Junto com o velho Olímpico vai um pedaço de mim

Meu neto Théo no Olímpico

Meu neto Théo , em pleno Olímpico

Corria o cinzento ano de 1964… Acho que neste ano fomos tri na sequência que levaria ao hepta ! O time era (me corrijam se estiver errado) Arlindo, Altemir, Airton, Paulo Souza e Ortunho. Cleo e Sergio Lopes. Paulo Lumumba, Joãozinho, Alcindo e Vieira. O treinador do Grêmio era o “Capitão” Carlos Froner, ex-treinador do Aimoré, de São Leopoldo. Acho que pela primeira vez uma equipe de futebol gaúcho profissional teve um preparador físico,(até então chamado de “fisicultor”) o Major Mário Doernt, auxiliar de Froner no Aimoré, e que tinha umas idéias revolucionárias a respeito da preparação física dos atletas de futebol .  ( Na verdade, Doernt, tinha completado seu curso superior na EsefEx e estava pioneiramente implantando as modernas técnicas de treinamento desportivo). Foi o ano também que o famoso massagista “Banha” , novinho, vinte e poucos anos (e depois com seus mais de 120 kg) chegou no Grêmio, sendo responsável pelo relaxamento muscular dos juvenis e depois auxiliar de Ataíde Carvalho.

Acontece que eu era vizinho do Mario Doernt e as famílias eram e são até hoje, amigas. ( Nilza, ainda morando em Ipanema (viúva) e os filhos Márcio Doernt (médico), a Líquia(Márcia – arquiteta) e  a Marilza (médica) .

Daí para zanzar pelo ainda jovem Olímpico, fundado em 1954 num jogo contra o Nacional de Montevidéo foi um pulo. Conhecer os vestiários, a concentração (sim, naquele tempo os jogadores se concentravam no próprio estádio que tinha instalações para isso) Imagina para um garoto de 7 anos ficar perto dos seus ídolos e às vezes até participar dos treinos !

Os jogadores corriam de uma lateral a outra do gramado, e a função de nós, moleques, era levantar uma bandeirinha para que o tempo fosse cronometrado. Assim passava o Alcindo, o Airton, o Sérgio Lopes. Quer glória maior ? Além disso os jogadores viviam nos churrascos da casa do Mário, em Ipanema. Um hábito que ele sempre cultivou .  Depois o Maj Doernt, como profissional,  se mudou de mala e cuia para os Eucaliptos e começou a minha outra fase de Olímpico .

Foi com seu Ivo Marques, que tinha uma cadeira cativa e levava todo mundo no seu fusca azul em dia de jogo. Não sei como ele fazia, mas ele procurava um cambista chamado Careca, e chegava na roleta das Sociais e botava todo mundo prá dentro dizendo alto “tudo gremista, deixa passar que é tudo gremista !” O Ivan Marques, o Marco Herrman, o Mauro e o Olyntho devem se lembrar desta época !

Depois mil outras histórias, o chope no gramado suplementar e a Cristina me resgatando das comemorações da conquista do Mundial, a Lê, a Vivica, o Michel (meus filhos) conhecendo o Olímpico, o Renan e o Luizinho Duval na final da Libertadores contra o Boca, o Levy e o Jurandir numa semi da Libertadores decidida numa eterna disputa de pênaltis contra um time paraguaio, depois o Michel adulto companheirando o Mercadinho Santo Antônio numa Polar à espera de um Gre-Nal.

Clique para ampliar Divulgação / Memorial Herminio Bittencourt

Resumindo: só sei que quando começarem a derrubar o velho Olímpico vai junto um pedaço de mim, um grande pedaço cheio de lembranças e feliz.

2 pensou em “Junto com o velho Olímpico vai um pedaço de mim

  1. Luiz Duval

    Me tenta chorar a falta do Olímpico, mas não consigo. Talvez por não ter todas estas histórias bonitas. Eu choro a ausência do Grêmio. Sim o Grêmio está ausente de si. Eu tenho medo é de que o espírito guerreiro que habitava em nós gremistas não nos encontre mais. Temo que ele volte ao endereço da Azenha e não estejamos mais lá e que fiquemos eternamente apáticos como estamos nos últimos cinco anos.
    O Olímpico se vai e com ele se vai a falta de estrutura, as arquibancadas que sacodem, a visibilidade zero do campo, para quem está nos degraus mais elevados da geral (sim pois ele foi projetado para uma época onde as pessoas assistiam aos jogos sentadas e “trajando” terno).
    Tudo o que senti dentro do Olímpico em nossas conquistas tricolores, veio das pessoas, veio da vibração da nossa torcida, veio do meu grito de guerra contagiando o outro ao meu lado e assim formando um coro de vozes furiosas que contagiavam o time em campo. O Olímpico está dentro de cada Gremista e nunca morrerá.
    Mas precisamos evoluir. Obrigado Hélio Dourado e a todos os torcedores que ajudaram a construir o Grêmio. A Arena não existiria se não existisse antes o Olímpico e se não existissem as pessoas que o fizeram.
    Portanto, juntem suas fotos e lembranças e se orgulhem da velha casa, mas não deixem a Arena desabitada, pois o nosso espírito guerreiro precisa voltar e reconhecer que ali estão os gremistas que ele conhece, ali estão as pessoas que fazem de qualquer lugar, um estádio Monumental.
    Força Grêmio. Vamos Grêmio. Sempre em busca do Mundial.
    Luiz Duval.

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  2. norma7 – Rio de Janeiro - Brasil
    norma7

    O que eu acho, Beto?
    1) Que vc escreve de uma maneira muito agradável, para escrever tão pouco…
    2) Que bonitinha a concentração desse lindo mini-torcedor. Compenetrado em transmitir o jogo para os ausentes?
    3) Time é guardando, de um jeito ou de outro,na caixa de sapatos das boas lembranças. Acho que já vem no Kit do ser, de outras encarnações 🙂 Pré-determinado – rs.rs.rs.
    O carioca aki de casa, quase infartou uma 1/2 dúzia de três ou quatro, ao ser perguntado o que queria de niver de 4 anos, por uma amiga: “Eu quero o uniforme completo do Palmeiras… e dali para cá… vou poupar aspectos menos agradáveis (nem ele sabe explicar! mistério…)
    Boa Sorte.

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