Morrer no Facebook (via Epimenta)

Lord Byron morto, em óleo de Joseph-Denis Odevaere (1826)

Outro dia foi um amigo de quem você gosta mas não tem contato há muito tempo, um daqueles velhos amigos cujas vidas — no caso, a sua e a dele — foram capazes de criar um tal distanciamento que você, intimamente, achava mais confortável preservar a distância. Mas você gostava dele e achava que ele de você.

Infarto aos 39, você saberá depois, mas antes a informação surge sorrateira no feed do Facebook porque os algoritmos do sistema da rede social identificaram que o teu perfil tem alguma proximidade com o de quem primeiro se manifestou sobre a triste ocorrência. Por algum motivo você não consegue acreditar muito naquilo.

O que você vê é uma imagem amadora, um pouco antiga, com comentários bem canhestros que te fazem pensar que aquilo tudo não passa de uma brincadeira — perfeitamente cabível no caso dele, um decano da internet, um cara que era mais conhecido pelo apelido no MiRC do que pelo nome de batismo.

Em busca de fatos, você vasculha o perfil e percebe que há um início de peregrinação digital expressa em mensagens de exaltação à memória do morto e de solidariedade à família — muitos depositam o burocrático Requiescat in pace e estamos conversados.

A propósito, quando a gente morrer, tem que ir nesta página do Facebook.

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