

Na subida de “Los Caracoles” estava tão tenso que esqueci de colocar a luva da mão direita. Cheguei lá em cima com a mão quase congelada.

18º dia : Chillán/Ch a Mendoza/AR 784 km pela Ruta 5 e Ruta 7 – Trecho deslumbrante mas cansativo com a passagem de Los Caracoles, ao lado do Aconcágua.

Cruzando o Centro de esqui Los Penitentes, Puente Del Inca, Parque do Aconcagua, Túnel internacional Cristo Redentor e Los Caracoles você chega na aduana, um galpão enorme, estranho e sombrio, mas abrigado do vento, da chuva e da neve. Lá dentro ficam as aduanas chilena e argentina. É também um refúgio nas borrascas, comuns na região no inverno.

Depois de rodarmos muito após o Paso  Fronterizo Los Libertadores chegamos em Uspallata, cidade com um Cassino na sua rua principal. Café no YPF, e decidimos seguir viagem pela RN-7, depois Ruta 40 (uma espécie de BR 101 argentina),

Mendoza estava a pouco mais de 100 kms.  A estrada por ali é traiçoeira, muitos túneis em curva, o que à noite representa perigo redobrado.  No meio do caminho resolvemos parar no primeiro povoado que oferecesse hospedagem, mas estava tudo lotado, a estrada estava em obras, e os hotéis e pousadas de beira de estrada estavam  integralmente ocupados pelos engenheiros e funcionários da empreiteira. Novamente na estrada, já ficando tarde, o cansaço batendo, começamos a ver miragens. Qualquer conjunto de luzes ao horizonte era motivo prá imaginar um pequeno povoado com uma pousada simples e aconchegante. E daí, eu e Zane enxergamos um edifício de vidro, vários andares, ao longe. Uma cidade ! Luzes feéricas iluminando a nossa imaginária cidade ! Rodei mais uns quilômetros , as luzes aumentando de intensidade, vi que teria que sair do eixo da rodovia, pois a “cidade” ficava à esquerda. Achei a entrada, num pequeno trevo, fui me aproximando, me aproximando…. e o nosso hotel 5 estrelas representado pelo prédio de mais de 6 andares, todo de vidro e iluminado, nada mais era que a refinaria de petróleo da YPF, em Luján de Cuyo.

Volto prá estrada abatido, desencantado da vida, hotel, no sonho alegria me dá e nele você está !

Mico : Vi um posto YPF todo chicoso, a luz de advertência da XT já ligada há bastante tempo, preciso abastecer. Paro a moto, a garupa desce, coloco o pezinho, desço , abro o tanque e fico esperando. Todas as pessoas no posto, nos carros me olhando, com espanto. Até que o frentista , simpaticamente ( mas certamente “gargalhando por dentro” ) perguntou ;

– Maestro, su moto es a gás natural ?

Percebi rapidamente a mancada, dei uma risada , fechei o tanque e caí fora. Só na saída, ao olhar a placa, ele deve ter reparado que eu sou brasileiro. Ah, Pelé e Maradona, esta rivalidade de vocês está passando dos limites !

Para compensar os micos da refinaria e do posto de GNv, Mendoza nos proporcionou ótimos bares e uma vida noturna boêmia e agitada. Valeu ! ( Também merecia mais uns 3 dias de exploração, fica prá outra )

Nos postos de gasolina sempre as pegadas dos aventureiros

19º dia :  Mendoza/AR a Rio Cuarto/AR 513 km, ruta 7, passando por San Luis e Villa Mercedes.  

Rio Cuarto – Paramos numa hospedaria esquisita na praça, não recordo o nome. Largamos a moto numa garagem, e fomos bater perna atrás de uma carne suculenta. Com 100 % de indicações, venceu o “Siga la Vaca !!!” , um templo ao consumo de carne argentina. O lugar é ótimo, mas vive lotado. E tem razões para isso . Você paga uma taxa fixa e come e bebe à vontade, vinho ou cerveja. É  uma espécie de buffet, com saladas e sobremesas, e uma chapa e uma grelha com diversas espécies de carne que você pede ao churrasqueiro. Cara , é muito barato e bom ! A cerveja é de primeira, o vinho idem, e a carne nem se fala ! Noite de fartura em Rio Cuarto, para compensar os dias franciscanos nas estradas e cidadelas argentinas !

Bandos de BMW, matilhas de XT660, enxames de V-Stroms : é a vida selvagem

20º dia :  Rio Cuarto/AR a San Francisco/Ar,  300 km passando por Villa Maria , RN 158  

Na Argentina, muitos trechos com asfalto ruim que provocam desconforto no motociclista

San Jaime de La Frontera/AR : fazendo amigos

21º dia San Francisco/Ar  a Paraná/AR o Google Maps perde a referência , porque se passa por um túnel sobre o rio. 160 km + 281 km até San Jaime de la Frontera pela RN 127

22º dia  San Jaime de la Frontera/AR a Porto Alegre/RSTocada muito forte, no outro dia vôo marcado de volta a Porto Velho. Primeiro Uruguaiana, aduana, café brasileiro, notícias do Gre-Nal, cambio 176 km pela RP 126 + 630 km pela BR 290, passando por Alegrete, Rosário do Sul, São Gabriel, Butiá, Eldorado do Sul.

Já no Brasil, num posto de gasolina em Alegrete/RS “encarando” a BR 290

23º dia  – Tirar bauleto, alforges, lavar a moto, capa, garagem. almoço na Tristeza , pegar as coisas na Lê e Aeroporto, prá encarar o vôo da madrugada para P.Velho. Só sei que foi assim. E quem quiser que conte outra… cumbeira da beira do rio Madeiiira….

…………………………………..

Por quê viajar ? Por quê ficar longe de pessoas importantes durante vários dias ?

Encerro com dois poemas de Leminski :

Inverno

É tudo o que sinto

Viver

É sucinto

……………

pelos caminhos que ando
um dia vai ser
só não sei quando…

……………………………………………………………………………………………………………….

Próxima Estación : Atacama !!!!

Leia também :

Viagem pela Interoceânica até Machu Picchu. De moto, até de carro eu vou !

Moto-aventura : Do Atlântico ao Oceano Pacífico, as lições do Atacama e Machu Picchu

Sabe aquela expressão do “Oiapoque ao Chuí” ? esqueça 

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