Todos os dias ela chegava perfumada e arrumada na praça e se sentava no mesmo banco, esperando seu amor. Ninguém sabia de onde ela vinha, assim como, ao cair da noite, tampouco alguém sabia para onde ela ia. A única certeza era de que no dia seguinte, ela estaria novamente ali.
Várias gerações se acostumaram com aquela moça, depois mulher, agora senhora, naquele banco. Virou lenda entre as mães do bairro, que diziam aos filhos que não se comportavam que “a louca busca os meninos traquinas à noite”. Mas ela nunca fez mal a ninguém.
Aos que dispunham de tempo e paciência, ela contava detalhadamente sobre seu príncipe encantado, os cabelos loiros, os olhos claros, o sorriso branco e muitos mais detalhes, sempre líricos, jamais sórdidos. Explicava que ele viajou a trabalho e voltaria, em breve. Por mais surreais que fossem, seus relatos sempre eram encantadores.