Livros para entender Rondônia : A criação do Território do Guaporé, fator de Integração Nacional, de Emanuel Pontes Pinto
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O “Coronel de Barranco” é o romance do apogeu e do colapso da borracha na Amazônia, nele se reconstituindo a existência nababesca e imprevidente dos seringalistas e a vida sofrida e miserável do seringueiro.
O livro do amazonense Cláudio de Araújo Lima é um roteiro de um longa-metragem perfeito (isto na minha cabeça, claro !), um livro de um tempo em que as pessoas que se atrevessem a escrever tinham que ler muito antes. Uma leitura de denúncias e advertências, sobre este pedaço do Brasil tão cobiçado pelos estrangeiros. Edição de 1970 da Civilização Brasileira.
Em termos de ficção, o escritor revive os anos 1876 a 1926, períodos extremos desse centro abastecedor de borracha para o mundo. Descreve a evasão da hevea brasiliensis , surrupiada pelos ingleses com a nossa complacência e mesmo cumplicidade, o apogeu do se chamou a civilização da borracha, e, em seguida, o seu declínio, provocado pelo cultivo racional da maravilhosa planta em terras orientais, enquanto nós, descuidados e imprevidentes, a tínhamos como pródigo e inextinguível dom da natureza, como privilégio ecológico da nossa flora.
Em “O Coronel de Barranco” estão vivos e bem caracterizados, os seringalistas, milionários a esbanjar fortunas nas pensões alegres de Manaus, a beber champanhe e finos licores franceses, ou a comer caviar e latarias europeias em plena selva e no desconforto dos barracões miseráveis. Estão também, e principalmente, os desvalidos e tantas vezes beribéricos seringueiros, mansos ou brabos, impedidos de organizar família, proibidos de plantar e pescar, forçados a efetuar todos os seus suprimentos – inclusive as ferramentas de trabalho, que lhes eram debitadas a preços escorchantes – no armazém do patrão, que lhes impingia as mais esdrúxulas e inúteis mercadorias – os seringueiros duplamente explorados: como força de trabalho e como simples consumidores. Seringueiros que até hoje no limiar da vida são explorados por malandros de olho em suas aposentadorias e políticos sem escrúpulo.
Está ainda o regatão – o turco contrabandista que trocava quinquilharias -e até mulheres – pela borracha furtada aos grandes proprietários pelos seus alugados, criaturas desesperadas para fugir, a qualquer custo, da servidão a que foram reduzidas.
O “Coronel de Barranco” não deriva de nenhum outro livro que tenha abordado o mesmo assunto. Nasceu, isso sim, das reminiscências do romancista e das evocações ouvidas de seu pai, J. F. Araújo Lima, médico e administrador para quem a região não tinha segredos.
É um romance que disseca meio século do passado amazônico, detendo-se , em particular, na tragédia que desabou sobre humildes e poderosos, quase os irmanando na mesma desgraça.
É meu livro preferido sobre o tema e , acredito , leitura obrigatória para quem gosta de navegar em águas profundas nos assuntos amazônicos.
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Na fila para ler o meu exemplar, Z e L. Brito, portanto nenhum risco de vê-lo queimado.
‘Mad Maria é um romance sem complacência, uma llíada proletária onde os deuses são substituídos por políticos corrompidos. Norte-americanos rapinantes. Chefes sem piedade. E seria errôneo acusar Márcio Souza de maniqueísmo: nenhum de seus personagens redime o outro. Finnegan, o mais confiante, o mais idealista, o mais fraternal, acabará na pele de um assassino.
Assim são as coisas em uma Amazônia que deveria inspirar coesão, solidariedade, mas que exacerba egoísmos, multiplica suscetibilidades e conflitos, sacrifica o melhor pelo pior…
Há algo de Zola e de jack London em Mad Maria. O importante não é este ou aquele personagem, mas a vitória do sistema. Ninguém sai ileso. Aqueles que tentam escapar terminam em bordéis ou, mais radicalmente, acabam decapitados.
Com Mad Maria, Márcio Souza assinou um romance amargo e vingador, sarcástico às vezes. Porém, para dizê-lo cinicamente, o que pode uma flecha de curare contra um exército de bulldozers?”
Jacques Meunier
Le Monde,2l de agosto de 1986
Márcio Souza nasceu em Manaus em 1946. Formado em Ciências Sociais pela USP começou a vida profissional no cinema, como crítico, roterista e diretor Tem uma sólida carreira como dramaturgo, autor de péças como Ação entre amigos e Tem piranha na Pirarucu, Galvez Imperador do Acre marca a estréia literária em 1976. Sua carreira como escritor já conta com mais de vinte títulos, entre eles O fim do terceiro mundo, Lealdade, Desordem e Entre Moisés e Mocunaíma.
O livro “O alferes e o coronel” é um romance, baseado em fatos. Na realidade, o ‘herói’ tem para a história das regiões nomeadas como Roraima e Rondônia a mesma importância política que um Galvez e um Plácido de Castro tiveram para a história acreana. Na narrativa, produto do conhecimento real do terreno por onde trilharam o alferes e o coronel, buscou-se transportar para a imaginação do leitor, a visão dos cenários que a natureza de Roraima oferece.
“Esperança : 50 anos depois” é uma ficção, inspirada nas pesquisas do Professor Abnael Machado de Lima sobre um seringal que é implantado e dá inicio a um feudo liderado por uma família visionária. Nesse ínterim parte da história da EFMM é contada, nos passos em que a humanidade vai concretizando diversas conquistas, assim como perdas, como as guerras mundiais. É narrada uma história de amor.
” O livro do Coronel Paulo Nunes Leal, ex-governador de Rondônia retrata o nascimento, nos idos dos anos 60, da rodovia BR-29, hoje BR-364. O que representou a estrada para a região pode ser bem avaliado pelo progresso atual de Rondônia, que passou de um inexpressivo Território Federal, com escassos 100.000 habitantes, ao atual Estado pujante.”(palavras do então governador de Rondônia, Jorge Teixeira de Oliveira,o “Teixeirão” no lançamento do livro que “coincidiu” com a inauguração do asfaltamento da BR-364.
Na contra-capa o autor reproduz um trecho de conversa com o então Presidente Juscelino Kubitschek.
– “Sr. Presidente, o sr. já ligou Brasília a Belém e a Porto Alegre e a está ligando à Fortaleza. Por que não completa o outro braço da cruz, construindo a Rodovia Brasília-Acre?
-Uai, Paulo. E pode?
-Pode, Presidente, mas é negócio para homem.
-então vai sair. ”