Estudo dirigido por Alessandra Diehl, coordenadora da Enfermaria de Dependência Química da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) da UNIFESP e que traçou o comportamento sexual dos usuários de drogas, mostrou que o índice de disfunção erétil é maior do que o dobro quando comparado à média da população brasileira.
Entre os principais problemas relatados pelos entrevistados, a ejaculação precoce lidera, atingindo 39% deles, seguido pelo desejo sexual diminuído (19%), dificuldade de ereção (12%), retardo na ejaculação (8%) e dor durante a relação (4%).
O tabagismo, o alcoolismo e a dependência de drogas como maconha, cocaína e crack, são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de disfunções sexuais, principalmente disfunção erétil nos homens. “O álcool e a nicotina, por exemplo, promovem alterações na arquitetura vascular de forma generalizada, atingindo órgãos vitais para o bom desempenho sexual”, afirma. “Já a cocaína, apesar de aumentar a libido, acaba, com seu uso crônico, fazendo o efeito contrário”.
Outras drogas de abuso, como o ecstasy, o crystal e o ácido gama-hidroxibutírico (GHB), também conhecido como “Boa Noite Cinderela”, aumentam a libido e, por esse motivo, são muito procuradas. No entanto, Alessandra alerta que o uso crônico acaba por prejudicar o desejo sexual e a busca por essas drogas passa a ser mais para aliviar sintomas de abstinência do que pelo prazer propriamente dito.
Segundo a pesquisadora, um dos principais motivos da busca por novas ou várias parcerias afetivas e sexuais nesta população tem relação com as características de poliusuários de drogas e/ou de crack, que demonstram extrema impulsividade e pobre avaliação de riscos, com necessidade urgente de satisfação imediata. “Uma das hipóteses também é que a grande maioria destes indivíduos apresente algum grau de lesão no lobo pré-frontal do cérebro, responsável pela nossa capacidade de organizar e tomar decisões”, diz.
Apesar de perceberem que algo não vai bem em sua vida sexual, apenas 12% dos usuários de drogas procuram ajuda médica e outros 12% atribuem o problema ao uso de substâncias psicoativas.
Confira o perfil do comportamento sexual dos dependentes químicos
47% relataram alguma dificuldade sexual
5 parcerias sexuais é a média no último ano
3 relações sexuais é a média por semana
87% tiveram atividade sexual nos últimos 12 meses
90% são heterossexuais
36% tiveram experiências homossexuais
15% tiveram experiências homossexuais relacionada à aquisição ou troca por droga
41% não usam preservativos e, 23%, usam esporadicamente
49% avaliam como bom o seu desempenho sexual
31% já tiveram alguma DST (doença sexualmente transmissível)
56% são solteiros